quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A seca de 1979 - 1983


As secas de 1932 e 1979-83 podem ser consideradas as maiores catástrofes climáticas do século XX, as quais, ciclicamente, assolam o semi-árido brasileiro, fases em que se manifesta espetacularmente o recrudescimento do impressionante quadro de pobreza e abandono no qual ainda se encontra significativa parcela da população que habita essa imensa e ainda desamparada região brasileira.

Indubitavelmente, a seca que grassou a partir do final da década de setenta foi a maior de todas, atingindo inexoravelmente a área em que se sobrepõe, acima de tudo, a ação implacável do vento alíseo nordeste, massa de ar que tem grande responsabilidade pelas estiagens, definidora do xerofilismo. Outro importante aliado do vento nordeste para a efetivação dos dolorosos dramas enfatizados pelas secas é o Planalto da Borborema.

Áreas de exceção também foram duramente castigadas, devido a impressionante intensidade da pressão barométrica do nordeste, com certeza condicionado pela observância de impressionante aquecimento das águas do Pacífico Sul, conhecido na região como “El Niño”.

Flagelos pintados em cores surreais foram tomando formas em progressão aritmética, para nos anos seguintes chegar à geométrica. Cenas tétricas foram se desenvolvendo, fazendo com que a população faminta, ainda com predominância da parcela que habitava o campo, deslocou-se para as cidades, saqueando-as a fim de saciar a fome e a sede. A biodiversidade também foi duramente atingida, quando pereceram inúmeros animais, embora as plantas nativas restantes, possuidoras de excepcional adaptação às difíceis condições ambientais do domínio da vegetação de caatinga, foram profusamente cortadas, para alimentar o gado e também como fonte de geração de emprego e renda, a fim de conseguir condições de sobreviver ao rigor da grande estiagem de 1979-1983.

Ainda na vigência da Ditadura Militar, esta seguiu a tendência de gestores do passado, com necessária exceção ao governo provisório de Vargas, cujo Ministério de Viação e Obras Públicas era ocupado pelo paraibano José Américo de Almeida, responsável direto pela concretização de importantes infra-estruturas na região, bem como pela assistência aos flagelados quando da intensificação da seca de 1932, a qual, segundo Orris Barbosa, em excelente e indispensável opúsculo intitulado “Secca de 32 – Impressões sobre a crise nordestina”, começou de fato em 1926, com breve intervalo em 1929, para chegar à proporção calamitosa entre os anos de 1930 e 1932. Os militares não se importaram com o suplício ao qual estava submetida grande parcela da população nordestina e do norte mineiro. Pouca ajuda foi enviada para a região, a pouca era destinada ao povo dos ainda predominantes “Coronéis”, principalmente os da situação.

O êxodo maciço para as cidades se processou como um dos maiores movimentos migratórios sazonais brasileiros. As pessoas que não tinham parentes para acudi-las viviam vexatórios momentos de indignidade humana, submetidas ao rigor da estiagem e às múltiplas humilhações promovidas principalmente pelo poder repressor do estado. Quando dos saques, repetidos impressionantemente em várias cidades, inúmeros contra a antiga COBAL, a qual existia graças à extorsão que o estado e sua classe privilegiada realizam com os menos favorecidos, foi acionada, além dos contingentes estaduais e municipais, a Polícia Federal para conter os gritos de fome dos excluídos.

Processos e prisões marcaram a forma como a ditadura militar buscou resolver o impasse aviltante no qual vivia, principalmente, o povo do semi-árido. Poucos se mobilizaram em favor dos flagelados da terra do sol, apenas esmolas insuficientes chegaram para mitigar a dor da grande provação que foi a seca de 1979-83.

A partir de 1984 começou a amenizar os efeitos da terrível estiagem, chovendo vagarosamente, para no ano seguinte repetir-se o mesmo drama ocorrido em épocas pretéritas, quando do final das secas. Em 1985 o inverno foi abundante e, em muitos casos, devastador, gerando imensas aflições, quando das enchentes catastróficas que elevaram o nível dos rios, antes secos, a metros de altura, inundando cidades. Em Mossoró, através de projeto elaborado pelo engenheiro Wilson Rosado, o então prefeito Dix-huit Rosado definiu a importância da tricotomização do rio Apodi-Mosoró como medida urgente e necessária para se evitar outra tragédia, como a que aconteceu no ano de 1985.

É preciso que haja consciência de que as secas são inevitáveis, mas que podem ser amenizadas, no que tange aos efeitos sobre a população e à biodiversidade, se houver empenho em disponibilizar novas tecnologias de convivência do homem com as estiagens, enfatizando a preservação da natureza, bem como efetivo interesse dos poderes públicos e privados para prementes responsabilidades com extratos sociais frágeis e, infelizmente, ainda abandonados à própria sorte, invocando melhor distribuição de renda e comprometidas políticas públicas de assentamentos rurais, as quais devem se relacionar a uma redefinição da perversa estrutura fundiária que ainda predomina no Brasil.



(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo (UFPB). Prof. Adjunto do departamento de geografia da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Exmo. Sr. Ladrão


Na condição de desprotegido cidadão carioca, trabalhador e pagador de impostos, venho pedir uns instantes de atenção na leitura de um comunicado que há de ter grande valia para impulsionar seu desenvolvimento profissional. Embora não tenha qualquer tipo de pratica ou especialização na sua atividade, acumulo alguma experiência como contribuinte habitual e compulsório para a prosperidade dos amigos do alheio. Permita-me então apontar uma nova e promissora área de atuação: a Praia de Botafogo. Bem sei que o local já é alvo de alguma concorrência em seu meio e tive essa confirmação recentemente ao ler, neste jornal, que uma cidadã havia sido abordada por seus colegas duas vezes no mesmo sinal, num espaço de poucos minutos. Uma façanha.

Pois bem – essa é a boa nova que lhe trago: a área está limpa também em horários menos disputados. E eu explico como cheguei a essa conclusão. Recebi em casa uma autuação dando conta de uma infração gravíssima que eu teria cometido às 3h33m horas de uma madrugada de dezembro, no cruzamento da Praia de Botafogo com a rua Farani. Avanço do sinal vermelho do semáforo – curiosamente o mesmo semáforo que testemunhou o duplo assalto cometido 07/01. Além dos sete pontos na carteira, sei que vem por ai mordida forte no bolso. Vou recorrer, mas, como sempre acabarei tendo de pagar.

Das duas uma: ou paro de sair à noite ou começo a parar nos sinais de trânsito depois da meia noite. Como sou fervoroso adepto do direito constitucional de ir e vir, acho que vou fazer a segunda opção. Nesse caso, senhor ladrão, gostaria de pedir que eu fosse poupado de violência fisicia ou verbal durante a inevitável abordagem. Se por acaso nos encontrarmos em breve num cruzamento da cidade numa madrugada, bastará uma ligeira sinalização sua com o polegar apontando para baixo e eu entenderei que devo abandonar o veículo e o local. Nem será necessário mostrar a arma.

