terça-feira, 30 de abril de 2013

Nossas boas vindas a Claudinei, nossa mais nova seguidora

Claudinei, obrigado por acessar o nosso blog. Puxe uma cadeira e sinta-se em casa!
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Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
 

Flash Back - Manhãs de Setembro


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Ah! Essas Precauções...
Para desespero de seus parentes, o velho rei Mitridates, como todo mundo sabe, conseguiu tornar-se imune a todos os venenos... até que um bom tijolaço na cabeça liquidou o assunto.
 
 

Abismo

deste abraço
ao avanço da estrela mais íngreme
- apenas um passo,

os lugares menos reconhecíveis,
as lembranças mais frouxas
e uma voz rouca
fecham sobre mim seus lábios de tempestade
no pálio pálido da madrugada,

é tarde,
te amo


Pedro Lage

'Faço porque gosto', revela garota de programa recém graduada em letras

Lola Benvenutti mantém blog com histórias de seus clientes em São Carlos, SP (Foto: Felipe Turioni/G1)
 (Foto: Felipe Turioni/G1)


Lola Benvenutti mantém blog em que relata experiências com seus clientes. Formada pela UFSCar em São Carlos, jovem tenta quebrar tabu sobre sexo.
 
Ela tem 21 anos, é recém-formada em letras pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), exibe em tatuagens pelo corpo frases de Guimarães Rosa e Manuel Bandeira, adotou como pseudônimo um nome que faz referência a um personagem do escritor russo Vladimir Nabokov e assume, sem problemas, ser garota de programa. Gabriela Natália da Silva, ou Lola Benvenutti, mantém um blog em que escreve contos baseados nas experiências com seus clientes e chama a atenção ao tentar quebrar o tabu do sexo. “Sempre gostei de sexo, então tinha um desejo secreto de trabalhar com isso e não há nada mais justo, faço porque gosto”, afirmou em entrevista ao G1.
 
A realidade de Gabriela sempre foi diferente da vida de uma parcela das garotas de programa que são universitárias e optam por se prostituir para manter as despesas com os estudos. "Tem uma categoria nos sites de acompanhantes que são de universitárias e fazem isso porque fazem faculdade particular e precisam pagar, mas eu nunca precisei disso, sou inteligente, fiz faculdade, optei por isso, qual o problema?", questionou.
Natural de Pirassununga (SP), se mudou para São Carlos para fazer faculdade, mas por temer algum tipo de retaliação resolveu manter sua identidade como prostituta com discrição até concluir o curso. “Fiquei com um pouco de medo de isso reverberar de alguma forma na faculdade, então achei melhor terminar a graduação para colocar o blog no ar”, disse.

O site recebe cerca de duas mil visitas por dia e é nele que Lola posta sua rotina como prostituta. Entretanto, vê diferença entre sua história e o fenômeno Bruna Surfistinha, pseudônimo de Raquel Pacheco, ex-prostituta que fez fama na internet e teve sua história publicada em livro e roteirizada em um filme. “Ela teve uma vida diferente da minha, com outras oportunidades”, comentou.

Além de manter seus contos e servir como contato entre seus clientes, que chegam a cinco por dia, o blog serve também para levantar discussão sobre o prazer no sexo. “As pessoas são hipócritas, vivem de sexo, veem vídeo pornográfico, mas não falam porque têm vergonha. Um monte de mulher entra no blog e fala que adoraria fazer o que eu faço, mas não tem coragem; e dos homens escuto as confissões mais loucas e cada vez mais esse tabu do sexo é uma coisa besta”, avaliou.

Barreiras

 Apesar da escolha em ser uma profissional do sexo, Gabriela não desistiu de seguir carreira acadêmica ou dar aulas após a conclusão do curso de letras. “Também quero dar aula, mas por hobby, e além disso também tem a questão financeira, porque dando aula hoje você quase não se sustenta”, analisou. “Acho que as duas coisas são difíceis de casar, é muito difícil que uma escola que sabe o que eu faço me permita trabalhar com eles, vou ter que derrubar barreiras”.

Ainda este ano, ela pretende se mudar para São Paulo, onde vai continuar trabalhando como garota de programa e acumulando um mestrado na Universidade de São Paulo (USP). “Cansei um pouco de São Carlos e agora quero outras coisas, tanto que o mestrado para o qual estou estudando é na USP, converso com alguns professores e quero pesquisar na área de prostituição ou fetiche”, considerou.

