terça-feira, 31 de março de 2015

segunda-feira, 30 de março de 2015

Photo by: Love2cycle

Solilóquio de um Visionário

Para desvirginar o labirinto
Do velho e metafísico Mistério,
Comi meus olhos crus no cemitério,
Numa antropofagia de faminto!
A digestão desse manjar funéreo
Tornado sangue transformou-me o instinto
De humanas impressões visuais que eu sinto,
Nas divinas visões do íncola etéreo!
Vestido de Hidrogênio incandescente,
Vaguei um século, improficuamente,
Pelas monotonias siderais...
Subi talvez às máximas alturas,
Mas, se hoje volto assim, com a alma às escuras,
É necessário que ainda eu suba mais!

Augusto dos Anjos

Toda a água da Terra veio do espaço, de carona em cometas. E não vai fugir daqui. As mesmas moléculas de H2O que você...
Posted by Revista Superinteressante on Sexta, 27 de março de 2015

Como aliviar impactos

O oleoduto Trans-Alasca se estende por 1.287 quilômetros através do Alasca. Por ter sido construído ao longo de uma zona de terremotos, os engenheiros tiveram que certificar-se de que a tubulação conseguiria suportar as movimentações do solo.
Eles decidiram utilizar uma rede de apoios deslizantes de Teflon, projetados para aliviar o impacto quando o chão se movesse sob a tubulação. Os engenheiros ficaram satisfeitos quando ocorreu o primeiro grande teste.
Em 2002, um terremoto fez o chão se mover 5,4 metros para um lado. Os apoios deslizantes de Teflon se moveram suavemente e acomodaram o movimento, sem qualquer dano à tubulação.

A chave era a flexibilidade!!!


Prof. Menegatti

Hora do lanche

Queijo de manteiga e doce de mamão

Humor

Joãozinho pergunta à mãe que está gravida:
- Como meu irmãozinho vai sair da sua barriga?
Ao que a mãe responde:
- Filho, primeiro vai sair a cabeça, depois os braços, em seguida o corpinho e no final saem os pés.
E o menino logo completa:
- Ahhh!! E depois montam ele, né mãe?!!

Piadas:http://www.piadas.com.br/

Mulher que fingiu ser homem por 40 anos ganha prêmio de melhor mãe no Egito

Uma egípcia que viveu fingindo ser homem durante 40 anos para sustentar a família recebeu um prêmio do presidente Abdel Fattah al-Sisi depois de ser escolhida "melhor mãe do país".
A história de Sisa Gaber Abu Douh, de 65 anos, teve repercussão global nos últimos dias.
Ela se viu viúva aos 21 anos, quando estava grávida da filha, e não tinha nenhuma fonte de renda.
Sisa vem de uma camada menos favorecida da sociedade egípcia, que não aprova que mulheres trabalhem. E, há 40 anos, a situação era ainda pior.
Ela também enfrentou forte pressão da família, que queria que ela se casasse novamente.
"O tempo todo meus irmãos me traziam novos 'noivos'", disse ela ao jornal britânico The Guardian.
Mas Sisa recusou os candidatos e resolveu se disfarçar de homem para conseguir emprego.
Ela raspou a cabeça e passou a usar um turbante - e roupas largas para disfarçar suas formas. Vestida de homem, ela encarou trabalhos pesados, carregando tijolos e sacos de cimento.
"Eu preferi fazer trabalho pesado como levantar tijolos e sacos de cimento e engraxar sapatos do que pedir esmolas nas ruas - para ganhar um sustento para mim e para minha filha e os filhos dela", disse ela à rede de TV Al-Arabiya.
"Então, para me proteger dos homens, de seus olhares e (evitar) ser um alvo deles por causa das tradições, decidi ser um homem... e vesti as roupas deles e trabalhei junto com eles em outros vilarejos, onde ninguém me conhecia", afirmou.
"Quando uma mulher desiste da feminilidade é difícil. Mas eu faria qualquer coisa pela minha filha. Era a única forma de ganhar dinheiro. O que mais eu poderia fazer? Não sei ler nem escrever, minha família não me mandou para a escola, então este era único jeito", disse Sisa ao The Guardian.
No entanto, algumas pessoas perceberam que Sisa era uma mulher.
"Nunca escondi. Não estava tentando manter um segredo", disse ela.
Depois de receber o prêmio do presidente, Sisa afirmou que vai continuar se vestindo como homem.
"Decidi morrer nestas roupas. Me acostumei. É a minha vida inteira e não posso mudar agora."
BBC Brasil 

Frase

"Em vez de aumentar a fiscalização contra a corrupção, o trabalhador é mais uma vez chamado para pagar a conta."

