domingo, 31 de janeiro de 2016

As 15 bibliotecas mais incríveis do mundo

Se você é, assim como a gente, amantes loucos de livros, aqui vão imagens das 15 mais incríveis bibliotecas do mundo e a sua localização. Admirem com a gente:

 Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro, Brasil

The Library Of Congress, Washington, D.C., Estados Unidos

 Stuttgart’s Municipal Library, Stuttgart, Alemanha

 Trinity College Library, Dublin, Irlanda

 The National Library of Prague, Praga, República Checa

 The Iowa State Law Library, Iowa, Estados Unidos

 Bibliothèque Sainte Geneviève, Paris, França

 The Admont Library, Admont, Áustria

 State Library Of Victoria, Melbourne, Austrália

 Bibliothèque Nationale de France, Paris, França

 Handelingenkamer Tweede Kamer Der Staten, Haia, Holanda

 Girolamini Library, Nápoles, Itália

 George Peabody Library, Maryland, Estados Unidos

 The National Library Of China, Beijing, China

 Bibliothèque Mazarine, Paris, França

Sucesso de 1995

São cinco pontas
Cinco destinos
areias tontas
de desatinos

Cinco sentidos
Cinco caminhos
Grãos tão moídos
Mares moinhos

Estrela guia
em pleno mar
outra Maria
a me chamar. "

Acredite em si próprio e chegará um dia em que os outros não terão outra escolha senão acreditar com você.

"Pracas"






O velho do espelho

Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus, Meu Deus...Parece
Meu velho pai - que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar - duro - interroga:
"O que fizeste de mim?!"
Eu, Pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga...Que importa? Eu sou, ainda,
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!-
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste... 


Mário Quintana

Depois do carnaval

Terminado o Carnaval, eis que nos encontramos com os seus melancólicos despojos: pelas ruas desertas, os pavilhões, arquibancadas e passarelas são uns tristes esqueletos de madeira; oscilam no ar farrapos de ornamentos sem sentido, magros, amarelos e encarnados, batidos pelo vento, enrodilhados em suas cordas; torres coloridas, como desmesurados brinquedos, sustentam-se de pé, intrusas, anômalas, entre as árvores e os postes. Acabou-se o artifício, desmanchou-se a mágica, volta-se à realidade.

À chamada realidade. Pois, por detrás disto que aparentamos ser, leva cada um de nós a preocupação de um desejo oculto, de uma vocação ou de um capricho que apenas o Carnaval permite que se manifestem com toda a sua força, por um ano inteiro contida.

Somos um povo muito variado e mesmo contraditório: o que para alguns parecerá defeito é, para outros, encanto. Quem diria que tantas pessoas bem comportadas, e aparentemente elegantes e finas, alimentam, durante trezentos dias do ano, o modesto sonho de serem ursos, macacos, onças, gatos e outros bichos? Quem diria que há tantas vocações para índios e escravas gregas, neste país de letrados e de liberdade?

Por outro lado, neste chamado país subdesenvolvido, quem poderia imaginar que há tantos reis e imperadores, princesas das Mil e Uma Noites, soberanos fantásticos, banhados em esplendores que, se não são propriamente das minas de Golconda, resultam, afinal, mais caros: pois se as gemas verdadeiras têm valor por toda a vida, estas, de preço não desprezível, se destinam a durar somente algumas horas.

Neste país tão avançado e liberal — segundo dizem — há milhares de corações imperiais, milhares de sonhos profundamente comprimidos mas que explodem, no Carnaval, com suas anquinhas e casacas, cartolas e coroas, mantos roçagantes (espanejemos o adjetivo), cetros, luvas e outros acessórios.

Aliás, em matéria de reinados, vamos do Rei do Chumbo ao da Voz, passando pelo dos Cabritos e dos Parafusos: como se pode ver no catálogo telefônico. Temos impérios vários, príncipes, imperatrizes, princesas, em etiquetas de roupa e em rótulos de bebidas. É o nosso sonho de grandeza, a nossa compensação, a valorização que damos aos nossos próprios méritos...

Mas, agora que o Carnaval passou, que vamos fazer de tantos quilos de miçangas, de tantos olhos faraônicos, de tantas coroas superpostas, de tantas plumas, leques, sombrinhas...?
 
"Ved de quán poco valor
Son las cosas tras que andamos
Y corremos..."

dizia Jorge Manrique. E no século XV! E falando de coisas de verdade! Mas os homens gostam da ilusão. E já vão preparar o próximo Carnaval...

Cecília Meireles 

Texto extraído do livro "
Quatro Vozes", Editora Record - Rio de Janeiro, 1998, pág. 93.

