sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Fernando Pessoa

“Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida – umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.”
 
 

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Foto de Arthur Marchi
A amizade é como uma onda na praia, vai e vem, mas deixa marcas dependendo da força...
 
Desconhacido

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A galinha "Rafinha" é velada e sepultada em Patos-PB

Na próxima edição do Panico na TV, a Paraíba será mostrada com destaque graças a galinha patoense Rafinha, enterrada como gente na útima quarta-feira. O programa mandou seus palhaços até Patos e tudo foi filmado nos mínimos detalhes. A galinha, como sabemos, teve velório e enterro de gente no principal cemitério da cidade. O enterro foi acompanhado por Nabor Wanderley, Prefeito da cidade, e pelo presidente da Câmara, além de outras autoridades constituidas. Veja as imagens:


 
Ôôôôôô Paraíba boa....!!!!


A cidade de Patos-PB está localizada no sertão da Paraíba e consta atualmente com mais de cem mil habitantes. 

Versículo do dia

"Porque DEUS não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação".


 II Tm. 1:7

Buchada de Bode

Foto Cácio Murilo

Old Man


O homem é mortal pelos seus temores e imortal pelos seus desejos.


Pitágoras

União estável de três abre polêmica sobre conceito legal de família

A união estável "poliafetiva" lavrada no interior de São Paulo pela tabeliã Claudia do Nascimento Domingues entre um homem e duas mulheres trouxe à tona um debate que divide juristas e a sociedade. Num momento pós-união estável homossexual, já aceita pela Justiça, até onde vai o conceito de família no Brasil?
Na visão da advogada e oficial do cartório de notas da cidade de Tupã, não há lei na Constituição brasileira que impeça mais de duas pessoas de viverem como uma família e a ausência da proibição abre caminho para um precedente. A definição de "união poliafetiva" vem sendo usada por ela na tese de doutorado que desenvolve na USP. "Não sei se esse será o termo mais adequado, mas é o que escolhi para empregar em meus estudos".
 
 
Jefferson Puff, BBC Brasil

Vai de bike


Não sei como o mundo me vê, mas eu me sinto como um garoto brincando na praia, contente em achar aqui e ali, uma pedra mais lisa ou uma concha mais bonita, mas tendo sempre diante de mim, ainda por descobrir, "O grande oceano de verdades"
 
 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Desfecho: Galinha "Rafinha" é encontrada morta

Finalmente a galinha Rafinha foi encontrada. Porém, o final desta história não foi nada feliz, pois o animal foi achado morto. Segundo o agente Firmino, da 5ª superintendência de polícia, o acusado de roubar Rafinha foi preso e confessou ter pulado o muro da casa Genecira de Oliveira, dona da ave, e pegou o bicho.

Ele ainda disse que vendeu o animal para um sítio. O dono do local, que não quis se identificar, afirmou que não sabia que a galinha havia sido roubada. Só depois que a história ganhou as redes sociais na internet, o fazendeiro suspeitou da compra e até iria devolver o bicho, porém, a ave havia falecido. Segundo ele, a galinha morreu de depressão.

Fonte: PBagora

Galinha Rafinha furtada em Patos foi trocada por duas pedras de crack, revela ladrão

Após uma semana do roubo da Galinha Rafinha, que foi registrado no último dia 20 em Patos, a Polícia prendeu o ladrão que invadiu a casa da família Oliveira e levou a galinha. Vanderlan José da Silva foi preso na madrugada desta terça-feira, (28), após ter sido flagrado furtando alguns quilos de feijão de uma residência em Patos. O bandido revelou que trocou Rafinha por duas pedras de crack em uma localidade, conhecida por “Beco da Corda”, no Bairro da Vitória em Patos.
 
O caso ganhou repercussão depois que a dona da galinha entrou em depressão após o seu desaparecimento.
 
Ao ser preso e levado para a Delegacia, Vanderlan, confessou que havia sido ele quem furtou a Galinha Rafinha, de Suzana Oliveira e Dona Genecira Oliveira.
 
De acordo com a Delegada Ana Valdenice, a polícia já tinha o nome do suspeito desde o roubo da galinha, as investigações prosseguiram e finalmente o ladrão foi encontrado, mas já tinha se desfeito da galinha: “Vanderlan confessou que estava embriagado e pulou o muro da residência da família e quando viu a galinha não hesitou em leva-la”, disse.
 
Ao ser questionado se sabia da repercussão do caso da galinha, Vanderlan disse que era de seu conhecimento, mas já era tarde demais: “Eu sei que errei, só posso agora pedir desculpas a família e pagar na cadeia pelo meu erro”, desabafou.
 
Segundo a Polícia, o ladrão já era bastante conhecido no Bairro Belo e já tinha algumas passagens pela polícia.

Para a delegada Ana Valdenice, apesar desse ser um caso inusitado, as investigações irão continuar: “Esse é um fato atípico, por se tratar de uma galinha de estimação, mas entendemos o valor emocional que essas proprietárias tinham por esse animal. Suzana ainda está bastante debilitada e encontra-se atualmente com um quadro depressivo, por isso, a partir dessa nova informação, vamos continuar as diligências e tentar encontrar a galinha para acabar com o sofrimento dessa família”, afirmou.
 
Vanderlan foi conduzido a Delegacia de Polícia onde prestou depoimento e foi encaminhado ao Presidio Regional Romero Nóbrega, onde se encontra a disposição da justiça.
 