SENADOR PAUL PAIM, DO RIO GRADE DO SUL, QUE AMEAÇA SAIR DO PT POR CAUSA DO AJUSTE FISCAL

domingo, 29 de março de 2015

Domingo de ramos

Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos,


dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo encontrarão uma jumenta amarrada, com um jumentinho ao lado. Desamarrem-nos e tragam-nos para mim.



Se alguém lhes perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta".
Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta:



"Digam à cidade de Sião: ‘Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta’ ".



Os discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado.



Trouxeram a jumenta e o jumentinho, colocaram sobre eles os seus mantos, e sobre estes Jesus montou.



Uma grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho.

A arte de ser psicólogo

Um engenheiro, por exemplo, não discute nunca a especificidade de engenharia; um arquiteto talvez pergunte. Um médico não duvida da especificidade da sua profissão; um psiquiatra, talvez. Um psicólogo, sempre (ALBUQUERQUE, J.A.G., s/d, p. 48).

Ironia de Lágrimas

Junto da morte é que floresce a vida!  
Andamos rindo junto a sepultura. 
A boca aberta, escancarada, escura
Da cova é como flor apodrecida. 

A Morte lembra a estranha Margarida 
Do nosso corpo, Fausto sem ventura…
Ela anda em torno a toda criatura 
Numa dança macabra indefinida. 

Vem revestida em suas negras sedas 
E a marteladas lúgubres e tredas 
Das Ilusões o eterno esquife prega. 

E adeus caminhos vãos mundos risonhos!
Lá vem a loba que devora os sonhos,
Faminta, absconsa, imponderada cega!


Cruz e Sousa

 

Valente menina

Debruçado cá em cima, no 13.° andar, fiquei olhando a porta do edifício à espera de que surgisse o seu vulto lá embaixo.

Eu a levara até o elevador, ao mesmo tempo aflito para que ela partisse e triste com a sua partida. Nossa conversa fora amarga. Quando lhe abri a porta do elevador esbocei um gesto de carinho na despedida, mas, como eu previra, ela resistiu. Pela abertura da porta vi sua cabeça de perfil, séria, descer, sumir.

Agora sentia necessidade de vê-la sair do edifício, mas o elevador deve ter parado no caminho, porque demorou um pouco a surgir seu vulto rápido. Desceu a escada fez uma pequena volta para evitar uma poça de água, caminhou até a esquina, atravessou a rua. Vi-a ainda um instante andando pela calçada da transversal, diante do café; e desapareceu, sem olhar para trás.

"Valente menina!" — foi o que murmurei ao acaso lembrando um verso antigo de Vinicius de Moraes; e no mesmo instante me lembrei também de uma frase ocasional de Pablo Neruda, num domingo em que fui visitá-lo em sua casa de Isla Negra, no Chile. "Que valientes son las chilenas!" dissera ele, apontando uma mulher de maiô que entrava no mar ali em frente, na manhã nublada; e explicara que estivera andando pela praia e apenas molhara os pés na espuma: a água estava gelada, de cortar.

"Valente menina!" Lá embaixo, na rua, era tocante seu pequeno vulto, reduzido pela projeção vertical. Iria com os olhos úmidos ou sentiria apenas a alma vazia? "Valente menina!" Como a chilena que enfrentava o mar, em Isla Negra, ela também enfrentava sua solidão. E eu ficava com a minha, parado, burro, triste, vendo-a partir por minha culpa.

Deitei-me na rede, sentindo dor de cabeça e um certo desgosto por mim mesmo. Eu poderia ser pai dessa moça — e me pergunto o que sentiria, como pai, se soubesse de uma aventura sua, como essa, com um homem de minha idade. Tolice! Os pais nunca sabem nada, e quando sabem não compreendem; estão perto e longe demais para entender. Ele, esse pai de quem ela falava tanto, não acreditaria se a visse entrar pela primeira vez em minha casa, como entrou, com sua bolsa a tiracolo, o passo leve e o riso nervoso. "Como você pensava que eu fosse?" Lembro-me de que fiquei olhando, meio divertido, meio assustado, aquela mocetona loura e ágil que só falava me olhando nos olhos, e me fez as confissões mais íntimas e graves entremeadas de mentiras pueris — sempre me olhando nos olhos. Disse-me que a metade das coisas que me contara pelo telefone era pura invenção — e logo inventou outras. Senti que suas mentiras eram um jeito enviesado que ela tinha de se contar, um meio de dar um pouco de lógica às suas verdades confusas.