Seria leviano afirmar que o senhor tem alguma participação acionária na poderosa indústria de pardais e câmeras que monitoram sinais de trânsito, mas esteja certo de que ela abriga muitos simpatizantes de seu nobre ofício. Se fosse diferente, as câmeras seriam usadas para flagrar e identificar os ágeis e ousados profissionais de sua área, e não os incautos motoristas. Pode comemorar à vontade. Em nosso reino de faz-de-conta, o mal tem vencido o bem e estamos lamentavelmente nos acostumando a essa realidade. É a lei da sobrevivência. Se não podemos mais acreditar no poder de fogo e de reação dos nossos governantes, que nos punem quando deveriam nos defender, nos resta apenas rogar pela vida aos que detém o livre arbítrio de prolongá-la ou tirá-la a qualquer momento – o excelenetíssimo senhor e seus colegas do mundo do crime.


Armando Freitas
Chefe de reportagem de Esporte
Publicado na Folha de São Paulo

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008































Outro dia postei aqui no blog alguns, digamos assim, "apelidos" não muito comuns escolhidos por candidatos nas últimas eleições de 2004. Pois não é que agora o "velho lobo" me endereçou outras pérolas que povoaram o universo eleitoral?! Isso mesmo, povoaram as eleições e o imaginário de muita gente. Teve candidato para todos os gostos e ocasiões. Confira algumas fotos da campanha de 2004.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Por que ver televisão hoje?


Quem hoje em dia se senta em frente à TV experimenta uma sensação antiga e nova ao mesmo tempo. O motivo que levava romanos às arenas e leva ainda hoje os espanhóis a touradas, brasileiros a rinhas de galo, americanos à luta livre, foi modificado pela sensação de paz muito próxima do atordoamento que sempre foi prometida pela representação ficcional em geral. Quem quer assistir à guerra, à violência, à miséria, quer também que seu voyerismo – seu insano desejo de ver – esteja protegido e que seu corpo não esteja ameaçado. Espera ver algo real, mas protegido pelo como se fosse real. A promessa das artes, da literatura, do cinema e do visual em geral foi a de que seria possível apreciar a violência ou o horror, porém, sem se envolver com ela, ficar em paz. A televisão superespecializou esta possibilidade.

A distância que temos do real e do atual (o mundo material e de relações compartilhado) é produzida pela escrita, pelo teatro, pela arte em geral. A fotografia e o cinema enquanto funcionaram em preto e branco deixaram clara a separação entre a ficção e a realidade. O que era imagem estava “preto no branco” literalmente. Esta distância permitia “pensar criticamente” o que era visto. Tratava-se de imagem e isto era claro. Hoje, sob o paradigma da videosfera inaugurada com a Tv colorida nos anos sessenta, é possível dizer que “vejo e logo existo” ou que só existo porque vejo. A promessa de paz que a representação produzia, por ser representação e não realidade, inaugurou um problema novo, bem antigo, porém, na filosofia: o que é o real? A confusão entre visual e real só existe porque o olhar se tornou incompetente, mas isso porque talvez ele tenha sido por demais enganado. O olhar regrediu?

A televisão é o ápice de um processo de evolução dos mecanismos óticos e de representação que culmina com o estágio atual da regressão da visão. Assim como muitos não sabem ler, há tantos outros que não sabem ver. Se o espectador não for ajudado a ver a diferença entre ele mesmo e o que ele vê, entre a vida real e atual e o que é representado na tela da televisão, ele corre o risco de se tornar uma distorção real do que ele mesmo contempla. A idéia oriental de que cada um se torna o que contempla pode ajudar a pensar o estágio atual de nossa inabilidade em ver. A televisão neste caso é uma anamorfose, ou seja, uma imagem que precisa de um olhar cuidadoso, que conheça o ângulo próprio para conhecer o mecanismo, para mostrar sua verdade.

É o estatuto da imagem e da realidade que a televisão hoje coloca em xeque ao por em cena uma programação “ao vivo” ou que “parece” ser ao vivo, que simula a instantaneidade do tempo. Não se trata apenas de tentar responder à pergunta “quem sou eu enquanto vejo televisão”, mas de entender o que faz uma coletividade abdicar de tantas outras atividades para ver televisão sendo que constantemente a programação da TV também não atende às suas expectativas? Se a idéia básica de que meu desejo foi seqüestrado numa sociedade das imagens não responde a tudo, será que é pela entrega à visualização que eu adquiro o direito muito mais interessante, o de ser inativo? Que lucro será este?

É valioso, neste ponto, recuperar a questão de Vilém Flusser sobre o desinteresse das pessoas pela vida real em função da avalanche das imagens no seu modo de vida contemporâneo. Será que se espera que as imagens possam restituir algo que perdemos e nem sabemos que perdemos? Nós mesmos, nossa complexidade, nossa intimidade, nossos segredos. Será que como na antiguidade o desejo de ver o horror na tragédia grega que nos ensinava a pensar na própria vida equivale ao desejo de devassar a vida alheia justamente porque perdemos nossa interioridade e esperamos recuperar algo nosso de autêntico em migalhas sempre ofertadas em programas “espontâneos” e “ao vivo”?

Até que ponto quem vê televisão é vítima desta ilusão? Ver televisão hoje é um modo de se emocionar imediatamente numa sociedade que perdeu de vista o cuidado com sua própria sensibilidade. Uma sociedade que se alimenta intelectualmente da visualização da miséria e da violência como se elas pudessem sanar alguma falta pessoal ao modo das hienas que se alimentam das sobras não comidas pelos leões. Com isto é preciso que se diga que o espectador precisa ser ajudado a ver e isso só é possível se lhe forem dadas as chances para que abra os olhos.

***

A promessa da televisão para o espectador foi complexa. Ao lado da paz proveniente da ação de ficar diante da máquina colorida que simula o real e atual, quem assiste também presencia um conteúdo especial e comum à história humana desde aqueles tais tempos imemoriais que nada mais são do que a barbárie que conhecemos tão bem ainda hoje. As imagens da violência, habituais ao meio, não são gratuitas. Explicar a audiência do sensacionalismo pelo desejo de sangue e violência não é fácil, por que talvez a questão não seja o desejo de violência, mas a falta de outro desejo que anime a vida. Por isso, a inércia diante da TV talvez não seja mera busca de entretenimento, farra e festa, mas ao contrário, desconhecimento de outras possibilidades. E isso define que a forma TV talvez possa ser mudada pela modificação de seu conteúdo.