Curiosidade


sábado, 30 de janeiro de 2016


Frase

"O amor é a asa veloz que Deus deu à alma para que ela voe até o céu".

Michelangelo

Mambordel

O rei pediu quartel
Foi proclamada a república
Neste bordel

Eu vou virar artista
Ficar famosa, falar francês
Autografar com as unhas
Eu vou, nas costas do meu freguês

Eu cobro meia entrada
Da estudantada que não tem vez
Aqui no meu teatro
Grupo de quatro paga por três

O rei pediu quartel
Foi proclamada a república
Neste bordel

Faço qualquer negócio
passo recibo, aceito cartão
Faço facilitado, financiado
E sem correção

Ao povo nossas carícias
Ao povo nossas carências
Ao povo nossas delícias
E nossas doenças


Chico Buarque

Declaração de males

Ilmo. Sr. Diretor do Imposto de Renda.

Antes de tudo devo declarar que já estou, parceladamente, à venda.
Não sou rico nem pobre, como o Brasil, que também precisa de boa parte do meu dinheirinho.
Pago imposto de renda na fonte e no pelourinho.
Marchei em colégio interno durante seis anos mas nunca cheguei ao fim de nada, a não ser dos meus enganos.
Fui caixeiro. Fui redator. Fui bibliotecário.
Fui roteirista e vilão de cinema. Fui pegador de operário.
Já estive, sem diagnóstico, bem doente.
Fui acabando confuso e autocomplacente.
Deixei o futebol por causa do joelho.
Viver foi virando dever e entrei aos poucos no vermelho.
No Rio, que eu amava, o saldo devedor já há algum tempo que supera o saldo do meu amor.
Não posso beber tanto quanto mereço, pela fadiga do fígado e a contusão do preço.
Sou órfão de mãe excelente.
Outras doces amigas morreram de repente.
Não sei cantar. Não sei dançar.
A morte há de me dar o que fazer até chegar.
Uma vez quis viver em Paris até o fim, mas não sei grego nem latim.
Acho que devia ter estudado anatomia patológica ou pelo menos anatomia filológica.
Escrevo aos trancos e sem querer e há contudo orgulhos humilhantes no meu ser.
Será do avesso dos meus traços que faço o meu retrato?
Sou um insensato a buscar o concreto no abstrato.
Minha cosmovisão é míope, baça, impura, mas nada odiei, a não ser a injustiça e a impostura.
Não bebi os vinhos crespos que desejara, não me deitei sobre os sossegos verdes que acalentara.
Sou um narciso malcontente da minha imagem e jamais deixei de saber que vou de torna-viagem.
Não acredito nos relógios... the pule cast of throught... sou o que não sou (all that I am I am not).
Podia ter sido talvez um bom corredor de distância: correr até morrer era a euforia da minha infância.
O medo do inferno torceu as raízes gregas do meu psiquismo e só vi que as mãos prolongam a cabeça quando me perdera no egotismo.
Não creio contudo em myself.
Nem creio mais que possa revelar-me em other self.
Não soube buscar (em que céu?) o peso leve dos anjos e da divina medida.
Sou o próprio síndico de minha massa falida.
Não amei com suficiência o espaço e a cor.
Comi muita terra antes de abrir-me à flor.
Gosto dos peixes da Noruega, do caviar russo, das uvas de outra terra; meus amores pela minha são legião, mas vivem em guerra.
Fatigante é o ofício para quem oscila entre ferir e remir.
A onça montou em mim sem dizer aonde queria ir.
A burocracia e o barulho do mercado me exasperam num instante.
Decerto sou crucificado por ter amado mal meu semelhante.
Algum deus em mim persiste
mas não soube decidir entre a lua que vemos e a lua que existe.
Lobisomem, sou arrogante às sextas-feiras, menos quando é lua cheia.
Persistirá talvez também, ao rumor da tormenta, algum canto da sereia.
Deixei de subir ao que me faz falta, mas não por virtude: meu ouvido é fino e dói à menor mudança de altitude.
Não sei muito dos modernos e tenho receios da caverna de Platão: vivo num mundo de mentiras captadas pela minha televisão.
Jamais compreendi os estatutos da mente.
O mundo não é divertido, afortunadamente.
E mesmo o desengano talvez seja um engano.

Paulo Mendes Campos  

Texto extraído do livro "O amor acaba", Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1999, pág. 259, organização de Flávio Pinheiro.

