quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Pedras contra policiais israelenses

Foto: EFE / Lior

Um rapaz lança pedras em policiais israelenses durante manifestação palestina de protesto no campo de refugiados de Shuafat nos arredores de Jerusalém.

Há algumas imagens que parecem não comportar mais nenhuma palavra, e essa foto é uma delas. Ela nos mostra quão dificil é celebrar a paz neste momento, nos dois lados do mundo.

- Quem Deus toque o coração do homem nesse novo ano que chega.



Em 28 cidades, prefeitos mais votados não assumirão


De Carolina Brígido, Isabel Braga e Flávio Tabak em O Globo:


Em pelo menos 28 cidades brasileiras, os candidatos que obtiveram o maior número de votos nas urnas não assumirão as prefeituras. No lugar de seis deles, tomarão posse o segundo colocado.

Em 19 cidades, serão convocadas novas eleições. E, em três locais, a situação ainda está indefinida: ontem, a dois dias da posse, a Justiça ainda não havia decidido se o vencedor assumiria o cargo ou não.

O levantamento foi feito com base em informações referentes a 12 estados, prestadas por Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Ilustração - Chapeuzinho Vermelho, de Doré


A história de Chapeuzinho Vermelho a que nos habituamos, não é a versão de Charles Perrault. A lenda da menina que se depara com o lobo na floresta, e que circulava oralmente por toda a Europa havia muitos e muitos anos, recebeu de Perrault não só tratamento literário, como um fundo moral acentuado: em quem e como confiamos, é o que determinará as conseqüências que sofreremos.

Gustave Doré, o grande ilustrador francês do século XIX, autor de algumas das mais famosas gravuras de todos os tempos, como as que fez para a “Divina Comédia”, de Dante Alighieri, captou perfeitamente bem o espírito da trágica história de Chapeuzinho Vermelho na versão de Perrault. O olhar curioso e meio assustado da menina, o lobo mal disfarçado de avó, os contrastes e matizes que consegue, a dramatização rebuscada, fazem dessa lâmina um dos mais característicos exemplos do talento de Doré.

O lobo é um predador natural na floresta e é mais natural aqui do que bruxas ou ogres. É quase sempre uma metáfora para o homem sexualmente predador. A maioria das versões posteriores procura omitir a conotação sexual do convite do lobo disfarçado de avó: “Venha deitar-se ao meu lado”. Mas como nos mostra Doré, Charles Perrault conta a história de modo realista, confirmando seu conselho de que não se deve falar com estranhos.

Não aparece caçador algum, e o lobo acaba por devorar a menina.

Ilustração de Gustave Doré (1832-1883) para o livro “Contes de Perrault”, edições Stahl-Hetzel, 1862

Fontes: http://en.wikipedia.org/wiki/

http://lescontesdefées.free.fr

www.pitt.edu/~dash/perrault.html

http://www.surlalunefairytales.com/

O massacre no gueto de Gaza

Foto: AL/El Pais

Funeral no campo de refugiados de Jabalia. Pai carrega o corpo de uma das cinco filhas mortas por conta dos bombardeios lançados por Israel.
Enquanto o Ocidente esperava a chegada do Papai Noel e a vinda de 2009, homens, crianças e mulheres civis são mortos na faixa de Gaza numa guerra de intolerância e incompreensão religiosa.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Governo e Congresso vão ignorar início da reforma ortográfica

da Folha Online

O governo federal, o Senado e a Câmara dos Deputados vão ignorar o início da vigência do acordo ortográfico, concebido para unificar a grafia da língua por países que falam e escrevem português (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor Leste, Brasil e Portugal), informam as repórteres Andreza Matais e Simone Iglesias em reportagem publicada na edição desta terça-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

Se passar a escrever "idéia" sem acento a partir do dia 1º de janeiro vai parecer estranho, pior será a confusão causada com as novas regras de português e as atuais coexistindo.

Apenas o Supremo Tribunal Federal vai cumprir as novas regras desde o início. O órgão passou os últimos três meses treinando técnicos e revisores para que todos os documentos produzidos passem a ser redigidos pela nova norma no primeiro dia de 2009, como está definido em decreto.