O conteúdo se faz como forma, a ela pertence. O principal conteúdo da TV para o povo é a violência: a violência física que se pode “contemplar” ou violência simbólica que só se pode absorver inconscientemente. O pequeno gesto de sentar-se diante do aparelho exige um auto-abandono à inércia, misto de contemplação infecunda e ócio físico que dá muito prazer. A isso se chama entretenimento. Com ele nossa cultura cansada de si mesma tece o elogio da sua própria aniquilação. Nenhuma grande experiência espiritual é proposta num meio como a TV porque já não é possível se pensar nisso desde que “entreter” e fazer passar o tempo com a rapidez de uma vida que não quer saber de si, são sinônimos. A própria TV já é fruto da tecnologia que previu a decadência do humano, ele mesmo a grande invenção que cai por terra diante do avanço da técnica.

A indolência diante da TV é uma caricatura da paz que o filme promovia ao jogar o espectador no mundo sempre mais confortável do irreal, da ficção como objeto de contemplação por oposição às dores e horrores da vida real. Aquela função benevolente do espetáculo para amainar as consciências tem outro papel na TV que, quanto mais pretende ser entretenimento, menos promete a ficção. O que ela vende é “o real” que promete substituir o real doloroso da vida mesmo oferecendo um real ainda mais doloroso. A única saída para o espectador é descobrir seu próprio estatuto. A tarefa da televisão é ser honesta com quem nela presta atenção preservando a inteligência necessária antes que a atenção seja eliminada socialmente e diante de aparelhos apenas sobrevivam os que não se importam em ser robôs.

Quem vê televisão precisa saber que se trata apenas de televisão e que isto é muito sério.


Marcia Tiburi


"....Eu teria um desgosto profundo se faltasse o flamengo no mundo..."
Como rubro negro roxo (veja que contradição!) dedico esse titulo da taça guanabara conquistado ontem num brilhante 2X1 em cima do Botafogo, ao maior time do flamengo que vi jogar: o mengão maravilha formado por Cantarelli, Raul, Marinho, Leandro, Júnior, Rondineli, Manguito, Toninho, Carpegiani, Adílio, Zico, Andrade, Tita, Reinaldo, Lico, Nunes, Cláudio Adão e Júlio Cezar..., cujas figurinhas colecionei todas no álbum do chiclete ping pong.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tocando em frente


"Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe,
eu só levo a certeza de que muito pouco sei, e nada sei...

Conhecer as manhas e as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs.
É preciso amor pra poder pulsar.
É preciso paz pra poder sorrir.
É preciso chuva para florir!

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
compreender a marcha e ir tocando em frente,
como um velho boiadeiro levando a boiada
eu vou tocando os dias pela longa estrada eu sou,
estrada eu vou...

Todo mundo ama um dia,
todo mundo chora, um dia a gente chega
no outra vai embora...

Cada um de nós compõe a sua história
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz
de ser feliz...

Ando devagar porque já tive pressa
e levo esse sorriso porque já chorei demais...

Cada um de nós compõe a sua história
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz
de ser feliz..."

Que país é esse!?


Cigano que emprestou dinheiro para prefeito ganha praça na Bahia


Manuela Martinez
Especial para o UOL
Em Queimadas (BA)

Sem aprovação da Câmara ou qualquer decisão judicial, o prefeito de Queimadas (BA), José Mauro de Oliveira Filho (PMDB), doou a um cigano uma praça pública de 180 metros quadrados, localizada na entrada da cidade que fica a 300 quilômetros de Salvador.

Em depoimento ao Ministério Público, Gutemberg Dourado da Mota, mais conhecido como "Cigano Careca", disse que emprestou R$ 10 mil ao prefeito no início de sua administração. O cigano disse também que o prefeito pagou a dívida há três meses, mas não apresentou nenhum recibo -a doação do terreno aconteceu no dia 20 de dezembro do ano passado.

Cigano já constrói lanchonete na praça pública que foi doada a ele pelo prefeito.

O promotor de Queimadas, Pedro Costa Safira Andrade, ingressou com uma ação civil pública contra a prefeitura e o cigano. "Solicitei a anulação do negócio (doação da praça) e a suspensão das obras que estão sendo executadas no local", disse o promotor, que também pede a demolição da obra e que o prefeito e o cigano entreguem à população a praça reconstituída, "no mesmo estado que estava antes da construção".

Durante o último Carnaval -quando os serviços judiciais ficaram interrompidos-, o cigano contratou pedreiros e ajudantes para a construção de uma lanchonete em parte do terreno doado pela Prefeitura. "Pedi ajuda ao prefeito porque tenho dois filhos para casar", disse o cigano, em seu depoimento ao Ministério Público, para justificar a doação do terreno. O cigano disse, ainda, que o prefeito doou "dois ou três" terrenos públicos para outras pessoas.

De acordo com o promotor, a doação feita pelo prefeito tem muitos vícios. "A praça foi doada ao cigano sem que houvesse autorização legislativa; lei ou ato administrativo."

Pedro Costa Safira Andrade disse, também, que a Lei 11.481/2007 somente permite a doação de bens e imóveis públicos a particulares para a regularização de programas habitacionais ou regularização fundiária. "Não foi isso o que aconteceu em Queimadas. O prefeito fez a doação desrespeitando claramente a lei", afirmou.

POPULAÇÃO CRITICA PREFEITO
Ivanivalda Queiroz: "Nos dias em que o município recebe o repasse de verbas, o cigano está na prefeitura ou na casa do prefeito", acusa a vereadora

Pedro Andrade:
"O prefeito fez a doação desrespeitando claramente a lei", afirma o promotor, que é responsável pelo caso. "Não houve autorização legislativa, lei ou ato administrativo".

Laurinaldo Marques: o vereador, que apóia o prefeito, também faz críticas: "No interior, muitos prefeitos fazem isso, mas eu acho errado. O procedimento todo tinha de passar pela Câmara".

Jadson dos Reis:
"Todas as noites as crianças vinham à praça para brincar. Agora, terão de conviver com bêbados porque ninguém tem dúvida de que a lanchonete vai comercializar bebida alcoólica", diz o lavrador

Na ação, Pedro Safira ressalta que vereadores de Queimadas, inclusive o presidente da Câmara, informaram à Promotoria de Justiça sobre a doação do terreno, salientando que a Casa Legislativa não concedeu a autorização necessária ao referido processo.

"Na cidade, tomo mundo comenta que o cigano emprestou muito dinheiro ao prefeito. Aliás, por coincidência, nos dias em que o município recebe o repasse de verbas, o cigano está na prefeitura ou na casa do prefeito", disse a vereadora Ivanivalda Queiroz dos Santos Silva (PTN). Dos nove vereadores do município, seis fazem oposição ao prefeito.