O corno era o comunista

Numa de suas últimas crônicas o escritor Luiz Fernando Veríssimo transcreve  esta anedota invertendo os personagens. A versão verdadeira é a do comunista que viaja e volta sem avisar a mulher. Quando entra no quarto a encontra  com uma pessoa na cama. "O que é isso?" E ela responde: "Um reacionário." "Mas como?" volta a perguntar estarrecido. Ela explica: " Toda noite antes de deitar você não olha embaixo da cama? Como você estava viajando eu olhei, e tinha".

Eduardo P. Lunardelli

Paul McCartney

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Humor

Lojas de 1,99 já se preparam para vender ações da Petrobras
"A vocês eu deixo o sono. O sonho, não! Este eu mesmo carrego! ” 

Paulo Leminski

Neil Young


Cogito

Eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível


eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora


eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim


eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.

Torquato
Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina (PI), no dia 09 de novembro de 1944. Foi contemporâneo de Gilberto Gil  no colégio em que estudou, em Salvador, tornando-se amigo do compositor e conhecendo também os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro, começando seus estudos de Jornalismo. Mesmo sem ter concluído o curso, iniciou-se na profissão trabalhando em diversos jornais cariocas, tendo criado e redigido a coluna "Geléia Geral" no jornal carioca "Última Hora". Um dos criadores do movimento tropicalista, é o autor de inúmeras letras de músicas de sucesso, entre as quais destacamos "Mamãe, Coragem", "Geléia Geral", "Domingou", "Louvação", "Pra dizer adeus", "Rancho da rosa encarnada" e "Marginália II".

Em 10 de novembro de 1972, suicidou-se deixando o seguinte bilhete: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar".

Em 1973, ocorreu a publicação póstuma de seu livro "Os Últimos Dias de Paupéria", organizado por Ana Maria Silva Duarte e Waly Salomão. Três anos depois, alguns de seus poemas foram incluídos na antologia "26 Poetas Hoje", organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Em 1997, foram publicados quatro de seus poemas na antologia bilíngüe "Nothing the Sun Could Not Explain", organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher.

O poema acima foi publicado no livro "Os Últimos Dias de Paupéria", Max Limonad - Rio de Janeiro, 1973, e  selecionado por Ítalo Moriconi para figurar no livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 269.

Norah Jones

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Não tem uma viva alma mais honesta do que eu.

Lula

- Estou começando a desconfiar que quem praticou toda essa roubalheira foi a Senhora minha mãe!

Teófilo Júnior

Frase

A palavra República, deriva do latim res publica, é uma expressão que também pode ser traduzida como "assunto público" e não "Cosa Nostra

Teófilo Júnior

Nova York - 1903


Taxista cria perfil no Instagram com registros feitos no retrovisor do carro


Blogueiro e autor de livro com edição esgotada inicia novo projeto pelas ruas da Capital

Dá para dizer que um dos combustíveis que abastece o carro de Mauro Castro é a arte. Além de literatura que alimenta os livros, ele agora distrai as corridas com imagens tiradas do retrovisor de seu táxi.

Na profissão há 30 anos, o condutor que tem ponto na Saldanha Marinha com a Getúlio Vargas decidiu iniciar um novo projeto depois que parou temporariamente de escrever por um problema de saúde. A ideia é "desanuviar a cabeça".



A aquisição de um smartphone e a influência da filha fizeram com que ele conhecesse o Instagram. Foi o início da nova febre. Por onde passa, Castro espia pela janela em busca de alguma cena inusitada, algo que seja capaz de traduzir o cotidiano a um turista ou alguém de fora da cidade.

Em ação a menos de uma semana, o projeto foi notado por um taxista da Irlanda, e ele já recebeu até convite para exposição. A proposta é exibir as fotos impressas dentro de retrovisores.
— O taxista tem acesso a lugares da cidade onde muita gente não chega. Conhecemos as entranhas. É como se o táxi fosse a carta de alvará para acessar qualquer parte. É um material muito rico para quem gosta de história.
Foto: Lara Ely

Do tipo conversador, Castro é uma espécie de tecnológico que sabe usar o smartphone com moderação e não abre mão do olho no olho. Não fotografa enquanto dirige (aproveita sinaleiras ou momentos em que larga passageiros) e não gosta quando alguém troca sua charla pela checagem das redes sociais.

Também pudera: as histórias são como um combustível, que alimentam os vários tipos de arte que ele produz.


Poucos passageiros sabem que, além de o "taxista sustentar o escritor e o escritor explorar o taxista" (frase criada pela filha), Castro também é desenhista e pianista. Eventualmente, se apresenta junto a um grupo de amigos em festas de casamentos, tocando músicas como Ave Maria de Gounoud ou Marcha Nupcial. A capa do seu primeiro livro foi ele quem fez.

— Arte é remédio para abstrair o estresse do trânsito — conjectura.