Apesar de terem regulamentado o acordo e o início de sua vigência para 1º de janeiro, o Executivo federal e o Congresso não se prepararam para cumprir imediatamente a sua própria decisão. O acordo ortográfico foi assinado em 1990, mas regulamentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva dia 29 de setembro deste ano, por meio de um decreto.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

Sobre esquimós e larápios


Dizem que os esquimós têm 32 diferentes palavras para descrever a neve, elemento onipresente em sua vida. Não sei quantas temos, no Brasil, para falar de desonestidade, mas – para início de conversa – além de ladrão e corrupto, me ocorrem meliante, gandaia, bandalheira, larápio, picareta, maracutaia, batedor de carteira, gatuno, trambicagem, safadeza, bandido e malandro.

Curiosidades etimológicas à parte, isso certamente confirma que a questão vem de longe, e que não por acaso permeia a vida e a língua que hoje une mais de 180 milhões de brasileiros.

É evidente que a desonestidade não é um fenômeno nativo nem recente. Existe desde que os homens desenvolveram o conceito da honestidade e seu oposto e se encontra em todas as culturas e línguas desde o início da civilização – inclusive nas leis e religiões que há tantos milênios visam a reprimi-la e puni-la.

É aí que fico fascinado com o que me parece ser uma das principais e mais urgentes questões da nossa vida pública: a impunidade. Pois, se é verdade que na vida real somos todos permanentemente tentados a cometer uma ou outra desonestidade, é também verdade que a grande maioria consegue resistir às tentações correspondentes por uma mistura de ensinamentos, princípios éticos ou religiosos e – certamente – receio de alguma punição.

Como múltiplas reportagens de VEJA e tantos outros veículos vêm mostrando ao longo do tempo, o que diferencia o Brasil dos países mais avançados e desenvolvidos do planeta não é o número de casos em que nossos governantes desviam recursos públicos ou se aproveitam de seu cargo para obter vantagens ilícitas. Isso, infelizmente, parece ser uma constante planetária. O que varia muito de um país para outro é o que acontece aos transgressores quando descobertos. É o que lhes acontece em seguida.

A progressiva – e muito bem-vinda – institucionalização do país vem resultando em crescente número de investigações e denúncias nessa frente por parte da Polícia Federal, do Ministério Público e da grande imprensa. Mas o que vem acontecendo em seguida? As ações entre amigos no âmbito legislativo, o corporativismo, o nosso tortuoso sistema jurídico e os intermináveis recursos de muitos competentes e bem remunerados advogados vêm se juntando para frustrar praticamente todas as tentativas de punir os governantes que – em todos os níveis da vida pública nacional – abusam da sua autoridade, traindo a confiança dos seus eleitores, desviando recursos públicos e se locupletando impunemente.

Sei que é virtualmente impossível esperar que todos os nossos prefeitos, vereadores, deputados, senadores, governadores e outros dirigentes políticos sejam íntegros e dedicados apenas à boa gestão da coisa pública e ao bem comum. E é exatamente por isso que urge acelerar as mudanças indispensáveis para garantir que todos os que violarem a lei sejam não apenas julgados e condenados, mas – quando assim for determinado – que também passem a cumprir sua pena na prisão. Pois um bom sinônimo de desonesto é indigno. E servidor do povo indigno não pode e não deve escapar incólume.

Somente quando virmos cada vez mais corruptos atrás das grades é que poderemos finalmente festejar o fim da impunidade que tantos males tem trazido ao país.



Roberto Civita é presidente da Editora Abril e editor de VEJA.

domingo, 21 de dezembro de 2008

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Papai Noel no trópico


Meu avô era aquilo que os vencedores na batalha pela vida costumam denominar de um perdedor. Nada do que fazia dava certo, nada. Ainda jovem havia jogado fora a pequena fortuna que recebera de herança; fizera um investimento maluco qualquer e perdera todo o dinheiro. A partir daí, tentou de tudo para sobreviver; foi comerciante, foi corretor de imóveis,foi vendedor de seguros, foi motorista ... Até a astrologia experimentou,mas teve de encerrar a carreira depois que uma cliente, indignada com suas previsões erradas, deu-lhe uns tapas em plena rua. De desastre em desastre os anos iam passando; mesmo sem dinheiro, ele casou. Com a mulher ideal, aliás: minha avó, Isabel, era de uma paciência admirável, e encarava com bom humor as extravagâncias e os insucessos do marido. Tiveram oito filhos porque meu avô, além de tudo, considerava-se um patriarca e olhava com satisfação a sua tribo crescer. A família sobrevivia, principalmente porque vovó era boa costureira e tinha numerosas clientes na alta sociedade, o que lhe dava certa renda. Quanto a vovô, continuava arranjando um bico aqui outro ali.