Área de lazer
Nesta quinta-feira, 21, o promotor encaminhou um ofício ao secretário da Administração de Queimadas, Fernando Márcio da Silva Barreto, estabelecendo um prazo de cinco dias para a prefeitura apresentar toda a documentação relativa à doação da praça -o secretário havia solicitado 30 dias para entregar os documentos. "Caso estes documentos realmente existam, os mesmos têm de estar arquivados na respectiva secretaria, sendo completamente desarrazoado o requerimento de mais 30 dias pra a apresentação do processo administrativo", escreveu o promotor.

O vereador Laurinaldo Marques da Silva (PRP), que apóia o prefeito, disse que não sabia da doação da praça ao cigano. "No interior, muitos prefeitos fazem isso, mas eu acho errado. O procedimento todo tinha de passar pela Câmara", acrescentou.

Obras
Apesar das notificações, o cigano não interrompeu as obras. Para construir uma lanchonete -as bases do empreendimento já foram erguidas-, Gutemberg da Mota destruiu dois bancos. "Se o cigano tem direito a uma praça, eu também quero um terreno público para construir alguma coisa", disse o lavrador Jadson dos Reis Sena.

Segundo o lavrador, a praça era a única área de lazer dos moradores que têm casas na entrada da idade. "Todas as noites as crianças vinham à praça para jogar futebol ou brincar na quadra de esportes. Agora, se esta obra não for demolida, as crianças terão de conviver com muitos bêbados porque ninguém tem dúvida de que a lanchonete vai comercializar bebida alcoólica."

Desde o começo de fevereiro, quando o promotor começou a investigar a doação do terreno, o prefeito José Mauro de Oliveira Filho não foi localizado pela Justiça para ser intimado a prestar depoimento. "Os oficiais de Justiça não conseguem encontrá-lo na prefeitura ou em sua residência", disse o promotor. "Ele (o prefeito) será citado por hora marcada".

Solicitação
No dia 20 de dezembro do ano passado, o cigano encaminhou ao prefeito um pedido de autorização para a construção da lanchonete. No mesmo dia, o prefeito autorizou o início das obras. "Durante muitos dias, o cigano ficou em silêncio. Espertamente, ele se aproveitou do feriado do Carnaval para adiantar as obras", afirmou a vereadora Ivanivalda Queiroz.

Em outubro de 2007, acusado de emitir cheques sem fundo e de transferir R$ 40 mil dos cofres municipais para a conta de uma filha, o prefeito José Mauro de Oliveira Filho foi cassado pela Câmara. Cinco dias depois, por decisão do Tribunal de Justiça da Bahia, retornou ao cargo.

Segundo o promotor Pedro Costa Safira Andrade, o prefeito responde a sete ações por atos de improbidade administrativa.

Nesta sexta-feira, 22, por meio do secretário Fernando Márcio da Silva Barreto, o prefeito disse que somente iria se pronunciar sobre o assunto na Justiça. José Mauro chegou a marcar um horário para prestar esclarecimentos (21h), mas, depois, desistiu.
Fonte: Uol

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A moça e a calça


Foi no Cinema Pax, em Ipanema. O filme em exibição é ruim: “O menino mágico.” Se mágico geralmente é chato, imaginem menino. Mas isto não vem ao caso. O que vem ao caso é a mocinha muito da redondinha, condição que seu traje apertadinho deixava sobejamente clara. A mocinha chegou, comprou a entrada, apanhou, foi até a porta, mas aí o porteiro olhou pra ela e disse que ela não podia entrar:

- Não posso por quê?
- A senhora está de “Saint-Tropez”
- E daí?

Daí o porteiro olhou pras exuberâncias físicas dela, sorriu e foi um bocado sincero: - Por mim a senhora entrava (Provavelmente compeltou baixinho:...e entrava bem.) Mas o gerente tinha dado ordem de que não podia com aquela calça bossa-nova e, sabe como é... ele tinha que obedecer, de maneira que sentia muito, mas com aquela calça não.

- O senhor não vai querer que eu tire a calça.

Nós, que estávamos perto, quase respondemos por ele: - Como não, dona! – Mas ela não queria resposta. Queria era discutir a legitimidade de suas apertadas calças “Saint-Tropez”. Disse então que suas calças eram tão compridas como outras quaisquer. O cinema Pax é dos padres e talvez por causa desse detalhe é que não pode “Saint-Tropez”. A calça, de fato, era comprida como as outras, mas embaixo. Em cima era curta demais. O umbigo ficava ali, isolado, parecendo até o representante de Cuba em conferências panamericanas.

_ Quer dizer que com minhas calças eu não entro? – Quis ela saber ainda uma vez. E vendo o porteiro balançar a cabeça em sinal negativo, tornou a perguntar: - E de saia?

De saia podia. Ela então abriu a bolsa, tirou uma saia que estava dentro, toda embrulhadinha (devia ser pra presente). Desembrulhou e vestiu ali mesmo, por cima do pomo de discórdia. No caso, a calça “Saint-Tropez”. Depois, calmamente, afrouxou a calça e deixou que a dita escorresse saia abaixo. Apanhou, guardou na bolsa e entrou com uma altivez que só vendo.

Enquanto rasgava o bilhete, o porteiro comentou:

- Faço votos que ela tenha outra por baixo.

Outra calça, naturalmente.


Stanislaw Ponte Preta

Você ainda lembra?














































































Quem ainda se lembra do "consolo de açucar" vendido nas bodegas da cidade? E do leão da montanha? Pois bem, outro dia postei aqui uma "sessão saudades" e recebi inúmeros pedidos dos leitores do blog para repetir a dose com outros produtos, séries de tv e filmes do passado. Para quem pediu ai vai mais uma da época em que éramos felizes e não sabíamos, ou melhor, como bem disse o "velho lobo" (Dagvan) "NÓS ÉRAMOS FELIZES E SABÍAMOS SIM!"

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Pablo Neruda


Um dos vocábulos mais expressivos e difíceis de se definir talvez seja a palavra "saudade". Ora porque é sentimento que se traduz, ora porque é dor que se exterioriza. De certo mesmo é que Saudade a gente sente e pouco importa o que se defina.

Já cioso desse conceito e certo de ter compreendido o termo saudade, o poeta Pablo Neruda cuidou de vasculhar o meu pobre e velho dicionário particular de emoções:

"Saudade.

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido."

Noticia: Vereador de Caicó pode sentar nu em "Coroa de Frade"



"O vereador Dilson Fontes, o Leleu, disse na Câmara Municipal que se até o dia 3 de março o ex-prefeito Roberto Germano, PC do B, pré-candidato a prefeito de Caicó nas eleições municipais de outubro, não se compor com o deputado estadual, Vivaldo Costa, PR, e com o prefeito Bibi Costa, PR, ele (Roberto) pode se considerar rompido politicamente com o sistema da Governadora Wilma de Faria.