Fonte: íntegra do portal maispatos.com
 
Click no video abaixo e entenda o caso.

Poema da gare de Astapovo

O velho Leon Tolstoi fugiu de casa aos oitenta anos
E foi morrer na gare de Astapovo!
Com certeza sentou-se a um velho banco,
Um desses velhos bancos lustrosos pelo uso
Que existem em todas as estaçõezinhas pobres do mundo,
Contra uma parede nua. . .
Sentou-se. . . e sorriu amargamente
Pensando que
Em toda a sua vida
Apenas restava de seu a Glória,
Esse irrisório chocalho cheio de guizos e fitinhas
Coloridas
Nas mãos esclerosadas de um caduco!
E então a Morte,
Ao vê-lo tão sozinho àquela hora
Na estação deserta,
Julgou que ele estivesse ali à sua espera,
Quando apenas sentara para descansar um pouco!
A morte chegou na sua antiga locomotiva
(Ela sempre chega pontualmente na hora incerta. . .)
Mas talvez não pensou em nada disso, o grande Velho,
E quem sabe se até não morreu feliz: ele fugiu. . .
Ele fugiu de casa. . .
Ele fugiu de casa aos oitenta anos de idade. . .
Não são todos os que realizam os velhos sonhos da infância!


(Mario Quintana)
Eu tava a fim só de dançar, mas lá pelas tantas, veja você, pintou uma garota, com quem transei algumas vezes e de quem, naturalmente, fugi muitas vezes. De repente ela estava bonita demais com aquele vestido vermelho, e a gente estava bonito junto e foi indo fácil e leve. Resultado: comecei os anos 80 com uma ótima recaída heterossexual. Viva? Viva.
 
("Caio Fernando de Abreu para Paula Dip em Para sempre teu, Caio F.", Editora Record. Transcrito do artigo Autores correspondidos, Fábio Fujita,da revista Metáfora. São Paulo: Segmento, ano 1, n. 11, agosto/2012, seção 'Literatura epistolar", p. 57.)
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Varandas não poupa ninguém

O procurador chefe do Trabalho na Paraíba, Eduardo Varandas, em artigo publicado na edição deste domingo do Jornal da Paraíba, criticou a parcialidade da imprensa paraibana nas eleições de 2012. “O que mais tem me impressionado é o ingresso descaradamente parcial de segmentos de nossa imprensa na defesa cega e interesseira de certos políticos. São verdadeiros cabo eleitorais, descaradamente, vendidos que, além de promover determinados indivíduos, encarregam-se do vil mister de destruir a imagem dos concorrentes”.
 
As críticas de Varandas tiveram como alvo maior os portais e blogs da Paraíba. Sem citar nomes ele afirma de forma contudente: “Os portais e blogs paraibanos viraram uma guerra de imoralidade, indecência e mau gosto. Há especificamente um determinado blog que lesa tudo e todos e, mesmo assim, remanesce imune e impune. Impressiona-me como ninguém até hoje tomou atitude contra a pervesidade do seu responsável e dos crimes de imprensa por ele praticados”.
 
Varandas centrou fogo também contra os programas radiofônicos. “No rádio, não consigo sequer sintonizar alguns programas, nos quais, em vez do bom debate político, prevalece a troca de farpas, acusações, denuncismo gratuito e palavras de baixo calão”.
 
Até o Judiciário e o Ministério Público paraibanos foram criticados pelo procurador do Trabalho Eduardo Varandas. “Lamentavelmente, também é conhecida a condescendência inclusive de alguns membros do Poder Judiciário e do Ministério Público, seja por ação ou omissão culposa”.
 
No artigo, ele ainda critica a falta de escrúpulos e ética dos políticos paraibanos pela forma como eles “se aliam e desaliam com Deus e o diabo em fração de segundos”. (Lana Caprina)
 
Em tempo: O Procurador Eduardo Varandas tem se caracterizado pela coragem com que enfrenta as lutas mais dificeis. Por isso causa estranheza essa súbita coragem pela metade, que é a de acusar, generalizar e não ter "coragem" de nominar. É preciso dizer quem se vende, quem é imoral, quem é perverso e quem é cabo eleitoral de quem. Fico no aguardo dessa providência e acredito piamente que serei atendido, pois, até onde me é dado saber, o doutor Varandas não é homem de correr da raia.
 
 
Íntegra do Blog do Tião Lucena

Versiculo do dia

Porque por vós soou a palavra do Senhor, não somente na macedônia e Acaia, mas também em todos os lugares a vossa fé para com Deus se espalhou, de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma

1 Tessalonicenses 1:8

gastronomia




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Reblogged from jecer
 
Mulheres mais velhas são diretas e honestas. Elas te dirão na cara se você for um idiota, caso esteja agindo como um! Você nunca precisa se preocupar onde se encaixa na vida dela. Basta agir como homem e o resto deixe que ela faça... Sim, nós admiramos as mulheres com mais de 30 anos!
Infelizmente isto não é recíproco, pois prá cada mulher com mais de 30 anos, estonteante, bonita, bem apanhada, sexy e resolvida, há um homem com mais de 30, careca, pançudo em bermudões amarelos, bancando o bobo para uma garota de 19 anos...