Um dia recebeu uma oferta inesperada. Um de seus muitos amigos, comerciante relativamente próspero, convidou-o para trabalhar como Papai Noel: ficaria diante da loja, com o traje vermelho característico, convidando os transeuntes a entrar no estabelecimento. A princípio, vovô rejeitou a proposta, com indignação, inclusive: o que é que você pensa que sou, posso ser pobre mas tenho minha dignidade, não vou bancar Papai Noel coisa nenhuma. Mas aí o homem mencionou uma cifra, que não era pequena. Vovô engoliu em seco. Era mais do que lhe tinham pago por qualquer trabalho. Um dinheiro que lhe permitiria oferecer um Natal decente à tribo. Aceitou.

E se saiu muito bem. Porque era muito parecido com o Papai Noel: gordo, rechonchudo, faces rubicundas. Nem precisava usar barba postiça; a bela barba, precocemente branca, tornava desnecessário tal disfarce. Mais: seu riso era igualzinho ao Ho-ho-ho que, segundo a lenda, é característico do Papai Noel. Só lhe faltava o trenó com as renas, porque o resto todo ele tinha.

Esta semelhança logo o tornou conhecido. Shoppings passaram a contratá-lo, e clubes, e também uma emissora de tevê. Orientado por um amigo, marqueteiro esperto, cobrava bons cachês. Ao menos no fim do ano ele tinha assegurada uma fonte de renda — e um bom final de ano para a família. A ceia de Natal (sempre realizada no dia 25, porque no dia 24 ele trabalhava até tarde) era magnífica; e os caros presentes junto à árvore de Natal provocavam admiração (e inveja) nos vizinhos.

Ninguém lhe perguntava se ele gostava de bancar Papai Noel; nem vovô falava a respeito. Mas para a mulher abria seu coração: odiava aquilo. Não tanto por causa da encenação; o que lhe incomodava era a roupa. Ridícula e, pior, quente: na cidade do Nordeste em que viviam a temperatura nunca baixava de 25 graus. E vovô era particularmente calorento; quando o termômetro subia, ele sofria. Normalmente andava só em mangas de camisa, de bermuda e chinelo. Via a fantasia de Papai Noel como verdadeiro suplício. Não sei por que tenho de vestir essa coisa, reclamava. Vovó ponderava que, na lenda, Papai Noel vinha do Pólo Norte; teria, portanto, de usar roupas quentes.

— Mas eu sou um Papai Noel brasileiro! — bradava vovô. — Não podia fazer esse papel só de camiseta?

Pergunta retórica. Ele sabia que uma versão tropical da roupa natalina jamais seria aceita. O Brasil, resmungava, sempre imitou a Europa e os Estados Unidos, não será agora que as coisas mudarão.

Vovó tentava consolá-lo como podia. Tratou, inclusive, de confeccionar para o marido uma fantasia de Papai Noel bem mais leve, mais arejada; mas vovô, talvez por causa da irritação, continuava suando em bicas. Este aborrecimento começou a lhe envenenar a vida. À medida que se aproximava o fim do ano, ia ficando mais irritadiço. Na semana do Natal ninguém podia chegar perto dele; explodia por qualquer coisa. Lá pelas tantas vovó começou a ficar preocupada. Vovô já era um homem idoso, beirava os setenta, e a sua saúde não era das melhores; ela temia que aquilo acabasse prejudicando o homem. Chegou a sugerir que ele parasse de vez; afinal, tanta gente se aposenta, por que não podem se aposentar as pessoas que fazem o papel de Papai Noel? Uma idéia que vovô repelia, indignado. Não era homem de abandonar a luta.