E que ele (Leleu) irá assumir os cargos que são ocupados por Roberto Germano no governo do Estado.

O vereador apresentou as "coroas de frade" que pretende sentar em cima totalmente despido, no centro da cidade, caso o ex-prefeito Roberto Germano seja indicado candidato a sucessão de Bibi Costa pelas forças oposicionistas locais.

E mais: fez questão de posar para fotos ao lado do prefeito Bibi Costa já com a camisa vermelha. Foi aplaudido pela ‘torcida’ particular do prefeito presente ao plenário da Câmara. Se porventura Roberto for escolhido candidato das forças de oposição eu fico com Bibi Costa, garantiu Leleu.

Claro, que antes, terá que sentar na "coroa de frade". Será que dói? "
Fonte: wscom.com.br
P.S. A notar pelo tamanho da "coroa" e pelos "quilinhos a mais" do vereador é bem possível que a coroa se transforme em chapéu de couro! Imagina se essa moda pega.

A lógica de Einstein


Conta certa lenda que estavam duas crianças patinando num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo se quebrou e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu amiguinho preso e se congelando, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim quebrá-lo e libertar o amigo. Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:

- Como você conseguiu fazer isso? É impossível que tenha conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!

Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:

- Eu sei como ele conseguiu.

Todos perguntaram:

- Pode nos dizer como?
- É simples. - respondeu o velho - Não havia ninguém ao seu redor, para lhe dizer que não seria capaz.


"Deus nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Fazer ou não fazer algo só depende de nossa vontade e perseverança."

Albert Einstein

Relação médico/paciente

- Bom dia, é da recepção? Eu gostaria de falar com alguém que me desse informações sobre os pacientes. Queria saber se certa pessoa está melhor ou piorou...
- Qual e o nome do paciente?
- Chama-se Celso e está no quarto 302.
- Um momentinho, vou transferir a ligação para o setor de enfermagem
. - Bom dia, sou a enfermeira Lourdes. O que deseja?
- Gostaria de saber as condições clínicas do paciente Celso do quarto 302, por favor! - Um minuto, vou localizar o médico de plantão.
- Aqui é o Dr. Carlos plantonista. Em que posso ajudar?
- Olá, doutor. Precisaria que alguém me informasse sobre a saúde do Celso que está internado há três semanas no quarto 302.
- Ok, meu senhor, vou consultar o prontuário da paciente...
Um instante só! - Hummm, aqui está: ele se alimentou bem hoje, a pressão arterial e pulso estão estáveis, responde bem à medicação prescrita e vai ser
retirado do monitor cardíaco até amanhã.
Continuando bem, o médico responsável assinará alta em três dias.
- Ahhhh, Graças a Deus! São notícias maravilhosas! Que alegria!
- Pelo seu entusiasmo, deve ser alguém muito próximo, certamente da família!!!???
- Não, sou o próprio Celso, telefonando aqui do 302!
É que todo mundo entra e sai do quarto e ninguém me diz pôrra nenhuma ... só queria saber!!!




A idade do lobo (dos 40 aos 50)


Após os 40 anos de idade, o homem passa a caminhar pelo desconhecido mundo da meia-idade. É a maior transição enfrentada por ele. Para alguns é o deslocamento de águas plácidas e serenas, para um oceano revolto e agitado. A travessia torna-se turbulenta e difícil.

É quando o homem avalia seus sonhos, alvos e projetos e fica satisfeito ou frustrado; é quando ele passa a questionar tudo, inclusive a vida. Muitos dizem que na faixa dos 40 anos, os homens transformaram-se em "lobos vorazes", saindo à caça de presas, de amores antigos, que satisfaçam sua auto-afirmação masculina e cobiça. Mas a busca extraconjugal não passa de uma simples aspirina, um alívio temporário a conflitos emocionais mais sérios. Alguém descreveu a crise da meia-idade do homem como a época em que este se depara com quatro inimigos: o corpo (o passar dos anos começa a pesar), o trabalho (está realizado em relação a ele ou não?), a família (as muitas e diversas pressões que ela lhe impõe), Deus (ele é o culpado de todos os seus problemas). Enfim, quando ele reavalia seu valor pessoal, quando há alvos e sonhos não alcançados; quando a rotina e a monotonia massacram, a aventura ou uma nova forma de realização estão do outro lado da porta de sua casa, convidando-o. Quando a esposa e os filhos já não dependem tanto dele; quando ele inicia uma batalha para que sua aparência física ainda desperte admiração e desejo do sexo oposto; quando "cai a ficha" de que ele não viverá para sempre - o chão lhe foge dos pés e o homem entra em crise.

Como sobreviver à crise da meia-idade? Algumas dicas práticas seriam: reconhecer as mudanças; cuidar da auto-estima e identidade pessoais; incorporar as mudanças que o enriquecerão positivamente; estar aberto a transformações e possibilidades futuras; construir uma identidade adequada ampliando e diversificando papéis significativos em outras áreas de sua vida e expressar seus sentimentos. O homem precisa saber que não está sozinho em suas lutas. A expressão dos sentimentos equivale a uma declaração de que se é realmente um ser humano integral. Por mais que se enfatize, nunca será exagerado salientar a importância da amizade fiel, confiável. É muito importante e mais ameno percorrer os altos e baixos da crise da meia-idade na companhia de pessoas de confiança.

A esposa, os filhos e as pessoas que amam verdadeiramente este homem de meia-idade, terão que ter sabedoria suficiente para ajudá-lo a vencer esta difícil etapa de sua vida. A falta de compreensão, a crítica constante, a falta de carinho e dedicação serão como uma fórmula para perdê-lo.

"A sabedoria do homem prudente é discernir o caminho, mas a insensatez dos tolos é enganosa" (Provérbios 14:8)


Adaptado de texto de autoria de
Jaime Kemp

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Urso de ouro


A despeito do que afirmou o diretor José Padilha, dizer que Tropa de Elite é um filme fascista não é dar provas de ignorância. Padilha deve estar pensando que fascismo é só um regime político que vigorou na Itália nos anos 30 do século XX. Porém, fascismo é muito mais do que isso. É antes de tudo a ideologia do autoritarismo. Tropa de Elite é fascista sim e o urso de ouro de Berlim não elimina isso. É um filme bem feito, com muita qualidade nas cenas de ação, mas é um filme que difunde a idéia de que a tortura e a violência policial são legítimas. Um filme que confima nossa vocação nacional para as leis de talião. Padilha, fica calado...