Esse tipo de assunto, segundo ela, já é seu objeto de estudo desde a adolescência. “Desde os 14 anos estudo o sadomasoquismo, que hoje está ficando mais popularizado com ajuda do livro ‘Cinquenta Tons de Cinza’, que é marginalizado para quem curte, mas abriu um leque para as pessoas que não conheciam”, explicou.
Lola Benvenutti, de São Carlos, diz que sua virgidade era um fardo (Foto: Reprodução/Lola Benvenutti)
 
Interesse pelo sexo

 O interesse precoce por sexo começou com uma vontade íntima de deixar de ser virgem, o que considerava ser um ‘fardo’. “Desde os 11 anos queria me livrar desse fardo, mas perdi a virgindade com 13 anos e a primeira vez foi péssima, com um homem de 30 anos que conheci pela internet”, relembrou.
No início, Gabriela ficou em dúvida sobre o prazer causado pelo sexo.“Não fiquei confortável, fiquei um tempo sem fazer pensando em como era possível as pessoas falarem tanto disso, mas aí depois de um tempo eu fui gostando e a percepção mudou”, revelou.

Segundo Gabriela, nunca houve um episódio em sua vida que despertasse um interesse incomum para sexo. “Todo mundo fica me perguntando qual foi o fato que desencadeou isso, eu respondo que nada, meus pais foram ótimos, tive uma ótima educação, entrei na faculdade direto, fiz uma boa universidade e só”, garantiu.

Relação com a família

 Como a personagem Tieta, da obra de Jorge Amado, Lola causa alvoroço quando retorna para sua cidade natal, mas a relação com a a família atualmente é estável. “Eu não vou muito pra lá, sinto que toda vez que vou, levanto uma poeira de discórdia e os vizinhos ficam comentando. Minha mãe já desconfiava porque nunca pedia dinheiro para ela e a relação foi muito mais difícil porque ela se importa muito com o que os outros dizem, mas a gente se fala”, disse.

Com o pai, militar da reserva, há uma relação de respeito e separação entre Gabriela e Lola. “Meu pai ficou seis meses sem falar comigo, eu achei que fosse pra vida toda, mas aí teve a minha formatura e ele veio. Na ocasião, disse que a filha dele era a Gabriela, não a outra, deixando bem claro que não compactua com isso. Mas ele ficou do meu lado e acho ele um herói porque não me abandonou”, confessou.
 
 
Fonte:
G1 (Fotos de Felipe Turioni)

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Reminiscência

Nasci numa pequena cidade de Minas. Até aí nada demais. Muita gente nasce em cidades pequenas, distantes e quietas. Seria feliz, de qualquer maneira, se quem lê neste instante pudesse saber a alegria que existe em se nascer num lugar assim, em que as ruas pequenas e estreitas, as altas palmeiras, a água macia da chuva que cai sempre, as muitas estrelas e a lua, as pedrinhas das calçadas, a meninada, a carteira da sala de aula, a mestra e mais uma quantidade destas lembranças simples sejam, mais tarde, influências reais na vida da gente. Na vida de quem, afinal, preferiu enfrentar a cidade grande: as águas desse mar, a luz dessas lâmpadas frias, a sala fechada, triste e sem perspectivas em que se ganha a vida, a cadeira quente e insegura das tardes de ir e vir — pura fadiga — das empresas, a luta, a dura luta de ser alguém, um peixe grande em mar estranhamente grande. A verdade é que, um dia, a pensar e refletir na grama macia da pracinha da matriz, a criança decidiu sair.

E a estrada se abriu a sua frente. Vir era uma idéia. Fixa. Caminhar era fácil.

A chegada: a rua imensa, as buzinas, as luzes, sinal verde, aquela cidade grande, grande ali, na sua frente. Cada face, cada ser que passava — pra lá e pra cá — inquietamente, tanta gente, suada, apressada, sem alegria, sem alma, a alma cerrada, enrustida, cada triste surpresa era a chegada.

Cheguei. Um táxi. A mala. As esquinas. Está bem, mas, que fazer? Sentei e pensei. Pela janela da casa alta vai a vida. Seria a vida? E disse a primeira frase na cidade grande, as primeiras palavras diante da grande luta e as palavras eram: Meu Deus, que saudade! E nem um dia me separava da pracinha da matriz. Cada dia que, a seguir, vi passar, esqueci.

Diante da máquina, neste instante, há uma distância imensa entre aquele dia na missa cantada na minha igrejinha e este dia em que, diante de mim, diante de minha mulher e da minha casa feita de cidade grande, minhas filhas brincam de ser gente grande.

E elas. Que vai ser delas? Sem palmeiras, sem um pai de ar grave; sem entender a chuva a cair em jardins humildes, nas margaridas branquinhas; sem entender de lua e de estrelas — que céu aqui, pra se ver nem se vê —, sem brincar na lama das ruas, a lama das chuvas, casca de palmeira, descer as barracas, nadar sem mamãe saber, nas águas escuras, fim de quintal, quintal, quintal? sem quintal? pedrinha de calçada, marcar a canivete sua inicial na carteira da sala. Ainda bem que nasceram meninas.

Já é diferente. Será que é? Sei lá. Entre a chegada e este instante, lembrança nenhuma. Sei que cheguei.