Senhoras, eu peço desculpas por eles: não sabem o que fazem! Para todos os homens que dizem: Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça? Aqui está a novidade para vocês: hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê? Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma lingüiça!
 
 

Barry Manilow - Mandy


(...)
Dona das divinas tetas
Derrama o leite bom na minha cara
E o leite mau na cara dos caretas.


(...)

Caetano Veloso

O pedido (Elomar)


Togolesas fazem greve de sexo para pressionar saída de presidente

Foto: AP

 Ativistas feministas no Togo, país no oeste da África, iniciaram neste fim de semana uma campanha para que todas as mulheres do país façam greve de sexo para exigir a queda do presidente Faure Gnassingbe.

De acordo com Isabelle Ameganvi (foto abaixo), advogada e líder do movimento Let's Save Togo, esposas, namoradas e amantes devem iniciar o boicote a partir de segunda-feira, com o prazo de uma semana. Ela defende que as mulheres em seu país sigam o exemplo da Libéria, onde uma greve de sexo foi um dos centros da campanha por paz em 2003.


Deu em O Globo

Homens maduros

Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos homens que hoje estão na idade madura. É claro que toda regra tem as suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor. Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacarei aqui uma classe de homens que são companhias agradabilíssimas: Os que hoje são quarentões, cinquentões e sessentões. Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles tem pelo que há de mais belo "o sentimento."

Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloqüentes. Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa. São cativantes, sabem fazer-se presentes, sem incomodar. Sabem conquistar uma boa amizade.Em termos de relacionamentos, trocam a quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho.São homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver. Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.

Homens mais amadurecidos têm maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados.A razão pela qual muitos homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc... mas eu creio que em parte, há uma boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude, um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais. Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos do nosso tempo: Os anos 60/70.  Considerados as "décadas de ouro" da juventude, quando o romantismo foi vivido e cantado em verso e prosa.

A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória, e que mudaram a vida de muitos.Uma época em que o melhor da festa era dançar agarradinho e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegrias. Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Roberto Carlos, Antônio Marcos, The Fevers, Golden Boys, Bossa Nova, Morris Albert, Jovem guarda e muitos outros que embalaram suas "Jovens tardes de domingo, quantas alegrias! Velhos tempos, belos dias."Foram e ainda são os Homens que mais souberam namorar: Namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor...

A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor... Outros morreram de amor... Estes homens maduros de hoje, nunca foram homens de ou eles estavam a namorar pela certa, ou estavam na "fossa", ou estavam sozinhos. Se eles "ficassem", ficariam para sempre... ao trocar alianças com suas amadas. Junto com Benito de Paula, eles cantaram a "Mulher Brasileira, em primeiro lugar!" A paixão pelo nosso país, era evidente quando cantavam:"As praias do Brasil, ensolaradas, no céu do meu Brasil, mais esplendor... A mão de Deus, abençoou, Mulher que nasce aqui, tem muito mais Amor... Eu te amo, meu Brasil, Eu te amo...

Ninguém segura a juventude do Brasil..."A juventude passou, mas deixou "gravado" neles, a forma mais sublime e romântica de viver.Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos. O tempo se encarregou de distingui-los dos demais: Deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora, hoje eles são homens que marcaram uma época.

Eu tenho a felicidade de ter alguns deles como amigos virtuais, mesmo não os vendo pessoalmente, percebo estas características através de suas palavras e gestos.Muitos deles hoje "dominam" com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos pois ainda se encantam com versos, rimas, músicas e palavras de amor.

Nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos. Muitos tornaram-se poetas, outros amam a poesia. Por que o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias e sim os raros valores de suas personalidades. O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens... São homens maduros, e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de poder admirá-los!

Passagem da Noite

É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.
Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!
Carlos Drummond de Andrade
 
Indicação do amigo Adauto Neto.

domingo, 26 de agosto de 2012

30 anos sem Zeilton Trajano

Zeilton Trajano (a esquerda) e o cantor Nilton Cezar

Há trinta anos o jornalista e músico pombalense Zeilton Trajano, vitimado por um aneurisma, nos deixava, após uma trajetória de sucesso na radiodifusão da Paraíba.

"Até então, eu não fizera a menor ideia do que fossem as “belas letras”. Agora, seguia-se Lenau, Schiller, depois Goethe e Shakespeare, e a pálida ideia da literatura transformou-se em mim numa grande divindade."
 
(Hermann Hesse)

Lição de vida

Dois homens, ambos gravemente doentes, com muitas dores, sofrendo muito, estavam no mesmo quarto de hospital.
 
Um deles, podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava junto à única janela do quarto.
 
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas. Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias... Todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto, todas as coisas que ele conseguia ver do lado de fora da janela.
 
O homem da cama do lado, aquele que não podia se mover, começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a atividade e cor do mundo do lado de fora da janela. A janela dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem, e uma tênue vista da silhueta da cidade podia ser vista no horizonte.
 
Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com extraordinário pormenor, amor e carinho, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava a pitoresca cena; viajava e sonhava com o mundo lindo visto da janela.
Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar.
Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a refratava através de palavras bastante descritivas.
Dias e semanas passaram com este lindo ato de amor.
Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia. Ela ficou muito triste e chamou os funcionários do hospital para que levassem o corpo.
 
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca.
 
Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e calmamente olhou para o lado de fora da janela... que dava, afinal, para uma parede de tijolo! Que surpresa...
 
