domingo, 30 de março de 2008

O oco e um vazio


Por enquanto, ela se dispunha só assim: de olhos fechados. E se abrisse os olhos e se lhe perguntassem para onde olhava, não saberia responder — decidira-se, por fascinação, a um inicio; inclusive se havia disposto a estar somente de olhos fechados. Tudo era partida: despira a roupa e postara-se de quatro, sobre os joelhos e sobre as palmas das mãos, e ainda sem entender o que viria a seguir, pensou — um pensamento capaz de assombrar a precariedade que tem uma mulher nua, de quatro e de olhos fechados — pensou que se uma pessoa fizesse apenas aquilo que alcança o entendimento, não avançaria um passo. Mas não era caso de avançar, não era caso de entender, era só caso de dispor-se ali, à espera, nua, de quatro, olhos fechados, conforme lhe fora dito. Conforme lhe ordenara o homem de alguma idade que se havia sentado na cadeira junto à cama e que lhe pedira tire a roupa, não me olhe, quero lhe ver primeiro. Para não ficar sozinha, para não ficar sem ele, obedeceu.

E então, na troca de um momento a outro, sentiu-se tocada com a polpa macia de lábios e se contraiu num espasmo que não era ainda desejo, um espasmo que era a nascente de uma expectativa. Na solidão escura dos olhos fechados,já não estava sozinha sobre a cama. Nua, indefesa e sem saber das coisas adiante, transformara-se numa pessoa de intensa espera.

Um rastro de tepidez alisou a coxa, a nádega e as costas, e a respiração morna do outro ergueu-lhe um arrepio. Suave, o homem, agora tão irreconhecivelmente suave, o homem filigranou as voltas de sua conformação, cioso trabalho de minúcia, demorando a boca e língua onde ela desejava — onde ela ia, aos poucos, querendo. Assim, lenta, se armou a cobiça, feito maré montante, feito mar de braços abertos arfando num pulso de ida e vinda. O homem falava coisas, falava; e ela entendia, entendia. Logo foi um refluxo de queimor, e o pulmão agitava-se, e se revolvia no ventre uma força tão grande de agudeza, que sua vontade era estar entregue — como se, nua, olhos fechados, de costas para o outro, representasse a confiança máxima, como se bastasse confiança para estar entregue. Quero lhe ver primeiro, não me olhe, era a vontade do outro, aquele que dizia coisas, que lhe raspava as ancas com as unhas, que lhe fustigava com os dedos cavando um oco no meio do ventre, um buraco a ser tapado, um buraco. Ela, que não sabia, que ainda não olhava, quis dar volta com o corpo, quis ver no rosto a quem lhe pedira, não me olhe. Mas nada podia, olhar não podia, ver não podia, e fez na mente o rosto do homem, esse de alguma idade, de músculos frouxos, cabelos ralos, óculos postos, que entrava na sala de aula em alguns dias da semana, que na saída da classe de hoje, depois de apagar as equações no quadro-negro, chamara por ela: vem comigo. Vem comigo, e ela crescera de repente, tornando-se grande para conter a si mesma dentro da exigüidade de menina, tão agitada, tão ansiosa, tanto de tudo o que vinha de sonhar com aquele homem, o mesmo que agora subtraía-lhe da visão e que, dizendo coisas, a sulcava. Tentou, mas não pôde, imaginá-lo na nudez e, forcejando, numa intensa abstração, viu-o na ardência — ardente por ela. Deu-se conta que se armara uma pose de bicho, como um bicho roçando a carne que a mimava, como um bicho impelindo-se contra o rosto do outro, feito bicho fermentando o desejo na pele dos dedos e na dureza das unhas do homem; era um animal querendo a queimação. Tinha virado nisso, numa corda tensa, os músculos vibrando sangue, os braços já quase dormentes, o ventre pedindo, os seios suspensos sobre o travesseiro, o rosto tapado de escuridão. Ela inteirava-se de seu estado de mulher estando com um homem, não mais um menino, um homem mesmo, de punhos duros, veias salientes, pêlos grossos, como se fosse essa a grande generosidade do mundo. E então era isso, como se, conforme ele dissera, conforme ele prometera — desobrigara-a de amá-lo e, sem obrigação de amor, ela podia exonerar-se do mundo e não mais precisava estar perturbada com a piedade. Sabia que estava bem perto de ser feliz, quase ali, ao alcance, um pouco mais, e não o olhava, porque, se olhasse, na certa acabaria por ter laços, aqueles que estava proibida de ter. Porque, se olhasse, a mágica estaria acabada e seriam dois infelizes naquele quarto.

De repente, sentiu a pressão e o peso sobre as costas, tudo demais para seu corpo: o rosto afundou contra o travesseiro, as ancas levantadas, as mãos de poder retendo-lhe a carne, atando-a, ele um ser de músculos frouxos, cabelos ralos, locupletando-se, e ela sem poder olhá-lo no rosto, sem poder enxergar a contração da boca, os sulcos das rugas, a boca crispada. Buscando apoio nos punhos, jogou-se com força para trás, e o homem retribuiu o impulso com força e mais força e disse-lhe coisas, arremeteu-se ainda com mais vigor, e ainda mais, até que ela não suportou, o corpo desistiu, estirando-se no colchão, o rosto em atrito contra o travesseiro, os seios nos lençóis, e ele veio junto, como se estivesse grudado, como se fosse de arrasto, como se fosse legítimo ele negar-se à visão, como se só fosse legítimo os dois corpos ligados. O homem gemeu. Para ela, por mais que ansiasse, foi de repente a compreensão: já não havia tempo. Mais uma vez o homem gemeu e lançou-se sem dó, sem pena. Mais uma vez o gemido, e outro, e ele, rápido, arfou e disse coisas e insistiu nela, cada vez mais rápido, cada vez mais, e ela agora sem jeito, dispondo-se, contornando-se ao prazer alheio, fazendo-se o vaso das coisas que viriam. Foi quando ouviu:

— Meu amor.

E ela, que não era amor de ninguém, compreendeu que estava alforriada pela impostura, que tudo estaria acabado a partir de agora: finalmente abriu os olhos, finalmente e a tempo de ver o homem que tombou abatido e inútil a seu lado na cama. Meu amor, ele ainda ousou repetir, esforçando os lábios numa palavra que não cabia em sua boca, não no meio daquela cama no meio daquele quarto de solteiro. O homem limpou-se com o lençol e, antes de fechar os olhos baços rumo ao sono, deu-lhe um sorriso, como se fosse meigo ou terno, brando só porque esteve nu e se repletou numa mulher.

Ela deu de mão no mesmo lençol, enfrentando, magoada, a textura úmida. Com as pontas dos dedos, arremeteu-o aos pés da cama. Afofou o travesseiro e estendeu-se ao lado do homem, apequenada numa espécie de resignação: ele fizera nela as coisas que são só ânsia, às quais não correspondem doçura nenhuma, nas quais só se ama, ou se diz que se ama, um pouco antes do fim. Quis, porque era moça, porque se acostumara à maciez da companhia, quis encostar o rosto ao peito magro, sentir o pulmão respirando em compasso sereno; quis, como quis, merecer o sagrado de uma pele que descansa. Não podia, não com aquele homem, não com aquele cuja imagem fazia nascer um enjôo doce.

No entanto, não sossegava. Como se ainda não pudesse caber na quietude, apoiou-se sobre o cotovelo e viu o homem de carnação débil e de músculos frouxos. Viu mais: o homem galante ao entrar na sala de aula, a fala pausada, um deus de letra redonda, pensou no que havia pensado que teria com ele, nas coisas que falava, no amor prometido por descuido, e reacendeu. Os dedos migraram sobre os pêlos grisalhos do peito, atravessando o ventre alteado, até espalmar a mão. Um tremor. Retrocedendo séculos, ela apenas queria, como uma ancestral épocas antes quisera. Mas era sozinha que tinha de estar com o outro, porque o outro que cabia naquela cama lhe havia roubado, com suas ordens e seu sono, a presença salvadora. E, vendo o homem que dormia, extinto do quarto e apagado das coisas, resolveu apaziguar-se. Com medo de mexer errado em si mesma, foi cuidadosa. Para si mesma, podendo olhar-se inteira, teve zelo e paciência.