Por sugestão e convite do editor da Rádio Gaúcha Cyro Martins, então editor do Diário Gaúcho, Castro criou, em 2005, o Taxitrama, blog destinado ao registro do cotidiano das histórias inusitadas que escuta a bordo. Certa feita, carregou uma mulher que pagou a corrida com roupas luxuosas. Ela estava indo morar em um convento e decidiu desfazer-se de tudo:


— Escrever histórias ajuda a entender o que acontece por aí, comigo e com as pessoas. É uma terapia — diverte-se.

A consequência foi uma coluna no diário popular do grupo RBS e o início da carreira de escritor, em 2005. As duas edições estão esgotadas, e a terceira sai do forno em breve. De lá para cá, a veia literária pulsou tanto que o taxista virou co-roteirista de uma série de televisão, inspirada em suas histórias. A produção deve começar ainda neste ano.

Por: Lara Ely
Fonte  aqui
E ai, qual é o nome do 5º filho?

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Juiz diz que lei de cotas para negros em concursos públicos é inconstitucional

A aplicação da lei de cotas raciais em concursos públicos (Lei 12.990), que reserva 20% das vagas a candidatos que se autodefinem pretos ou pardos, foi declarada inconstitucional pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Paraíba, no julgamento de um caso de nomeação postergada pelo Banco do Brasil. De acordo com a sentença do juiz Adriano Mesquita Dantas, a legislação viola três artigos da Constituição Federal (3º, IV; 5º, caput; e 37, caput e II), além de contrariar os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Segundo o advogado da causa, essa é a primeira vez que um juiz declara a inconstitucionalidade da legislação, em vigor desde 2014.

De acordo com a sentença, proferida nesta segunda-feira (18/1), a cota no serviço público envolve valores e aspectos que não foram debatidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando tratou da constitucionalidade da reserva de vagas nas universidades públicas. Segundo Dantas, naquele caso estava em jogo o direito humano e fundamental à educação, o que não existe com relação ao emprego público.

“Não fosse assim, teria o Estado a obrigação [ou pelo menos o compromisso] de disponibilizar cargos e empregos públicos para todos os cidadãos, o que não é verdade, tanto que presenciamos nos últimos anos um verdadeiro enxugamento [e racionalização] da máquina pública. Na verdade, o provimento de cargos e empregos públicos mediante concurso não representa política pública para promoção da igualdade, inclusão social ou mesmo distribuição de renda. Além disso, a reserva de cotas para suprir eventual dificuldade dos negros na aprovação em concurso público é medida inadequada, já que a origem do problema é a educação”, analisou o magistrado da 8ª Vara do Trabalho do Paraíba, que ainda acredita que, com as cotas nas universidades e também no serviço público, os negros são duplamente beneficiados.

Dantas também defendeu o mérito do concurso e acredita que a instituição de cotas impõe um tratamento discriminatório, violando a regra da isonomia, sem falar que não suprirá o deficit de formação imputado aos negros. “É fundamental o recrutamento dos mais capacitados, independentemente de origem, raça, sexo, cor, idade, religião, orientação sexual ou política, entre outras características pessoais”, afirma.

O magistrado ainda prevê que a lei de cotas permite situações “esdrúxulas e irrazoáveis”, em razão da ausência de critérios objetivos para a identificação dos negros, assim como de critérios relacionados à ordem de classificação e, ainda, sem qualquer corte social. “Ora, o Brasil é um país multirracial, de forma que a maioria da sociedade brasileira poderia se beneficiar da reserva de cotas a partir da mera autodeclaração”.

A decisão foi tomada em julgamento referente ao concurso do Banco do Brasil (edital 2/2014). Um candidato que passou na 15ª posição (para a Microrregião 29 da Macrorregião 9) se sentiu prejudicado após ter sua nomeação preterida pela convocação de outros 14 classificados, sendo 11 de ampla concorrência e três cotistas que, segundo o juiz, teriam se valido de critério inconstitucional para tomar posse e passar na frente do candidato (eles foram aprovados nas posições 25º, 26º e 27º).

Ainda segundo o processo, durante o prazo de validade do concurso, houve nova seleção, o que gera automaticamente direito à nomeação. Por essa razão, o juiz determinou a contratação do reclamante, sob pena de multa diária de R$ 5.000. O BB não se posicionou até o fechamento da reportagem.