Mas os temores de vovó se confirmavam. Dez dias antes do Natal vovô teve um acidente vascular cerebral. Às pressas, foi levado para o hospital. Seu estado era grave; uma pneumonia complicava o quadro. Com febre, vovô delirava, dizia coisas sem sentido. No fim daquela semana, melhorou, recuperou um pouco a lucidez. Olhou a mulher, reconheceu-a:

— Que dia é hoje? — perguntou, em voz fraca.

Era a véspera de Natal, mas vovó, inquieta, não sabia se lhe dizia isso ou não: afinal, era a primeira vez que, nessa época, ele não estava cumprindo seu papel. Por fim disse que era a noite de 24 de dezembro.

— Então o Papai Noel deve andar por aí — disse vovô. E, depois de uma pausa, continuou:

— Eu queria falar com o velhinho. Queria lhe fazer um pedido. Sem saber o que responder, e alarmada com a estranha conversa, vovó decidiu chamar o filho mais velho — meu pai. Contou o que tinha sucedido, perguntou o que deveriam fazer.

Meu pai pensou um pouco. Ele era jovem, ainda, e, como vovô, tinha um temperamento fantasioso. De modo que não hesitou:

— Se o velho quer ver o Papai Noel, verá o Papai Noel. Foi para casa, trouxe a fantasia que vovô usava (acrescida de uma barba postiça, de algodão branco) e, pouco depois, entrava no quarto do hospital vestido como Papai Noel. Vovô abriu os olhos, viu aquela figura e não estranhou; pelo contrário, esboçou um débil sorriso.

— Eu sabia que você viria, meu amigo. Tenho um pedido a lhe fazer.

Meu pai limitou-se a acenar com a cabeça: tinha medo de que vovô o identificasse pela voz, se disse qualquer coisa. Mas aparentemente o ancião achava que estava falando com o Papai Noel. Soerguendo-se a custo, fez o seu pedido:

— Eu não quero ser mais o Papai Noel, amigo. Ouviu?

Não quero ser mais o Papai Noel. Não agüento aquela roupa, sabe? Não agüento. Você, que é o verdadeiro Papai Noel, ficará no meu lugar para sempre. As pessoas gostarão disso. E eu poderei morrer em paz.

Calou-se, exausto, deixou-se cair sobre os travesseiros. Vovó chorava baixinho; papai a custo continha o pranto. Mas tinha de levar a encenação até o fim, e assim fez para vovô um sinal de positivo, apertou-lhe a mão e saiu.

A melhora de vovô revelou-se enganosa. Ele voltou a piorar e uma semana depois faleceu.

A consternação foi geral. O velho era conhecido e estimado em toda a cidade e os jornais anunciaram o seu falecimento. O Natal não será mais o mesmo, dizia uma das notícias. Outra: Papai Noel nos deixou.

Aos poucos, a vida foi voltando ao normal. Vovó passou a morar com uma filha, professora. Sentia muita falta do marido, e sempre falava nele, mas acabou se resignando. Parecia que, daí em diante, vovô seria apenas uma lembrança.

E aí, a surpresa. Em fins de novembro do ano seguinte papai foi procurado por um grupo de lojistas. Queriam que ele se tornasse Papai Noel.

O pedido tinha fundamento. Papai era parecidíssimo com vovô, grande e gordo como ele. E tinha o mesmo vozeirão, o mesmo riso em Ho-ho-ho. Ou seja, era a figura talhada para o papel. Esse tipo de sucessão, aliás, não era excepcional. O cargo de Rei Momo do Carnaval estava há décadas com uma mesma família — uma família de gordinhos carnavalescos. E o cachê continuava polpudo. Detalhe importante: papai, como vovô, nunca tivera emprego fixo. Mamãe, que, à semelhança de vovó, era uma mulher prática (e sabia o esforço que lhe custava manter a casa com orçamento apertado), disse que ele tinha de aceitar. Papai aceitou. E foi um sucesso. A cidade toda se comoveu: as pessoas choravam ao vê-lo na mesma roupa de vovô.