E sei mais: que esta página está é uma grande besteira, dura de cintura, sem graça, uma m... Já se vê que quem nasceu para caratinguense nunca chega a Rubem Braga. E também tem mais: Quem é capaz de escrever uma página literária decente — igual a essa (?) — sem usar uma vez sequer a letra O? Leiam mais uma vez. Atentamente. Se tiver um — além deste aí em cima — eu como!


Ziraldo
 
 
Texto extraído do livro "Crônicas Mineiras", Editora Ática — São Paulo, 1984, pág. 109.

Alexandra Burke


domingo, 28 de abril de 2013

O amor acaba

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
 
 
Paulo Mendes Campos


Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21.


Cortesia

Bruno Veiga: Casa de Bamba

Mil novecentos e pouco.
Se passava alguém na rua
sem lhe tirar o chapéu
Seu Inacinho lá do alto
de suas cãs e fenestra
murmurava desolado
- Este mundo está perdido!
Agora que ninguém porta
nem lembrança de chapéu
e nada mais tem sentido,
que sorte Seu Inacinho
já ter ido para o céu.



Carlos Drummond de Andrade in Boitempo. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968.

Humor: Morta por antecipação

A Maria passa mal e o Joaquim chama um médico que, após examiná-la, conclui:
- Sinto em lhe informar, mas pela minha experiência, a sua mulher já está morta!
- Mas doutor! - murmura Maria com voz débil. - Eu ainda estou viva!
E o Joaquim:
- Cala a boca, oh Maria! Você vai querer agora discutir com o médico?

Versículos do dia

"Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora. Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua glória eterna, em Cristo, vos restabelecerá e vos tornará firmes, fortes e seguros"
 
 
(1Pd 5,8-10)

Fábula

Pressentindo que seu país. em breve, mergulharia numa guerra civil, o sultão chamou um dos seus melhores videntes, e perguntou-lhe quanto tempo ainda lhe restava viver.
 
- Meu adorado mestre, o senhor viverá o bastante para ver todos os seus filhos mortos.
 
Num acesso de fúria, o sultão mandou imediatamente enforcar aquele que proferira palavras tão aterradoras.
 
Então, a guerra civil era realmente uma ameaça!
 
Desesperado, chamou um segundo vidente.
 
- Quanto tempo viverei? - perguntou, procurando saber se ainda seria capaz de controlar uma situação potencialmente explosiva.
 
- Senhor, Deus lhe concedeu uma vida tão longa, que ultrapassará a geração dos seus filhos, e chegará a geração dos seus netos.
 
Agradecido, o sultão mandou recompensa-lo com ouro e prata.
 
Ao sair do palácio, um conselheiro comentou com o vidente:
 
- Você disse a mesma coisa que o adivinho anterior. Entretanto, o primeiro foi executado, e você recebeu recompensas. Por que?
 
- Porque o segredo não está no que você diz, mas na maneira como diz. Sempre que precisar disparar a flecha da verdade, não esqueça de antes molhar sua ponta num vaso de mel.
 
- Pense nisso antes de proferir suas verdades!

Clarice Lispector

Foto Eric Jean
 
"Fiz o que era mais urgente: uma prece.
Rezo para achar o meu verdadeiro caminho.
Mas descobri que não me entrego totalmente à prece,
parece-me que sei que o verdadeiro caminho é com dor.
Há uma lei secreta e para mim incompreensível:
só através do sofrimento se encontra a felicidade.
Tenho medo de mim pois sou sempre apta a poder sofrer.
Se eu não me amar estarei perdida
porque ninguém me ama a ponto de ser eu, de me ser.
Tenho que me querer para dar alguma coisa a mim.
Tenho que valer alguma coisa?
Oh protegei-me de mim mesma, que me persigo.
Valho qualquer coisa em relação aos outros
mas em relação a mim, sou nada.
É tão bom ter a quem pedir.
Nem me incomodo muito se eu não for totalmente atendida.
Eu peço a Deus para eu ser mais bonita
e não é que meu olho faísca ao mesmo tempo que meus lábios parecem mais doces e cheios?
Eu peço a Deus tudo o que eu quero e preciso.
É o que me cabe. Ser ou não ser atendida
isso não me cabe a mim, isto já é matéria-mágica que se me dá ou se retrai.
Obstinada, eu rezo.
Eu não tenho o poder.
Tenho a prece."
 

Clarice Lispector
"Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror. Os bons filmes constituem uma linguagem internacional, respondem à necessidade que os homens têm de alegria, de piedade e de compreensão. São um meio de dissipar a onda de angústia e de medo que invade o mundo de hoje... Se pudéssemos pelo menos trocar entre as nações, em grande quantidade, os filmes que não constituem uma propaganda agressiva, mas que falam a linguagem simples dos homens e das mulheres simples... isso poderia contribuir para salvar o mundo do desastre."
 
 

My Way - André Rieu


sábado, 27 de abril de 2013

Frase

"Os mortos recebem mais flores que os vivos, porque o remorso é mais forte que a gratidão."
 