Ps. Hoje, na coluna do Macaco Simão: Depois de ver o José Padilha usando aquele gorro de mano corintiano, resta perguntar: como é que se diz "pede para sair" em alemão?

Por Eduardo Rabenhorst

Quanta saudade!













Quanta saudade: Quem é que não lembra das balas juquinhas, balas soft, drops, chicletes ping e pong e o álbum de figurinhas, o refrigerente crush, o seriado do Batmam na TV Tupi, o refresco Ki-Suco, o creme dental Kolynos, o gosto da vitória, a geléia de mocotó inbasa, o pirulito zorro da Z Albuquerque...
Que tempo bom!!!
















































terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Quando o nome não é suficiente


Imagine a confusão que seria se as pessoas não tivessem sobrenome, identidade, registro de nascimento ou impressões digitais ? mas acredite, era assim até meados do século 12. Evidente que naquele tempo não existiam grandes aglomerados urbanos como os que existem hoje, mas já haviam grandes cidade, Paris, por exemplo, já tinha cerca de 200 mil habitantes.

Segundo pesquisa, por volta do ano 1000, simplesmente não existiam sobrenomes. A identificação de uma pessoa se fazia pelo prenome e por um complemento qualquer. Uma prática bastante costumeira naquela época e seguida até hoje nas pequenas cidades interioranas era identificar as pessoas como “fulano filho de beltrano”. Outra forma assaz propalada era o complemento de apelidos ao nome, geralmente fazendo alusão à origem geográfica das pessoas, seus aspectos físicos, profissionais ou a traços morais do indivíduo.

Na antigüidade, houve, pelo que dão conta os registros, casos esparsos de desenvolvimento do sobrenome. O mais conhecido é o ocorrido no Império Romano, onde as pessoas da elite costumavam ter três nomes (Ex. Caio Júlio César). Com a derrocada do império verificou-se também uma involução no sobrenome e o nome composto desaparece na esteira das invasões germânicas. Mais alguns séculos e o nome único ou o nome seguido apenas de um apelido reaparece por toda parte.

Aos poucos, os apelidos foram se tornando sobrenomes. Em Paris, por exemplo, havia grande número de pessoas identificadas por apelidos que se referiam ao lugar de origem do cidadão, como “Langlais” (o inglês), “Lespaniol” (o espanhol), “Litalien” ou “Lombard” (designando a procedência italiana), “Lallemand” ou “Lallement” (o alemão). Entre os alusivos a traços pessoais, eram comuns apelidos como “Lejeune” (o jovem, o filho mais novo), “Leblond” (o louro), da mesma forma que “Bajo”, “Gordo”, “Rubio”, “Calvo” e outros em espanhol e analogamente em outros idiomas.

São também interessantíssimos os antigos apelidos derivados de ofícios. Um censo realizado em Paris em 1294 registrou, dentre tantos outros apelidos, “allier” (vendedor de alho), “avenir” (vendedor de aveia), “falconuir” (pessoa que cria ou vende falcões). Todo o país europeu tem hoje entre os seus cidadãos muitos com sobrenomes de “padeiro”, “açougueiro”, “ferreiro”. Esses ofícios eram importantíssimos nas cidades européias medievais e existiam milhares de pessoas conhecidas por tais epítetos. Posteriormente, o apelido se “desgruda” do ofício e se transforma em sobrenome hereditário. Meunier e Mounier, por exemplo, derivados do ofício de “moleiro”, são muito comuns em francês, assim como Miller, em inglês, e Muller, em alemão. Se o presidente Luís Inácio da Silva tivesse nascido no nordeste da França, talvez tivesse se tornado conhecido como “Lula Eisenhower” (metalúrgico em alemão). O piloto Schumacher talvez tenha tido algum antepassado fabricante de sapatos (shoemaker), assim como Zapatero, o primeiro-ministro espanhol. E na ascendência de Jean-Paul Sartre deve ter havido alguém que fazia belos ternos, uma vez que “sartre” em francês (como “sarti” em italiano e “sastre” em espanhol) significava alfaiate.

Sem dúvida, o surgimento dos apelidos e a sua multiplicação por si só evidencia a insuficiência do nome único. É como se a pessoa necessitasse de uma extensão para se fazer representar em sua coletividade e no meio social.

No Brasil, os apelidos quase sempre vão a exaustão da criatividade, característica peculiar da nossa gente, e da possibilidade sonora e lingüística do nosso português. Nessa ótica da criatividade, que vai do folclórico ao inusitado, é que o povo brasileiro, e nesse particular o povo paraibano tem se notabilizado pela variação dos seus apelidos. Exemplo maior dessa diversidade de “sobrenomes” e suas origens, guardadas as devidas proporções com as influências e origens dos apelidos europeus, é o que encontramos junto o banco de dados dos registros de candidaturas do TRE-PB nas eleições de 2004, com especial enfoque a opção de variação de nome dos candidatos para a urna eletrônica, variações das mais extravagantes possíveis, e evidentemente engraçadas, que vão de “Caneco Amassado” a “Zé Pimbeta”, de “Xanha” a “Farofa”.

Sem sombra de dúvida, variações como estas nos conduzem naturalmente a elucubrações das mais férteis possíveis sobre a origem etimológica dessas “pérolas” lançadas pelo nosso povo ao público eleitoral paraibano.

Segue, abaixo, outras tantas “pérolas” pinçadas do banco de dados dos resultados das eleições pretéritas do último dia 03 de outubro de 2004, fornecido pela página do TRE-PB na intranet. De certo, alguns deles estarão de novo a disposição do eleitorado nas próximas eleições de 2008.

Confira os apelidos:



