segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Marisa Monte e Raphael Rabello - Cry Me a River

"A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender ser sensato num mundo de doidos."


Erasmo de Rotterdam

Memória


Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Carlos Drummond de Andrade

Ex-cardeal católico pediu silêncio sobre abuso sexual

Fitas publicadas em dois jornais belgas mostram um ex-cardeal católico pedindo que uma vítima não revele que sofreu abuso sexual por um bispo, aumentando a polêmica em torno dos escândalos sexuais dentro da Igreja.

As gravações feitas de forma secreta pela vítima trazem o ex-cardeal Godfried Danneels, antigo líder da Igreja na Bélgica, pedindo para uma vítima que aceite um pedido de desculpas em particular ou espere um ano para que o bispo se aposente antes de tornar o caso público.

O encontro aconteceu no dia 8 de abril, num momento em que o Vaticano estava sob ataque por ter tentado encobrir casos de abuso sexual por padres em outros países.

Um porta-voz de Danneels negou que arcebispo de Bruxelas tivesse tentado encobrir o caso, que causou a renúncia repentina do bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, 73, naquele mês. Contudo, as fitas mostram o arcebispo pedindo silêncio.

O porta-voz da Igreja na Bélgica, Jurgen Mettepenningen, confirmou à Reuters que as transcrições que apareceram nos jornais "De Standard" e "Het Nieuwsblad" eram genuínas.


Reuters/Brasil Online

domingo, 29 de agosto de 2010

Porque as mulheres se divorciam

Atraso pontual


Ontens e hojes,
amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vem sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?


Paulo Leminski

O bêbado e a equilibrista

Em Paris, manifestações contra o apedrejamento de Sakineh

Foto Reuters
"- Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra!"

Furadeira para resgate de mineiros começa a ser montada


A furadeira hidráulica especial que será usada para criar uma via de escape para os 33 mineiros presos há três semanas em uma mina no norte do Chile começou a ser montada neste sábado.

"Terminamos de montar a plataforma para a máquina. Esperamos que entre domingo e segunda possamos começar a perfurar", afirmou o engenheiro André Sougarret, que coordena o trabalho de resgate.

Imagens dos mineiros presos no Chile
O equipamento perfurará um túnel vertical de 60 a 70 centímetros de diâmetro para permitir que uma cápsula seja baixada até o local onde estão os mineiros, a cerca de 700 metros da superfície.

Mas mesmo com a perfuração continua, o trabalho de resgate deve levar vários meses. A estimativa é de que os mineiros possam ser resgatados até o Natal.

Depressão

Na sexta-feira, o ministro da Saúde do Chilel Jaime Mañalich, afirmou que 5 dos 33 mineiros aparentam sinais de depressão.

Eles não estariam se alimentando bem e se recusaram a aparecer no vídeo de 45 minutos no qual os mineiros foram filmados com mensagens às suas famílias, na noite de quinta-feira.

Segundo Mañalich, psicólogos tentarão tratar os mineiros com depressão a partir da superfície por meio da comunicação por um sistema de interfone.

Os mineiros estão presos desde o dia 5 de agosto, quando o principal acesso ao túnel da mina ruiu. Eles conseguiram se abrigar em um refúgio, com acesso limitado a água e comida, a quase 700 metros de profundidade.

Bilhete

A sobrevivência dos 33 mineiros só foi descoberta mais de duas semanas após o acidente, quando uma sonda chegou ao local onde eles estavam e voltou com um bilhete dos trabalhadores.

Os mineiros estão recebendo alimentos, oxigênio e medicamentos por canos.

Segundo o correspondente da BBC James Reynolds, que está na entrada da mina San José, os parentes dos mineiros foram convocados a escrever mensagens aos seus familiares presos com a maior frequência possível, numa tentativa de manter seus ânimos em alta até o resgate.

Os mineiros também foram orientados a seguir um programa especial de exercícios e recreação nesse período para mantê-los fisicamente e mentalmente preparados para a longa espera.

Eles também receberam instruções para usar luzes para diferenciar o dia e a noite.

Na próxima semana, médicos da Nasa, a agência espacial americana, especialistas em manter astronautas com boa saúde durante longas missões em espaços confinados, devem chegar ao Chile para ajudar os médicos que acompanham os mineiros.


BBC

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Xaxado


Apresentação do grupo de Xaxado "Pisada do Sertão" no centro Cultural Banco do Nordeste de Sousa -PB.

O Xaxado é uma dança originária do alto sertão de Pernambuco e divulgada por cangaceiros até o interior da Bahia.

Presente para curar a TPM


Para você comer e curtir muuuitos brigadeiros no período e presentear amigas de maneira divertida!

Quando a gente está ‘naqueles dias’ não há nada melhor do que comer doces pra aliviar a tensão pré-menstrual. Um brigadeiro, então, pode fazer milagres pelo nosso corpo! Seja porque alivia o estresse e a ansiedade, porque diminui a sensação de "carência emocional", repõe energia ou simplesmente porque é uma delícia mesmo!

Sem falar nas reações químicas e físicas que aquele docinho redondo é capaz de fazer no nosso cérebro. Quando ingerimos o chocolate, por exemplo, a nossa cuca, como num passe de mágica, fica turbinada de hormônios (sobretudo a serotonina), que transformam o nosso humor, melhorando-o bastante! Além disso, o chocolate que compõe o brigadeiro pode vir a nos dar uma sensação de bem-estar, tornando-se eficaz no combate à depressão e à ansiedade.

Pensando nisso, a doceria Maria Brigadeiro, em São Paulo (SP), teve uma ideia brilhante: acaba de lançar um kit de combate a todos os transtornos que enfrentamos na TPM!

Para você comer e curtir muuuitos brigadeiros no período e presentear algumas amigas de maneira divertida! A caixinha de TPM Alívio Brigadeiro custa R$ 30 e está à venda na rua Capote Valente, 68, no bairro de Pinheiros. O endereço eletrônico é o: www.mariabrigadeiro.com.br e o telefone é o (11) 3085-3687.


Pais e filhos
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TSE: Ficha Limpa vale para condenações anteriores à lei

Ao concluir a votação, o ministro Ricardo Lewandowski ressaltou a necessidade da idoneidade moral para o exercício de cargo eletivo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu hoje o primeiro caso concreto em que se discute o indeferimento de um registro de candidatura por condição de inelegibilidade prevista na chamada Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010). O Plenário manteve decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) que indeferiu o registro de candidatura de Francisco das Chagas Rodrigues Alves, que pretendia disputar uma vaga de deputado estadual nas eleições deste ano. Tribunal vai analisar recurso do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), candidato a senador, que teve registro indeferido no TRE e deve se posicionar da mesma forma.