O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto, lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela.
 
A enfermeira respondeu que o homem era cego e estava muito doente, sabia que estava no fim da vida e nem sequer conseguia ver a parede:  Talvez ele quisesse apenas dar-lhe coragem para que você pudesse suportar tantas dores e sofrimentos.... (disse a enfermeira)
 
 
MORAL DA HISTÓRIA
 
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é o dobro de alegria.
O dia de hoje é uma dádiva, por isso é que lhe chamam presente.
 
 
* Texto retirado da net. Autor desconhecido

Futuro reprovado

O Brasil foi reprovado no vestibular para o futuro. Porque o futuro tem a cara de sua escola no presente.
 
Nas últimas séries do nosso Ensino Fundamental, as escolas públicas, onde estuda a maior parte de nossos alunos, a média do IDEB –Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - foi de 3,9. As escolas particulares foram aprovadas, mas com a sofrível nota 6. A média ponderada pelo número de alunos é de 4,1, envolvendo 1,8 milhões de alunos nas particulares, com a média 6,0, e 12,4 milhões de alunos, nas públicas, com média 3,9.
No Ensino Médio, a média ponderada, incluindo as particulares é de 3,7.
Além da reprovação geral, o IDEB mostra que o Brasil é dividido pela desigualdade na educação dos filhos dos pobres e dos filhos das classes médias e altas.
Na mesma semana, o Jornal Nacional da Rede Globo mostrou a situação de nossas escolas, passando a sensação de que assistíamos a notícias de um terremoto, que está a devastar nosso futuro.
Outro programa, o “CQC”, da Rede Band, mostrou escolas em uma cidade do Piauí, certamente piores do que as piores do Mundo. Foi possível ver o futuro. E não pareceu bonito.
Apesar disso, o MEC comemorou os resultados e ainda divulgou nota à imprensa, no dia 14 de agosto, dizendo que “O Brasil tem motivos a comemorar”.
O Ministro está no cargo há apenas oito meses e não tem culpa por este desempenho, mas deveria reconhecer a tragédia, a vergonha e convencer a presidenta da República a fazer pela educação o esforço que vem fazendo na economia.
A presidenta precisa entender a gravidade da falta de infraestrutura educacional, ainda maior do que foi a falta de infraestrutura física, e convocar todo o País a se empenhar por uma urgente Revolução na Educação de Base.
 
 
Cristovam Buarque

Mulheres protagonizam em cidade do Sertão primeiro casamento homoafetivo oficializado na Paraíba

O Fórum Miguel Sátyro, em Patos, no Sertão, foi palco da primeira união homoafetiva, com tramitação judicial e parecer da Promotoria.
 
A cerimônia foi presidida pelo juiz Ramonilson Alves Gomes e o parecer ministerial do promotor Leonardo Cunha Lima de Oliveira.
 
Depois de uma convivência de anos, Ana Célia Rodrigues Athaíde, 51 anos, professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), e Ana Paula Maciel, de 33 anos, que acaba de receber como acréscimo o sobrenome de Athaíde, resolveram oficializar a união. O casal inclusive já adotou uma criança.
 
Durante a cerimônia coletiva, que atraiu um grande número de curiosos, o magistrado fez questão de enfocar trechos da lei inserida na Constituição de 1988, que passou a garantir o direito igualitário da união entre pessoas do mesmo sexo. Deixou claro que, em conformidade com o desejo do casal, não seria permitida a imagem em movimento, ou seja, qualquer tipo de filmagem.
 
No contato com a reportagem, ambas manifestaram a satisfação em consolidar a união, como trunfo da vitória de uma luta contra o preconceito.
 
FONTE: G1 PB

sábado, 25 de agosto de 2012

"Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer", já dizia o velho poeta Quintana. A transgressão as vezes nos seduz não por ser "transgressão", mas por ser o "novo", o inabitual, inesperado... não importa a importância ou a relevância que isso assuma em sua vida!
 
 
Por vezes, um simples café da manhã tomado numa padaria de uma de minhas esquinas, tem o viés de quebrar todas as minhas rotineiras convenções!!
 
Comecei o dia transgredindo! Bom dia a todos!!
 
Teófilo Júnior



Em Patos-PB, galinha de estimação é roubada e dona oferece recompensa pela sua localização



- Dona Genecina, vamos ajudar a encontrar a galinha "Rafinha" de sua filha Suzana, mas queira deus ela não tenha se transformada em uma deliciosa cabidela!!

Interlúdio


O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo, saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga que alguém pediu na mesa próxima.
 

Lar, doce lar!



"A natureza incompreensível e esbanjadora havia reunido em mim dois dons contraditórios: uma força física incomum e uma não menor repulsa pelo trabalho"
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

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Versículos do dia

No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.
 
Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.
 
Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?
 
Eclesiastes 7:14-16

O vestibular da vida

Um enduro sem moto, um rali sem carro, uma maratona onde, ao invés de atletas, correm paraplégicos, cegos, presidiários, grávidas e doentes em suas macas, esta é a imagem que nos deixa este vestibular realizado esta semana, mobilizando centenas de milhares de jovens em todo o país.