A ternura e o tremor de seu duro corpo juvenil, seu riso, a insolência alegre com que invadiu minha casa e minha vida, e suas previsíveis crises de pranto — tudo me perturbou um pouco, mas reagi. Terei sido grosseiro ou mesquinho, terei deixado sua pequena alma trêmula mais pobre e mais só?

Faço-me estas perguntas, e ao mesmo tempo me sinto ridículo em fazê-las. Essa moça tem a vida pela frente, e um dia se lembrará de nossa história como de uma anedota engraçada de sua própria vida, e talvez a conte a outro homem olhando-o nos olhos, passando a mão pelos seus cabelos, às vezes rindo — e talvez ele suspeite de que seja tudo mentira.

Rubem Braga

Texto extraído do livro: “A Traição das Elegantes” Editora Sabiá – Rio de Janeiro, 1967

Furar fila e comprar pirata são as corrupções do dia a dia do brasileiro

Todo mundo reclama da corrupção no governo, mas será que o brasileiro não pratica irregularidades no seu cotidiano? O UOL mostrou lista com seis atos ilícitos para pessoas na rua e descobriu que furar filas e comprar produtos piratas são os preferidos. Leia mais em UOL Notícias.

Esta é a casa de todos: Vaticano abre as portas para moradores de rua

O Vaticano recebeu esta semana 150 moradores de rua que visitaram os museus do Vaticano e a Capela Sistina, uma iniciativa inédita do Papa Francisco que reforça o desejo de abrir a Igreja aos pobres. Convidados pela Esmolaria apostólica, os sem-teto foram recebidos de surpresa pelo papa Francisco, que estava acompanhado apenas de um mordomo. "Bem-vindos. Esta é a casa de todos, é sua casa. As portas estão sempre abertas para todos", disse Francisco.

AFP

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Posted by Prima ZOOM on Quarta, 25 de março de 2015

Folhetim



Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falso
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim


Chico Buarque

sábado, 28 de março de 2015

Baú de saudades - Sucesso de 1982

Curiosidade

Qual é a origem da expressão "nem que a vaca tussa"?
A frase completa é "nem que a vaca tussa e o boi espirre", e significa que algo não será feito nem que algo de extraordinário aconteça. Segundo o veterinário Zé de Oliveira Pinto, da Universidade Federal de Viçosa, o provérbio não tem fundo de verdade, já que uma vaca tossir e um boi espirrar não é algo tão difícil de acontecer. "Como os homens, os bovinos tossem toda a vez que a traquéia passa por algum processo irritativo. Isso acontece por várias razões, como a presença de secreções e de larvas de parasita ou a compressão do órgão". O mesmo vale para o espirro. "Se entendermos o espirro como uma descarga nasal, o boi espirra sempre que houver uma sobrecarga de suas vias". Mas, então, como surgiu a expressão? Zé de Oliveira acredita que ela se baseia no fato de que os homens espirram com muito mais freqüência que os bovinos. "Nossas vias nasais são menores e, por isso, tem mais chance de entupir. Além disso, estamos mais suscetíveis a pegar doenças respiratórias que os animais, principalmente durante o inverno".
João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna

A exclusão do nome de João Suassuna da chapa da Aliança Liberal, comandada na Paraíba pelo Presidente João Pessoa, contribuiu para a deflagração da Revolta de Princesa.
João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna (Catolé do Rocha, 19 de janeiro de 1886 – Rio de Janeiro, 9 de outubro de 1930) foi um político brasileiro filiado ao Partido Republicano da Paraíba.
Foi presidente da Paraíba entre 1924 e 1928, tendo sido assassinado na capital da República Velha em meio aos acontecimentos que sucederam a Revolução de 1930, cujo gatilho foi a morte do então governador João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, que pertencia a um grupo político oposto ao de Suassuna.
João Suassuna é pai do falecido escritor Ariano Suassuna, membro da Academia Brasileira de Letras.