Por maioria de votos (5x2) o Plenário negou provimento ao recurso em que Francisco das Chagas tentava obter seu registro e decidiu que a Lei da Ficha Limpa pode alcançar casos anteriores à sua vigência para alterar período de inelegibilidade, adotando-se os prazos previstos pela nova lei. Antes da Lei da Ficha Limpa, o político condenado pela Justiça Eleitoral ficava inelegível por três anos. Agora a nova norma amplia o período de inelegibilidade para oito anos.

Ao concluir a votação, o ministro Ricardo Lewandowski ressaltou a necessidade da idoneidade moral para o exercício de cargo eletivo. "O Congresso Nacional entendeu que não pode exercer o mais elevado múnus público que alguém pode exercer na sociedade, que é um mandato político, aquele que foi condenado por determinadas infrações", observou o presidente do TSE.

Foi o caso de Francisco das Chagas. Condenado por captação ilícita de votos nas eleições de 2004 com base no artigo 41-A da Lei das Eleições (9.504/97), ele estava inelegível por três anos. Mas a partir da edição da nova lei, sua condição de inelegível passou para oito anos a contar das eleições de 2004, quando disputou o cargo de vereador pelo município de Itapipoca (CE).

Casos pretéritos

No julgamento de hoje, o TSE firmou entendimento de que a Lei da Ficha Limpa pode alcançar casos pretéritos, como no caso de Francisco das Chagas, e abranger condenações por crime eleitoral anteriores à entrada em vigor da nova lei. O julgamento foi retomado para apresentação de voto da ministra Cármen Lúcia, que no último dia 17 de agosto havia pedido vista dos autos para analisar melhor o caso.

Até então o julgamento estava empatado por 1x1. O relator do recurso, ministro Marcelo Ribeiro, votou no sentido de que a lei não poderia retroagir para aplicar sanção que não foi tratada quando da prolação da sentença. “Penso que nos casos em que a configuração da inelegibilidade decorrer de processo em que houver apuração de infração eleitoral, não se pode aplicar nova lei retroativamente para cominar sanção não prevista na época dos fatos, alcançando situações já consumadas sob a égide de lei anterior”, afirmou naquela ocasião o ministro-relator ao proferir seu voto.

Em sentido contrário votou o ministro Arnaldo Versiani, segundo o qual inelegibilidade não é pena, mas apenas uma consequência da sentença. Para o ministro, as únicas formas em que a lei se refere a esse tipo de sanção é “quando há abuso de poder econômico, abuso de poder político ou uso indevido dos meios de comunicação, o que não se verifica no caso em análise que foi de captação ilícita de votos”, afirmou naquela data.

Voto-vista

Ao apresentar o seu voto-vista a ministra Cármen Lúcia reforçou o entendimento do ministro Versiani, no sentido de que inelegibilidade não é pena e que a Lei da Ficha Limpa pode sim alcançar casos passados, sem que haja violação ao princípio constitucional da irretroatividade da lei.

Para a ministra Cármen Lúcia, a inelegibilidade é mero ato declaratório consequente de uma sentença. “A meu ver não se está diante de aplicação de punição pela prática de ilícito eleitoral, mas de delimitação no tempo de uma consequência inerente ao reconhecimento judicial de que o candidato, de alguma forma, não cumpre os requisitos necessários para se tê-lo como elegível”, ressaltou.

Na avaliação da ministra Cármen Lúcia, a afirmação da condição de elegibilidade de um interessado é aferida rigorosamente no momento em que ele requer o seu registro de candidatura. “O registro eleitoral é aceito se e quando atendidos os requisitos previstos na legislação vigente no momento de sua efetivação”, observou a ministra. Na mesma linha votaram os ministros Aldir passarinho Junior, Hamilton Carvalhido e o presidente da Corte, Ricardo Lewandowski.

Acompanhando o relator do recurso, ministro Marcelo Ribeiro, votou o ministro Marco Aurélio no sentido de que a LC 135/2010 não poderia alcançar casos anteriores à sua entrada em vigor. “Creio que precisamos ter presente a primeira condição de segurança jurídica que é a irretroatividade normativa”, salientou Marco Aurélio ao votar pelo provimento do recurso de Francisco das Chagas para garantir-lhe o registro de candidatura. Mas o entendimento de Marco Aurélio e Marcelo Ribeiro foi vencido pela corrente defendida pelos demais integrantes da Corte.

Anualidade

Também por cinco votos a dois foi o entendimento da Corte de que a Lei da Ficha Limpa pode ser aplicada para as eleições gerais deste ano, embora a mesma tenha sido aprovada e entrado em vigor no ano em curso da eleição. A decisão foi tomada no último dia 17 de agosto, quando o Tribunal debateu questão de fundo à concessão ou não do registro a Francisco das Chagas. A Corte após amplo debate entendeu que, no caso, a Lei da Ficha Limpa não viola o princípio da anterioridade ou anualidade previsto no artigo 16 da Constituição Federal.

Tal dispositivo afirma que “a lei que venha a alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, mas não se aplicará à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”. Segundo o presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowski, a Lei da Ficha Limpa “não promoveu alteração no processo eleitoral que rompesse com as regras atuais, mas apenas criou um novo regramento linear e isonômico que levou em conta a vida pregressa dos candidatos, de forma a procurar preservar a moralidade das eleições”.

Na entendimento do ministro Ricardo Lewandowski, o artigo 16 da Constituição pretende vedar “mudanças casuísticas”, que possam beneficiar este ou aquele candidato”, o que em sua avaliação não ocorre no caso da Lei da Ficha Limpa. Assim, o ministro-presidente afastou a alegada violação do artigo 16 da Constituição Federal pela LC 135/2010, sendo acompanhado pelos ministros Arnaldo Versiani, Cármen Lúcia, Aldir Passarinho Junior e Hamilton Carvalhido.

Contrariamente a essa corrente votaram os ministros Marcelo Ribeiro e Marco Aurélio. Segundo eles, ao estabelecer causas de inelegibilidade a LC 135/2010 interfere no processo eleitoral e fere o princípio da anualidade previsto no artigo 16 da Constituição. Defenderam ainda que a inelegibilidade não significa pena do ponto de vista do direito penal, mas também não deixa de ser do ponto de vista eleitoral.

O Tribunal Superior Eleitoral ao concluir hoje o julgamento do recurso de Francisco das Chagas decidiu que ele não poderá participar das eleições do dia 3 de outubro, porque está inelegível por oito anos a contar das eleições de 2004. Ele foi condenado por captação ilícita de sufrágio e enquadrado na Lei da Ficha Limpa.


TSE

Que o senhor nos proteja


Foto Custodio Coimbra / Agencia O Globo

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Andrea Bocelli - Resta qui

Versículos do dia

Por este menino orava eu; e o SENHOR atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito. (1 Samuel 1:27)

Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? (1 Coríntios 4:7)

Chovia...chovia

Naquela tarde, como chovia!