 
Anne Frank

Feira do açaí - Belém-PA

Os paneiros de açaí chegando na madrugada para abastecer as mesas paraenses.
"Eu estava furioso por não ter sapatos; então encontrei um homem que não tinha pés e me dei por muito satisfeito"
 
 
Buhda

Biblioteca & Web

O bom humor parece ser a principal característica do semiólogo, ensaísta eescritor italiano Umberto Eco. Se não é a mais evidente. Ao pasmado visitante, boquiaberto diante de sua coleção de 30 mil volumes guardados em seu escritório/residência em Milão, ele tem duas respostas prontas quando é indagado se leu toda aquela vastidão de papel. "Não. Esses livros são apenas os que devo ler na semana que vem. Os que já li estão na Universidade" — é a sua preferida. "Não li nenhum", começa a segunda. "Senão porque os guardaria?"

Na verdade, a coleção é maior, beira os 50 mil volumes, pois os demais estão em outra casa, no interior da Itália. E é justamente tal paixão pela obra em papel que convenceu Eco a aceitar o convite de um colega francês, Jean-Phillippe de Tonac, para, ao lado de outro incorrigível bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière, discutir a perenidade do livro tradicional. Foram esses encontros ("muito informais, à beira da piscina e regados com bons uísques", informa Umberto Eco) que resultaram em Não Contem Com o Fim do Livro, que a editora Record lança na segunda quinzena de abril.


Qual a diferença entre o conteúdo disponível na internet e o de uma enorme biblioteca?

Eco: A diferença básica é que uma biblioteca é como a memória humana, cuja função não é apenas a de conservar, mas também a de filtrar — muito embora
Jorge Luis Borges, em seu livro Ficções, tenha criado um personagem, Funes, cuja capacidade de memória era infinita. Já a internet é como esse personagem do escritor argentino, incapaz de selecionar o que interessa — é possível encontrar lá tanto a Bíblia como Mein Kampf, de Hitler.

Esse é o problema básico da internet: depende da capacidade de quem a consulta. Sou capaz de distinguir os sites confiáveis de filosofia, mas não os de física. Imagine então um estudante fazendo uma pesquisa sobre a 2.ª Guerra Mundial: será ele capaz de escolher o site correto?

É trágico, um problema para o futuro, pois não existe ainda uma ciência para resolver isso. Depende apenas da vivência pessoal. Esse será o problema crucial da educação nos próximos anos.


(Texto & entrevista por Ubiratan Brasil no Caderno Sabátgico do Estadão)


Era uma vez no oeste


Revirando o armário me deparei com o velho clássico "Era uma vez no oeste". O filme, produzido em 1968, sem sombra de dúvidas é um referencial para o gênero faroeste. O enredo se desenvolve de forma a prender a atenção do público.

Em virtude das terras que possuía serem futuramente a rota da estrada de ferro, um pai e todos os filhos são brutalmente assassinados por um matador profissional. Entretanto, ninguém sabia que ele, viúvo há seis anos, tinha se casado com um prostituta de Nova Orleans, que passa ser a dona do local e recebe a proteção de um hábil atirador, que tem contas a ajustar com o frio matador.

No elenco, Charles Bronson, Henry Fonda, a bela Cláudia Cardinale e Jason Robards. A direção é de Sérgio Leone.

Abaixo, a trilha sonora do filmaço.


A hora íntima

Quem pagará o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?
Quem, dentre amigos, tão amigo
Para estar no caixão comigo?
Quem, em meio ao funeral
Dirá de mim: — Nunca fez mal...
Quem, bêbado, chorará em voz alta
De não me ter trazido nada?
Quem virá despetalar pétalas
No meu túmulo de poeta?
Quem jogará timidamente
Na terra um grão de semente?
Quem elevará o olhar covarde
Até a estrela da tarde?
Quem me dirá palavras mágicas
Capazes de empalidecer o mármore?
Quem, oculta em véus escuros
Se crucificará nos muros?
Quem, macerada de desgosto
Sorrirá: — Rei morto, rei posto...
Quantas, debruçadas sobre o báratro
Sentirão as dores do parto?
Qual a que, branca de receio
Tocará o botão do seio?
Quem, louca, se jogará de bruços
A soluçar tantos soluços
Que há de despertar receios?
Quantos, os maxilares contraídos
O sangue a pulsar nas cicatrizes
Dirão: — Foi um doido amigo...
Quem, criança, olhando a terra
Ao ver movimentar-se um verme
Observará um ar de critério?
Quem, em circunstância oficial
Há de propor meu pedestal?
Quais os que, vindos da montanha
Terão circunspecção tamanha
Que eu hei de rir branco de cal?
Qual a que, o rosto sulcado de vento
Lançara um punhado de sal
Na minha cova de cimento?
Quem cantará canções de amigo
No dia do meu funeral?
Qual a que não estará presente
Por motivo circunstancial?
Quem cravará no seio duro
Uma lâmina enferrujada?
Quem, em seu verbo inconsútil
Há de orar: — Deus o tenha em sua guarda.
Qual o amigo que a sós consigo
Pensará: — Não há de ser nada...
Quem será a estranha figura
A um tronco de árvore encostada
Com um olhar frio e um ar de dúvida?
Quem se abraçará comigo
Que terá de ser arrancada?
Quem vai pagar o enterro e as flores
Se eu me morrer de amores?