Agora, já faz vinte anos que ele é Papai Noel. Eu era um menininho então, tornei-me homem (e, seguindo a tradição familiar, não tenho emprego fixo; sou músico, mas preciso lutar muito para ganhar algum dinheirinho). O tempo passou e, o tempo passando, papai foi ficando cada vez mais parecido com vovô. Ele já nem precisa usar barba postiça; a sua própria barba quebra o galho, embora não esteja ainda inteiramente branca.

Como vovô, papai foi progressivamente detestando a tarefa de bancar Papai Noel. E pela mesma razão: a roupa é quente demais. Queixa-se, mas vai em frente. A fantasia das crianças é mais importante que meu desconforto, diz. Uma frase que, de algum modo, me serve como lição de vida. Papai Noel não é aquele que dá presentes, é aquele que traz alegria e conforto. Pensarei nisto quando chegar a minha vez de vestir a velha roupa vermelha, quando chegar a minha vez de anunciar a todos o Natal. Será uma experiência estranha. Mas irei em frente. Embora já esteja até sentindo o calor.


Moacyr Scliar


Texto extraído da "revista e", editada pelo SESC - São Paulo (SP), em dezembro de 2003, nº 06, ano 10.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

"Justiça sem credibilidade não é justiça, não é nada."


Joaquim Barbosa
Min. TSE

A sapatada no Bush

Charge - Mangabeira

STF mantém piso de R$ 950 para professores

Eu li no globo


"Ministros, porém, derrubam artigo que obrigava mestres a dedicar um terço da jornada a atividades extra-classe

De Carolina Brígido:

Estados e municípios conquistaram ontem uma vitória no Supremo Tribunal Federal (STF): a autonomia para decidir quanto da jornada de trabalho dos professores da rede pública deve ser gasta dentro e fora da sala de aula. No julgamento de uma ação proposta por cinco governadores, o STF manteve o piso salarial da categoria em R$ 950, mas suspendeu o artigo da Lei 11.738 que fixava um terço das 40 horas semanais para atividades extra-classe, como o preparo de aulas e a correção de provas.

A decisão foi tomada em caráter liminar e tem validade provisória, até o julgamento definitivo da questão. Não há previsão de data para isso acontecer. Os governadores alegavam que, se esse dispositivo fosse mantido, seria preciso contratar mais professores para suprir a diminuição do tempo gasto fora da sala. Só no Rio Grande do Sul, precisariam ser contratados 27 mil profissionais.

A partir de 1 de janeiro de 2009, nenhum professor da rede pública poderá ganhar menos do que R$ 950. Esse valor não inclui vantagens e gratificações pessoais, que devem ser somadas ao piso. A ação foi proposta pelos governos do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Ceará.

Os governadores pediam que os R$ 950 pagos aos professores já incluíssem acréscimos, como vantagens e gratificações."
- Não pode ser sério um país em que para se pagar um salário de R$ 950,00 reais a professores é necessário o aval do STF.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Charge - Mangabeira

domingo, 14 de dezembro de 2008

"O Menino do Pijama Listrado" adapta bestseller sobre nazismo


SÃO PAULO (Reuters) - Apoiado no sucesso do bestseller homônimo de John Boyne, o drama "O Menino do Pijama Listrado", do cineasta inglês Mark Herman, procura traduzir na tela a história de Bruno (Asa Butterfield), menino de 8 anos que se torna amigo de um garoto prisioneiro de um campo de concentração, apesar de ser filho de um oficial nazista (David Thewlis, o professor Lupin de "Harry Potter").

A novidade da história, que estréia no Brasil nesta sexta-feira, está em adotar o ponto de vista do menino Bruno, que não compreende à primeira vista a realidade que começa a ver pela janela de sua nova casa, cercada de muros altos e sempre guardada por sentinelas armados.

À distância, ele enxerga uma grande propriedade cercada por arame farpado e as estranhas roupas listradas de seus moradores.

Seu pai lhe garante que são "camponeses", trabalhando numa "fazenda". Um deles, Pavel (David Hayman), aliás, trabalha algumas horas por dia como ajudante na cozinha do oficial alemão, novo comandante do campo - que é nada menos do que Auschwitz, na Polônia, considerado como o maior campo de extermínio da 2a Guerra Mundial.