Amizade

Amigo não é aquele 
Que nos faz sorrir com mentira 
E sim aquele que 
Nos faz chorar com verdades. 
Amigo não é aquele que 
Seca suas lágrimas 
E sim aquele que 
Não as deixa cair. 
Amigo não se compra, 
Não se aluga, não se vende...
 Nasce e morre com a gente. 
A única amizade que vale 
É aquela que nasce sem nenhum motivo!

Murilo Mendes

Love is All

Fim da internet móvel ilimitada é culpa do WhatsApp

Aos poucos os motivos que levaram as operadoras a colocarem um fim na internet móvel ilimitada, tanto nos planos pré pagos, quanto nos planos pós pagos, está aparecendo.

Você aí que já estava caindo no papo furado de que a internet móvel deixou de ser ilimitada com redução de velocidade para passar a ser cortada caso o usuário não compre mais uma quantidade X de dados para navegar, em nome da melhoria da experiência de uso da internet para o usuário, vai gostar de saber que esse papo furado das operadoras não corresponde à verdade dos fatos.

O que esta correndo à boca miúda no mercado das telecomunicações é que o WhatsApp já havia causado um enorme prejuízo nos cofres das operadoras de telefonia com um aplicativo que tornou o SMS obsoleto.
As operadoras faturavam rios de dinheiro com o serviço que gerava menos despesas para elas, o SMS, e depois da chegada do WhatsApp no mercado esse rio de dinheiro acabou ficando mais raso que os reservatórios de água de São Paulo.
Por isto quando o WhatsApp anunciou no ano passado que passaria a oferecer também ligações de voz através do aplicativo sem que o usuário gastasse seus créditos ou pagasse na conta pós paga para isto, as operadoras precisavam fazer alguma coisa para não acabarem no prejuízo total.
Alguém aí duvida do poder que a ligação pelo WhatsApp tem de acabar com a ligação de voz através da rede de telefonia das operadoras de celular?
A única opção que restou às operadoras antes de verem a sua rede de telefonia minguar com pouquíssimos usuários, assim como ocorreu com as mensagens via SMS, era sobretaxar os planos de internet, mas sem provocar maiores alardes entre os seus clientes.
A primeira idéia que veio então foi acabar com a internet ilimitada com redução de velocidade, já que é preciso ter internet para usar a ligação de voz pelo WhatsApp e segundo o próprio WhatsApp, quando a função de ligação de voz no WhatsApp estiver 100% implementada, mesmo em internets com velocidade reduzida, o famoso 2G, será possível fazer ligação pelo WhatsApp com qualidade de áudio.
O que restou então para as operadoras foi colocar o cliente contra a parede da seguinte maneira: Você quer fazer ligações de voz através do WhatsApp?! Então compense a perda de arrecadação que vamos ter com o fim das ligações via rede telefônica móvel e pague mais para ter direito a mais dados para navegar na internet.
A ligação de voz pela internet, conhecida como Voip, agora implementada pelo WhatsApp, não é uma coisa nova, o WhatsApp é que está conseguindo algo novo para o Voip, populariza-lo entre as massas com o uso de um único aplicativo o que permitirá que todo mundo fale via Voip com todo mundo desde que se tenha o WhatsApp instalado no smartphone.
As operadoras não terão como fugir, hoje em dia já não interessa mais assinar um pacote de telefonia com X minutos de ligações e um pequeno pacote de internet para rechear.
A realidade do mercado de telefonia móvel a partir de agora deverá ser assinar um pacote com X quantidade de dados de para internet e em segundo plano um pacote limitadíssimo de ligações telefônicas só para casos de extrema emergência.
Mas como isto aqui é Brasil, a internet móvel por aqui que já era cara passou a ser cara e meia.
E a culpa disto é do WhatsApp, que tentou melhorar e pois fim na internet ilimitada para os brasileiros.

Fonte aqui

sexta-feira, 27 de março de 2015

Brasil bate França em palco de trauma de 1998 e segue 100% com Dunga

O Brasil estragou a festa que dominou o pré-jogo no Stade de France, em Saint-Denis, na França, na tarde desta quinta-feira. Com domínio no 2º tempo, a equipe de Dunga conseguiu a virada para cima dos donos da casa, aplicou 3 a 1 e manteve o 100% de aproveitamento após a Copa do Mundo, com sete vitórias em sete jogos.

No próximo domingo, pelas 11h o Brasil enfrentará o Chile em Londres. 