Me lembro de que a chuva caia
lá fora
sem parar,
e seu surdo rumor até parecia
um sussurro de quem chora
ou uma cantiga de embalar...

Me lembro de que tu chegaste
inquieta, ansiosa,
mas logo te aconchegaste
em meus braços, quietinha...
(...enroladinha como uma gatinha...)

E eu quase não sabia que fazer:
se de encontro ao meu peito te deixava adormecer...
se te mantinha acordada, para seres minha...

Me lembro que chovia, chovia sem parar...
E que a chuva caía a turvar as vidraças
anoitecendo o quarto em tons baços...
Me lembro de que te sentia
aconchegada em meus braços...
Me lembro de que chovia...
E de que era bom porque chovia,
e porque estavas alí, e porque eu te queria...
Sim, me lembro que tudo era bom...
E que a chuva caía, caía,
monótona, sem parar,
naquele mesmo tom...

Naquela tarde, amor, como chovia!

Agora, quando longe de ti, nem sou mais eu
em minha melancolia,
não posso mais ouvir a chuva cair
que não fique a lembrar tudo que aconteceu
naquele dia...

Naquele dia
enquanto chovia...


JG de Araujo Jorge
(Poema extraído do livro A SÓS... , 1958 )

Lenha

terça-feira, 24 de agosto de 2010


Nascemos, por assim dizer,provisoriamente,em qualquer parte; pouco a pouco vamos construindo em nós, o lugar da nossa origem, para posteriormente aí nascer cada dia mais definitivamente.


Rainer Maria Rilke

Qual a origem do termo "sangue azul"?

A antiga expressão é usada como referência a membros da aristocracia

Há duas explicações para a criação da expressão usada para designar membros de famílias nobres. A mais aceita pelos etimologistas, os estudiosos da língua, é a de que ela tem origem na Espanha do século 6. "Ela nasceu num contexto de preconceito étnico, religioso e cultural", diz o etimologista Deonísio da Silva, da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. "Faz referência à cor clara da pele, sob a qual destacavm-se veias e artérias azuais - quase invisíveis na pele de mouros e judeus, constantemente expostos ao sol durante o trabalho."

Porém, alguns pesquisadores defendem que a origem da expressão seja bem mais antiga e esteja no antigo Egito. Segundo eles, os faraós diziam ter sangue azul como as águas do rio Nilo, contrapondo-o ao vermelho do sangue dos súditos.


Mário Araújo
Aventuras na história

O português no oficial e no oficioso




Transposição do São Francisco: Maior túnel do país começa a ser construído na PB

Começa em São José de Piranhas, no Alto Sertão paraibano, a escavação do maior túnel subterrâneo do Brasil. Máquinas e operários já iniciaram a execução da obra na localidade denominada de sítio Curral da Onça, que fica a 18 quilômetros da sede do município.

Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I, obra que faz parte do ‘Lote 14’ do Eixo Norte da transposição do São Francisco sairá de Mauriti no Ceará, passando por baixo de uma serra no município de Monte Horebe até chegar em São José de Piranhas.

“Ele emboca em Mauriti (CE), onde as obras também já iniciaram, passa pelo subsolo do município de Monte Horebe (PB), onde será aberta uma janela de serviço e desemboca na Barragem de Morros (em construção) em São José de Piranhas”, explicou à reportagem do Radar Sertanejo o encarregado Moraes Pedro da Silva, que trabalha no Consórcio responsável pelo trecho da obra.

Além do Cuncas I, que tem prazo de quatro anos e seis meses para ser concluído, outro túnel (Cuncas II) que vai de São José de Piranhas até Cajazeiras será iniciado na próxima semana. Juntas, estas duas obras estão orçadas em R$ 203,3 milhões.

Segundo o Ministério da Integração, os 402 quilômetros do Eixo Norte, que vai de Cabrobó (PE) a Cajazeiras (PB), deve começar a funcionar em dezembro de 2012.


Radar Sertanejo

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

2 x 1

A rivalidade entre ingleses e franceses inclui guerras que duraram anos e mataram milhares. A Batalha de Bremule na Normandia, em 1119, porém, entrou para os livros por outra razão. Segundo o historiador medieval Oderico Vtitalis, em A Idade da Fé, dos 900 cavaleiros que se engalfinharam, somente três foram mortos. Um deles, devido a uma inesperada queda do cavalo.

No fim, Henrique I, rei da Inglaterra, manteve seu poder sobre a região.

Declaração de males


Ilmo. Sr. Diretor do Imposto de Renda.

Antes de tudo devo declarar que já estou, parceladamente, à venda.
Não sou rico nem pobre, como o Brasil, que também precisa de boa parte do meu dinheirinho.
Pago imposto de renda na fonte e no pelourinho.
Marchei em colégio interno durante seis anos mas nunca cheguei ao fim de nada, a não ser dos meus enganos.
Fui caixeiro. Fui redator. Fui bibliotecário.
Fui roteirista e vilão de cinema. Fui pegador de operário.
Já estive, sem diagnóstico, bem doente.
Fui acabando confuso e autocomplacente.
Deixei o futebol por causa do joelho.
Viver foi virando dever e entrei aos poucos no vermelho.
No Rio, que eu amava, o saldo devedor já há algum tempo que supera o saldo do meu amor.
Não posso beber tanto quanto mereço, pela fadiga do fígado e a contusão do preço.
Sou órfão de mãe excelente.
Outras doces amigas morreram de repente.
Não sei cantar. Não sei dançar.
A morte há de me dar o que fazer até chegar.
Uma vez quis viver em Paris até o fim, mas não sei grego nem latim.
Acho que devia ter estudado anatomia patológica ou pelo menos anatomia filológica.
Escrevo aos trancos e sem querer e há contudo orgulhos humilhantes no meu ser.
Será do avesso dos meus traços que faço o meu retrato?
Sou um insensato a buscar o concreto no abstrato.
Minha cosmovisão é míope, baça, impura, mas nada odiei, a não ser a injustiça e a impostura.
Não bebi os vinhos crespos que desejara, não me deitei sobre os sossegos verdes que acalentara.
Sou um narciso malcontente da minha imagem e jamais deixei de saber que vou de torna-viagem.
Não acredito nos relógios... the pule cast of throught... sou o que não sou (all that I am I am not).
Podia ter sido talvez um bom corredor de distância: correr até morrer era a euforia da minha infância.
O medo do inferno torceu as raízes gregas do meu psiquismo e só vi que as mãos prolongam a cabeça quando me perdera no egotismo.
Não creio contudo em myself.
Nem creio mais que possa revelar-me em other self.
Não soube buscar (em que céu?) o peso leve dos anjos e da divina medida.
Sou o próprio síndico de minha massa falida.
Não amei com suficiência o espaço e a cor.
Comi muita terra antes de abrir-me à flor.
Gosto dos peixes da Noruega, do caviar russo, das uvas de outra terra; meus amores pela minha são legião, mas vivem em guerra.
Fatigante é o ofício para quem oscila entre ferir e remir.
A onça montou em mim sem dizer aonde queria ir.
A burocracia e o barulho do mercado me exasperam num instante.
Decerto sou crucificado por ter amado mal meu semelhante.
Algum deus em mim persiste
mas não soube decidir entre a lua que vemos e a lua que existe.
Lobisomem, sou arrogante às sextas-feiras, menos quando é lua cheia.
Persistirá talvez também, ao rumor da tormenta, algum canto da sereia.
Deixei de subir ao que me faz falta, mas não por virtude: meu ouvido é fino e dói à menor mudança de altitude.
Não sei muito dos modernos e tenho receios da caverna de Platão: vivo num mundo de mentiras captadas pela minha televisão.
Jamais compreendi os estatutos da mente.
O mundo não é divertido, afortunadamente.
E mesmo o desengano talvez seja um engano.