Antes que o mundo lhe sobreviesse, antes de se tornar fina e limpa a atmosfera, antes mesmo de o prazer surgir da solidão a que fora arrojada, cometeu: beijou os lábios do homem. Foi então que se uniu a ele, só quando pôde beijá-lo e só naquele instante seco, para nunca mais. E depois de beijá-lo, depois de compor e desatar nós, e sem que ele sequer se inteirasse de um mundo que se construía e desmoronava a seu lado, a moça deitou-se de olhos abertos. E as pupilas estavam largas, tranqüilas, vingadas. A penumbra começava a azular as cores do quarto.

Acordou de um sono muito curto e sobressaltado. Ele continuava lá, de costas para ela. Naquele pouco tempo, fez-se o movimento das miudezas, e ele, com sua ausência, havia transformado a nudez e o prazer de ambos em blasfêmia. Cheia dos odores, acendendo as luzes pelo caminho, foi até o banheiro e encheu de água o côncavo das mãos, espargindo rosto e colo. Mas ainda não era o suficiente, e esqueceu-se muito tempo sob a água da ducha. Enxugou-se com uma toalha áspera. Foi até o quarto e, tateando, encontrou o interruptor que fez brilhar a lâmpada fraca e amarela. Vestiu-se. O homem dormia numa fragilidade tão grande de corpo lasso e de músculos frouxos. Cobriu-o com o lençol, protegendo-o. Piedosa, de volta ao mundo, juntando sua nova sabedoria, beijou-lhe a fronte.

Bateu a porta. No corredor do edifício, era partida.

Saiu à rua de olhos muito abertos. Pensou que uma pessoa deveria fazer apenas aquilo que entendesse. E seguiu pela avenida vazia de fascinação.

Cíntia Moscovich

Texto extraído do livro “25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira”, Editora Record – Rio de Janeiro, 2003, organização de Luiz Ruffato, pág. 269.

Complexo Coremas/Mãe D'água sangra com 1.44m














































Enchente ao pôr-do-sol no areial






















sexta-feira, 28 de março de 2008

Prefeito francês decreta: é proibido morrer


Depois do "É proibido proibir", a França revoluciona mais uma vez.

O prefeito de um vilarejo francês, diante a falta de terras para ampliar o cemitério, decretou: "É proibido morrer" - isso se o cidadão (ou "citoyen", na sua língua pátria) desejar ser enterrado no lugarejo.

Por essas e outras que o Editor, a tia Izildinha e ex-prefeito de Sucupira Odorico Paraguaçu (um revolucionário "avant la lettre") são assumidamente francófilos. Sem outra alternativa, eles gritam: "Vive la France!"

do Editor do UOL Tablóide

quinta-feira, 27 de março de 2008


Nada mais paradoxal: quando chove em Pombal, falta água! Vá entender isso...

Final do mês: conta para pagar.

Paciência


Tudo nesse mundo tem limites (será?) mas a única coisa que me gabo nesta vida é de ter uma paciência de Jó. Em outras palavras, tenho o pavio comprido e uma dinamite potente amarrada ao detonador final. Pois bem, os serviços de Telemarketing ultimamente cuidaram de aferir até aonde vai a minha paciência. Desconfio até que eles nem querem me vender produto algum, é pirraça mesmo! Sem contar que é uma completa falta respeito.

Ontem não foi diferente, cá estou compenetrado no trabalho de minha monografia quando de repente o telefone toca e escuto aquela vozinha paulistana: "Senhor Teófilo? Tudo bem com o senhorrr...? - Pensei comigo - até então estava. E de forma mal educada desliguei o telefone pela vigésima vez.

Mas não tem jeito eu sei que amanhã eles voltarão a ligar como se nada tivesse acontecido e na maior cara de pau.

A vontade que tenho é mandar eles tomarem no sul, ou melhor, ligarem para o sul, sudeste, sudoeste e me deixarem em paz de uma vez por todas.

O pior é saber que eles conseguiram meu número numa parceria com a Tim. Não me admira que bandidos sequestradores saibam tudo sobre suas vítimas: endereço, nome do pai, CPF, signo do zodíaco etc. Uma vez feito um cadastro, o mesmo é vendido para qualquer um, até para o Comando Azul,Vermelho, Roxo...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Como nasce uma história


Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o que dizia a tabuleta no alto da porta.

- Sétimo - pedi.

Eu estava sendo aguardado no auditório, onde faria uma palestra. Eram as secretárias daquela companhia que celebravam o Dia da Secretária e que, desvanecedoramente para mim, haviam-me incluído entre as celebrações.

A porta se fechou e começamos a subir. Minha atenção se fixou num aviso que dizia:

É expressamente proibido os funcionários, no ato da subida, utilizarem os elevadores para descerem.

Desde o meu tempo de ginásio sei que se trata de problema complicado, este do infinito pessoal. Prevaleciam então duas regras mestras que deveriam ser rigorosamente obedecidas, quando se tratava do uso deste traiçoeiro tempo de verbo. O diabo é que as duas não se complementavam: ao contrário, em certos casos francamente se contradiziam. Uma afirmava que o sujeito, sendo o mesmo, impedia que o verbo se flexionasse. Da outra infelizmente já não me lembrava. Bastava a primeira para me assegurar de que, no caso, havia um clamoroso erro de concordância.

Mas não foi o emprego pouco castiço do infinito pessoal que me intrigou no tal aviso: foi estar ele concebido de maneira chocante aos delicados ouvidos de um escritor que se preza.

Ah, aquela cozinheira a que se refere García Márquez, que tinha redação própria! Quantas vezes clamei, como ele, por alguém que me pudesse valer nos momentos de aperto, qual seja o de redigir um telegrama de felicitações. Ou um simples aviso como este:

É expressamente proibido os funcionários...

Eu já começaria por tropeçar na regência, teria de consultar o dicionário de verbos e regimes: não seria aos funcionários? E nem chegaria a contestar a validade de uma proibição cujo aviso se localizava dentro do elevador e não do lado de fora: só seria lido pelos funcionários que já houvessem entrado e portanto incorrido na proibição de pretender descer quando o elevador estivesse subindo. Contestaria antes a maneira ambígua pela qual isto era expresso:

. . . no ato da subida, utilizarem os elevadores para descerem.

Qualquer um, não sendo irremediavelmente burro, entenderia o que se pretende dizer neste aviso. Pois um tijolo de burrice me baixou na compreensão, fazendo com que eu ficasse revirando a frase na cabeça: descerem, no ato da subida? Que quer dizer isto? E buscava uma forma simples e correta de formular a proibição:

É proibido subir para depois descer.

É proibido subir no elevador com intenção de descer.

É proibido ficar no elevador com intenção de descer, quando ele estiver subindo.

Descer quando estiver subindo! Que coisa difícil, meu Deus. Quem quiser que experimente, para ver só. Tem de ser bem simples:

Se quiser descer, não torne o elevador que esteja subindo.

Mais simples ainda:

Se quiser descer, só tome o elevador que estiver descendo.

De tanta simplicidade, atingi a síntese perfeita do que Nelson Rodrigues chamava de óbvio ululante, ou seja, a enunciação de algo que não quer dizer absolutamente nada:

Se quiser descer, não suba.

Tinha de me reconhecer derrotado, o que era vergonhoso para um escritor.

Foi quando me dei conta de que o elevador havia passado do sétimo andar, a que me destinava, já estávamos pelas alturas do décimo terceiro.

- Pedi o sétimo, o senhor não parou! - reclamei.
O ascensorista protestou:

- Fiquei parado um tempão, o senhor não desceu.
Os outros passageiros riram:

- Ele parou sim. Você estava aí distraído.

- Falei três vezes, sétimo! sétimo! sétimo!, e o senhor nem se mexeu - reafirmou o ascensorista.

- Estava lendo isto aqui - respondi idiotamente, apontando o aviso.