Várias fotos mostram jovens correndo desabalados dentro de seus jeans justos e camisetas palavrosas em direção ao portão da universidade, como se fossem dar um salto tríplice. Como se fossem dar um salto sem vara. Como se fossem dar um salto na vida. Ao lado, aparecem parentes incentivando o corredor-saltador, aparecem colegas gritando em torcida. Correi, jovens, correi, que estreita é a porta que vos conduzirá à salvação! E ali está, como São Pedro, um porteiro ou guarda, que vai bater a porta na cara do retardatário, que chorará, implorará, arrancará os cabelos num ranger de dentes, enquanto, saltitantes, os mais espertos pulam (ocultamente) um muro e penetram o paraíso (ou inferno da múltipla escolha).

A Telerj declarou que teve que acordar mais de 10 mil jovens pelo despertador telefônico. Carlinhos Gordo, o maior ladrão de carros do país, estava entre os 39 presidiários que, no Rio, fizeram, mesmo na cadeia, o exame. Mais de trinta deficientes visuais tiveram que tatear as 51 folhas em braile. Maria Alice Nunes teve um filho e saiu da maternidade com o recém-nascido no colo para enfrentar o unificado. Um índio cego — o guarani José Oado, 24 anos — disputa uma vaga em História (ou na história?). Andréa Paula Machado, 17 anos, teve que interromper o exame escrito várias vezes, para o prazer oral do bebê que, entre uma mamada e outra, voltava ao colo da avó. Dois fiscais que transportavam as provas no caminho de Petrópolis morreram num acidente. Um estudante com rubéola fez, num posto médico, prova ao lado de outro com catapora. Todas as idades ali estavam representadas: Márcia Cristina da Silva, 13 anos, vejam só!, já começou a treinar para o vestibular de Medicina em 88, e neste só achou difícil a prova de literatura. Mas lá estava também Edgar Carvalho, 73 anos, advogado, trocando as delícias da aposentadoria pela idéia de se tornar médico e ainda ser útil aos outros. Por isto, discordo da jovem que o interpelou acusando-o de estar tirando a vaga de outro. Socialmente é melhor um velho de 73 anos que qualquer dos jovens que faltaram à prova porque dormiam, que não foram classificados porque achavam que vestibular era loto e vivem a ociosidade daninha à custa de seus pais.

Mas, de todos os casos, impressiona mais o de Maria Regina Gonçalves, uma enfermeira de 38 anos. Vejam que estória mirabolante.

Lá vai a nossa Maria Regina. Mas não vai simples­mente. Vai grávida. Vai grávida, mas não é uma grávida amparada pelo seu marido, mas uma grávida solteira, enfrentando o mundo com sua barriga e coragem. No entanto, hora e meia antes do exame, em São Cristóvão, é assaltada por três marmanjos covardes, que tomam dela os documentos, 200 mil cruzeiros, e o pior: lhe dão uma porção de safanões, num exercício de sadismo matinal.

Maria Regina poderia depois disto voltar chorando para casa e ficar lamuriando o resto da vida. Fez o contrário: foi em frente, embora, ao chegar no local, soubesse que uma outra colega, também assaltada, desistira do exame. Maria Regina deu um jeito, arranjou até cópia xerox de sua carteira de identidade, fez a prova, comprometendo-se a mostrar os outros documentos mais tarde.

Mas, de noite, teve uma hemorragia. Pena que os ladrões não pudessem ver a cena, pois ficariam mais felizes. O médico lhe ordena "repouso absoluto". Ela ali "repousando", mas agoniada, porque a burocracia lhe exigia comprovações de documentos para validar os exames. Como desgraça pouca é bobagem, quatro dias depois morre o pai de seu namorado, daí a uns dias ela aborta e teve que ficar mesmo internada.

E vede agora, ó filhinhos e filhinhas do papai, que esbanjais vossos corpinhos sem destino nas praias da irresponsabilidade! Maria Regina foi a primeira colocada (nota 96) no concurso para Enfermagem e Sanitarismo. Tirou primeiro lugar e seu nome não apareceu na lista. Ainda vai ter que provar que existe. Mas já impetrou mandado de segurança. É claro que vai ganhar.
 
Affonso Romano de Sant'Anna
 
Texto extraído do livro “A Mulher Madura”, Editora Rocco – Rio de Janeiro, 1986, pág. 111.

Reflexão

"(...) Literatura será sempre um ato de doação de voz, ritmo e de particularidades humanas à escrita. (...)"
"Escrever é então um processo musical, em que o escritor organiza palavras a partir de um impulso melódico que lhe é próprio. (...)"
 
(NETO, MIGUEL SANCHES. Em alto e bom tom. In: Metáfora. São Paulo: Segmento, ano I, n. 11, agosto/2012, seção "Laboratório", p. 62.)
 
Enviado por e-mail pelo amigo Adauto Neto

Tomara - Vinícius de Morais

Tomara Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Fábula

Havia um criador de galinhas cujo sítio ficava sempre inundado na época das chuvas. Embora as enchentes causassem enormes prejuízos, ele se recusava a sair dali. Quando as águas subiam e alagavam o galinheiro, ele corria para colocar as galinhas num lugar mais alto. Às vezes, ele não conseguia fazer isso a tempo e centenas de galinhas morriam afogadas.
Certa vez, cansado de sofrer tantas perdas por causa das enchentes, ele entrou em casa e falou à esposa, a voz carregada de desespero:
- Já chega! Não tenho como comprar outro sítio, e também não tenho como vender este. Não sei o que fazer.
- Troque as galinhas por patos! Retrucou a mulher calmamente.
Todo mundo enfrenta problemas. A capacidade de encontrar soluções criativas para eles é que determina o sucesso ou o fracasso em cada situação. O ideograma chinês para crise significa “perigo”, mas também quer dizer “oportunidade”. A adversidade deverá ter o efeito de despertar talentos que, em circunstâncias favoráveis, permaneceriam adormecidas.