Paulo Mendes Campos

Texto extraído do livro "O amor acaba", Civilização Brasileira - Rio de Janeiro, 1999, pág. 259, organização de Flávio Pinheiro.

Maria Bethânia, onde estará o meu amor.

Você sabia ?


"Olha o passarinho!"

Ave na gaiola deixava criançada imóvel na hora da foto.

Quando a fotográfia foi inventada, a impressão da imagem no filme não se dava rapidamente como hoje. Ver a foto numa telinha digital segundos após ela ser tirada, podendo apagá-la e fazer de novo se alguém piscou, tampocuo passava pela cabeça dos fotográfos. Por isso posar era um processo bastante lento.

Na metade do século 19, os fotografados tinham de permanecer parados por até 15 minutos a fim de que sua imagem fosse impressa dentro da máquina. E fazer as crianças ficarem imóveis por tanto tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas com pássaros ficavam penduradas atrás dos fotógrafos e chamavam a atenção dos pequenos, tornando mais fácil a brincadeira. Assim, a expressão "olha o passarinho" ficou conhecida como a frase dita pelo fotográfo na hora da pose.


Aventuras na história

Um dia um livro - Cada homem é uma raça de Mia Couto

Olho para minha biblioteca como para um animal selvagem, jibóia preguiçosa que se extendesse do escritório à sala, deixando sinais úmidos de passagem pelo quarto. Quando o animal invadir a cozinha talvez seja hora de devolvê-lo à selva, ou de sair de casa entregando o espaço à sua própria natureza. Medida que não me ocupa no momento em que ainda estabeleço convivência pacífica com estes excessos sinuosos antes que me devorem. Na verdade, não tenho tantos livros, apenas o suficiente, e suficientemente organizados/desorganizados, para achar e/ou perdê-los todos os dias. Pelo menos um.

Assim como perco um livro por dia, penso que posso aproveitar para falar de um deles de vez em quando. Não apenas dos que perco, mas também dos que encontro. Dia desses no twitter a Ana Lúcia me deu esta idéia de falar de um livro- um dia – como acontece em alguma TV francesa. Não farei isso neste espaço do blog porque não há este tempo disponível para atualizá-lo. Mas penso que de vez em quando é possível escrever sobre. (E fico pensando como o blog que parecia tão rápido tornou-se lento perto do microblog Twitter que uso tanto…)

Como muitos dos meus leitores sabem, eu defendo a idéia de uma leitura afetiva contra a impotência da análise crítica (que, ainda que possa ser muito boa, não serve necessariamente para estimular a leitura, que é, atualmente o que eu mais espero). Por isso, o livro que eu escolhi hoje foi um que eu achei ao acaso, que me apareceu quando eu procurava por outro – que permanece perdido. Trata-se de CADA HOMEM É UMA RAÇA do escritor moçambicano Mia Couto (RJ: Nova Fronteira, 1998). Lembro que o li há uns 10 anos e que o que mais me agradou foi a experiência com a forma da língua portuguesa tal como a pode usar um escritor moçambicano. Fico sempre curiosa com os usos da nossa língua comum por parte dos escritores de países diferentes. Os angolanos, os portugueses, os brasileiros, os habitantes do Cabo-Verde ou de Guiné-Bissau – além de outros países – fazem um uso diferente da língua e os escritores ainda mais. Escrever é encontrar uma voz própria, uma palavra pessoal, dentro da língua comum.

Mia Couto é um grande escritor da nossa língua e neste livro de “estórias” como nos afirma o subtítulo sinalizando o gênero do que iremos ler, é um livro dos melhores que já li. Do primeiro conto A Rosa Caramela ao último Os Mastros do Paralém, o que lemos nos põe em lugares de viagem, passagem, paragem:

“VIVEMOS longe de nós, em distante fingimento. Desaparecemo-nos. Porque nos preferimos nessa escuridão interior? Talvez porque o escuro junta as coisas, costura os fios no disperso. No aconchego da noite, o impossível ganha a suposição do visível. Nessa ilusão descansam os nossos fantasmas.” (O Pescador Cego)

Ou ainda:

“NAQUELA noite, as horas me percorriam, insones ponteiros. Eu queria só me esquecer-me. Assim deitado, não sofria outra carência que não fosse, talvez, a morte. Não aquela, arrebatada e definitiva. A outra: a morte-estação, inverno subvertido por guerrilhaeiras florações”. (Mulher de Mim).

Ler é bom porque nos faz voltar pra gente mesmo indo mais longe sem sair do ligar. Como diz um provérbio macúa citado por Mia Couto, ” O barco de cada um está em seu próprio peito”.


Marcia Tiburi

Elasticidade e beleza nos estádios




Construção de mesquita leva nova-ioquinos às ruas


Defensores e oponentes da proposta de construir um centro cultural muçulmano e uma mesquita perto do local do World Trade Center geraram manifestações rivais no centro de Manhattan neste domingo. Para evitar confrontos, ambas foram mantidas separadas pela polícia e por barricadas.

O debate, que ganhou importância política nacional nos Estados Unidos, centra-se nos planos de construir o centro a dois quarteirões do local dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Os republicanos que se opõem ao projeto estão utilizando-o para atacar o presidente Barack Obama antes das eleições parlamentares de novembro, em que o Partido Democrata buscará manter o controle do Congresso.

Os opositores ao centro, que incluiria um espaço para orações, dizem que a localização proposta é insensível e temem que a ação fomente o extremismo religioso. Aqueles que apoiam o plano citam o direito à liberdade religiosa e a necessidade de promover a tolerância e a compreensão.