Ele abriu a porta do décimo quarto, os demais passageiros saíram.

- Convém o senhor sair também e descer noutro elevador. A não ser que queira ir até o último andar e na volta descer parando até o sétimo.

- Não é proibido descer no que está subindo?
Ele riu:

- Então desce num que está descendo.

- Este vai subir mais? - protestei: - Lá embaixo está escrito que este elevador vem só até o décimo quarto.

- Para subir. Para descer, sobe até o último.

- Para descer sobe?

Eu me sentia um completo mentecapto. Saltei ali mesmo, como ele sugeria. Seguindo seu conselho, pressionei o botão, passando a aguardar um elevador que estivesse descendo.

Que tardou, e muito. Quando finalmente chegou, só reparei que era o mesmo pela cara do ascensorista, recebendo-me a rir:

- O senhor ainda está por aqui?

E fomos descendo, com parada em andar por andar. Cheguei ao auditório com 15 minutos de atraso. Ao fim da palestra, as moças me fizeram perguntas, e uma delas quis saber como nascem as minhas histórias. Comecei a contar:

- Quando cheguei ao edifício, tomei o elevador que serve do primeiro ao décimo quarto andar. Era pelo menos o que dizia a tabuleta no alto da porta.

Fernando Sabino.


Fernando Sabino tem a capacidade de retirar de fatos mais corriqueiros excelentes histórias. Confirmem com esta que ora apresentamos, extraída do livro "A Volta Por Cima", Editora Record - Rio de Janeiro, 1990, pág. 137.

Feira Livre - 1990


Olha o trôco, olha a troca!
dou-lhe duas, dou-lhe três!
amendoim de paçoca,
uva de vinha e de vez!
milho que dá pipoca,
remédio de gravidez,
anzol, caniço e minhoca,
casal de burro pedrês,
sanfona que quase toca,
jogo de dama e xadrez,
toda e qualquer engenhoca,
que agradar ao freguês.

olha que tá na hora!
não use em vão seu tostão
pastilha de catapora
xarope de sarampão!
melão, melado e amora,
cavalo velho trotão,
bolinho frito na hora,
penacho de gavião,
vacina pra quem namora,
anel de segunda mão,
as maravilhas da flora,
à vista e à prestação.

olha que é hoje só!
oferta de ocasião!
farinha de pão de ló,
bigode de camarão!
um terno sem paletó,
um futebol de botão,
receita de bisavó,
patente de capitão,
papa-capim, curió,
pipa, peteca e pião,
barbante que não dá nó,
cordel que puxa cordão.


Cláudio Nucci e Cacaso

terça-feira, 25 de março de 2008

Rali


Teófilo Félix de França Júnior, brasileiro, cidadão em dia com os seus impostos e obrigações tributárias, residente as margens da BR 230, vem publicamente comunicar a Policia Rodoviária Federal, caso ela ainda não saiba, que as lombadas existentes ao longo da BR 230 que atravessa essa comuna ultimamente têm servido para outras fins, mais especificamente para prova de rali de motos, onde as lombadas funcionam como rampas.

Comunico ainda a PRF, que ano passado (2007), apenas no trecho compreendido como entroncamento da BR 230 com a 427, esse subscritor registrou com os próprios olhos 13 acidentes envolvendo veiculo automotor e pedestres.

Peço providências, caso entenda seja necessário, antes de, por infelicidade, me tornar um vitima em potencial.

Dalai-Lama


"Uma nação com uma antiga herança cultural está em perigo. A nação tibetana está morrendo. De modo proposital ou não, um genocídio cultural está acontecendo."

segunda-feira, 24 de março de 2008

O importante é se fazer entender.







Cultura Inútil

...foi durante a Revolução Francesa, no século XVIII, que se começou a consumir o rabo como alimento. Era uma época de muita fome e as pessoas passaram a comer todas as carnes, inclusive o rabo, do boi, claro!

domingo, 23 de março de 2008

São MIguel do Gostoso -RN

São Miguel do Gostoso é uma cidadezinha pacata, tranquila, onde as horas se arrastam e um dos poucos lugares onde ainda não se vê vendedores ambulantes nas praias.

A cidade é mais conhecida por "Gostoso". Comunidade simples, praiana, pequena, localizada no Rio Grande do Norte, a 110 km de Natal. As suas praias têm águas límpidas e mornas, praticamente desertas (com exceção de feriados prolongados). E onde um vento constante é responsável pelo crescimento do windsurfe, esporte que atrai turistas brasileiros e estrangeiros à cidade. Os esportistas dizem que, lá sim, é onde o vento faz a curva.








Mural


Outro dia disse aqui que este Blog padece de interesses outros e não tem pretensão e compromisso algum senão comigo mesmo e com os amigos que o acessam, me ajudando a expor aqui seus pensamentos. Não tem cor, raça, religião nem partido. Trata-se na verdade e tão somente de uma espécie de bloquinho de anotações eletrônicas pessoal - embora público - de idéias, opiniões, experiências, sensações, recordações que aos poucos vou resgatando e rabiscando em suas folhas, encaixando memórias daqui e d'alhures como se fossem marcadores de lembranças soltos entre as páginas de um grande livro.

De certo, esse "bloquinho" tanto pode abrigar uma idéia, uma piada, uma crônica, uma frase, um link, uma imagem, uma informação técnica. Qualquer informação ou conteúdo que me pareça útil e necessário preservar. Este blog é, portanto, uma espécie de repositório de expressões tanto do que escrevo como de outrem, seja num artigo ou num comentário como tem feito o amigo Dagvan Formiga.

Quero dizer também que, eventualmente, ele poderá ir além disso, buscando, investigando, aprofundando conhecimentos que eu tenha gerado ou discutido aqui, como ainda, trazendo informações de outros sítios, outros blogueiros, outras instâncias.

Nada mais que isso. Apenas um bloquinho. Só isso!

Vida, e vida em plenitude


A defesa da vida é um dos principais fundamentos da Bíblia Sagrada. Jesus se coloca explicitamente como aquele que veio “para que todos tenham vida e vida em abundância”. Só no primeiro livro da Bíblia (Gênesis), Deus nos adverte quarenta vezes para defendermos a vida. No evangelho de João há outras quarenta e duas passagens em que Jesus defende a vida; na primeira Epístola de João, vinte e uma vezes; no Apocalipse, vinte vezes.

Nos dias atuais, como não poderia ser diferente, a Igreja assume claramente a luta pela vida, num instante em que viver - e viver em abundância - tem se tornado um grande desafio para muitos e uma “dádiva” de uns poucos. Um breve olhar sobre a situação social do Brasil mostra quão profundamente a desigualdade está incrustada no nosso sistema, castrando a cidadania e estigmatizando uma grande parcela da nossa gente. A vida com dignidade, a vida em sua plenitude vem sendo tolhida, transformando as relações entre pessoas em relações entre coisas, à falta de políticas sociais básicas delimita os “incluídos e os excluídos”. Algumas estatísticas apresentadas por entidades como a Anistia Internacional e os próprios órgãos governamentais ilustram as desigualdades e a violência sistemática que nos atinge. A fome, a concentração de renda e terras, os meninos e meninas de rua, a violência histórica, a crise na saúde pública e a discriminação racial são capítulos a serem superados na busca mais elementar de uma saudável harmonia e paz social.

Em que pese o brotar de algumas medidas tímidas e meramente paliativas, avalia-se que hoje cerca de milhões de brasileiros não se alimentam com as normas calóricas mínimas, vivendo em permanente subdesnutrição. A taxa de mortalidade infantil ainda é grande para os “parâmetros aceitáveis” – como se pudesse haver algum parâmetro para se avaliar quem deve ou não morrer de fome.

As estatísticas brasileiras ainda apontam que dos 48 milhões de crianças que conseguem sobreviver, 25 milhões vivem em estado de pobreza e 13 milhões na miséria absoluta e o país está perdendo a batalha para um mosquito transmissor da dengue. O Rio de Janeiro vive um caos. Faltam obras estruturantes e educação adequada. O país vive uma séria crise de saúde pública.

