A voracidade do progresso é algo mesmo inevitável principalmente para aqueles jurassicos como eu, nascido e criado nos cafundós da Paraíba. As inovações e os avanços tecnológicos andam a passos largos e quando a gente menos espera, eles batem à sua porta. Nada contra o crescimento e a valoração das descobertas, mas o que anda acontecendo nesse mundo velho de meu Deus é de vaca desconhecer bezerro. Desmatamento moral, congelamento das relações humanas, assoriamento de princípios religiosos, extinção do respeito ao próximo e sinal vermelho em alerta na educação. Não tem jeito mesmo. Vou ser varrido do mapa. A internet, o iPod, o MP4, o notebook vão me extinguir e não tem Ibama que me acuda.
Nada contra a modernidade, mas é que tudo está acontecendo muito rápido, trazendo mudanças e um rosário de desassossego junto.
Ouvi dizer que o meu velho e bom rádio Wansat vai ter sofrer alguns “ajustes” se quiser continuar vivo me informando as horas e as notícias. Vai transmitir agora em alta definição com sinal digitalizado. Nem sei o que é isso mas deve ser algo como “ganhar válvulas novas”.
É como dizia meu Padim Ciço: “A roda grande agora vai moer dentro da miuda”. –Já tá moendo meu Padim, já tá moendo!
E por falar em Padim Ciço, um de meus afilhados que ainda me tomam a benção com uma mão e com a outra me faz um pedido apresentou-me, na versão dele, uma pequena lista de materiais escolares necessários a sua alfabetização que tive o cuidado de correr os olhos observar no pedido nada mais nada menos que mais de 20 itens, dentre eles, 10 lápis grafite, toalha, sabonete, papel higiênico, escova de dentes, 400 folhas de papel, tesoura, classificadores, copo plástico, dois cadernos pequenos e por aí vai.
A princípio pensei que se tratasse de algum pedido de algum hotel ou hospedaria, mas não, era material escolar mesmo embora não tenha sido pedido nenhum livro infantil, nenhuma história clássica, nada.
É amigos. Estou mesmo em extinção. Na minha época ( e não faz muito tempo não) não havia lista alguma, nem alfabetização existia. O aluno frequentava o primeiro ano fraco e depois o primeiro ano forte e duas coisas apenas deviam constar na nossa bolsa: uma tabuada e a cartilha do abc, além de caderno e um lápis grafite. Nada mais.
Com essa fartura de material tínhamos aulas memoráveis e sabíamos a tabuada e a cartilha de cor e salteado, até porque se assim não fosse nossas mãos beijavam o rosto duro de uma palmatória feita de cumaru manejada com tamanha habilidade pela professora que era de dar inveja a Clint Eastwood e seu colt 45.
O quadro negro (hoje chama-se lousa) era escrito com giz e o apagador uma esponja esverdeada surrada pelo tempo. Recursos didáticos esses que nos faziam doutores quando lembravámos da palmatória.
A danada da palmatória era tão eficiente em seu ofício que havia até um ranking, criado pelos alunos, para classificar qual das professoras melhor utilizava e manuseava aquele recurso pedogógico. A professora Marinheira, claro, ganhava em todos os quesitos: habilidade, destreza, força no braço e pontaria. Tão logo errávamos a lição ela entrava em cena parecendo o Rambo. Não errava uma. Depois, em segundo lugar, vinha o professor Guimarães, que além de lecionar também era mágico. Com a palmatória na mão fazia o alunado tirar leite de pedra soletrando até o insoletrável.
E quando tinha algum aluno que ainda que tinha sido “batizado” pela madeira de lei, se tomava a tabuada de trás para frente. Qualquer vacilo era fatal, para as mãos do aluno, claro!
Passar de série era quase uma missão durante os longos meses do ano. Queríamos na verdade era fugir do madeirame.
Da lista de minha afilhada não continha a necessidade de uma cartilha do abc nem de tabuada, talvez o progresso os tenha suprimido das exigências escolares, mas não da nossa lembrança.
Porém, se a metodologia era certa ou errada, agora pouco importa. Mas uma coisa hoje é indúbitavel: aquela palmatória formou muitos médicos, advogados, engenheiros e, acredite, até professores.