Decisão histórica

De acordo com o advogado do caso e membro da Comissão de Fiscalização de Concursos Públicos da OAB-DF, Max Kolbe, esse é o primeiro caso onde um juiz declara a lei de cotas raciais em seleções públicas inconstitucional. “Trata-se de uma decisão histórica. Apesar de o efeito valer apenas para o caso em questão, o tema serve como reflexão para o país inteiro e o julgamento certamente deve chegar até o Supremo Tribunal Federal”, analisa. “O concurso em questão diferencia os candidatos de acordo com sua cor, como se tal diferença demonstrasse desproporção de capacidade em realização de uma prova escrita, o que certamente não ocorre. Isso porque, ao se basear na Lei nº 12.990/2014, que é inconstitucional, reserva 20% das vagas a candidatos pretos e pardos, os quais, pela definição do IBGE correspondem a quase 100% dos brasileiros, uma vez que a definição de pardos é bastante ampla (miscigenados)”, completou o advogado.
 
Correio Brasiliense

Vira virou

Um caso obscuro

Não quero fazer campanha contra quem acredita em espíritos, quem tem visões ou ouve "avisos". Espiritismo é religião tão respeitável quanto qualquer outra. Quero apenas prevenir meu amigo leitor contra alguma conversão apressada, porque o fato é que as forças da terra muitas vezes se misturam com as forças do céu.

O caso que passo a contar como exemplo, naturalmente que e verídico. Se fosse a cronista inventar um conto, teria que apurar muito mais o enredo e os personagens, dar-lhes veracidade e complexidade. E, aliás, como ficção ele não teria importância nem sentido. O seu valor único e a autenticidade.

Certa professora de grupo, minha conhecida, tem uma empregada, senhora cinqüentona, de cara séria e jeito discreto, natural de Suruí, no Estado do Rio, de onde veio há poucos meses. E lá em Suruí deixou a mãe cega e enferma, da qual não tinha notícias desde que viera para a cidade. Analfabeta, não escrevia nem recebia cartas. Essa gente da roça não acredita muito em correspondência senão para notícias capitais.

Mas um belo dia acordou a empregada, que se chama Joana, chorando, abaladíssima, queixando-se de estranhas visões. Dizia que passara toda a noite acordada; mas não pudera chamar ninguém porque com o medo ficara sem fala. Sentira uns assopros no ouvido, depois lhe sacudiam a cama, como se fosse um terremoto. Por fim vira a mãe, a velhinha cega, estirada num caixão, metida numa mortalha preta. Toda a manhã a mulher chorou e lamentou-se. A patroa, penalizada, ofereceu-se para mandar um telegrama pedindo noticias. Joana porém tinha medo de telegramas:

— E mais medo tem minha mãe. Chegando telegrama lá, se ela ainda estiver viva morre só de susto.

Estavam nisso as coisas quando ao meio-dia aparece na casa da professora um filho homem de Joana, que também reside na cidade. Trazia na mão um envelope fechado, sem carimbo nem selo. Era uma carta vinda em mão própria da sua terra, explicou o moço. E como ele também não sabia ler, pediram à patroa que abrisse e lesse a missiva — aliás curta e comovente.

"Minha irmã como vai esta tem por fim de lhe dizer que a nossa mãe está às portas da morte já de vela na mão. Joana se apresse sinão não vê mais nossa mãe adeus do seu irmão Basílio."

Chegando assim aquela carta, após a série de visões noturnas, era impressionante. E a própria patroa a abrira, excluindo-se assim a possibilidade de conhecimento prévio do conteúdo. Era uma dessas bofetadas que o mundo dos invisíveis atira aos pobres humanos, deixando-os cheios de susto e dúvida. Com seus próprios ouvidos escutara a patroa pela manhã a história do assopro, das sacudidelas na cama, da figura amortalhada no caixão. Com suas mãos recebera a carta, com seus olhos lera o endereço tremido e oblíquo, e depois a lacônica má nova. Naturalmente deu imediata licença a Joana para a viagem. Grande falta lhe faria em casa, mas quem pode pensar em impedir um filho de despedir-se da mãe, à hora da morte? E deu-lhe mais dinheiro, deu-lhe um vestido preto quase novo, consultou o horário dos trens, forneceu provisões para a viagem. Não era só caridade de burguesa progressista que a animava, mas principalmente o interesse do profano por uma criatura feita instrumento das forças do Incognoscível. E Joana partiu. A patroa ficou contando a história aos conhecidos; contou por boca e por telefone. Chegou a contar por carta. Não a repetiu às crianças no grupo só de medo de assustá-las com essas coisas misteriosas que ficam entre o céu e a terra. O caso era tão simples, tão líquido: resumia-se apenas a fatos dos quais ela própria era testemunha. E fazia cálculos: a carta deve ter partido de Suruí na antevéspera, de modo que a velha bem podia estar mesmo morrendo na hora das visões noturnas de Joana. Ficou a esperar impaciente a volta da viajante. Sim, porque Joana pediu que o seu lugar fosse conservado, que, consumado tudo, voltaria. "Nem espero a semana de nojo, patroa. Venho logo depois do enterro."