Por outro lado, a matança sistemática de meninos e meninas de rua é outra expressão alarmante da degradação dos direitos humanos, o seu perfil é de criança abandonada, mendiga, faminta, que acorda na laje fria de cimento, candidato a assassino, estuprador, bandido. Nascem sem direito nenhum. Estão na rua por condição imposta, para assegurar sua sobrevivência!

A nossa realidade continua mostrando que nossa pretensa paz e harmonia racial não passam de mera ficção e que não são decretos que vão regulamenta-los. A violência racial, outra forma de destruição da vida, age de modo sutil, através da reprodução da desigualdade entre grupos étnicos, e no campo da educação, se manifesta nos índices de analfabetismo: 13% de brancos e 29% de negros. No campo acadêmico, atingem o nível universitário 7,8% dos brancos e apenas 0,9% dos negros.

A criação de cotas nas universidades para negros é apenas mais um atestado da combalida e frágil relação racial vivida por todos nós e produzida pela estrutura estatal. Fruto de um passado não muito distante de escravidão e preconceito.

O mais grave é que este sistema se reproduz em todos os espaços e todas as relações sociais. As pessoas são formadas para amoldar-se ao sistema que está aí, ignorando ou negando os conflitos, desigualdades e diferenças.

A nossa própria estrutura social, portanto, gera as desigualdades e as violências, expondo os excluídos como “doenças sociais” e se imunizando nas suas próprias individualidades a ponto de um Ministro de Estado atribuir a violência urbana ao êxodo do nordeste brasileiro.

É preciso repensar a nossa vida, a minha, a sua, a de todos! É preciso redirecionar a nossa paz um pouco mais além de nós e empreendermos ações pela vida e pela justiça moral e social.

Ao firmamos o nosso compromisso com o outro, estaremos lutando pela vida, e vida em plenitude! Ao lutarmos pela vida estaremos firmando o nosso compromisso com Deus, com o nosso próximo e com o nosso país.

É preciso mudar, é preciso fazer! Ignorar isso tudo, fechado em nosso casulo interior, é não pensar na vida e atar-se à morte!


Foto: Leonardo Dobbin

Catadores de Sonhos


"Desde o último dia 20 de março, a Marquise do parque Ibirapuera recebe a exposição fotográfica "Catadores de Sonhos", que revela imagens de pessoas que vivem ou tiram seu sustento das ruas de São Paulo.

A mostra é composta por fotos de Paulo Giandalia, fotojornalista profissional, e pelo ex-morador de rua Leonardo Duarte.

Para desenvolver o projeto de "Catadores de Sonhos", Paulo ensinou Leonardo a fotografar e juntos os dois acompanharam as vidas de vários personagens das ruas da cidade ao longo de dois meses. As imagens registram a rotina de trabalho, a organização e o modo de vida de diversos moradores de rua de São Paulo.

A mostra, composta por 34 fotografias em preto e branco, fica exposta gratuitamente até o dia 31 de março na Marquise do Parque Ibirapuera ao lado do Museu de Arte Moderna.


"CATADORES DE SONHOS"

Quando: de 20 a 31 de março, das 10h às 18h
Onde: Marquise do Parque Ibirapuera, ao lado do MAM
Quanto: entrada franca"


Fonte: Uol.com.br

sexta-feira, 21 de março de 2008

Luto


Nesse momento de extrema dor e sofrimento, o blog se solidariza com toda a família do Cabo Kenedy, nosso colega de trabalho, pela perda irreparável e prematura de seu filho primogênito, um jovem de apenas 18 anos de idade, vitimado por afogamento na tarde desta sexta-feira santa, em um dos açudes de propriedade da família.


A todos, o nosso ombro amigo e as nossas orações a Deus no sentido de confortar e dar alento aos familiares nesse momento tão difícil.



"No século 14, se as pessoas fossem perguntadas sobre o que queriam na vida, diriam que buscavam a salvação divina. Hoje a resposta é: “ser rico e famoso”. Existe uma espécie de culto que faz com que as pessoas não consigam enxergar o que realmente querem da vida."

Adam Phillips, psicanalista inglês, organizador da segunda tradução do alemão para o inglês da obra de Freud

Maridão

O maridão, após uma longa e caliente lua de mel, todo cheio de nove horas diz a esposa:
- Querida, nossa lua de mel foi uma maravilha, mas existem algumas regras que você deve saber e respeitar para mantermos o nosso casamento feliz.
- Ok Querido! Quais são as regras?
- Bem, nas segundas e quartas, eu tenho um compromisso sagrado: Eu saio para fazer um churrasco com os amigos. Eu já faço isso há anos com a mesma turma da faculdade, não vai nenhuma mulher e COM CASAMENTO ou SEM CASAMENTO eu vou!
- OK meu amor! Tudo bem!
- Bem, nas terças e quintas, eu tenho um outro compromisso sagrado: Eu saio para ir a sáuna com os amigos. Eu já faço isso há anos,com alguns amigos. Não vai nenhuma mulher e COM CASAMENTO ou SEM CASAMENTO eu vou!
- OK meu amor! Tudo bem!
- Nas sextas-feiras eu tenho um compromisso quase profissional: Eu saio para tomar cerveja com o pessoal do escritório. É o lado social do nosso trabalho... você sabe como é! Eu já faço isso há anos... Não vai nenhuma mulher e COM CASAMENTO ou SEM CASAMENTO eu vou!
- OK meu amor! Tudo bem!
- Poxa! Que bom que você entendeu tudo direitinho! Encontrei a mulher certa! A minha turma vai ficar morrendo de inveja da minha sorte! Vamos nos dar muito bem, querida....

Aí foi quando ela fez um aparte...
- Espere um pouquinho meu amor! Eu também tenho regras, que eu quero continuar seguindo, é apenas uma e depende muito de você:
- E qual é, meu amor?

- Toda noite eu transo! COM MARIDO ou SEM MARIDO!

Feriados legais (e imorais)


Quando ingressei na Justiça Federal, há mais de 10 anos, fiquei surpreso ao saber que meu trabalho doravante se sujeitaria a um novo calendário, com dias e até semanas de paralisação remunerada, em total contradição com o desejo do povo de que a Justiça, se está condenada a ser morosa, ao menos não fique literalmente "parada".

De 20 de dezembro a 06 de janeiro, inclusive, a Justiça Federal não funciona: é o chamado "recesso". Recesso para quê? Para orar ou para meditar? No Carnaval, enquanto os simples mortais caem na folia na terça-feira, a Justiça Federal já se abraça com Momo desde a segunda-feira. Na Semana Santa, enquanto o cidadão comum fica de folga na sexta-feira Santa para cumprir suas obrigações religiosas, desembargadores federais, juízes federais e servidores abstém-se de trabalhar a partir da quarta-feira – certamente porque têm mais obrigações religiosas a cumprir... A lista segue: a Justiça Federal também cultua mais os mortos, pois já pára um dia antes de Finados. Tudo isso além dos feriados nacionais, estaduais e municipais.

Como até hoje não vi nossos dirigentes se mexerem para pôr fim a esse abuso, que pôe em dúvida a operosidade da Justiça Federal perante o seu patrão – o povo -, nem há espaço interino para a crítica, sinto-me no dever de deflagrar a discussão pública do tema. Quebrar o silêncio é o começo de qualquer mudança. Os dirigentes dirão: "estamos de mãos amarradas"; temos de cumprir o artigo 62 da Lei 5.010 de 1966, que nos impinge tantos feriados absurdos; "dura lex sed lex" etc, etc.

Sou um modesto juiz, de poucas luzes, mas ouso discordar da resposta. Há na Constituição Federal o "princípio da moralidade administrativa" (artigo 37) pelo qual as condutas da administração pública que sejam imorais ("alguém duvida da imoralidade destas paralisações remuneradas?), ainda que vestidas de roupagem legal, são inconstitucionais. E o que é inconstitucional ninguém obriga. Menos ainda o Judiciário, cuja missão primeira é fazer respeitar a Constituição. Basta coragem e iniciativa para mudar ("querer é poder"). O povo, nosso patrão, aguardará as providências mas não eternamente. Paciência tem limites.