Vinicius de Morais
Rio, 1950


Texto extraído do livro "Vinicius de Moraes - Poesia Completa e Prosa", Editora Nova Aguilar - Rio, 1998, pág. 455.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Fábula

Havia, certa vez, uma onça que sabia de tudo o que acontecia na floresta. Seu espírito crítico era felino; tudo ela percebia e criticava. Ela enxergava defeitos em tudo e em todos, e comentava com a bicharada.
 
Um dia, aquela onça começou a sentir a visão meio cansada, enxergando pouco, e procurou um oftalmologista. Este resolveu fazer uma cirurgia nos olhos dela. Terminada a recuperação da cirurgia, a onça se mandou novamente para o mato.
 
No entanto, algo muito estranho estava acontecendo: agora ela enxergava muito mais defeitos, coisas horríveis. E ela pensava: será que a bicharada piorou ainda mais? Eram tantos os defeitos que ela enxergava que, inquieta, procurou novamente o oftalmologista.
 
Este examinou seus olhos e disso: “Dona onça, a senhora me desculpe! O erro foi meu. Quando eu fiz a cirurgia nos seus olhos, eu me enganei e coloquei seus olhos voltados para dentro. Por isso que a senhora estranhou, pois está vendo os próprios defeitos”. E recolocou os olhos na posição certa.
 
A onça retornou à floresta, mas agora era mais prudente ao criticar os demais bichos, pois sabia que seus defeitos eram bem maiores.
 
- Pense nisso antes de enxergar o mundo a sua volta!
 
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Monteiro Lobato e Mark Twain

O que há em comum entre esses dois escritores, além do fato de que estão entre os primeiros que li, e os mais queridos? Uma porção de coisas. Ambos foram escritores com uma obra para adultos séria e relevante, mas acabaram se tornando famosos como autores para jovens, em função de seus livros de maior sucesso. A imensa maioria dos que os conhecem leram apenas essas obras infanto-juvenis e desconhecem seus livros mais complexos.

Monteiro Lobato é famoso pela sua série de romances do Sítio do Picapau Amarelo, mas só é conhecido no Brasil. Às vezes imagino o susto e o maravilhamento de meninos ingleses, japoneses, norte-americanos, quenianos, se pudessem ler boas traduções dessas obras e conhecer um mundo de surpresas inesgotáveis. Mark Twain escreveu alguns livros com as aventuras de Tom Sawyer e Huckleberry Finn, dois garotos rurais num ambiente mais realista do que o de Lobato, mas igualmente divertido. Aliás, Lobato fez adaptações de livros de Twain para a Editora Brasiliense, e talvez tenha sido através dele que muitos brasileiros conheceram o norte-americano.

Ambos tiveram flertes com a ficção científica. Lobato com o histórico O Presidente Negro (1926) e alguns volumes infantis (A Chave do Tamanho, Viagem ao Céu, A Reforma da Natureza); Twain com Um Ianque na Corte do Rei Artur (1889), uma história clássica de viagem no tempo, mesmo que sem explicação técnica de como isso aconteceu, e numerosos contos já reunidos em coletâneas. Ambos tiveram interesse pelo lado prático da literatura: Lobato criando a Companhia Editora Nacional e outros empreendimentos semelhantes, e Twain investindo todo seu dinheiro (e dos amigos) numa máquina impressora que pretendia concorrer com o linotipo. (Ambos deram com os burros nágua e perderam fortunas.)

E ambos foram acusados de racismo por terem escrito romances em que adultos negros apareciam sendo maltratados ou ridicularizados por crianças brancas: a Tia Nastácia de Lobato e o escravo Jim de As aventuras de Huck. Uma acusação injusta por ignorar a pressão da mentalidade do tempo em que viveram. Talvez o mesmo venha a acontecer conosco, que os acusamos. Se o Brasil virar um dia uma democracia racial sem Casa Grande nem Senzala, nossos descendentes nos considerarão racistas e escravocratas pelo fato de que pagávamos pessoas negras para cozinharem nossa comida, lavarem nossa roupa e cuidarem dos nossos bebês. Achamos tudo isto uma coisa normal, faz parte do mecanismo social em que crescemos, e é difícil para nós imaginar que os brasileiros do futuro talvez olhem para nós com repulsa e mandem tirar nossos livros das bibliotecas eletrônicas de suas escolas.
 
Braulio Tavares
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Façamos da interrupção um caminho novo.
Da queda um passo de dança,
do medo uma escada,
do sonho uma ponte, da procura um encontro!
 