Como não são permitidas muitas conversas entre Pavel e Bruno, este decide contrariar a proibição de sua mãe (Vera Farmiga, de "Os Infiltrados") e sair dos limites de seu quintal, em direção à "fazenda" vista de longe. Do lado de lá do arame farpado está Shmuel (Jack Scanlon), menino judeu da mesma idade de Bruno, com quem ele começa uma amizade inesperada.

Bruno mantém em segredo estes contatos constantes com o novo amigo e que o farão, cada vez mais, entrar em conflito com alguns membros da família. Sua irmã mais velha, Gretel (Amber Beattie), está tornando-se gradualmente mais fanática pelo nacionalismo hitlerista, fruto da educação recebida através de um professor particular - ali onde estão, não há escolas.

A divisão também se instala entre o casal, já que a mãe desconhecia a extensão das atividades do campo agora comandado por seu marido, incluindo câmaras de gás que espalham, de tempos em tempos, um estranho cheiro nas redondezas.

A mesma discordância já ocorria antes entre os avós do menino. Sua avó materna (Sheila Hancock) inclusive se recusa a visitar o filho em seu novo posto, porque discorda da política nazista da "solução final", ou seja, a eliminação física de judeus e outros grupos visados pelo regime.

Com uma censura indicada para maiores de 12 anos, "O Menino do Pijama Listrado" consiste de uma fábula sentimental, que toma muitas liberdades para retratar essa hipotética amizade entre os dois meninos - e que, se se tratasse de um filme realista, não poderia desenvolver-se exatamente desta maneira.

Mas o que se tem aqui é uma parábola, que procura demonstrar que no fundo as pessoas são, como meninos, todas iguais e capazes de se compreenderem, superando as diferenças impostas por tiranias de ocasião.

Não se pode acusar o filme de ser difícil. A história retrata com clareza didática os horrores do nazismo de um modo que qualquer pessoa pode entender, personalizando a tragédia que, afinal, também atingirá a família do oficial nazista - seu grande trunfo final.


(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
do UOL Diversão e Arte

sábado, 13 de dezembro de 2008

O vendedor


Hoje é um daqueles dias em que você acha que todas as forças, até as da natureza, estão inevitavelmente contra você. Algo assim como um levante de tropas inimigas contra a sua posição entrincheirada na vida. E, de repente, você se vê cercado em todas as suas posições, convicções e entendimento. Um dia sinistro.

Não costumo levantar-me da cama muito cedo, mas no horário suficiente de minhas obrigações e hoje não foi diferente. Incomum mesmo foi a visita que recebi no intervalo do banho para o café. Um senhor alto, magro, de feições aquilinas, chapéu de massa preto e portando uma maleta 007 acudiu-me os ouvidos com as suas palmas e lá fui eu atendê-lo.

Logo da ante-sala desconfiei ser um desses vendedores oferecendo-me mais uma dessas tantas coisas que eu não preciso. Acertei em parte. Tão logo abri a porta o visitante cuidou de se esparramar-se em uma das preguiçosas postas no canto do terraço e já foi cuidando de oferecer-me, aquelas horas da manhã, o que chamou de plano de salvação, um plano de morte. Se ao menos fosse um plano de saúde mas não, era de morte mesmo. O crachá pendurado no pescoço não deixava dúvidas e alertava-me para o nome e a empresa que o visitante prestava serviços, lia-se: Delfunto Passos, “Funerária vai com Deus”.

Eram sete horas da manhã e eu começava a desconfiar que estavam especulando com a vida dos outros, no caso, a minha, obviamente.

E não deu outra, apesar de minha insistência em adiantar-lhe nada estar precisando adquirir no momento, o vendedor permaneceu enfático, olhando-me de ponta a cabeça como a querer mensurar a medida do ataúde, cercando-me com aquela velha conversa do homem prevenido, com aquela história de que a gente não sabe o dia de amanhã, enfim, aquele papo típico de todo aquele que quer, ao seu preço, enfiar de goela abaixo o seu produto. O certo é que para me ver livre de vez daquele intruso assenti em ouvir, ao menos o que uma funerária tinha a me oferecer as sete horas da manhã de uma segunda-feira.