Centenas de opositores gritavam "Não à Mesquita" neste domingo, cantando músicas patrióticas e empunhando fotos de ataques violentos realizados por extremistas islâmicos.


globo.com

domingo, 22 de agosto de 2010

Nana Caymmi, resposta ao tempo.

Quando o nome não é suficiente


Imagine a confusão que seria se as pessoas não tivessem sobrenome, identidade, registro de nascimento ou impressões digitais? Mas, acredite, era assim até meados do século 12. Evidente que naquele tempo não existiam grandes aglomerados urbanos como os que existem hoje, mas já havia grandes cidades, Paris, por exemplo, já tinha cerca de 200 mil habitantes.

Segundo pesquisa, por volta do ano 1000, simplesmente não existiam sobrenomes. A identificação de uma pessoa se fazia pelo prenome e por um complemento qualquer. Uma prática bastante costumeira naquela época e seguida até hoje nas pequenas cidades interioranas, era identificar as pessoas como “fulano filho de beltrano”. Em Pombal, não foi diferente e ainda hoje isso é muito comum. A cidade teve e tem inúmeros exemplos dessa conjugação de nome e “sobrenome”, epítetos como “Zé de Bú”, “Júnior de Teófilo”, “Pedro Farofa”, “Zé Priquitinho”, “Chico de Ernesto”, “Zé de Nitor”, “Chico de Altino”, “Pedro Mala Velha”, Zé Palitó”, “Negro Gato”, “Cancão”, Zé do Ovo”, Rita de Bozó”, “Zé Enfermeiro”, “Chico Catabi”, “Papel”, “Parela”, “Bizéu” e muitos outros. Outra forma assaz propalada era o complemento de apelidos ao nome, geralmente fazendo alusão à origem geográfica das pessoas, seus aspectos físicos, profissionais ou a traços morais do indivíduo.

Na antigüidade, houve, pelo que dão conta os registros, casos esparsos de desenvolvimento desses sobrenomes. O mais conhecido é o ocorrido no Império Romano, onde as pessoas da elite costumavam ter três nomes, a exemplo de Caio Júlio César. Com a derrocada do império verifica-se também uma involução no sobrenome e o nome composto desaparece na esteira das invasões germânicas.

Mais alguns séculos e o nome único ou o nome seguido apenas de um apelido reaparece por toda parte.

Aos poucos, os apelidos foram se incorporando e tornando sobrenomes. Em Paris, por exemplo, havia grande número de pessoas identificadas por apelidos que se referiam ao lugar de origem do cidadão, como “Langlais” (o inglês), “Lespaniol” (o espanhol), “Litalien” ou “Lombard” (designando a procedência italiana), “Lallemand” ou “Lallement” (o alemão). Entre os alusivos a traços pessoais, eram comuns apelidos como “Lejeune” (o jovem, o filho mais novo), “Leblond” (o louro), da mesma forma que “Bajo”, “Gordo”, “Rubio”, “Calvo” e outros em espanhol e analogamente em outros idiomas.

São também interessantíssimos os antigos apelidos derivados de ofícios. Um censo realizado em Paris em 1294 registrou, dentre tantos outros apelidos, “allier” (vendedor de alho), “avenir” (vendedor de aveia), “falconuir” (pessoa que cria ou vende falcões). Todo o país europeu tem hoje entre os seus cidadãos muitos com sobrenomes de “padeiro”, “açougueiro”, “ferreiro”. Esses ofícios eram importantíssimos nas cidades européias medievais e existiam milhares de pessoas conhecidas por tais epítetos. Posteriormente, o apelido se “desgruda” do ofício e se transforma em sobrenome hereditário. Meunier e Mounier, por exemplo, derivados do ofício de “moleiro”, são muito comuns em francês, assim como Miller, em inglês, e Muller, em alemão. Se o presidente Luís Inácio da Silva tivesse nascido no nordeste da França, talvez tivesse se tornado conhecido como “Lula Eisenhower” (metalúrgico em alemão). O piloto Schumacher talvez tenha tido algum antepassado fabricante de sapatos (shoemaker), assim como Zapatero, o primeiro-ministro espanhol. E na ascendência de Jean-Paul Sartre deve ter havido alguém que fazia belos ternos, uma vez que “sartre” em francês (como “sarti” em italiano e “sastre” em espanhol) significava alfaiate.

Sem dúvida, o surgimento dos apelidos e a sua multiplicação por si só evidencia a insuficiência do nome único. É como se a pessoa necessitasse de uma extensão para se fazer representar em sua coletividade e no meio social.

No Brasil, os apelidos quase sempre vão à exaustão da criatividade, característica peculiar da nossa gente, e da possibilidade sonora e lingüística do nosso português. Nessa ótica da criatividade, que vai do folclórico ao incomum e inusitado, é que o povo brasileiro tem se notabilizado pela variação dos seus nomes e apelidos. Exemplo maior dessa diversidade de “sobrenomes” e suas origens, guardadas as devidas proporções com as influências e origens dos apelidos europeus, é o que encontramos junto o banco de dados dos registros de candidaturas do TSE nestas eleições de 2010, com especial enfoque a opção de variação de nome dos candidatos para a urna eletrônica e propaganda eleitoral gratuita, variações das mais extravagantes possíveis, e evidentemente engraçadas, que vão de “Chinelo” a “Tiririca”, de “Paulera” a “Farofa”.

Sem sombra de dúvida, apelidos como estes nos conduzem naturalmente a elucubrações das mais férteis possíveis sobre a origem etimológica dessas “pérolas” lançadas pelo nosso povo ao público eleitoral brasileiro.


Teófilo Júnior

Moço velho


Ontem, sem muita coisa pra fazer, num típico sábado sem graça, acabei encontrando os amigos num velho barzinho aqui da urbe. Papo descontraído, conversa sem muito compromisso, e uma ideia muito prática, a de intercalar o diálogo com um bom destilado e água de coco.

Não deu outra. Amanhecei com os ponteiros do relógio as avessas.

Dei conta de que, de tudo que falamos ontem a noite, apenas uma coisa é de constatação imediata: Luis Fernando Veríssimo, tem toda razão!


"A ressaca é a prova de que a retribuição divina existe e que nenhum prazer ficará sem castigo".

Comércio virtual: Barrigas de aluguel oferecidas a 150 mil


Pipocam em sites de relacionamento fóruns e comunidades criados para negociar barrigas de aluguel.

No mercado de adoções ilegais no Brasil, cuja organização envolve até mesmo "pacotes" incluindo o serviço de advogados, uma criança pode custar R$ 150 mil.

Pipocam em sites de relacionamento fóruns e comunidades criados para negociar barrigas de aluguel. O preço de uma criança chega a R$ 150 mil, geralmente cobrados em parcelas - na confirmação da gravidez, durante a gestação, e no nascimento do bebê.