 
Fernando Sabino

Frase

"Essa senhora, a Dilma Rousseff, tem a formação pior que de muitos generais da ditadura. É intolerante, tem formação autoritária.
 
 
Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), ao criticar o apoio do governo a projeto que dificulta a criação de novos partidos

O bar perfeito não existe

"Um bar legal precisa apresentar cinco qualidades fundamentais: boa circulação de ar, bom proprietário, bons garçons, bons fregueses e boa bebida. Isso é raríssimo de acontecer. Quando o garçom é uma flor de sujeito, o dono do bar costuma ser uma besta; se os fregueses são alcoólicos esclarecidos, o ambiente às vezes é quente e abafado; vai ver um excelente e confortável bar refrigerado, e boa porcentagem do uísque é fabricada no Engenho de Dentro. Para dizer toda a verdade, o bar perfeito não existe. Barmen and jockeys are the only people who are polite any more, doutrinou um homem que consumia álcool em quantidades industriais, o romancista Ernest Hemingway.”
 
 
Paulo Mendes Campos

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Respeitar o próximo é aprendizado que começa no berço, com os anos se aprimora.
 

Humor: Simpatia para prender a pessoa amada

1- Ponha 1kg de maconha na mochila da pessoa amanda.
2- Ligue 190

O resultado é imediato e infálivel!

Louis Armstrong


Tensão cresce na França após aprovação da união homossexual

Depois da aprovação pelo Parlamento do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e a adoção por casais homossexuais nesta terça-feira (23), os franceses enfrentam um clima de tensão em várias partes do país.
No início da noite, manifestações organizadas por partidários e opositores da lei tomaram as ruas de toda a França. Nas proximidade da prefeitura de Paris, personalidades políticas da esquerda marcharam ao som de 'obrigado, obrigado, obrigado' de manifestantes em êxtase.
 
 
G1

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O que me amedronta é essa minha insistência em me enfrentar.
 
 
Martha Medeiros

Se podes

Se podes andar sobre as águas
não és melhor que uma palha,
se podes voar pelo espaço
não és melhor que uma mosca;
conquista teu coração
para que possas tornar-te alguém.
Abdulah Ansari

 
Se podes exterminar outro,
não és melhor do que um vírus;
es podes destruir uma cidade, uma floresta,
não és melhor do que um míssil, uma motosserra.
Afeiçoa-te primeiro a teu próprio coração
para que possas amar-te e amar alguém:
só assim frutificarás realmente,
e tua vida não terá sido em vão.
Pedro Lage

Livro estranho, Márcio Allemand


terça-feira, 23 de abril de 2013



A mulher que canta o homem - ainda um tabu

Por mais que tenha se tornado comum em tempos modernos, algumas mulheres ainda têm dificuldade em cantar um homem ou simplesmente fazer um convite para um café, um drinque, um jantar etc.
 
Este é um dos assuntos corriqueiros nas cartas recebidas por Miss Corações Solitários, a consultora sentimental deste blog.
 
A situação: a mulher menos atirada –ou menos decidida, como se define- está a fim de um cara. Acontece que ele parece interessado, mas também não se pronuncia, não sai para o jogo, como diríamos em bom futebolês.
 
Que fazer?
 
Perguntar qual é o face do rapagão e iniciar uma conversa como quem não quer nada? Trata-se de uma bom começo.
 
Aqui na virtualidade a mais recatada das mulheres, depois de duas taças de vinho, vira uma Luz Del Fuego. O mais tímido dos homens, do tipo que ainda ruboriza diante de certas situações, também se solta e diz coisas que até Deus duvida.
 
O problema é que a maioria dessas tentativas fica apenas na empolgação da virtualidade erotizada. O desejo escorre pelo ralo do amor líquido e nada acontece para valer no bate-coxas da vida à vera. Pena.
 
Nada mais excitante do que levar uma cantada de mulher. Daquelas diretas. Na lata quente da testosterona. Mas tem homem que (ainda) se assusta, amiga. Uns chegam a julgar como vulgaridade. Como se estivéssemos em 1900 e lá vai pedra.
 
Educado sob o signo da sedução lânguida da mocinha de telenovela ou do cinema americano, o macho latino não está preparado para ser objeto de desejo. Não sabe o que está perdendo.
 
Muitos machos ainda acreditam que agindo dessa forma o mulherio moderno esteja apenas repetindo o pior do comportamento masculino. Não creio. Trata-se apenas de um manifesto, diante de um cara que a interessa. Seja por uma noite ou seja por mil e uma –o homem somente para transar e o homem para casar.
 
Seja qual for o interesse, uma cantada feminina é muito comovente. Seja para um enrosco imediato e à queima roupa ou seja para dizer um educado “não” camuflado naquele clássico “veja bem…” e outras tantas reticências.
 
Desperte a mulher-pedreiro que existe na argamassa do inconsciente feminino. Não perca tempo, amiga. Nada como segunda-feira sem lei para cantar aquele homem do tempo que fica apenas no chove-não-molha.
 