Versículos do dia

Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem. Salmos 13:6
E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. 2 Coríntios 2:14

O Amor não tem nada que ver com a idade


Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento. Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas. O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo. Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor. 

Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo. Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo. Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como factor de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério. 

José Saramago, in "Revista Máxima, Outubro 1990" 

"Maldito Sertão"

Tem crescido o número de livros de contos baseados nas lendas populares, no folclore, nas histórias de assombrações e de monstros das diversas regiões do Brasil. Quando publiquei no ano passado meu livro de contosSete Monstros Brasileiros (Casa da Palavra, 2014) , citei alguns amigos que estão trabalhando esse tipo de literatura, como Simone Saueressig, Christopher Kastensmidt e Felipe Castilho. Mitos e lendas populares têm sido sempre adaptados para livros infantis, tomando inclusive uma feição paradidática, mas o fenômeno mais recente é a produção de textos nessa linha para leitores adultos, fazendo uma interface com a literatura de terror tradicional.

Outro lançamento recente é Maldito Sertão (Natal, Editora Jovens Escribas, 2012, 2ª. Edição) de Márcio Benjamin. É uma coletânea de doze contos curtos onde surgem os “habituais suspeitos” das nossas lendas de terror e assombração: o lobisomem, o papa-figo, a porca dos sete leitões, a Comadre Fulozinha, a mula sem cabeça, etc.  As histórias de Márcio Benjamin têm narrativa ágil, com parágrafos curtos. Em sua maioria descrevem uma situação humana (uma casa, uma família, um grupo de pessoas) onde a invasão do sobrenatural se dá tanto por acaso quanto por uma espécie de maldição tipo “estava escrito”, algo que provavelmente aquelas pessoas nunca poderiam evitar.  Os desfechos são misteriosos e geralmente violentos.

Um aspecto que me agradou foi a linguagem nordestina coloquial empregada pelo autor, que reforça a textura oral desses contos. “Saiu desembestada”, “arrudiando a casa”, “velho como a fome”, “aperreados com a violência”, “buchos cheios de arribaçãs fritas”, “uma zuada seca”, “o primeiro bufete que levei, de uma ruma de outros”, “eu moro aqui faz é tempo”, “arrumadinhas como bonecas de feira” são algumas expressões que dão ao livro essa oralidade sertaneja, esse resíduo de um modo de falar e de pensar que serve de caldo fermentador dessas histórias. Sem forçar a barra da oralidade (o português é simples mas correto, sem transcrições fonéticas), essa maneira de escrever dá credibilidade literária a essas pequenas fábulas de crueldade, pecado, mistério, medo, ambição.

São histórias que não vêm dos livros, embora Câmara Cascudo e outros as tenham registrado.  Vêm da memória de infância, das reuniões na mesa da cozinha, no alpendre da casa da fazenda, em volta de uma fogueira ou de um candeeiro que recorta de luzes e sombras a imaginação de um grupo de crianças de olhos grudados na pessoa que conta os malassombros, com largos gestos de ênfase multiplicados e ampliados pela chama.


Bráulio Tavares
Mundo Fantasmo

Hora do lanche

Cafezinho com broa de milho 

Clarice contra a arrogância

          Clarice Lispector nasceu em Tchetchel, na Ucrânia, cidade localizada perto do Mar Negro, na Europa Oriental. Aos dois anos de idade, mudou-se com a família para o Recife. Seu segundo romance, "O lustre", foi escrito em Nápoles. O terceiro, "A cidade sitiada", em Berna. Muitos de seus contos foram escritos durante a temporada em que viveu na Inglaterra, acompanhando o marido, o diplomata Maury Gurgel Valente. Começou a escrever "A maçã no escuro" em Washington. O manejo genial da língua portuguesa _ ou, como prefere a filosofa francesa Hélène Cixous, do "brasileiro" _ lhe assegurou, apesar do destino errático, uma identidade brasileira. Cixous vai mais longe ainda quando afirma que Clarice escrevia, na verdade, em "lispector". Manejava uma língua própria e única, que não pode ser captura por nenhum sistema linguístico. Que não é de mais ninguém.