Era, de fato, um plano de morte! A venda de um esquife e seus acessórios. Isso mesmo: um plano de morte mas com implicações na vida porque Vivo, liquidaria o plano “Vai com Deus” em leves e suaves prestações, morto, teria a promessa de ir para debaixo de sete palmos de terra num confortável caixão conversível, todo trabalhado em madeira de boa qualidade, acolchoado, com pegadores externos em bronze, e ainda um vidro na tampa do caixão medindo 15 x 07cm posto na altura da face do De’cujus e com o luxo de conter proteção UVA/UVB. O plano dava direito a missa e de brinde ainda prometia deixar comigo, para onde quer que eu fosse (leia-se céu ou inferno), um travesseiro, um par de meias e dois sapatos pretos.

Claro que o serviço seria posto a minha disposição já nas primeiras horas do falecimento. No velório, muitas flores, uma ladainha de meia em meia hora a qual eu poderia escolher em vida e ainda seis mulheres contratadas especificamente para chorarem o defunto, da noticia do falecimento até a última pá de terra em minha cara. Quanto mais alto o choro mais caro o plano, admoestou-me o Sr. Delfunto Passos. Mais garantiu-me, de qualquer jeito, ser uma lamentação só, com muita gente e um bom acompanhamento. Um enterro de gente importante, prometeu o vendedor.

Mostrou-me ainda um outro plano mais modesto, sem flores, talvez sem choradeira, caixão mais simples, porém, não menos imponente. O converseiro, as ladainhas e quem sabe algumas lágrimas ficariam por conta da presença de dois bêbados durante todo o velório. A cachaça não estava inclusa. Era por conta da viúva.

O fato é que fiquei meio encafifado com aquele vendedor. Estaria eu já nas portas de outra vida. Óbvio que não aderi ao plano mas cuidei de prestar mais atenção em alguns sinais que pudessem indicar a necessidade da volta daquele vendedor a minha casa.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Quase


Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do
talvez é a desilusão de um quase.

É o quase que me incomoda, que me entristece, que me
mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda
estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou
não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam
pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas
idéias que nunca sairão do papel por essa maldita
mania de viver no outono. Pergunto-me, às vezes, o que
nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me
pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está
estampada na distância e frieza dos sorrisos, na
frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia",
quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A
paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.

Talvez es ses fossem bons motivos para decidir entre a
alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não
teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em
tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não
aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um
traz dentro de si. Não é que fé mova montanhas, nem
que todas as estrelas estejam ao alcance; para as
coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente
paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da
vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros
amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um
coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim
é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais
horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando porque, embora quem quase morreu
esteja vivo, quem quase viveu já está morto!


Luiz Fernando Veríssimo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Kananga do Japão

Acabo de aportar de mais uma dessas viagens que costumeiramente faço ao meu interior. E interior aqui aplico nos dois sentidos: subjetivo e objetivo. Um que me lança ao relicário da alma; outro que me transporta a essa gleba querida da minha Paraíba e do meu torrão natal. E é nesse colóquio entre o espírito e a geografia que desapiei, dia desses, da lembrança dos primeiros meses da década de 1990.

Vinte e dois anos de idade, liso, desprovido de qualquer vintém nos bolsos da calça, universitário da capital, despinguelei numa carona de João Pessoa para Pombal trazendo na bagagem apenas os ideais próprios da idade e nada mais, além de trinta dias de férias, é claro!

Confesso que distante da terrinha, tem sido difícil conviver com tantas reminiscências, embora o tempo vá passando, passando, mas sem deixar esperança de retorno completo do passado, vai sobrando um assoar de nariz, uma trilha de lágrima de saudade e uma sentença inexeqüível de todo um passado construído e que vivemos por aqui. É por isso que voltar de férias sempre me pareceu uma nova chance, oportunidade de viver tudo aquilo que cultiva a lembrança. A vida, às vezes, nos dá outra oportunidade de emendar nossos erros.

De certo mesmo é que “na volta ninguém se perde” e estar em casa de novo era um alivio das exigências acadêmicas e um reencontro inexorável com a gastronomia da D. Mariinha.