E, falando em enterro, rompeu em pranto.

Passados oito dias, chegou Joana, mas ainda com a saia estampadinha de encarnado com a qual partira, em vez do vestido de seda preta que lhe dera a patroa, prevendo o luto. Sim, a velha continuava viva. Contou que a mãe estivera de fato muito ruim, vai-não-vai, mas de repente melhorara. Por isso Joana se demorara mais, até que a melhora parecesse segura. E voltou a trabalhar como dantes.

Aquela quase ressurreição desorientou a patroa. Afinal, a velha aparecera de mortalha, e dera o assopro, e sacudira a cama... Mas consultando sobre o assunto os amigos espíritas, eles lhe explicaram que era assim mesmo, e tanto o espírito encarnado como o desencarnado poderia mandar "avisos". Falaram mesmo em corpo astral, e a professora se impressionou muito.

Nesse estado moral ficou, meio abalada, meio crente, até que um dia sucedeu dessas incríveis, dessas raras coincidências que só acontecem na vida real e nos romances de fancaria: recebeu a visita de uma amiga a quem também contara a história da visão. A amiga vinha de propósito lhe narrar a tal coincidência inaudita. Imagine-se que o filho de Joana por acaso fora trabalhar em sua casa, consertando-lhe o jardim. Lá estava fazia uma quinzena quando inexplicavelmente desapareceu por uma semana. Passados os oito dias, voltou, e alegou motivo de moléstia para a ausência.

No jardim, revolvendo os canteiros, podando o fícus, estabeleceu-se entre jardineiro e patroa esse entendimento normal entre companheiros de trabalho, Ela explicava como queria o serviço, ele dizia que na casa do Dr. Fulano fazia assim e assim, que enxerto de mergulha só é bom com lua tal etc. Afinal, ela lhe perguntou que doença fora a sua, dias antes. O rapaz, que enterrava umas batatas de dália, ficou encabulado. Depois, teve assim como um assomo de consciência, e explicou:

— Patroa, falar a verdade é preciso. Não estive doente não. Mas o caso é que minha mãe meteu na idéia ir em casa, com vontade de assistir umas ladainhas que rezam lá no mês de agosto. Como estava num emprego bom, teve medo que a dona-de-casa se zangasse com uma viagem assim à-toa e não guardasse o lugar para ela, de volta. Então se combinou comigo, só por causa de não fazer a moça se zangar. Pegou a ter uns sonhos com a minha avó, enfiava os olhos na fumaça do fogo para sair chorando. Ai eu mandei um companheiro fazer uma carta chamando, dizendo que a velha estava morrendo, lá no Suruí. A patroa consentiu logo, naturalmente. Tive que fazer companhia a minha mãe, assistimos as ladainhas e agora estamos os dois de volta à nossa obrigação...

A moça ficou espantadíssima:

— Mas, criatura, como é que sua mãe teve a coragem de chamar assim morte para cima de sua avó? Vocês não tiveram medo do agouro?

— Qual, dona! Uma velha daquela, cega, doente, em cima duma cama, dando trabalho e consumição a todo mundo, chamar a morte para ela não é agouro; chamar a morte para ela é mais uma obra de caridade. E dai, agouro que fosse, vê-se bem que não pegou...

Rachel de Queiroz 

O texto acima foi extraído do livro "
Quatro Vozes"
, Distribuidora   Record - Rio de Janeiro, 1998, pág. 35.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ódio ao Semelhante – Sobre a Militância de Tribunal

Ninguém pode negar o conflito como parte fundamental do fenômeno político. Só existe política porque existem diferenças, discordâncias, visões de mundo que se distanciam, ideologias, lutas por direitos, por hegemonia. Isso quer dizer que no cerne do fenômeno político está a democracia como um desejo de participação que implica as tensões próprias à diferença que busca um lugar no contexto social.

A demonização da política é, em grande medida, a demonização das próprias diferenças. E da possibilidade de buscar soluções para conviver com as diferenças. Do mesmo modo, a crítica é uma necessidade. Sem a crítica – e a autocrítica -, perde-se o movimento dialético capaz de superar as tensões, reconhecer erros e transformar a sociedade. Deve-se, pois, abandonar a perspectiva ingênua de perceber a existência de conflitos como algo ruim ou de negar à crítica sua função transformadora.