Rômulo Pizzolatti – Juiz Federal no RS

*Artigo Publicado no Jornal Pioneiro (Grupo RBS) de Caxias do Sul no dia 14 de fevereiro de 2002

"Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!"
"Quando algo se transforma em um direito é porque já está completamente perdido..."

Baudrilhard

quarta-feira, 19 de março de 2008


A Semana Santa que o mundo precisa


Celebrar a Semana Santa é celebrar a vida, a vitória para sempre.

O maior acontecimento da história da humanidade é a Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem. Nada neste mundo supera a grandiosidade desse acontecimento. Os grandes homens e as grandes mulheres – sobretudo os Santos e Santas – se debruçaram sobre esse acontecimento e dele tiraram a razão de ser de suas vidas.

Depois da Encarnação e Morte cruel de Jesus na Cruz, ninguém mais tem o direito de duvidar do amor de Deus pela humanidade. Disse o próprio Jesus que “Deus amou a tal ponto o mundo que deu o seu Filho Único para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna” (João 3, 16).

São Paulo explica a grandeza desse amor de Deus por nós com as seguintes palavras aos romanos: “Mas eis aqui uma prova brilhante de amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós... Se, quando éramos ainda inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, com muito mais razão, estando já reconciliados, seremos salvos por sua vida” (Romanos 5,8-10).

Cristo veio a este mundo para nos salvar, para morrer por nós. Deus, humanizado, morreu por nós. O que mais poderíamos exigir do Senhor para demonstrar a nós o seu amor? Sem isso, a humanidade estaria definitivamente longe de Deus por toda a eternidade, vivendo o inferno, a separação de Deus. Por quê? Porque o homem pecou e peca desde os nossos primeiros antepassados; e o pecado é uma ofensa grave a Deus, uma desobediência às suas santas Leis, a qual rompe nossa comunhão com Ele. Por isso, diante da Justiça de Deus, somente uma reparação de valor infinito poderia reparar essa ofensa da humanidade ao Senhor. E, como não havia um homem sequer capaz de reparar, com o seu sacrifício, essa ofensa infinita a Ele, então, o próprio Deus – na Pessoa do Verbo – veio realizar essa missão.

Não pense que Deus seja malvado e que exige o sacrifício cruento do Seu Filho na Cruz por mero deleite ou para se vingar da humanidade. Não, não se trata disso. Acontece que Deus é Amor, mas também é Justiça. O Amor é Justo. Quem erra deve reparar o seu erro; mesmo humanamente exigimos isso; esta lei só não existe entre os animais. Então, como a humanidade prevaricou contra Deus, ela tinha de reparar essa ofensa não simplesmente a Ele, mas à justiça divina sob a qual este mundo foi erigido. Sabemos que no Juízo Final Deus fará toda justiça com cada um; e cada injustiça da qual fomos vítimas também será reparada no Dia do Juízo.

Nisso vemos o quanto Deus ama, valoriza, respeita o homem. O Verbo Divino se apresentou diante do Pai e se ofereceu para salvar a sua mais bela criatura, gerada “à sua imagem e semelhança” (Gênesis 1, 26).

A Carta aos Hebreus explica bem este fato transcendente: "Eis por que, ao entrar no mundo, Cristo diz: Não quiseste sacrifício nem oblação, mas me formaste um corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então eu disse: 'Eis que venho (porque é de mim que está escrito no rolo do livro), venho, ó Deus, para fazer a tua vontade' (Sl 39,7ss). Disse primeiro: Tu não quiseste, tu não recebeste com agrado os sacrifícios nem as ofertas, nem os holocaustos, nem as vítimas pelo pecado (quer dizer, as imolações legais). Em seguida, ajuntou: Eis que venho para fazer a tua vontade. Assim, aboliu o antigo regime e estabeleceu uma nova economia. Foi em virtude desta vontade de Deus que temos sido santificados uma vez para sempre, pela oblação do corpo de Jesus Cristo.Enquanto todo sacerdote se ocupa diariamente com o seu ministério e repete inúmeras vezes os mesmos sacrifícios que, todavia, não conseguem apagar os pecados, Cristo ofereceu pelos pecados um único sacrifício e logo em seguida tomou lugar para sempre à direita de Deus" (Hebreus 10,5-10).

A Semana Santa celebra todos os anos este acontecimento inefável: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo para a salvação da humanidade; para o resgate desta das mãos do demônio, e a sua transferência para o mundo da luz, para a liberdade dos filhos de Deus. Estávamos todos cativos do demônio, que no Paraíso tomou posse da humanidade pelo pecado. E com o pecado veio a morte (cf. Rom 6,23).

Mas agora Jesus nos libertou; "pagou o preço do nosso resgate". Disse São Paulo: "Sepultados com ele no batismo, com ele também ressuscitastes por vossa fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos. Mortos pelos vossos pecados e pela incircuncisão da vossa carne, chamou-vos novamente à vida em companhia com ele. É ele que nos perdoou todos os pecados, cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz. Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao ridículo, triunfando deles pela cruz" (Col 2, 12-14).

Quando fomos batizados, aplicou-se a cada um de nós os efeitos da Morte e Ressurreição de Cristo; a pia batismal é portanto o túmulo do nosso homem velho e o berço do nosso homem novo que vive para Deus e sua justiça. É por isso que na Vigília Pascal, do Sábado Santo, renovamos as promessas do Batismo.

O cristão, que entendeu tudo isso, celebra a Semana Santa com grande alegria e recebe muitas graças. Por outro lado, aqueles que fogem para as praias e os passeios, fazendo dela apenas um grande feriado, é porque ainda não entenderam a grandeza dessa data sagrada e não experimentaram ainda suas graças. Ajudemos essas pessoas a conhecerem tão grande mistério de amor!

O cristão católico, convicto, celebra com alegria cada função litúrgica do Tríduo Pascal e da Páscoa. Toda a Quaresma nos prepara para celebrar com as disposições necessárias a Semana Santa. Ela inicia-se com a celebração da entrada de Jesus em Jerusalém (Domingo de Ramos). O povo simples e fervoroso aclama Jesus como Salvador. E grita: "Hosana!"; "Salva-nos!" Ele é o Redentor do homem. Nós também precisamos proclamar que Ele – e só Ele – é o nosso Salvador (cf. At 4,12).

Na Missa dos Santos Óleos a Igreja celebra a Instituição do Sacramento da Ordem e a bênção dos santos óleos do Batismo, da Crisma e da Unção dos Enfermos. Na Missa do Lava-Pés, na noite da Quinta-Feira Santa, a Igreja celebra a Última Ceia de Jesus com os Apóstolos, na qual o Senhor instituiu a sagrada Eucaristia e lhes deu as últimas orientações.

Na Sexta-Feira Santa a Igreja guarda o Grande Silêncio diante da celebração da Morte do seu Senhor. Às três horas da tarde é celebrada a Paixão e Morte do Senhor. Em seguida há a Procissão do Senhor morto por cada um de nós. Cristo não está morto nem morre outra vez, mas celebrar a sua Morte é participar dos frutos da Redenção.

Na Vigília Pascal a Igreja canta o “Exultet”, o canto da Páscoa, a celebração da Ressurreição do Senhor, que venceu a morte, a dor, o inferno, o pecado. É o canto da Vitória. "Ó morte onde está o teu aguilhão?"

A vitória de Cristo é a vitória de cada um de nós que morreu com Ele no Batismo e ressuscitou para a vida permanente em Deus; agora e na eternidade.

Celebrar a Semana Santa é celebrar a vida, a vitória para sempre. É recomeçar uma vida nova, longe do pecado e em comunhão mais intima com Deus. Diante de um mundo carente de esperança, que desanima da vida porque não conhece a sua beleza, celebrar a Semana Santa é fortalecer a esperança que dá a vida. O Papa Bento XVI disse – em sua Encíclica "Spe Salvi" – que sem Deus não há esperança; e sem esperança não há vida.