A reportagem do Terra entrou em contato com anunciantes desses fóruns, se passando por uma pessoa interessada. Foram 10 respostas, quatro delas enviadas em menos de 12 horas. "Existe um contrato que assinamos, no qual eu me comprometo a te entregar o bebê, e esclarecendo que é seu filho desde o resultado do exame, e você se compromete a pagar. É feito por um advogado, ficará uma via comigo e outra com você. Estando firmado acordo, nem eu nem você terá o que reclamar, pois o contrato será firmado, e quando nascer o bebê já sai no seu nome como seu filho biológico", respondeu uma mulher, por e-mail. Segundo ela, não seria a primeira vez que alugaria o próprio ventre.

Em outro contato, um homem se ofereceu com atravessador, pedindo "uma pequena comissão", caso conseguisse algum contato que desse certo. "Como já vimos pela internet, muitas mulheres fazem barriga de aluguel, mas ninguém disponibiliza o óvulo", diz o homem. Ele ofereceu uma tia, de 33 anos, que segundo ele nunca teve nenhum filho, para fornecer o óvulo, e pediu R$ 150 mil em pagamento pela gravidez.

Os anúncios, em sua maioria, são em primeira pessoa: mulheres, que se dizem casadas, com mais de 20 anos e alegando problemas financeiros, uma jovem de Santos (SP): "Eu quero 35.000 reais, mais 1.500 por mês de gravidez por conta das despesas com alimentação (tem que ser muito saldavel (sic). Mas aceito uma proposta de vocês", explicou. Todas dizem que a fecundação seria feita com o consentimento do parceiro ou da família, e oferecem um contrato para garantir a entrega da criança - em alguns casos, com a anuência de um advogado.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) confirma que os fóruns online são um verdadeiro mercado de adoção ilegal. "As pessoas oferecem em páginas de sites de relacionamento os pacotes da adoção, que incluem a estadia nos locais para conhecer a criança e o advogado para realizar o processo", relata o vice-presidente para assuntos da Infância e Adolescência da AMB, Francisco Neto.

Ele diz que a legislação determina a inclusão das crianças disponíveis para adoção no Cadastro Nacional de Adoção. "As pessoas não podem sair por aí procurando crianças para adotar".


Daniel Favero
terra.com.br

sábado, 21 de agosto de 2010

Cinema: Um doce olhar

Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2010, o filme turco "Um Doce Olhar", que estreia em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador, é a terceira e última parte de uma trilogia assinada pelo diretor Semih Kapanoglu.

O título original do filme, "Bal", quer dizer "Mel". Os outros dois longas são "Yumurta" ("Ovo"), de 2007, e "Sut", ("Leite"), de 2008 -- ambos inéditos em circuito comercial no Brasil, mas exibidos em festivais, como a Mostra Internacional de São Paulo.

Cada um dos filmes retrata uma fase na vida de um mesmo personagem, Yusuf, o que não quer dizer que sejam, necessariamente, a mesma pessoa.

Em "Ovo" ele é um homem maduro, um poeta de pouco sucesso, dono de um sebo que volta à cidade natal para o funeral de sua mãe. Em "Leite", está no final da adolescência, não consegue entrar numa universidade, sonha em escrever poesias, e não é aceito no serviço militar.

Cada filme pode ser visto de forma independente, pois se encerra em si mesmo. Mas, obviamente, a trilogia completa, um retrato às avessas de um homem, da maturidade à infância, traz mais camadas de compreensão sobre o personagem.

Em "Um Doce Olhar", o pequeno Yusuf, de 6 anos, mora numa província cercada de montanhas no norte da Turquia. O pai, Yakup (Erdal Besikcioglu), é apicultor, e a mãe, Zehra (Tulin Ozen), plantadora de chá.


SÃO PAULO (Reuters)

O que mais dói


O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente
Nem a lembrança que o coração sente
Dos belos sonhos da primeira idade.

Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente,
Nem os martírios de uma dor latente,
Quando a moléstia o nosso corpo invade.

O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais que o próprio crime,
Não é perder da posição um grau.

É ver os votos de um país inteiro,
Desde o praciano ao camponês roceiro,
Pra eleger um presidente mau.


Patativa do Assaré

Anjo de mim - Ivan Lins


"Se nós homens fôssemos inteligentes, teríamos procurado sempre que as mulheres fossem mais felizes do que são, porque é a condição primária da felicidade no mundo. À medida que as mulheres não são felizes, não há felicidade; e evidentemente não a pode ter o homem"


Julián Marías

Hoje é uma daquelas manhãs de agosto em que parece que nada tem significado ou nos inspira. Tédio total. A falta de inspiração me bateu a porta e me puxou a cadeira da sala. O que fazer então?

Só resta acudir-me de Bernard Shaw: "Acredito na disciplina do silêncio... - E poderia falar durante horas sobre o assunto".



Há ainda aqueles que acham que Direito é apenas uma questão de competência.

Dando asas a imaginação


Encontrei na net este curioso cartaz do 12° festival internacional de cinema erótica de Barcelona, realizado em 2004.

A imagem, sem dúvida, dá vazão a divagações múltiplas!

Vem andar comigo

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Mariana Morais - Fado Português e Fado Gaivota

Piada de português...

Anúncio publicado em jornal lusitano:

Casal procura Casal iniciante - mas com grande experiência na fabricação de pães e doces - ele moreno, bigodes fartos, 1,78m, 80 kg; ela loura, 1,77m, 75 Kg, bonita; ambos com quarenta e três anos, portugueses legítimos, sem preconceitos, saudáveis, excelente nível sócio-econômico, cheios de desejo, buscam aventuras eróticas com outros casais da mesma faixa etária. Exigem sigilo absoluto, pois ele é proprietário da Padaria Nossa Senhora de Fátima, e muito conhecido na Freguesia do Ó. De maneira que, se alguém ficar sabendo que ele e sua mulher - que é sobrinha do Padre João Alberto - andam atrás desse tipo de sacanagem, eles vão ficar em maus lençóis. Enviar cartas para Joaquim Gonçalves dos Santos/Maria de Lourdes dos Santos, R. dos Navegantes, 78 - Fundos (Atrás da Padaria).