Esse texto não tem por finalidade tratar da importância do conflito ou da crítica, mas analisar um fenômeno que surgiu, e se potencializou, na era das redes sociais: a “militância de tribunal”. Essa prática é apresentada como manifestação de ativismo político, mas se reduz ao ato de proferir julgamentos, todos de natureza condenatória, contra seus adversários e, muitas vezes, em desfavor dos próprios parceiros de projeto político. São típicos julgamentos de exceção, nos quais a figura do acusador e do julgador se confundem, não existe uma acusação bem delimitada, nem a oportunidade do acusado se defender. Nesses julgamentos, que muito revela do “militante de tribunal”, os eventuais erros do “acusado”, por um lado, são potencializados, sem qualquer compromisso com a facticidade; por outro, perdem importância para a hipótese previamente formulada pelo acusador-julgador, a partir de preconceitos, perversões, ressentimentos, inveja e, sobretudo, ódio.

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Ódio direcionado ao inimigo, aquele com o qual o “acusador-julgador” não se identifica e, por essa razão, nega a possibilidade de dialogar e, o que tem se tornado cada vez mais frequente, o ódio relacionado ao próximo, aquele que é, ou deveria ser, um aliado nas trincheiras políticas. Ódio que nasce daquilo que Freud chamou de “narcisismo das pequenas diferenças”. Ódio ao semelhante, aquele que admiramos, do qual somos “parceiros”, ao qual, contudo, dedicamos nosso ódio sempre que ele não faz exatamente aquilo que deveria – ou o que nós acreditamos que deveria – fazer.

Exemplos não faltam. Pense-se na militante feminista que gasta mais tempo a “condenar” outras mulheres, a julgar outros “feminismos”, do que no enfrentamento concreto à dominação masculina. A Internet está cheia de exemplos de especialistas em julgamento e condenação. A caça por sucesso naquilo que imaginam ser o “clubinho das feministas” (por muitas que se dizem feministas enquanto realizam o feminismo como uma mera moral) tem algo da antiga caça às bruxas que regozija até hoje o machismo estrutural. Nunca se verá a “militante de tribunal feminista” em atitude isenta elogiando a postura correta, mas sempre espetacularizando a postura “errada” daquela que deseja condenar. Muitas constroem seus nomes virtuais, seu capital político, aquilo que imaginam ser um verdadeiro protagonismo feminista, no meio dessas pequenas guerras e linchamentos virtuais nas quais se consideram vencedoras pela gritaria. Há, infelizmente, feministas que se perdem, esvaziam o feminismo e servem de espetáculo àqueles que adoram odiar o feminismo. Quem ganha com isso? O inimigo forte que essas feministas não têm coragem de enfrentar, o patriarcado e todas as suas manifestações, pois a feminista que adota a postura de “militante de tribunal” se contenta em extrair prazer da condenação do inimigo que considera fraco, campo composto por outras mulheres, e exerce sua “força” sobre alguém que julga moralmente inferior a elas\si mesma, com isso reduzindo o feminismo a um joguinho virtual entre inquisidoras e vítimas, pautado por uma moral rasteira e confusões conceituais. Apoio mesmo, concreto, às grandes lutas do feminismo, isso não, pois não é tão fácil nem deve dar tanto prazer quanto a condenação no tribunal virtual montado em sua própria casa.

O recente episódio envolvendo a visita do deputado Jean Wyllys ao Estado de Israel é também muito significativo. Para além da crítica necessária ao evento e à política de Israel, muitos militantes de “direitos humanos” passaram a condená-lo de forma agressiva e desproporcional, isso em desconsideração ao histórico do parlamentar na defesa dos direitos humanos. Algumas manifestações contra o deputado fazem pensar nos aspectos subterrâneos da crítica. Oportunismo político? Não só. Ao lado da perversão inquisitorial, dos juízos condenatórios apressados, de uma espécie de clamor por uma pureza impossível no mundo-da-vida, o “militante de tribunal”, não raro, busca se capitalizar politicamente, reafirmar sua pureza frente ao herege, mas ao condenar quem se notabilizou por expor a face em diversas lutas políticas, algumas em franca oposição aos senso comum idiotizante, o militante de tribunal busca a absolvição de suas omissões, de seus silêncios, de sua covardia.

Quem nunca se manifestou publicamente pela racionalização do tratamento conferido ao aborto e às drogas ilícitas, pela humanização do parto, pela regulamentação de profissões historicamente estigmatizadas, pelo respeito às diferenças, pelos direitos das mulheres, gays e lésbicas, preocupou-se agora em atacar o Jean. Quem ganha com isso? O inimigo forte que essas mesmas pessoas não têm disposição, nem coragem, de atacar. Tão gritante quanto a virulência dos juízos condenatórios proferidos a partir da poltrona da casa do “militante de tribunal” é o silêncio desses mesmos militantes em relação às práticas de diversos outros parlamentares brasileiros.