Tenha sempre um desses ao seu alcance


Pequeno poema didático

O tempo é indivisível. Dize,
Qual o sentido do calendário?
Tombam as folhas e fica a árvore,
Contra o vento incerto e vário.
A vida é indivisível. Mesmo
A que se julga mais dispersa
E pertence a um eterno diálogo
A mais inconsequente conversa.
Todos os poemas são um mesmo poema,
Todos os porres são o mesmo porre,
Não é de uma vez que se morre...
Todas as horas são horas extremas!
(QUINTANA, Mário. Pequeno poema didático. In: - . Nova antologia poética. São Paulo: Globo, 12. ed., 2007, p. 78, "Coleção Mário Quintana".)
 
 
*Enviado por e-mail pelo amigo Adauto Neto
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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Azul da cor do mar



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A experiência é uma lanterna dependurada nas costas que apenas ilumina o caminho já percorrido.
 

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fotografia

Mulher doente à porta do hospital central de Port-au-Prince
Fotografia de Hector Retamal / AFP, 16.11.2010

Indiscutivelmente, causa-me espécie o desconforto desta foto. A imagem, a fotografia como click instantâneo, sinônimo de solidão e indiferença. Um grito numa espécie de silêncio ensurdecedor: naquele momento o repórter não necessitou de nenhuma palavra para dizer da insensatez do homem.

A fotografia foi registrada no Haiti, há quase dois anos.

Vampirofilia

A vampirofilia de nosso tempo requer reflexão. Se as edições do clássico Drácula de Bram Stoker disputam espaço nas estantes das livrarias com os vampiros de Laurell Kaye Hamilton, se o cinema que produziu Nosferatu de Murnau não se constrange com Drácula 2000, e se até mesmo séries de televisão e novelas surgem para agradar o gosto das massas sedentas por quem ameace sugar-lhes o sangue, é porque a imagem do herói predador cumpre uma função simbólica e imaginária fundamental. Certa paciência e alguma pipoca tornam fácil verificar que a história da representação de vampiros diz mais do ser humano do que sobre os próprios vampiros que, como qualquer mito, nascem da projeção humana.

A reflexão filosófica é uma espécie de pensamento que se pensa enquanto pensando sobre uma imagem. Guarda, portanto, a ideia de um espelho. Pensar nos vampiros tor-na-se um desafio interessante, pois um vampiro seria o impensável. Vejamos como. Uma das características destes personagens ficcionais é a de não refletirem em espelhos. Se vampiros não refletem é porque não podem virar imagens. Escapam assim de serem representações. Que não apareçam no espelho tem a ver com a ideia de que seriam em si mesmos e não mera imagem que se representa e que, portanto, possui uma interface projetiva como qualquer criação humana. A ficção do vampiro camufla seu personagem pelo metailusionismo de seu próprio conceito, sustentado no paradoxo do personagem cuja ficção onde ele é criado evita ela mesma que ele apareça como a ficção que ele de fato é. Ilude, assim, que ele seria o ápice de uma realidade e não, como costumamos pensar, a irrealidade. A ficção do vampiro mostra-nos que a irrealidade pertence a nós, a seres humanos que precisam inventar sentidos refletindo-se no espelho, representando-se portanto, para crerem em uma imagem que lhes dê garantia de existência. O vampiro não seria como um ser humano, mas, fruto da projeção humana, seria aquele que já encontrou um sentido inalcançável ao humano, pois ultrapassou o limite da morte.

E se o vampiro não pode aparecer no espelho é porque ele mesmo já é espelho. Aquele para o qual olhamos para saber quem somos. Assim é que o vampiro faz parte de uma espécie de máquina antropológica que diz e desdiz o que é um ser humano e funda assim desde sua performance estética até seu modo de comportar-se. Ela define também quem pode viver e quem pode morrer.

Anômalo

Esta máquina constrói e desconstrói a identidade humana apresentando novas modalidades de vampiros. Assim como podemos dizer que vivemos em tempos pós-humanos desde que a história como atividade narrativa do passado está em crise, podemos também pensar que nossos tempos são para pós-vampiros. Os vampiros “vegetarianos” da série Crepúsculo, da escritora americana Stephenie Meyer, mostram muito bem a condição pós-vampírica do ser assassino e sedento no qual o ser humano projetou o seu desejo de sugar o sangue e, assim, a vida do outro. Seres humanos amam vampiros por puro amor a si mesmos. A ideia é um pouco bizarra, mas vale a pena ser analisada para que se entenda a função contemporânea do mito na chave do narcisimo contemporâneo. Enquanto o vampiro de Stephanie Meyer como que diz “sou vampiro, mas gostaria de ser humano”, o ser humano, que adora esta frase na boca de um vampiro, poderia muito bem dizer sou humano, mas gostaria de ser vampiro”. O personagem ajuda o ser humano a encontrar outro papel. Como projeção, a ideia vem dizer que há um vampiro em nós como desejo de ser vampiro e há em nosso vampiro interno uma culpa que nos faz querer ser humanos. A relação entre Edward Cullen, o lindo protagonista de Crepúsculo, e a esquiva Bella é exatamente esta.