Cinema: Justiça


Justiça, documentário de Maria Augusta Ramos, pousa a câmera onde muitos brasileiros jamais puseram os pés — um Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. Há os que trabalham ali diariamente (defensores públicos, juízes, promotores) e os que estão de passagem (réus). A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, as estruturas de poder — ou seja, aquilo que, em geral, nos é invisível. O desenho da sala, os corredores do fórum, a disposição das pessoas, o discurso, os códigos, as posturas — todos os detalhes visuais e sonoros ganham relevância. O espaço, as pessoas e sua organização são registrados de maneira sóbria. A câmera está sempre posicionada em relação à cena mas não se move dramaticamente, não busca a falsa comoção. Sinal de respeito, de não-exploração. No filme, não há entrevistas ou depoimentos, a câmera registra o que se passa diante dela. Maria Augusta Ramos observa um universo institucional extremamente fechado e que raras vezes é tratado pelo cinema ficcional brasileiro. Seu filme é tão mais importante em função de nossas limitações em termos de representação dos sistemas judiciais. Em geral, nosso olhar é formado pela visão do cinema americano, os “filmes de tribunal”. Justiça, sob esse aspecto, é um choque de realidade. A cineasta vai acompanhar um pouco mais de perto uma defensora pública, um juiz/professor de direito e um réu. Primeiro, a câmera os flagra no “teatro” da justiça; depois, fora dele, na carceragem da Polinter e na intimidade de suas famílias. Com suas opções claras, que não são escondidas por sua opção pela sobriedade e pela simplicidade, Maria Augusta Ramos deixa evidente que, como os documentários, a justiça está muito longe de ser isenta. Como e para quem a justiça funciona no Brasil é a questão que se apresenta em seu filme, sem respostas definitivas ou julgamentos preconcebidos.
Pedro Butcher, Revista Cinemais

Cinto de castidade


Quando todos já haviam sepultado na história a opressão do velho cinto de castidade eis que ele reaparece numa versão informatizada.

Navegando descompromissadamente por ai me deparei com uma, digamos, versão pós-moderna, do cinto de castidade. Pois é... isso mesmo! Um GPS acoplado a uma calcinha. Custa apenas 99 dólares. Observem o nível da publicidade:

Ever worry about your wife cheating?Want to know where your daughter is late at night?Need to know when your girlfriend's temperature is rising?

Francamente... Em todo caso, como bom macho latino, vou comprar uma. Nunca se sabe...

Luiz Gonzaga, patrimônio tombado.


Ambientes de origem e memória do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, tornam-se patrimônio cultural de Pernambuco. Poder público passa a ser responsável pela sua preservação.

Os locais que abrigam grande parte da história de Luiz Gonzaga do Nascimento, o pernambucano que fez o Brasil conhecer o cotidiano do povo nordestino, estão agora sob os cuidados do poder público. Isso porque o Parque Aza Branca e a casa do seu pai, Januário, em Exú – cidade natal do Rei do Baião – foram tombados por meio de aprovação unânime do Conselho Estadual de Cultura e posterior homologação do Governo do Estado.

A ação de tombamento, iniciada em julho de 2007, contempla os 3,7 hectares do parque, que abriga o Museu do Gonzagão e da Casa de Luiz Gonzaga, e a antiga casa onde viveu seu pai, localizada na Vila da Fazenda Araripe. Com o tombamento definitivo, ambos os locais começam a receber intervenções da Fundarpe.


Débora Duque.

Aviso aos candidatos

Placa postada as margens da BR Fernão Dias

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Olhos mansos

Convite de grego


Acabei de receber um convite para o encontro de colegas do cursinho pré-vestibular CA na capital do Estado. Uma espécie de comemoração dos 17 anos de aprovação no vestibular. A princípio, fiquei até tentado em confirma a participação no evento, mas, depois do último telefonema, não tive como me interessar mais nesta "festa" de reencontro.

Pelo que ouvi, a festa se destina mais a avaliar as atuais posições alcançadas pelos colegas na sociedade do que um encontro de saudades.

Desisti. Não participo de encontro de currículos!

Bee Gees - How Deep Is Your Love

O nome


Cidadezinha do interior é danado para ainda ter comerciante que se aventura no prático e providencial “pendura para o fim do mês”, e lá vai ele tomar nota, ou melhor, esperar a nota na velha e surrada cadernetinha de balcão. Geralmente consome-se a mercadoria primeiro para só depois arrematar: “depois a gente acerta” ou “no fim do mês a gente vê isso aí”. O ruim é quando chega o final do mês e o bodegueiro continua no “vamos ver”. Mas, no geral, excetuando-se aqueles devedores natos, digo, aqueles “esquecidos contumazes", a grande maioria da freguesia salda a dívida sim, seja no recebimento do “aposento” ou quando da venda de uma galinha gorda no sábado, na feira.

Vi isso acontecer a vida inteira e estive dos dois lados. Meu pai foi comerciante, ouvi muito “pendura aí” seu Teófilo! Mas isso já é outra história e vai ficar, quem sabe, para uma outra vez. O certo é que dívida contraída e com uns trocados no bolso, corri os olhos no catatau de vales e logo me acorreu o do Sr. Aluísio, dono de uma antiga bodega onde se vende de quase tudo, inclusive fiado.

- Seu Aluísio, meu vale?!
-Pois não, somo já já.
-Pronto! Concluiu ele: dois cocorotes e uma broa preta, dá um real e cinquenta centavos.

E de imediato entregou-me o vale escrito em papel de embrulho surrado onde se lia: “Teodilo Junho”, e mais a frente os valores numéricos da mercadoria vendida: R$ 1,50.

Ao pé da letra, percebi de pronto naquela vale: o meu nome! Não só pelo erro ortográfico como se postava naquele papelzinho de embrulho, mas na própria essência do nome, na sua formação etimológica em si. Ora, primeiro, porque nascido no sertão da Paraíba tinha tudo para me chamar Chico, Geraldo ou Zé, mas me resolveram Teófilo. Na verdade Teófilo Júnior com Félix de França pelo meio.

Teófilo é palavra originária do latim (junção de teo = Deus e filos = amigo). Em suma, meu nome é a junção de dois significados que se unem para dizer que sou “amigo de Deus”. É muita definição e arrumação para aquela época, sobretudo porque meus avós não conheciam o vernáculo latino e eram analfabetos. O que me restou saber é de onde desenterraram esse nome? Do calendário! Meu pai nasceu no dia de São Teófilo e como tal foi batizado por ideia de algum pároco daquela época usuário do calendário de folhinha.

Bom, o certo é que o imbróglio acabou sobrando para mim. Filho primogênito, meu pai cismou de homenagear-se batizando-me com o seu nome, acrescentando como diferencial o “Júnior”.

Desde então descobri que não é fácil ter o nome do pai e ser o filho. A princípio você será sempre uma justa homenagem, ao seu pai, claro! Depois tem aqueles inconvenientes de alguém ligar para sua casa procurando por Teófilo e lá vem os dois socorrerem o telefone, dentre outras confusões domésticas mais.

O certo é que desde cedo procurei me firmar como Júnior: “aquele que é mais jovem”, “iniciante” “o mais jovem de dois parentes homônimos”. Mas não é fácil. Todos me querem Teófilo e isso vem me desassossegando o juízo. Já pensou se me convencem e eu invento de chamar o meu filho de Teófilo III ? Seria demais.