PINGO D’ÁGUA – Candidato a vice-prefeito – Uiraúna-PB
CANECO AMASSADO – Candidato a vereador – Coremas-PB – Eleito
BÔDA – Candidato a prefeito – Alagoa Grande-PB – Eleito
JOÃO SEM TERRA – Candidato a vice-prefeito – Alagoa Nova-PB
ZÉ DE BOI VELHO – Candidato a prefeito – Aparecida-PB
BIRUCA – Candidato a prefeito – Arara-PB
BURACO – Candidato a vice-prefeito – Brejo do Cruz –PB – Eleito
BODIN – Candidato a prefeito – Cachoeira dos Indios-PB – Eleito
MACARRÃO – Candidato a prefeito – Cacimba de Dentro-PB
BADELO – Candidato a vereador – Alagoa Grande-PB
ZÉ PIMBETA – Candidato a vereador – Alagoa Grande-PB
MANTEGA – Candidato a vereador – Alagoa Grande-PB
BIROSCA – Candidato a vereador – Alagoa Grande-PB
A MENINA DA SORTE – Candidata a vereadora – Alagoa Nova-PB
JOÃO SUFOCO – Candidato a vereador – Alhandra-PB
JOCA MÃO DE PAU – Candidato a vereador – Alhandra-PB
PATO – Candidato a vereador – Alhandra-PB
CHICO MALA – Candidato a vereador – Guarabira-PB – Eleito
MIMOCA – Candidata a vereadora – Ibiara-PB
MIGUEL DA GALINHA – Candidato a vereador – Itaporanga-PB
FUBA – Candidato a vereador – João Pessoa –PB - Eleito
FUMEIRO – Candidato a vereador – Juazeirinho-PB
NÓ CEGO – Candidato a vereador – Juripiranga-PB
ZÉ CANECO – Candidato a vereador – Juru-PB
JOÃO GRILO – Candidato a vereador – Lucena-PB
TÊCA BARATA – Candidata a vereadora – Mari-PB
ZÉ DO PEIXE – Candidato a vereador – Marizópolis-PB
CAIOBA – Candidato a vereador – Marizópolis-PB
BOIEIRO – Candidato a vereador – Mogeiro – PB
PIUTA – Candidato a vereador – Monteiro-PB – Eleito
COLÍRIO – Candidato a vereador – Monteiro –PB
FAROFA – Candidato a vereador – Monteiro-PB
HOMIM – Candidato a vereador – Mãe D’água-PB
PURUCA – Candidato a vereador – Mãe D’água-PB
JOÃO BOLINHA – Candidato a vereador – Nova Floresta-PB – Eleito
NETO COLORAU – Candidato a vereador – Nova Olinda-PB – Eleito
CARRAPICHO – Candidato a vereador – Olho D’água-PB
PEDRO DE ZÉ DA VACA – Candidato a vereador – Olivedos-PB – Eleito
SÔPA – Candidato a vereador – Areia-PB – Eleito
10 ANOS – Candidato a vereador – Bayeux-PB
QUINCA GARAPÃO – Candidato a vereador – Bayeux-PB
BUDEGA – Candidato a vereador – Caaporã-PB
ZÉ COCADA – Candidato a vereador – Caaporã-PB
BARATA – Candidato a vereador – Cabedelo-PB
ZÉ CIPÓ – Candidato a vereador – Cabedelo-PB
ZÉ MARRETA – Candidato a vereador – Cachoeira dos Indios-PB
GRAXEIRO – Candidato a vereador – Cacimbas-PB
GAVIÃO – Candidato a vereador – Campina Grande-PB
DOIDERA – Candidato a vereador – Pilões-PB
BUJÃO – Candidato a vereador – Pilões-PB
CHOTA – Candidata a vereadora – Princesa Isabel-PB – Eleita
OLAVO DE ZÉ DA BALEIA – Candidato a vereador – Santa Rita-PB – Eleito
SEBASTIANA DE JABURU – Candidata a vereadora – Santa Rita-PB
JACARÉ DO PEIXE – Candidato a vereador – Sapé-PB
TAPIOCA – Candidato a vereador – Sapé-PB
BABÃO – Candidato a vereador – Serra Branca-PB
SABUGO – Candidato a vereador – Sumé-PB
POMBINHA BELO – Candidata a vereadora – Sumé-PB
BODE VELHO – Candidato a vereador – S. J. de Piranhas-PB
ZÉ DO BODE – Candidato a vereador – S.J do Bonfim-PB
DÉ DO CAÇOTE – Candidato a vereador – S.J. dos Ramos-PB – Eleito
MARCOS DO JERIMUM – Candidato a vereador – S.J. do Rio do Peixe-PB - Eleito
PANELA – Candidato a vereador – São Vicente do Seridó-PB
BOLA SETE – Candidato a vereador – Tavares-PB
ZÉ CAXANGÁ – Candidato a vereador – Umbuzeiro-PB
DEDÉ DE CIBIBIU – Candidato a vereador – Vista Serrana-PB – Eleito
CHIBOCA – Candidato a vereador – Vista Serrana-PB
PEREBA – Candidato a vereador – Capim-PB
BOLINHO – Candidato a vereador – Caraúbas-PB – Eleito
JOÃO COTOCO – Candidato a vereador – Caraúbas-PB
ZÉ GATO – Candidato a vereador – Carrapateira-PB
POTOCA – Candidato a vereador – Catolé do Rocha-PB
ZÉ GATO – Candidato a vereador – Catolé do Rocha-PB
BONECO – Candidato a vereador – Caturité-PB
QUIRIDIN – Candidato a vereador – Caturité-PB
CHAPEU – Candidato a vereador – Conde-PB
XANHA – Candidato a vereador – Conde-PB
PIACA – Candidato a vereador – Conde-PB
PINGA FOGO – Candidato a vereador – Congo-PB - Eleito
BIRICO – Candidato a vereador - Cruz do Espirito Santo-PB
PISTOLA – Candidato a vereador – Cuitegi-PB
BOMBOIM – Candidato a vereador – Cuité de Mamanguape-PB
MOSQUITO – Candidato a vereador – Cuité de Mamanguape-PB
GIBOIÃO – Candidato a vereador – Curral Velho-PB
FANFA – Candidato a vereador – Dona Inês-PB
PIABA – Candidato a vereador – Emas-PB
PAPO AMARELO – Candidato a vereador – Olivedos-PB
LOROTA – Candidato a vereador – Passagem-PB
ZÉ PINDOLA – Candiato a vereador – Patos-PB
DROGUINHA – Candidato a vereador – Pedra Lavrada-PB – Eleito
TOINHO DE PATOLA – Candidato a vereador – Pedra de Fogo-PB
ZÉ BODEIRO – Candidato a vereador – Pedras de Fogo-PB – Eleito
SIRICA – Candidato a vereador – Pedro Regis-PB
DR. RATO – Candidato a vereador – Piancó-PB
PATINHA – Candidata a vereadora – Picuí-PB
XILA – Candidata a vereadora – Pilar-PB – Eleita
JOÃO CACHORRO – Candidato a vereador – Pilar-PB
PINTINHO – Candidato a vereador – Pilar-PB
RODOLFO DE JACARÉ – Candidato a vereador – Pilar-PB
ZÉ MOLENGA – Candidato a prefeito – Carrapateira-PB
PADAGÃO – Candidato a prefeito – Desterro-PB
MANOEL DA LENHA – Candidato a vice-prefeito – Ingá-PB
BOLÃO – Candidato a prefeito – Lucena-PB – Eleito
MEU LOURO – Candidato a vice-prefeito – Nova Floresta-PB – Eleito
PULUCA – Candidato a prefeito – Salgado de São Félix-PB – Eleito
CHICO DE XIXI – Candidato a vice-prefeito – Sobrado-PB.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Escândalos Sexuais na História do Povo de Deus Segundo a Bíblia


A Bíblia é mesmo um livro sui generis. Ela não encoberta nem explora os escândalos de seus mais importantes personagens. Por essa razão, todo mundo debaixo do Sol sabe da bebedeira de Noé (Gn 9.21), da mentira de Abraão (Gn 20.2), do adultério de Davi (2 Sm 11.1-5), da incredulidade de Tomé (Jo 20.24-25), da tríplice negação de Pedro (Mt 26.68-75). A Bíblia não esconde nem o enfrentamento público de Paulo a Pedro, tido por muitos como o primeiro chefe da igreja visível (Gl.2.11-21).