Volta-se ao início: por evidente, as criticas são fundamentais à correção de rumo, às transformações tanto coletivas quanto individuais. Não é disso que se trata nesse texto. O “militante de tribunal” não quer a transformação, quer apenas a punição do inimigo ou do semelhante, punição estéril, espetacular, punição para que tudo continue do mesmo jeito, para manter o seu próprio poder, para justificar o tribunal que montou no sofá de sua casa diante de um computador.

 Márcia Tiburi e Rubens Casara
Publicado originalmente aqui
“Os mais perigosos inimigos não são aqueles que te odiaram desde sempre. Quem mais deves temer são os que, durante um tempo, estiveram próximos e por ti se sentiram fascinados”. 

Mia Couto
"As pessoas boas dormem muito melhor à noite do que as pessoas más. Claro, durante o dia as pessoas más se divertem muito mais".

 Woody Allen

Cesta feira

oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
as roupas brancas da cesta

oxalá teu dia de festa
cesta cheia
               feito uma lua
toda feita de lua cheia

no branco
             lindo
teu amor
            teu ódio
                       tremeluzindo
                                         se manifesta

tua pompa
tanta festa
tanta roupa
               na cesta
                           cheia
                                 de sexta

oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
oxalá teu dia de festa

mesmo
na idade
de virar
eu mesmo

ainda
confundo
felicidade
com este
nervosismo


eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora

quem está por fora
não segura
um olhar que demora

de dentro do meu centro
este poema me olha 

Paulo Leminski

domingo, 24 de janeiro de 2016

A palavra assustado



“Assustado” era um termo usado nos anos 1950-60 para designar um baile de moças e rapazes em casa de família.  O nome se deve ao fato de que, no início, o costume era fazer a festa de surpresa. Combinava-se tudo antes à revelia da pessoa cuja casa havia sido escolhida para a “invasão”. Cabia às moças levar os salgadinhos, e aos rapazes os refrigerantes e outras bebidas. Na hora marcada, o grupo chegava de repente na casa, e em poucos minutos a radiola estava tocando, todos bebiam e dançavam. Como reagiam os donos da casa? Olha, pelo que me lembro, nunca fiquei sabendo de alguma reação hostil. Eram outros tempos – talvez.

Depois, o termo estendeu-se para qualquer festa dançante numa residência, mesmo previamente combinada com os donos da casa.  Era um típo de festa moderninha, urbana. José Laurentino, em Meus Versos Feitos na Roça, diz: “A prima me olhou sorrindo / e disse pobre coitado / já sei que você meu primo / ainda está atrazado / é do mato é arigó / eu não gosto de forró / nós vamos a um assustado”.

Em sua pesquisa A Música Popular no Romance Brasileiro, José Ramos Tinhorão registra várias vezes este termo, como ao transcrever (vol. 1, pag. 131-132) uma cena de Memórias de um Sargento de Milícias de Manoel Antonio de Almeida: “Resultado: acaba sendo preso pelo Vidigal como vadio durante uma súcia – como se chamavam na época as pequenas farras improvisadas, estilo assustado...”

Em outro momento, Tinhorão comenta um romance de Clóvis Amorim, de 1934: “Era o que já se podia comprovar no capítulo ‘Fuzarca’ desse romance O alambique, ao descrever o escritor uma festa de assustado na casa do personagem Laurentino.” (vol. 2, pag. 208). Mais adiante, comentando A marcha de Afonso Schmidt (1941), deixa clara a diferença entre um « assustado » e uma festa de verdade: “Ao dizer que D. Sinhara chamava o baile em preparação de assustado, o romancista ressalva que ela “dizia assustado por modéstia” (vol. 2, pag. 374).

É um termo datado, palavra cuja existência depende de um contexto de hábitos, depende de certos costumes sociais. Desaparecendo os costumes, seja por que motivo for, desaparece a palavra. Nessa intersecção entre dança, bebida e música, outros termos, no que me diz respeito, estão rumando para o desaparecimento, como certos eventos dos clubes sociais: a “manhã de sol” (um conjunto musical tocando à beira da piscina), o “jantar dançante”, a “tertúlia” (o baile do sábado, ou do domingo à noite, não lembro mais; a noite nobre da semana). Como não frequento mais esses clubes, no entanto, talvez esses termos continuem de vento em popa e quem esteja rumo ao ocaso seja eu mesmo.

Braulio Tavares, blogue Mundo Fantasmo
(http://mundofantasmo.blogspot.com.br; acesso em: 17 jan. 2016)