          Tive a alegria de me reencontrar, mais uma vez, com essa mulher que nunca está onde esperamos durante uma oficina literária sobre sua obra que dei, anteontem e ontem, em Belo Horizonte, a convite de José Eduardo Gonçalves. É sempre como se eu a encontrasse pela primeira vez. O susto é o mesmo. O esplendor também. Li Clarice, pela primeira vez, aos 19 anos de idade. Comecei por seu romance maior, "A paixão segundo GH", de 1964. Caí doente _ passei a "sofrer" do livro. Não consegui mais parar de ler. Até hoje, sempre que o releio, termino atordoado. Em 1977, estive em seu velório, no cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro. Mesmo depois de morta, Clarice nunca deixou de me assombrar. 

          Agora, reencontrando-a mais uma vez, me ponho a pensar no que me liga tão intensamente a ela e a seus escritos. Lembro-me, então, de uma sentença luminosa de Hélène Cixous, para quem Clarice faz da escrita "a arte de ter aquilo que temos". Como prefiro dizer: a arte de "cair em si". Costumamos procurar nosso destino em lugares distantes. Imaginá-lo como um ponto muito longínquo, que insiste em nos escapar e pelo qual devemos lutar. Algo a que só chegamos depois de uma grande transformação. Clarice mostra o contrário: que o destino se esconde, na verdade, dentro de nós. Ele já está ali. Ele é uma espécie de núcleo, inacessível, mais profundo que o coração, em torno do qual as palavras se limitam a rondar. Núcleo que as palavras se limitam a beijar.

          A canadense Claire Varin defende a ideia de que só conseguimos ler Clarice se usarmos o que ela chama de "método telepático". Só é possível ler Clarice se colocando no lugar de Clarice. "Sendo" Clarice. A própria Clarice Lispector escreveu certa vez: "O personagem leitor é um personagem curioso, estranho. Ao mesmo tempo que inteiramente individual e com reações próprias, é tão terrivelmente ligado ao escritor que na verdade ele, o leitor, é o escritor". Sabia do que falava: todo escritor é, antes disso, um leitor também. Todos nós, mesmo os mais celebrados especialistas, somos, antes de mais nada, leitores comuns.


          Ainda hoje, eu me sinto "devorado" pela escrita de Clarice. Escrita que busca o núcleo da consciência, ou, a hiper consciência. A telepatia, de que Claire nos fala, é a comunicação direta e à distância entre duas mentes. Talvez ela sirva também para definir o ato da escrita: ao escrever, Clarice tentava se comunicar com uma segunda voz, refratária e distante, que se escondia dentro dela. Sempre fracassou nesse projeto _ esse núcleo simplesmente não pode ser atingido. A insistência de Clarice, sua busca infatigável é, em resumo, sua literatura.

          Daí, provavelmente, a posição marginal que, ainda hoje, Clarice ocupa em relação ao sistema literário. Muitos tentam domesticá-la. "É uma filosofa", dizem alguns. "Faz uma literatura religiosa", dizem outros. "Não passa de uma bruxa", chegam a dizer. Nenhum nome dá conta do que Clarice fez. Sentia-se, ela própria, em algum lugar muito distante da literatura. Não era por outro motivo que não gostava de ser chamada de escritora. "Eu não escrevo para fora, escrevo para dentro". Como cidadã, foi uma mulher engajada: pode ser vista na primeira fila da Passeata dos Cem Mil, que desafiou a ditadura militar no Rio de Janeiro. Mas, como escritora, era neutra. O neutro _ que ela chamava de A Coisa, ou de O Isso _ foi seu caminho.

          O que é o neutro? É aquilo que está além da intervenção e do controle humanos. Aquela zona autônoma da vida que nem mesmo a linguagem é capaz de alcançar. Sua personagem G. H. só toca o neutro quando prova da gosma branca que escorre do corpo de uma barata morta. Sim: o neutro provoca horror, porque é violento e cru. Daí que o projeto literário de Clarice é quase suicida: ela usa a literatura para saltar para fora da literatura. "A vida se me é e eu não entendo o que digo", diz G.H. _ ressoando a voz de sua autora. Quanto ao neutro, será que ele se esconde? Parece que é o contrário: ele brilha tão intensamente que não conseguimos vê-lo. Porque ver o neutro é encarar nossa humanidade. E a humanidade, sim, é talvez o melhor sinônimo para o insuportável.

          Por isso também a literatura de Clarice não pode ser vista como um "projeto intelectual". Colocou-se, sempre, além da inteligência. A inteligência não a interessava _ buscava, ao contrário, aquilo que lhe escapava. Teve na humildade um valor fundamental. Clarice escreveu para nos fazer encarar a insuficiência da inteligência. Em conseqüência: para nos colocar diante de nossa fragilidade e impotência. Disse, certa vez, Otto Lara Resende: "É engraçado como Clarice me atinge e me enriquece, ao mesmo tempo em que me faz certo mal, me faz sentir menos sólido e seguro".