A Palavra de Deus está cheia de escândalos sexuais. Já no primeiro livro da Bíblia encontramos seis histórias chocantes. Os homossexuais de Sodoma, "tanto os moços como os velhos", cercaram a casa de Ló de todos os lados para ter relações com dois anjos nela hospedados (Gn 19.1-11). Pouco depois da destruição de Sodoma e Gomorra, as duas filhas de Ló o embriagaram e se engravidaram do próprio pai (Gn 19.30-38). Uma das filhas de Jacó foi violentada por um príncipe palestino e os irmãos da moça, em vingança, mataram todos os homens de Siquém (Gn 34.1-31). Mas os filhos de Jacó também não eram flores que se cheirassem: Rúben, o mais velho, aproveitou-se da ausência do pai e se deitou com uma de suas quatro esposas (Gn 35.22; 49.4). Judá, por sua vez, deitou-se com a própria nora, certo de que se tratava de uma prostituta. Na ocasião, ambos eram viúvos (Gn 38.1-31). A mulher de Potifar, oficial de Faraó, só não cometeu adultério com o jovem administrador do marido porque José tinha, diferentemente dos irmão irmãos, uma sólida formação moral e religiosa (Gn.39.7-23).

Por ocasião da travessia do deserto rumo à terra prometida, o povo eleito caiu na cilada armada por mulheres moabitas a mando de um advinho chamado Balaão, que trabalhava para o rei Balaque. Elas provocaram uma tremenda orgia coletiva associada aos sacrifícios a seus deuses. A extravangância foi tal que envolveu 23 mil pessoas, que foram mortas num só dia (1 Co 10.8). Um dos israelitas teve a audácia de levar uma midianita para sua barraca no meio do arraial à vista de Moisés e de toda a comunidade e com ela se deitar. O jovem sacerdote Finéias, sobrinho-neto de Moisés, movido de intenso e justo zelo pelo Senhor, pegou uma lança e foi atrás deles até a alcova, onde os transpassou, o homem e a mulher (Nm 25.1-18).

Pouco antes do início da monarquia, ainda na época dos juízes, houve outro escândalo que redundou numa das maiores tragédias da história de Israel. Homens bissexuais cercaram a casa de um idoso que havia hospedado um casal de passagem pela cidade benjamita de Gibeá. O marido era levita e morava no território de Efraim, e a esposa era de Belém de Judéia. Ele acabara de se reconciliar com a mulher e a levava de volta para casa. À semelhança dos homossexuais de Sodoma, esses rapazes de Gibeá bateram à porta do idoso e pediram-lhe que trouxesse para fora o hóspede, porque eles queriam ter relações com ele. Para livrar-se de tamanha loucura, o levita entregou sua mulher à turba alvoroçada (atitude que revela a inferioridade da mulher naquela época). Eles a forçaram e abusaram dela a noite inteira. Então, ao amanhecer, a mulher voltou para casa, mas não chegou a entrar, pois caiu morta com as mãos na soleira da porta. Porque as autoridades da tribo de Benjamim não puniram os culpados, todas as demais tribos de Israel se levantaram contra os benjamitas. O que aconteceu em seguida foi uma guerra civil que tirou a vida de milhares e milhares de israelitas e quase acabou com a tribo de Benjamim (Jz 19.1-21,25).

De todos os escândalos sexuais da história bíblica, o mais conhecido é o adultério de Davi. O pecado desse servo de Deus foi muito grave por várias razões. Ele tinha, até então, uma excelente reputação e era amado e respeitado por todo o povo. Era a mais alta autoridade da nação. Era um homem religioso por excelência e já havia escrito não poucos salmos. Além do mais, ele se aproveitou da ausência do marido de Bate-Seba, um oficial do exército que estava a serviço da pátria. O adultério levou Davi a cometer outros pecados - o pecado da hipocrisia e o pecado do assassinato do marido traído. Ele deu oportunidade para os sempre inimigos do Senhor blasfemarem contra Deus. O mau exemplo de cima causou danos irreversíveis à família e instaurou no país uma crise política e religiosa que durou mais de dez anos (2 Sm 11.1-25).

Pouco depois do escândalo provocado pelo rei, dois outros crimes sexuais foram cometidos na casa real. Amnon, filho de Davi e Ainoã, estuprou a própria irmã, Tamar, filha de Davi e Maaca. Esse crime provocou mais um crime: para vingar a irmã, Absalão assassinou o meio-irmão Amnon (2 Sm 13.1-36). Poucos anos depois, quando Davi foi obrigado a fugir de Jerusalém, Absalão, que tomou o trono do pai, coabitou acintosamente, "à vista de todo o Israel", com as mulheres secundárias que Davi havia deixado para cuidar da casa (2 Sm 16.20-23).

Todos esses escândalos estão registrados nos livros históricos do Antigo Testamento. No Novo Testamento, só se tem notícia de um escândalo sexual. Trata-se de um irmão de Corinto que teve o atrevimento de possuir a mulher de seu próprio pai (1 Co 5.1-8), o mesmo pecado de Rúben com Bila.

O curioso é que não há nenhum sacerdote, profeta, apóstolo, pastor, presbítero ou bispo envolvidos em pecados sexuais na Bíblia. Eles podem ter cometido outros pecados, mas não na área da sexualidade.

Só há uma dolorosa exceção. Trata-se dos sacerdotes Hofni e Finéias, filhos de Eli, que, no final do período dos juízes, tinham uma conduta execrável. Além de explorarem o povo e de não lhe darem assistência religiosa, os dois rapazes, embora casados, mantinham relações sexuais com as mulheres que prestavam serviços religiosos na entrada da tenda da reunião. Esse escândalo jogou toda a nação numa situação vergonhosa diante das nações vizinhas. Deus retirou a sua bênção e eles experimentaram derrotas sobre derrotas, até que Samuel os levou ao arrependimento (1 Sm 2.12-26).

Revista ULTIMATO n.º 277 - Julho/Agosto de 2002, págs. 16/17.

Retrato


De que vale o meu pranto,
e a minha ira,
se a tua distância
me debruça sempre
em seu pálido retrato.

Outdoors na rodovia de Salina (MG)