Esta é a Semana Santa que o mundo precisa celebrar para vencer seus males, suas tristezas, suas desesperanças.


Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com


Prof. Felipe Aquino, casado, 5 fihos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de Aprofundamentos no país e no exterior, já escreveu 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Conheça mais em www.cleofas.com.br

Intolerância na China


terça-feira, 18 de março de 2008

Dia Mundial das Águas


"E Deus disse: "Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele uma das outras". Deus fez o firmamento e separou as águas que estão debaixo do firmamento daquelas que estão por cima. E assim se fez. Deus chamou o firmamento de CÉUS. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o segundo dia.

Deus disse: "Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num mesmo lugar, e apareça o elemento árido". E assim se fez. Deus chamou ao elemento árido TERRA, e ao ajuntamento das águas MAR. E Deus viu que isto era bom.

(...)

Deus disse: "Pululem as águas de uma multidão de seres vivos (...) e Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie..."


- E Deus criou o homem, o resto da história a gente já sabe onde vai desaguar!

Salmo 14 - Castigo da Corrupção Geral


"Diz o insensato em seu coração: "Não há Deus". Corrompem-se, cometem
abominações; não há quem faça o bem. Do céu, o senhor observa os filhos dos
homens para verificar se há algum sensato, se alguém busca a Deus. Todos
igualmente se extraviam e se corrompem; não há quem faça o bem, nenhum
sequer. Acaso nenhum desses malfeitores toma consciência ? Devorando seu
pão, eles comem meu povo, sem defrontar-se com o Senhor. Eis que serão
tomados de terror, porque Deus está com a geração dos justos. Quereis
confundir o intento do desvalido, quando o Senhor é seu refúgio ? Queira
Deus que de Sião venha a salvação de Israel! Quando o Senhor acabar com o
cativeiro de seu povo, Jacó exultará, Israel se alegrará."

A Sexta Santa tem relação com a Quarta de Cinzas?


Datas especiais

Shrove Tuesday (um dia antes da Quaresma)
Se você mora fora do Reino Unido, provavelmente nunca ouviu falar do Shrove Tuesday (um dia antes da Quaresma). Mas você pode conhecê-lo por outro nome, Mardi Gras. A palavra em inglês "shrove" vem de "shrive", significando "a confissões dos pecados", em preparação para a Quaresma.

Quarta-feira de Cinzas
A Quarta-feira de Cinzas é um dia de jejum, cujo nome vem do hábito de espalhar cinzas sobre aqueles que estão empenhados em cumprir o jejum da Quaresma. Aqueles desejosos de receber o sacramento da penitência são conhecidos como "penitentes". Usam roupas de luto e exige-se que permaneçam afastados da comunidade cristã até a Quinta-feira Santa. Essa prática caiu no desuso durante os séculos VIII, IX e X, quando o começo da Quaresma era simbolizado pela colocação das cinzas nas cabeças de toda a congregação.

Hoje, alguns cristãos colocam uma cruz na testa feita com cinzas. Normalmente as cinzas são feitas de folhas de palmeiras bentas no ano anterior e ungidas com água benta antes de serem usadas.

Quaresma
O nome Lent (Quaresma) vem do Middle English lenten, significando "início". A quaresma significa 40 dias de jejum, em imitação ao jejum de Jesus Cristo após seu batismo (a Epifania). A quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas, 46 dias antes do domingo de Páscoa. *Porque são dias celebrativos, em nome da Ressurreição, os seis domingos que ocorrem durante o período da Quaresma não são contados como parte do rito de 40 dias.

Domingo de Ramos
O Domingo de Ramos é o sexto e último domingo da Quaresma. Em muitas igrejas, é o começo da Semana Santa, uma semana de cerimônias que culmina no domingo de Páscoa. O Domingo de Ramos ocorre uma semana antes da Páscoa e marca a entrada de Jesus em Jerusalém, quando seus defensores agitavam ramos para celebrar sua chegada. Hoje muitas pessoas usam as cinzas dos ramos usados no Domingo de Ramos do ano anterior para marcar uma cruz na testa dos penitentes na Quarta-feira de Cinzas.

Quinta-feira Santa
A palavra em inglês "maundy" (santa) pode ter vindo de cesto de maund (ou mand) usado pelos pescadores nos condados de Norfolk e Suffolk. Séculos atrás, havia uma feira que acontecia nesse dia em Norwich (Norfolk), em que os vendedores negociavam cavalos, gado e mercadorias em geral. Alguns dos pescadores trouxeram as cestas cheias de itens para vender, incluindo peixe. Roupas e chapéus foram vendidos, já que era costume comprar uma peça de roupa nova para o Domingo de Páscoa.

Quinta-feira Santa pode também ter vindo da palavra latina mandatum, significando "mandamento", como nas palavras de Jesus na Bíblia:

"Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros". (João 13:34, NT)
Muitas cerimônias da Quinta-feira Santa começam com estas palavras.

Sexta-feira da Paixão
A sexta anterior à Páscoa é chamada de Sexta-feira da Paixão e representa a crucificação de Cristo. Os cristão crêem que a morte de Jesus Cristo na cruz tornou-lhes possível ficar em paz com Deus. Eles queriam celebrar sua paz em vez de observar a Sexta como um dia de pranto ou tristeza.

O nome também pode ter derivado de Dia do Senhor, já que nos primeiros dois séculos, a palavra "bom" somente era usada como descrição de Deus. Os saxões e os dinamarqueses chamam esse dia de Long Friday e a Sexta-feira da Paixão em holandês é Langfreday.


Fonte
Uol.com.br

Nova versão sobre crucificação de Cristo gera polêmica na Igreja Católica


Um século antes de Cristo, os romanos já crucificavam os acusados de certos crimes. A representação clássica de um dos maiores símbolos da fé cristã vem do evangelho de João: Cristo pregado à cruz - os braços estendidos, as mãos cravadas, e os pés no sédile - apoio usado pelos romanos que prolongava por dias a vida e o sofrimento do condenado.

Para a emissora britânica BBC, Cristo foi crucificado em posição quase fetal. Os cravos atravessaram os antebraços, não as mãos, e o apoio foi colocado um pouco acima, para que o peso não recaísse todo sobre os pés. Assim, a tensão do corpo no abdômen e no peito corta a respiração. Cristo teria morrido por asfixia.

A Igreja Católica acusa a BBC de reescrever a bíblia. Já os britânicos dizem que apenas retrataram o que os arqueólogos já sabiam.


Fonte:
Globo.com

segunda-feira, 17 de março de 2008

BBB 2008

Aí está a explicação para um investimento tão alto da Globo...

Você tem a sensação de que o Brasil está ficando burro? Pois eu, sim!
Muito bem. Foi disso que lembrei quando, dia desses, um amigo me encaminhou um texto de autoria de Roberto Reccinella , que dizia: "Na última terça-feira, a Rede Globo recebeu 29 milhões de ligações votando em algum candidato para ser eliminado do Big Brother.

Vamos colocar o preço da ligação do 0300 a R$ 0,30. Então, teremos R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito milhões e setecentos mil reais que o povo brasileiro gastou só nesse paredão. Suponhamos que a Rede Globo tenha feito um contrato 'fifty to fifty' com a operadora do 0300, ou seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00.

Repito, somente em um único paredão...".

Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a operadora de telefonia ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, ajudam a pagar o prêmio do vencedor e, claro, as contas dessas empresas. Mas o "x" da questão, caro(a) leitor(a), não é esse. É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta; mostra só a ignorância da população, além da falta de cultura e até vocabulário básico dos participantes e, conseqüentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.

Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações. Aliás, algo muito natural para quem gasta mais de oito milhões numa só noite! Coisa de país rico como o nosso, claro.

Nem oUnicef, quando faz o programa Criança Esperança com um forte cunho social, arrecada tanto dinheiro. Vai ver deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas tenho dúvidas se daria audiência. Prova disso é que na Inglaterra pensou-se em fazer um Big Brother só com gente inteligente. O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência. A razão? O nível das conversas diárias foi considerado muito alto ou seja, o público não se interessaria.

Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição. Que simplesmente anula seu voto por não acreditar mais nos políticos deste País, mas que gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade para o seu desenvolvimento pessoal. Que vota numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que não perde um capítulo sequer do BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto.

Que eleitor é esse? Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc. Quem os colocou lá? Claro, o mesmo eleitor do BBB. Aí, agüente a vitória de um não-sei-das-quantas para Presidente da Câmara dos Deputados e a cara de pau, digo, a grande idéia dele de colocar em votação um aumento salarial absurdo a ser pago pelo contribuinte.

Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições financeiras de juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se divertir (?!?!), ao invés de comprar um livro de literatura, filosofia ou de qualquer assunto relevante para melhorar a articulação e a auto-crítica... Chega de buscar explicações sociais, coloniais, educacionais. Chega de culpar a elite, os políticos, o Congresso. Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o do Brasil. Chega de procurar desculpas quando a resposta está em nós mesmos. A Rede Globo sabe muito bem disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde do Tigrão e assemelhadas sabem muito bem disso; o Gugu e o Faustão também; os gurus e xamãs da auto-ajuda idem.

Não é maldade nem desabafo não, é constatação.


BBB - Big Brother Brasil
Jose Neumani Pinto
Radio Jovem Pan

Precisa dizer alguma coisa?


Rainer Maria Rilke


“Para escrever um simples verso, não basta lembrar-se do passado. É preciso saber esquecer, e ter paciência para esperar até que estas lembranças retornem novamente”.

“Porque um verso não é feito de memórias. Ele transforma-se em nosso sangue, e se confunde com a própria existência. Só então chega o momento mágico quando nasce a primeira palavra, e ela traz consigo o verdadeiro poema”.

sábado, 15 de março de 2008

É proibido viajar


A modernidade, que começou com a livre circulação, acaba proibindo a viagem

No episódio dos jovens pesquisadores brasileiros barrados em Madri, as autoridades espanholas agiram como se o cônsul-geral do Brasil contasse lorotas para facilitar o trânsito de imigrantes ilegais. O desrespeito justifica a "retaliação" brasileira.

No mais, a cada dia, as fronteiras do mundo (não só do primeiro) barram alguém que tenta viajar, sobretudo se for jovem, solteiro e sem as aparências de uma "vida feita".

Ao atravessar uma fronteira, o passaporte prova que estamos em paz com a Justiça de nosso país. As outras nações devem decidir se somos hóspedes desejáveis. Nas últimas décadas, as "condições" para ser desejável se multiplicaram. Hoje, no caso da Espanha: 1) 70 por dia de permanência planejada; 2) passagem de volta marcada; 3) reserva de hotel, já pago; 4) para quem se hospedar com parentes, formulário preenchido pelos mesmos; 5) quem se desloca para trabalhar deve dispor de um contrato assinado. Normas muito parecidas valem na maioria dos países.

O escândalo é que essas condições podem nos parecer "aceitáveis". Afinal, qualquer Estado quer proteger o emprego de seus cidadãos impedindo a chegada de imigrantes não-autorizados, não é? Pois é, Michel Foucault é mesmo o pensador para os nossos tempos: o sistema social e produtivo dominante ordena nossas vidas furtivamente, convencendo-nos de que não há opressão, mas apenas necessidades "racionais". Se achamos essas regras "aceitáveis", é porque já adotamos a idéia de que, no nosso mundo, só é legítimo ter moradia fixa e profissão estável.

As pessoas com moradia fixa podem, quando elas dispõem dos meios necessários, adquirir uma passagem de ida e volta e sair de seu lar seguindo um programa pré-estabelecido -ou seja, podem ser, ocasionalmente, turistas.

Escárnio: prefere-se que os turistas sejam otários, pagando de antemão. Há uma pousada melhor da que estava prevista? Você quer encurtar a viagem? Pena, você já pagou. Mas isso é o de menos. Importa o seguinte. A modernidade, que começou com a circulação (livre ou forçada) de todos os agentes econômicos, acaba parindo, nem mais nem menos, a proibição da viagem. Como assim? Pois é, viajar não tem nada a ver com férias num resort ou com ser transportado de cidade em cidade para que os cicerones nos mostrem as coisas "memoráveis".

Para começar, viajar é usar uma passagem só de ida.

- Quanto tempo você vai ficar?
- Não faço a menor idéia. Um dia? Três meses? Um ano?
- E você vai para onde?
- Não sei. Talvez eu curta uma pequena enseada, alugue um quarto numa casa de pescadores e fique comendo caranguejos com os pés na areia. Talvez, já no avião ou pelas ruas de Barcelona, eu me apaixone por uma holandesa, um russo ou uma argelina e os siga até o país deles, por uma semana ou um mês.

Se a paixão durar, ficarei por lá.
- E o dinheiro?
- Não sei, meu amigo. Toco violão, posso ganhar um trocado numa esquina ou no metrô. Também posso lavar pratos, ajudar na colheita, cortar lenha, lavar carros e vender pulôveres. E, se a coisa apertar, tenho endereços de parentes e conhecidos que nem sabem que estou viajando, mas não me recusarão uma sopa e um banho quente. Além disso, em Paris, quando fecha o mercado da rua Saint Antoine, sobram na calçada as frutas e as saladas que não foram vendidas; em São Paulo, Londres e Nova York, conheço dezenas de igrejas que oferecem um pão com manteiga; em Varanasi, ao meio dia, distribuem riso com curry e carne aos peregrinos.

Cem anos depois da invenção do passaporte com fotografia, chegamos nisto: uma ordem que só permite se movimentar para consumir férias ou para se relocar segundo os imperativos da produção.

As regras que barram o viajante expressam nossa própria miséria coletiva: perdemos de vez o sentimento de que a vida é uma aventura. Preferimos a vida feita à vida para fazer.

Para quem quiser ler sobre a história da documentação de viagem, uma sugestão: "Invention of the Passport: Surveillance, Citizenship and the State" (invenção do passaporte: vigilância, cidadania e o Estado), de Torpey, Chanuk e Arup (Cambridge University Press).

Para quem quiser viajar, outra sugestão: a mentira, num mundo opressivo, é uma forma aceitável de resistência.

CONTARDO CALLIGARIS

Livros para a liberdade


Como autor de um projeto solitário chamado LIVROS PARA A LIBERDADE, que tem o objetivo de levar o mundo da leitura para os presídios, coloquei a disposição dos presidiários de nossa biblioteca,cerca de setenta livros diversos e mais de uma centena de revistas Sentinelas e Despertai,cuja tiragem global ultrapessa os milhões em todo o mundo, com a certeza de que alguem tem que fazer alguma coisa,já que neste país, que se dizem cristãos, não existe praticamente nenhuma política pública nacional efetiva para a recuperação de detentos, . É justamente a este brasileiro anônimo que faço aqui a minha homenagem,pois mesmo sem estar nos palácios de mármore dos nossos "três poderes" ,teve a sensibilidade dos anjos,de entender que ,ter acesso a leitura é como ter acesso a asas, ...as asas do conhecimento...que podem nos levar para qualquer lugar.


Dagvan Formiga
P.S. Velho Lobo, hoje quem comenta sou eu: quisera esse país tem o espírito de liberdade pela educação que você tão bem adotou em seu solitário projeto. Mas creia, uma andorinha sozinha faz verão sim! Parabéns pelo seu idealismo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

A biblioteca do pedreiro

Por Francisco Chagas

Desde que salvou do lixo algumas dezenas de livros, descartados por uma viúva, o pedreiro Evando dos Santos faz da literatura uma causa. Dez anos depois, mais de 40 mil livros entopem sua varanda, sala, cozinha, quarto – e sua casa virou a Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Meneses, em Vila da Penha, zona norte do Rio. Seu sonho de construir um prédio moderno para a biblioteca acabou conquistando adeptos. O centenário arquiteto Oscar Niemeyer fez o projeto, o BNDES financiou a construção e o prédio está pronto. O acervo tem de didáticos a raridades, como um Sobrados e Mocambos, de Gilberto Freyre (de 1958), ou um Estudos Alemães, de Tobias Barreto (de 1888), “marco do realismo brasileiro”, ensina. “Dê o livro para um brasileiro pegar, cheirar, sentir, e verá como ele se apaixona.”