          A literatura de Clarice Lispector nos carrega para um terreno sem salvaguardas. Não temos garantias, não estamos protegidos. De quem? De nós mesmos. A queda em si não é uma experiência fácil. Daí que a escrita de Clarice é ciclônica (cheia de correntes que convergem das bordas para o centro, como nos ciclones). É, também, um turbilhão (ventos nos atravessam em alta velocidade e nos mobilizam). Parece, para alguns, uma escrita enlouquecida. Tenho um amigo, psicanalista, que sempre me pergunta: "Por que você insiste em ler essa louca? Por que ler essa mulher que diz sempre a mesma coisa?" Clarice buscou o coração selvagem da vida. É uma busca sem fim, em que os golpes e as quedas se repetem e se repetem. Ainda assim, é uma busca que nos torna menos arrogantes e mais humanos.



José Castello

Frase

O país quebrou. Eles quebraram o país. É preciso que o governo apresente um plano econômico com começo, meio e fim. Um plano que faça cortes na máquina do governo e não um que aumente impostos. Agora, o Levy tem um fim de semana para elaborar esse plano e nos mostrar

RENAN CALHEIROS, CITADO POR LAURO JARDIM

quinta-feira, 26 de março de 2015

Copiloto do A320 não tinha ligações conhecidas com extremistas

O copiloto Andreas Lubitz – apontando como o principal responsável pela queda do Airbus 320 da Germanwings nos Alpes franceses – não tinha histórico conhecido de ligações com extremismo, de acordo com autoridades alemãs e francesas.
Informações divulgadas nesta quinta-feira dão conta de que ele tinha pouca experiência de voo e que, a princípio, suas ações não teriam sido motivadas por problemas mentais.
Lubitz tinha 28 anos de idade, era alemão e vivia na pequena cidade de Montabaur, na Alemanha.
Ele começou a voar quando era adolescente, no aeroclube de Luftsportclub Westerwald, em Montabaur. Segundo a instituição, ele voou em planadores e depois concluiu cursos básicos de pilotagem.
Conhecidos o descreviam como amigável e como uma pessoa que perseguia seus sonhos.
"Ele estava feliz por ter conseguido o trabalho com a Germanwings e estava indo bem", disse à agência Associated Press Peter Ruecker, membro do mesmo aeroclube que o copiloto frequentava.

Treinamento

Lubitz entrou na Germanwings em setembro de 2013, logo depois de concluir o treinamento em aeronaves maiores nas instalações de Lufthansa – dona da Germanwings – em Bremen.
Segundo Carsten Spohr, chefe da Lufthansa, o treinamento de Lubitz chegou a ser interrompido seis anos atrás, mas foi retomado "após a adequação do candidato ser restabelecida".
Lubitz possuía um total de 630 horas de voo – o que é considerada pouca experiência, segundo especialistas no setor. O comandante do avião, que não teve o nome revelado, tinha 6 mil horas de voo e dez anos de experiência.
Porém, Spohr disse que Lubitz "estava 100% apto para voar, sem ressalvas".
O promotor francês Brice Robin disse que até agora as autoridades não acreditam que as ações do copiloto tenham sido fruto de problemas mentais.
Autoridades permanecem investigando motivações que teriam levado co-piloto a derrubar avião
A Lufthansa afirmou que o copiloto passou por um teste psicológico ao concluir seu processo de treinamento e depois por testes médicos periódicos.
Robin disse que não daria detalhes sobre a religião de Lubitz.
Até agora não se sabe o que motivou o jovem piloto a supostamente provocar intencionalmente a queda do voo 4U 9525 nos Alpes franceses.