 
Xico Sá
Fonte: Folha de S. Paulo

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Reblogged from artgif
Amanhã, terça-feira(23), a partir da 19(hs), na Fazenda Acauã, zona rural do município de Aparecida-PB, o escritor Ariano Suassuna vai receber conjuntamente os títulos de cidadão dos municípios de Aparecida e Sousa outorgados pelos Poderes Legislativos das duas cidades paraibanas. Após as homenagens, o filho do escritor, Dantas Suassuna, fará a apresentação do projeto do Museu Armorial dos Sertões que será instalado na Fazenda Acauã, cujo evento será aberto ao público.
 
Ainda no dia 23, pelas 15h, o escritor participará de entrevista coletiva  no teatro do Centro Cultural Banco do Nordeste.
                  

 

Leitura sem fronteiras


domingo, 21 de abril de 2013

Sem palavras

Sem palavras brancas, suaves mãos de irmã
Que são mais doces que as das rainhas,
Hão de pousar em tuas mãos, as minhas
Numa carícia transcendente e vã.

E a tua boca a divinal manhã
Que diz as frases com que me acarinhas,
Há de pousar nas dolorosas linhas
Da minha boca purpurina e sã.

Meus olhos hão de olhar teus olhos tristes;
Só eles te dirão que tu existes
Dentro de mim num riso d’alvorada!

E nunca se amará ninguém melhor;
Tu calando de mim o teu amor,
Sem que eu nunca do meu te diga nada!...


Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"


O teatro dos vampiros


As mulheres permanecem sempre crianças que vivem à espera de algo.
 
Oscar Wilde

Ontem, à noite, recebi a agradável visita de minha afilhada Auanne Dayra de 08 anos. Dentre tantas novidades, contou-me que antes de sua primeira comunhão vai, enfim, se confessar com o vigário da cidade.
 
Cuidadosa e precavida, relatou-me preocupada, que enumerou numa só página 25 pecados que pretende derramar aos pés do padre na próxima semana.

 
Pelo andar da carruagem, espero que ela vá logo ao confessionário, sem muita demora, antes que consiga escrever um livro com suas travessuras.
 
 - Auanne, quem dera que a maldade do mundo se resumisse a seus ingênuos 25 pecadinhos!!
 

"Pracas"



 
 

Volta a chover no sertão da Paraíba

A esperança renasce. Voltou a chover nos últimos dois dias no sertão da Paraíba. Em Pombal, segundo os dados do pluviômetro do nosso blog, choveu nos últimos dias 39mm.
 
É provável que não possamos colher a produção de legumes esperada mas as chuvas já representam um alento para a subsistência do rebanho em nossa região.

Ainda conforme os nossos registros, durante todo o ano de 2012 choveu em Pombal 225mm, marca já superada este ano que registra atualmente 240mm. Entretanto, ainda estamos distante da média de chuva anual da região.

sábado, 20 de abril de 2013

Somos livres?


Somos livres. Esta frase pode parecer muito abstrata hoje diante do cotidiano atropelado de afarezes, atividades, responsabilidades que todas as pessoas têm. Ninguém tem tempo de pensar na questão de “ser livre” e esta falta de tempo parece ser a prova de que a liberdade não existe. Quem, ao trabalhar demais, sem poder realizar outros aspectos de sua vida (como o conhecimento que envolve leituras, filmes, boas conversas, até mesmo a possibilidade de freqüentar cursos, de fazer viagens, de desenvolver sua criatividade, de aprender, enfim, coisas novas), pode dizer que é livre?

Lazer é o nome que damos a tudo isso que constantemente nos falta. O lazer não é algo que podemos abandonar em nome do trabalho. Em geral, é o que deixamos de lado quando estamos na luta pela sobrevivência. Mas é o nosso lazer que nos ensina e nos prepara para sermos seres humanos melhores, mais elaborados, inclusive no trabalho e, sobretudo, em relação a nossa família e amigos. É neste mundo que recarregamos nossas energias para os esforços que temos que fazer em nosso dia a dia.

Onde entra a liberdade neste caso? O lazer não é só um pacto que fazemos com a liberdade, mas a chance de expandi-la para todas as esferas da nossa vida. Liberdade é o nome que se dá ao fato de que escolhemos nossos rumos. Se não escolhemos não somos livres. O fato de que não temos tempo para o lazer prova que não temos liberdade. Ou que não sabemos usá-la. Uma parte da vida se perde aí. O problema maior da liberdade é que a vida também pode ficar meio sem sentido quando não pensamos no que estamos fazendo com ela. A liberdade é, portanto, mais do que algo que se tem ou não se tem, que se sabe ou não se sabe usar. Ela é uma capacidade de pensar na própria vida e de optar de modo responsável pelas próprias escolhas.