O casal encanta sua geração porque mostra nele a realização de um ideal relativo ao desejo humano que jovens no limbo existencial gostariam de realizar. O vampiro se humaniza ao não atacar a moça, a moça sem preconceitos – e, claro, perdida de amores pelo superpartido que ele é – vê no vampiro a chance de se tornar vampira. Na delicada Bella vemos a nós mesmos, que, ainda humanos, não valorizamos a vida simplesmente humana que o vampiro valoriza, mas muito mais o amor e a promessa de eternidade que ele vem oferecer. O casal é o paradigma do modo como adolescentes compreendem hoje o amor. Ou gostariam de compreendê-lo. Não é exagerado dizer que Edward é o espelho de uma geração que teria no amor a ideia do reconhecimento recíproco. Ele é muito menos um vampiro do que um adolescente em conflito com a sua própria natureza. Ele é muito mais um ser humano que se entende como anormal, o portador de uma “anomalia” inscrita em seu corpo e não em seu desejo. Ele é, ainda que em seu estilo shopping center, um elogio da diferença. Rendido de sua anormalidade pelo amor de uma adolescente que não o vê enquanto monstro, ele recebe o reconhecimento como reconciliação com sua natureza. A dimensão conflituosa da existência de Edward permite pensar uma inversão: ele está inscrito na condição humana. Sua namorada inscrever-se-á na condição vampira. Nestes tempos pós-humanos o sucesso dos vampiros está em que nunca fomos tão próximos, por meio deles, de nossa própria natureza.

O gelo da paixão

Nada mais exato para explicar a paixão do que um vampiro e seu radical poder predatório. Render-nos-emos a ele pelo simples fato de que ele representa a coisa à qual alguém se rende. A própria terminologia da palavrapathos afirma o poder de algo externo ao qual alguém é sujeitado. Estar apaixonado é estar capturado pelo outro. Na paixão sou presa do sentido do outro, o sentido que ele me oferece por ser portador de um sentido maior do que o meu. Ele tem a garantia para toda a minha angústia narcisista, para toda a falta que posso sentir em minha vida enquanto sou um ser romântico, que é sempre vítima em potencial. O vampiro só ataca um romântico, quem inseguramente vive a condição existencial como espera por complemento, ou por companhia. Para alguém que vive a partir de uma falha relativa à própria existência seria impossível não apaixonar-se pelo resgate existencial que o vampiro vem trazer.

Daí que o vampiro seja um misto de Hermes, um mensageiro, e de Prometeu acorrentado. Vem informar ao ser humano sua dimensão divina ao se deixar levar pelo amor que apenas um “doce vampiro” pode representar. Vem ensinar que o amor é coisa animal e ao mesmo tempo coisa espiritual. Vem mostrar ao ser humano um fogo tão essencial como o do conhecimento com que um dia Prometeu presenteou os homens, o fogo da paixão. Mas, diferente de um amor caloroso, afetuoso em que o corpo aquecido se realizaria, o “fogo da paixão”, com que nos acostumamos a expressar-nos, é transmitido pelo vampiro pela frieza de seu corpo morto. Neste sentido, o fogo da paixão que interessa ao nosso tempo é mediado pelo frio da idealização. O amor idealizado é uma doença da razão que, ao idealizar, cai na metafísica e perde seu limite. O vampiro é uma fantasia dessa razão. Esta paradoxal frieza da paixão encanta os vampirofílicos de hoje, apenas porque são também, enquanto romanticos, masoquistas. Apaixonam-se pelo amor frio e cruel que apenas uma alta dose de idealização do objeto amado pode garantir.

A primeira versão romântica do vampiro, o Drácula de Bram Stoker, deixa claro que o poder do vampiro é não apenas a manutenção da vida, mas a manutenção do amor eterno, um amor que é, ele mesmo, análogo da vida, morto e vivo, sustentado por algo mais forte do que a vida, que é a própria morte, a eternidade. O amor total é vivo enquanto morto, morto enquanto vivo. A promessa do vampiro é, pois, a da imortalidade acompanhada de muito sexo, muito sangue, de uma vida como total aventura, mistério e sedução. A vida do vampiro é ideal. Ele passeia na história assistindo às transformações, à morte dos outros, em contraposição à imutabilidade de seu próprio corpo mantido sempre na mesma idade. O vampiro é ideal como presença do atemporal no tempo, a vida dentro da morte. O vampiro faz a morte parecer um tempo divertido. Ele a transforma em eternidade. Quanta aventura e quanta aprendizagem, e, mesmo que em algum momento o vampiro seja acometido de qual quer forma de taedium vitae, quanta alegria de viver em troca de um pouco de sangue retirado de vítimas sempre representadas como meros corpos, meros viventes cujo valor simbólico é nulo: moças bobas, doentes, mendigos, pessoas comuns. O vampiro impera como uma vida não viva, que não se mistura com a mera vida. É uma vida acima da vida. Por isso, ele nunca ataca personagens importantes que com ele disputariam o espaço de um poder místico. Já a vida meramente viva não vale o sangue que representa o sentido transcendente da imortalidade. Astro da metafísica negativa de nosso tempo, não há chance de que venhamos a esquecê-lo tão cedo.