Evando mudou-se de Sergipe para o Rio aos 16 anos. Analfabeto, tomou contato com as letras por intermédio do conterrâneo Dernival Pereira, colega mais velho de obra, que no horário de almoço lia e explicava obras de Machado de Assis, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Shakespeare. “Sou eternamente grato”, diz. A predileção é pela obra de Tobias Barreto (1839-1889), filósofo e poeta sergipano, patrono da cadeira número 38 da Academia Brasileira de Letras. Evando sonha agora em ativar ali também uma faculdade. Só não tem, ainda, de onde tirar os cerca de 4 mil reais mensais que acredita bastarem para a manutenção da instituição. Para oferecer cursos de literatura, inglês, italiano, fotografia, latim, espanhol e tupi-guarani, conta com voluntários. E que vingue uma campanha para receber doações.

P.S. Essa é uma daquelas noticias que nos emociona. Um homem simples, um homem do povo, sem estudo, sem "berço de ouro", sem sobrenome importante e, no entanto, munido de uma fome de cultura e conhecimento incomum para gente de seu padrão.
Conheço dezenas de secundaristas que jamais leram um livro sequer em toda a sua história de estudante, outros, nunca leram nada em sua vida, alguns leram, mas foram incapazes de entender o que estava escrito.
São os "Zés", "Evandros" e "Marias" dessa nação que ainda me faz alimentar o sonho de ver o Brasil um país formado essencialmente por leitores.

Terra

Considero a canção "Terra" um dos mais belos poemas já produzidos por Caetano Veloso.
Tenho sérias preocupações que em um amanhã não muito distante tudo o que resta da nossa imensa casa, queira Deus não seja apenas a poesia emblemática daquilo que um dia foi a terra.

"Quando eu me encontrava preso
na cela de uma cadeia foi que eu vi pela primeira vez
as tais fotografias em que apareces inteira
porém lá não estavas nua
e sim coberta de nuvens...

Terra, terra...
por mais distante, o errante navegante,
quem jamais te esqueceria!

Ninguém suponha a morena
dentro da estrela azulada
na vertigem do cinema
mando um abraço pra ti
pequenina como se eu fosse
o saudoso poeta e fosses a Paraíba.

Terra, terra...
por mais mais distante, o errante navegante,
quem jamais te esqueceria!

Eu estou apaixonado
por uma menina terra
signo de elemento terra
do mar se diz terra a vista
terra pá ou pé firmeza
terra para mão carícia
outros astros lhe são guia.

Terra, terra...
por mais distante, o errante navegante,
quem jamais te esqueceria!

Eu sou um leão de fogo
sem te me consumiria
a mim mesmo eternamente
e de nada valeria
acontecer de eu ser gente
e gente é outra alegria,
diferente das estrelas.

Terra, terra...
por mais distante, o errante navegante,
quem jamais te esqueceria!

De onde nem tempo nem espaço
que a força mãe de coragem
pra gente gente te dar carinho
durante toda a viagem
que realizas no nada
através do qual carregas
o nome da tua carne.

Terra, terra...
por mais distante, o errante navegante,
quem jamais te esqueceria!
Nas sacadas dos sobrado
da velha são salvador
a lembranças de donzelas
do tempo do imperador
tudo, tudo na Bahia
faz a ti te querer bem
A Bahia tem um jeito...
Terra, terra...
por mais distante, o errante navegante,
quem jamais te esqueceria!


Poluição diminue velocidade de espermatozóides


"Pesquisadores da Universidade de Pisa analisaram 10 mil homens durante 30 anos e verificaram que houve uma diminuição no número de espermatozóides, principalmente entre os que vivem em grandes centros urbanos e zonas mais poluídas.

O estudo foi realizado pelo Departamento de Andrologia da universidade, que examinou homens jovens e saudáveis, com idade média de 29 anos, de varias regiões da Itália.

De acordo com a pesquisa, a quantidade de espermatozóides contidos em 1 mililitro de esperma diminuiu nos últimos 30 anos, passando de 71 milhões para 60 milhões.

Os cientistas verificaram também que na década de 70, 50% dos espermatozóides se movimentavam com rapidez. Trinta anos depois, esse percentual caiu para 32%.

"Essas diminuições não querem dizer que os homens ficaram estéreis, significa que a fertilidade deles corre maiores perigos", disse à BBC Brasil o coordenador do estudo, professor Fabrizio Menchini Fabris.

"Isso é preocupante e tem repercussão na capacidade de fecundar, mas não sabemos em que percentual", disse Fabris. "Ainda que tenham diminuído, os índices médios nacionais em homens saudáveis estão acima do nível patológico, segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde."

Velocidade de locomoção

O estudo mostrou que há uma relação entre fertilidade e poluentes ambientais. Em cidades grandes e poluídas como Milão, Roma e Nápoles, por exemplo, os homens correm mais riscos de diminuir a própria fertilidade do que os moradores de cidades pequenas.

"Nos grandes centros urbanos, em áreas poluídas por lixo industrial ou algumas zonas agrícolas onde usam pesticidas na agricultura, os espermatozóides são 20% menos velozes do que em cidades pequenas", informou o coordenador da pesquisa, que será apresentada em setembro durante um congresso internacional de andrologia.

Segundo o professor Fabris, em cidades grandes, a produção de espermatozóides anômalos é 15% maior do que em cidades pequenas.

"A ligação entre infertilidade e poluição foi tratada por diversos estudos científicos. Nossos dados evidenciam a relação entre poluição e mobilidade dos espermatozóides. Maior poluição, menos mobilidade e mais anomalias", explicou Fabris.

Com base nos dados da pesquisa, os italianos que moram em Nápoles, uma das cidades mais poluídas da Itália, têm espermatozóides 15% menos rápidos e saudáveis.

Entre os habitantes de Milão e de Roma, essa taxa é de 13% e 10%, respectivamente.

"Vivemos num mundo não favorável aos nossos espermatozóides. Eles estão alojados na parte externa do corpo, justamente porque a temperatura é mais baixa do que na parte interna. O aumento da temperatura e a poluição podem ter grande influência e alterar seus componentes".

De acordo com a avaliação dos pesquisadores, em cidades com menos de 20 mil habitantes, os espermatozóides têm 14% mais chances de fecundar um óvulo.

Espécie

A influência dos poluentes na capacidade reprodutiva masculina também foi estudada pelo professor Paolo Morcarelli, da Universidade Bicocca de Milão. Ele analisou os efeitos da dioxina na redução da quantidade de espermatozóides, em alguns habitantes de Seveso.

Em 1976, um acidente numa indústria química na cidade de Seveso, próxima a Milão, provocou a emissão de uma nuvem tóxica contendo dioxina.

A vegetação ao redor morreu em poucos minutos e os efeitos sobre a saúde das pessoas estão sendo estudados até hoje.

Há 20 anos o professor Morcarelli analisa o aparato reprodutivo de 135 habitantes da cidade.

Ele descobriu que os homens que tinham menos de 10 anos de idade na época do acidente, hoje são menos férteis porque seus espermatozóides são 40% menos rápidos comparando com os de quem não esteve exposto à dioxina.

"A dioxina e os poluentes que agem da mesma forma, como os policlorobifenis, interferem no equilíbrio hormonal, sobretudo em crianças pequenas", disse ele ao jornal "Corriere della Sera".

A redução da capacidade reprodutiva do homem é uma realidade a nível mundial, segundo o professor de Pisa.

"Admitir que o homem não é perfeito é difícil, mas é um problema comum a todos os homens do mundo. Ou nos decidimos a defender o aparato reprodutivo masculino ou vamos acabar como os dinossauros e desaparecer como espécie."


Fonte: Uol
Assimina Vlahou
De Roma para a BBC Brasil