A liberdade é algo que faz parte do ser humano. Ninguém pode sentir que se tornou um ser humano sem que tenha tomado a liberdade como algo seu. Esta é uma ideia que vem de não muito tempo atrás. É uma ideia moderna que apareceu junto com o desejo humano que cada indivíduo tem de ter posse sobre si mesmo. Liberdade não é apenas algo que nos limita desde que pensamos que a de um termina onde começa a de outro. É mais que isso. Liberdade é a capacidade de organizar a vida para que trabalho e lazer possam ser possíveis. Mas, sobretudo, é ter consciência de si dentro destas dimensões da vida.

Márcia Tiburi

Originalmente publicado na Revista De Mulher para Mulher, n.01; p.64/65
A beleza que seduz poucas vezes coincide com a beleza que faz apaixonar.
 
 
José Ortega y Gasset

A voz e a eletricidade

A literatura e a poesia sempre dependeram da voz, com exceção dos breves 500 anos após a invenção da imprensa. Antes da imprensa, quando os livros eram escritos à mão, palavra falada e palavra escrita pelo menos lutavam pau-a-pau pelo poder. Na Antiguidade e na Idade Média livros eram coisas muito caras. Somente quem tinha uma certa grana podia comprar a cópia de um livro para tê-lo em casa, ou podia pagar um escriba para copiá-lo. Poemas e textos circulavam, sob forma escrita, mas sua circulação oral era certamente grande.

A invenção da imprensa abarrotou o mundo de livros de papel, mesmo que em seus primeiros anos os livros impressos também fossem um luxo de quem podia pagar. Mas não importa; a palavra escrita tornou-se sinônimo de cultura. E ainda hoje vivemos isto. Se alguém tem uma sala cheia de livros, achamos que é um intelectual, mesmo que ao falar ele revele ser uma besta quadrada. E se alguém nos diz que não sabe ler nem escrever, pensamos de imediato que é um sujeito burro, quando às vezes é mais inteligente e bem informado do que nós (e sabe mais poemas de cor).

Quem resgatou a Poesia da Voz foi a eletricidade, a partir do século 20, com três invenções decisivas: o rádio, o disco e a televisão. Com a ajuda desses meios a palavra falada ultrapassou a palavra escrita em importância, inclusive pelo fato de que isso coincidiu com a explosão das populações. Em muitos países, como no Brasil, milhões de pessoas passaram a ter acesso a esses três canais de comunicação sem nunca terem lido um livro. Do ponto de vista poético, o século 20 foi o Século da Canção. Nunca essa forma de arte foi tão cultivada, tão disseminada e teve um papel tão grande (maior que o romance, o conto, o poema escrito, etc.) na formação das pessoas, no seu lazer, na sua convivência, no seu entendimento do mundo.

O que ocorre agora com a Cultura Digital Eletrônica é uma mistura desses acontecimentos cruciais, a popularização da palavra escrita pela imprensa e a massificação da palavra falada pelos meios elétricos. Na Cultura Digital, a palavra escrita se multiplica de forma incontrolável, e o mais interessante é que agora uma só tecnologia está beneficiando ambas, a escrita e a falada. A Voz não lucrou nada com a imprensa, a Palavra Escrita lucrou pouco com rádio, etc.; mas as tecnologias digitais, com essa espantosa flexibilidade que têm, são capazes de beneficiar igualmente a Palavra Falada e a Palavra Escrita. (Para não falar na Imagem!) Não é o Fim do Mundo nem é a aurora de uma Idade de Ouro, mas é um momento raro de redefinição dos alicerces da comunicação. Temos sorte de viver um momento tão cheio de novidades.

 
Braulio Tavares
Fonte: Mundo Fantasmo

Senado aprova Estatuto da Juventude e cota de 40% para a meia-entrada

O Senado aprovou nesta terça-feira o projeto de lei que estabelece o Estatuto da Juventude, com previsão de restringir a meia-entrada a uma cota de 40% do total de ingressos vendidos para cada evento de natureza artístico-cultural, de entretenimento e lazer.
 
O texto prevê ainda a ampliação do direito à meia-entrada a jovens pertencentes a famílias de baixa renda, com idade até 29 anos – com renda familiar de até dois salários mínimos -, além dos estudantes. O projeto ainda terá de ser reenviado à Câmara para apreciação.
 
Leia mais clicando aqui
 
 
Junia Gama, O Globo

Espumas ao vento - Monique Kessous


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Versículos do dia

Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força". Portanto, prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis porque sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraço, então é que sou forte.
 
 
(II Cor. 12: 9-10)

Charge Amarildo


Ensaio sobre o homem

Fotografia de Mário Ascenso

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Poeminha de louvor ao "strip-tease" secular

Eu sou do tempo em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um apelo!
Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas
De mulher
Sem saia;
Mas foi na praia!

A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os joelhos
Infernais!

As fazendas
Com os anos
Se fazem mais leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno ficando mais pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar moreno.

Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos de vida!


Millôr Fernandes