Nada contra a modernidade, mas é que tudo está acontecendo muito rápido, trazendo mudanças e um rosário de desassossego junto.
Ouvi dizer que o meu velho e bom rádio Wansat vai ter sofrer alguns “ajustes” se quiser continuar vivo me informando as horas e as notícias. Vai transmitir agora em alta definição com sinal digitalizado. Nem sei o que é isso mas deve ser algo como “ganhar válvulas novas”.
É como dizia meu Padim Ciço: “A roda grande agora vai moer dentro da miuda”. –Já tá moendo meu Padim, já tá moendo!
E por falar em Padim Ciço, um de meus afilhados que ainda me tomam a benção com uma mão e com a outra me faz um pedido apresentou-me, na versão dele, uma pequena lista de materiais escolares necessários a sua alfabetização que tive o cuidado de correr os olhos observar no pedido nada mais nada menos que mais de 20 itens, dentre eles, 10 lápis grafite, toalha, sabonete, papel higiênico, escova de dentes, 400 folhas de papel, tesoura, classificadores, copo plástico, dois cadernos pequenos e por aí vai.
A princípio pensei que se tratasse de algum pedido de algum hotel ou hospedaria, mas não, era material escolar mesmo embora não tenha sido pedido nenhum livro infantil, nenhuma história clássica, nada.
É amigos. Estou mesmo em extinção. Na minha época ( e não faz muito tempo não) não havia lista alguma, nem alfabetização existia. O aluno frequentava o primeiro ano fraco e depois o primeiro ano forte e duas coisas apenas deviam constar na nossa bolsa: uma tabuada e a cartilha do abc, além de caderno e um lápis grafite. Nada mais.
Com essa fartura de material tínhamos aulas memoráveis e sabíamos a tabuada e a cartilha de cor e salteado, até porque se assim não fosse nossas mãos beijavam o rosto duro de uma palmatória feita de cumaru manejada com tamanha habilidade pela professora que era de dar inveja a Clint Eastwood e seu colt 45.
O quadro negro (hoje chama-se lousa) era escrito com giz e o apagador uma esponja esverdeada surrada pelo tempo. Recursos didáticos esses que nos faziam doutores quando lembravámos da palmatória.
A danada da palmatória era tão eficiente em seu ofício que havia até um ranking, criado pelos alunos, para classificar qual das professoras melhor utilizava e manuseava aquele recurso pedogógico. A professora Marinheira, claro, ganhava em todos os quesitos: habilidade, destreza, força no braço e pontaria. Tão logo errávamos a lição ela entrava em cena parecendo o Rambo. Não errava uma. Depois, em segundo lugar, vinha o professor Guimarães, que além de lecionar também era mágico. Com a palmatória na mão fazia o alunado tirar leite de pedra soletrando até o insoletrável.
E quando tinha algum aluno que ainda que tinha sido “batizado” pela madeira de lei, se tomava a tabuada de trás para frente. Qualquer vacilo era fatal, para as mãos do aluno, claro!
Passar de série era quase uma missão durante os longos meses do ano. Queríamos na verdade era fugir do madeirame.
Da lista de minha afilhada não continha a necessidade de uma cartilha do abc nem de tabuada, talvez o progresso os tenha suprimido das exigências escolares, mas não da nossa lembrança.
Porém, se a metodologia era certa ou errada, agora pouco importa. Mas uma coisa hoje é indúbitavel: aquela palmatória formou muitos médicos, advogados, engenheiros e, acredite, até professores.
Um comentário:
Já disse aqui em outros comentários que uma imagem vale mais que 1000 palavras. Essa "tabuada" me fez voltar ao passado e me lembrar de outra tabuada que era o livrinho do catecismo, cuja tabuada era ministrada no antio Educandário Nossa Senhora de Fátima.(Lembra daquele livrinho vermelho que na capa trazia umas crianças seguindo pela estrada ? (pois é , velhos tempos). Escola vai,escola vem, me lembrei da merenda. ah,ah,ah...lembra-se daqueles pratos azuis do governo do Estado, do tempo de Wilsom Braga ? Tinha paçoca de amendoim na merenda entre outras iguarias...ah,ah,ah...viva a hora do recreio.!
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