Atitude deliberada

Mais cedo, a Promotoria de Marselha afirmou que, durante o voo, Lubitz se trancou na cabine do avião após o comandante deixar o local para ir ao banheiro. Voluntariamente, ele teria feito o avião perder altitude até se chocar contra uma montanha.
Gravações de uma das caixas-pretas da aeronave registraram o som do piloto batendo na porta da cabine, que teria sido trancada por Lubitz.
O copiloto teria ficado consciente e em silêncio, impassível em relação aos gritos do piloto.
Autoridades francesas e a Lufthansa dizem não saber até o momento o que motivou sua atitude.
Fonte aqui

Na feira



O relógio

Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.
Umas vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.
Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;
e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade
João Cabral de Mello Neto

O outono do PT

Temos que reconhecer: chegamos ao fim de uma era. O PT vive seu outono. Melhor voltar para o pátio da fábrica onde nasceu e de onde nunca deveria ter saído.
Há que se ter uma certa grandeza, mesmo no pecado (o desejo de poder é o pecado máximo de toda a política), e o PT se revelou incapaz até de pecar com elegância.
Este outono do PT não se deve apenas às manifestações contra seu governo. Essas manifestações, diferentes das patrocinadas pelo "PT e Associados", manifestações com todos os tiques de política de cabresto e mazelas sindicalistas (passeata chapa branca), trazem algo de novo para o cenário, que deixa o "PT e Associados" em pânico. A tendência é a elevação da violência por parte da militância.
O Brasil perdeu o medo do PT e da esquerdinha pseudo. As pessoas descobriram que o mal-estar com essa turminha não é coisa de "gente do mal" (não é coisa de gente do mal, é coisa de gente bem informada), como a turminha pseudo diz, mas sim que somaram 2 + 2 e deu 4: o PT é incompetente para governar. Afundou quase tudo em que tocou, seja municipal, estadual ou federal (e a Petrobras). Mas essa morte do PT significa mais do que o fim de um partido que será esquecido em cem anos.
O fim do PT significa que o ciclo pós-ditadura se fechou. No momento pós-ditadura, a esquerda detinha a reserva de virtude política e moral, assim como de toda a crítica política e social. Ainda que a história já tivesse provado que todos os regimes de esquerda quebram a economia (como o PT quebrou a nossa) ou destroem a democracia (como os setores mais militantes do partido gostariam de fazê-lo).
Vide o caso mais recente e mais próximo, a Venezuela: economia destruída (e com petróleo!) e democracia encerrada de uma vez por todas. Como será que nossa diplomacia, ridícula como quase tudo que o governo do PT toca, reagirá ao fato de ele, Maduro, ter se dado plenos poderes para matar e torturar em nome do socialismo?
Resta pouco espaço para o governo. A tendência é que a presidente fale apenas a portas fechadas para plateias seletas por medo de tomar mais uma panelada. Com a economia em frangalhos, fica difícil para a presidente enterrar o petrolão em consumo, como seu antecessor o fez durante o escândalo do mensalão.
Quando as pessoas estão felizes comprando é fácil fazer vista grossa à corrupção. Quando o bolso esvazia, o saco fica cheio.
Dizer que a corrupção da Petrobras nada tem a ver com o partido no poder é piada. A ganância do novo rico (o PT) aqui mostra seus dentes: querendo enriquecer rápido, meteu os pés pelas mãos e com isso sacrificou a imagem de redentor que o partido tinha para grande parte da classe média. Ele ainda detém o controle de parte da população mais pobre (como a Arena no final da ditadura), mas logo perderá esse trunfo.
É verdade que ainda muitos professores, estudantes, artistas, jornalistas e intelectuais permanecem sob a esfera de influência da "estrela mentirosa". Mas isso também vai passar na hora em que muitos deles perderem o medo de serem chamados de "reacionários". Reacionário hoje é quem se fecha ao fato de que a história andou e as pessoas já não têm mais medo do PT e da sua turminha.
Infelizmente, o governo, diante da história que arromba a porta, parece um grupo de náufragos num barquinho, fugindo da traição que perpetrou, xingando a água, dizendo que as ondas são fascistas e que a tempestade é mal-intencionada.
Não, quem discorda hoje do governo federal não é gente "fascista", é gente que viu que o projeto do PT para o Brasil acabou. É gente educada, bem preparada, autônoma e que está de saco cheio do tatibitate do PT. Sem líderes significativos, sem propostas que criem a credibilidade necessária para sair da lama, a melhor coisa que o PT pode fazer é pedir licença e sair de cena.
Não acho que haja justificativa (ainda) para o impeachment, e devemos preservar as instituições. Mas a água passa debaixo da ponte. Quatro anos é tempo bastante para se afogar na vergonha. E, aí, a humildade será mesmo essencial, não? Sim, mas o PT é pura empáfia.
Luis Felipe Pondé
ponde.folha@uol.com.br