Nada havia mudado na minha ausência. Tudo estava ali, compondo a mesma paisagem, as mesmas ruas, o mesmo caminhar de passos, o mesmo cerimonial das horas, impávidas, como a estática dos ponteiros da Coluna da Hora que eternizam os dias e alongam as noites frias ao sopro do Aracati.

Decididamente nada havia mudado. Nenhuma novidade à vista, exceto, a noticia, à meia-boca, do espírito empreendedor de uma das casas do rói, que aos cochichos, anunciava a maior atração das últimas décadas. Um avanço para a comportada sociedade masculina de Maringá. Finalmente, Pombal ganharia uma casa de striper. Para uns, era o progresso chegando a longos passos num rebolar de quadris, para outros, o Satanás atentando as boas famílias e desencaminhando os homens de boa vontade, um insulto a santa Igreja Católica.

E a noticia foi ganhando força, corria a boca-miúda a inauguração da nova casa de tolerância. De esquina em esquina a novidade do cabaré ganhava força, era assunto discutido na feira, nas rodinhas entre rapazes e nos sermões das missas dominicais.

O certo é que chegado o dia, ou melhor, a noite, afivelei-me num cinto de couro, vesti a minha melhor camisa de tergal e uma calça jeans semi-nova, um pente da marca Flamengo no bolso e um espelhinho redondo no outro, onde no verso se via o retrato de uma mulher nua. Após rápida passagem pelas mesas do bar centenário, fomos todos em busca das “moças do rói” na expectativa de assistir ao tão anunciado strip-tease. Reservo-me a não citação dos companheiros ante a ausência de suas procurações, mas éramos em um grupo de seis rapazes, solteiros.

Perfilados, subíamos a rua em direção a linha do trem, marco divisório entre a morada das moças e das putas. Mais adiante, porém antes do matadouro, nos deparamos com uma modesta casa na cor verde, com uma porta estreita bem ao centro (estreita assim como a porta do inferno) e uma janela arqueada. No frontispício, lia-se num português meio duvidoso: “Kananga do Japão, sua casa dos sonhos”. O titulo era uma clara alusão à novela "Kananga do Japão" apresentada pela extinta Rede Manchete de Televisão.

Enfim, ultrapassamos os umbrais daquela portaria. Duas luzes vermelhas de 60watts fingiam iluminar o interior daquela casa; no corredor que desbocava na sala central, via-se encostado e esquecido numa parede um petisqueiro sem vidro, com dois copos de alumínio pendurados.

Na sala, onde se situava um pequeno palco, cerca de quarenta homens (todos casados) que compunham a “sociedade” e freqüentavam as missas do domingo se acotovelavam sobre as mesas à espera do início do espetáculo. Havia ainda um menestrel de pouca intimidade com o violão que teimava em tirar alguns acordes para animar o ambiente.

Não demorou muito as luzes se apagaram de vez para em seguida iluminarem duas mulheres nuas, desprovidas de qualquer beleza, magras e embriagadas a se contorcerem sobre aquele palco. Estava, finalmente, inaugurada a primeira casa de strip-tease de Pombal.

O show, porém, era grotesco, se desenhava mais num misto de penúria que de excitação, igualzinho a prostituição de hoje, inaceitavelmente movida pela fome e pela necessidade de sobrevivência.

Saímos dali sem consumirmos nada, nem um petisco sequer, apenas com a certeza e a convicção de termos assistidos a um grito de socorro e desesperança.

A “Kananga do Japão” encerrou sua atração principal dois meses depois de inaugurada e hoje em seu lugar encontra-se o Drink's Bar, talvez outra casa de diversão.

Parece que foi dito hoje


"O Orçamento Nacional deve ser equilibrado. As Dívidas Públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem ser reduzidos, se a Nação não quiser ir à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver por conta pública."

(Marcus Tullius Cícero - Roma, 55 a.C.)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Na feira de Campina Grande-PB


Há anúncios por esses Brasis que realmente nos deixa com uma pulga atrás da orelha. Eles são confusos, e, as vezes, mais espantam que atraem fregueses!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Fernando Pessoa


"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."