Márcia Tiburi, professora de Filosofia, do blog Filosofia Cinza.
 
Publicado na Revista Cult e no livro Filosofia Pop
 
Sugestão de postagem do amigo Adauto Neto

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Trabalhador que fica à disposição por meio do celular tem direito a remuneração extra

O TST (Tribunal Superior do Trabalho) decidiu que o trabalhador que fica à disposição do empregador por meio do celular tem direito a remuneração extra pelas horas em que fica de sobreaviso. É um precedente: a corte já tinha editado até súmula afirmando que portar um telefone da empresa não era suficiente para caracterizar o plantão.

No caso específico, o chefe de almoxarifado de uma empresa gaúcha disse que portava o celular diuturnamente. Era alcançado nos finais de semana e feriados para supervisionar o estoque. O TST concluiu que suas folgas foram cerceadas pois, mesmo em casa, poderia ser chamado a qualquer momento.

E em setembro o TST deverá rediscutir a súmula do celular, já contrariada com essa decisão. Ela diz que portar bipes, pagers ou telefones do empregador não caracteriza que o funcionário está de sobreaviso "porque o empregado não permanece em sua residência aguardando a convocação para o serviço", como na era do telefone fixo.


Deu na folha
"Comprou um mapa da cidade numa livraria, para a cidade da qual ele conhecia os odores e sobre a qual nada sabia que valesse a pena saber."

(Ingeborg Bachmann)

O que disseram

"…encontrei no sexo uma grande virtude consoladora, e nada adoça mais as minhas aflições vindas dos meus problemas do que sentir que uma pessoa amável se interessa por ele.”


Jean Jacques Rousseau

Imagem

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domingo, 19 de agosto de 2012

"Procurei a verdade interior. Esse cogumelo venenoso e colorido no fundo da floresta."

(Ingeborg Bachmann)

"Qual é a verdade sobre o mundo, já que sou incapaz de me compreender a mim mesmo, eu, que vejo, sinto e entendo de mil maneiras diferentes! Tomem como exemplo uma mesa de trabalho, um simples objeto como a mesa onde costumo escrever! Quantas vezes me sentei diante dela ou a toquei, reconhecendo-a, com indiferença; no escuro, já me tenho aproximado dela, tateando; uma vez desenhei-a numa carta a um amigo, e aí ela correspondia a meia dúzia de traços de lápis; às vezes acontece que me chega o seu odor ao nariz, depois de um longo e árduo trabalho; outras vezes ainda olho-a, admirado, quando surge diante de mim livre de papelada que foi arrumada noutro sítio – uma outra mesa! E quanta coisa mais não se poderia dizer desta simples mesa maciça! Uma quantidade de lenha para aquecer, uma forma que lembra um determinado estilo, um peso como mercadoria a transportar, um preço quando foi comprada, outro preço que terá hoje, outro preço ainda depois da minha morte. Já sobre esta mesa não se vislumbra o fim da lista! Uma mosca vê-la-á de um modo diferente do de um periquito, e será que Gerda a viu alguma vez como eu a vejo? Não sei, só sei que ela conhece o sítio onde eu fiz um buraco no tampo, com o cigarro. Para ela trata-se da minha mesa, aquela que tem um buraco feito por uma queimadura; além disso, conhece ainda os seus pés torneados, porque nos seus retorcidos se deposita todo o pó possível e imaginário. Só me apercebi deste fato por seu intermédio, mas em compensação sei o que ela não sabe: a sensação de bem-estar que ela provoca quando nela apoiamos os dois cotovelos, e como um olhar pensativo se prende nos seus veios, e como sobre ela se dorme, pois que algumas vezes adormeci sobre o trabalho, com a cabeça caída para a frente, sobre o tampo."


[Ingeborg Bachmann, Trinta Anos; trad. Leonor Sá, Relógio d’Água, 1988]

O Recato Olímpico

Não é consensual a interpretação sobre o caráter restritivo do traje muçulmano, mas persiste a suspeita de que a libertação do corpo da mulher não passa pela subjugação arbitrária aos critérios culturais, pretensamente estáticos ou inamovíveis.

Os Jogos Olímpicos de Londres terminaram, no ano em que os governos da Arábia Saudita, do Brunei e do Qatar permitiram, pela primeira vez, que as suas comitivas fossem compostas por atletas femininas.
Foto Cameron Spencer

De outro lado, na qualificação para os Jogos da XXX Olimpíada, a seleção feminina de futebol do Irão foi desclassificada porque o governo de Ahmadinejad não autorizou as atletas a apresentar-se em campo, frente à seleção da Jordânia, sem o hijab.
Foto Ali Jarekji / Reuters

Arezou Hakimimoghaddam, Irão, caiaque individual K1
200 metros, fotografia de Quinn Rooney / Getty Images


Bahya Mansour al-Hamad, Qatar, pistola de ar
a 10 metros, foto Khaled Desouki / AFP / Getty Images


Fatima Sulaiman Dahman (Iémen) e Shinoona Salah
Al-Habsi (Omã), atletismo, foto David Gray / Reuters


Shinoona Al-Habsi e Fatima Dahman acompanham
Cristina Llovera (Andorra), foto David Gray / Reuters


Neda Shahsavari, Irão, ténis de mesa individual
fotografia de Grigory Dukor / Reuters