Mas não me rendi e continuei na luta de firmar-me como Júnior. Pelo menos até esta semana. É que visitando a velha banca de revistas da praça do centenário descobri muito recentemente entre os livros e jornais o mais novo lançamento editorial do momento: uma nova revista gay chamada "Júnior". Ah, como assim? Júnior? É isso mesmo! Trata-se de uma espécie de Capricho para adolescentes gays do sexo masculino. Arrematou o livreiro.

- É Teófilo, já não se fazem nomes próprios nem batizam revistas como antigamente.


Teófilo Júnior

Hora do recreio. Cadê a minha batatinha ?

Metade do mundo é formada por pessoas que têm alguma coisa para dizer e não podem, e a outra metade por pessoas que não têm nada para dizer, mas podem.


Frost

Arte. Perseus, de Burne-Jones


CEMAR, semente pulsante em nossos dias


Foi a nossa amiga carismática e inesquecível Margarida nos anos de 1976 e 1977 junto com Gerti e Heriberto que plantavam uma “semente de mostadeira” nesse chão seco do sertão paraibano – uma semente bem pequena de esperança...

A Margarida com toda a família da Creche, do Clube e do CEMAR trabalhou bem para que essa semente pudesse crescer e crescer mais... Nós daqui de Hochheim apoiando e ajudando com a nossa amizade e solidariedade- não só com verbas financeiras desde o começo mais sim – nos primeiros anos pelo menos – igualmente com conselhos com tantas cartas e telefonas e durante s visitas de Margarida na Alemanha e durante as visitas dos Schlosser e dos Feins em Pombal. Essa semente pequena cresceu assim e surgiu uma árvore com uma copa (um telhado) sempre maior pra dar uma sobra para crianças, adolescentes e jovens que estavam precisando de uma proteção contra esse “sol quente e queimando da vida sertaneja”...Para o futuro esperamos vocês cuidem bem dessa árvore no espírito da Margarida assim com vocês estão fazendo. Depoimento de Heribert Schlosser que faz referencia ao CEMAR, e faz contato com a Carla que trabalha com o Mario Schlosser filho de Heriberto um dos diretores da Vostu, a empresa que desenvolve os jogos mais populares do Orkut. Que Tive o imenso prazer de conversar com o Heriberto e a Gerti e eles contaram um pouco da história do CEMAR e como foi que tudo começou, depois passaram o e-mail para que Carla pudesse conversar diretamente com a Entidade e comentar do nosso projeto.

O nosso jogo mais popular atualmente é a Mini Fazenda, onde os jogadores constróem uma fazenda virtual, plantam, colhem, cuidam de animais, ajudam a fertilizar as fazendas dos vizinhos, constróem casas, etc. Orgulhosamente e em primeira mão, comento que a Vostu está lançando o projeto Vostu Social e gostaríamos que vocês fossem os primeiros em receber nosso apoio!

Bom, como disse antes, na Mini Fazenda os jogadores plantam e colhem sementes virtuais, quanto mais eles plantam, mais miniOuros e miniGranas eles conseguem e assim podem comprar sementes melhores, animais e construções. O projeto social da Mini Fazenda terá base na plantação de uma semente especial - os jogadores serão informados que ao colher esta semente, 50% dos lucros obtidos será destinado ao CEMAR Pombal PB. Então, quanto mais brasileiros estiverem plantando e colhendo esta semente durante o mês da campanha, mais miniOuros e miniGranas serão arrecadados!

O campanha durará um mês, durante este mês estaremos divulgando a ação através do nosso site, blog, twitter, comunidade do Orkut e jogo. Além disso, toda ação de divulgação voluntária por parte da CEMAR será muito bem-vinda!

Os mesmo querem obter maiores informações da entidade CEMAR para poder contar aos nossos jogadores a quem eles estarão ajudando, agradeceremos se puderem nos enviar fotos e qualquer outro tipo de dado. Queremos lançar o projeto ainda este mês!

Desde já, é um imenso prazer entrar em contato com vocês, são organizações como a CEMAR que fazem a gente ter orgulho de ser brasileiro.



Matéria enviada pela comunicação social do CEMAR

Marjorie Estiano - Reflexo do Amor

Começou o horário eleitoral "gratuito"

O peixe

Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.

Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a insconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!



Patativa do Assaré

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Escrever é encontrar uma voz própria, uma palavra pessoal, dentro da língua comum.

(Marcia Tiburi)


Sugestão do amigo e leitor Adauto Neto.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Versículos do Dia

Até quando, ó Deus, nos afrontará o adversário? Blasfemará o inimigo o teu nome para sempre? (Salmos 74:10)

Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; (Atos 4:29)

domingo, 15 de agosto de 2010


Não se faz uma noite
No silêncio das chamas.

As noites moram
Nas nossas identidades de vidro,
Nas nossas vidas de amianto.
No débito das razões,
Preâmbulo cúmplice dos homens.

As noites são as louquitudes
Dos que emudeceram vocábulos
E nublaram sanidades;

E são geradas dos vermes
Que parasitam as unhas.


Teófilo Júnior

Um idoso na fila do Detran


"O senhor aqui é idoso", gritava a senhora para o guarda, no meio da confusão na porta do Detran da Avenida Presidente Vargas, apontando com o dedo o tal "senhor". Como ninguém protestasse, o policial abriu o caminho para que o velhinho enfim passasse à frente de todo mundo para buscar a sua carteira.

Olhei em volta e procurei com os olhos 0 velhinho, mas nada. De repente, percebi que o "idoso" que a dama solidária queria proteger do empurra-empurra não era outro senão eu.

Até hoje não me refiz do choque, eu que já tinha me acostumado a vários e traumáticos ritos de passagem para a maturidade: dos 40, quando em crise se entra pela primeira vez nos "entra"; dos 50, quando, deprimido, salte que jamais vai se fazer outros 50 (a gente acha que pode chegar aos 80, mas aos 100?); e dos 60, quando um eufemismo diz que a gente entrou na "terceira idade". Nunca passou pela minha cabeça que houvesse uma outra passagem, um outro marco, aos 65 anos. E, muito menos, nunca achei que viesse a ser chamado, tão cedo, de "idoso", ainda mais numa fila do Detran.

Na hora, tive vontade de pedir à tal senhora que falasse mais baixo. Na verdade, tive vontade mesmo foi de lhe dizer: "idoso é o senhor seu pai. O que mais irritava era a ausência total de hesitação ou dúvida. Como é que ela tinha tanta certeza? Que ousadia! Quem lhe garantia que eu tinha 65 anos, se nem pediu pra ver minha identidade? E 0 guarda paspalhão, por que não criou um caso, exigindo prova e documentos? Será que era tão evidente assim? Como além de idoso eu era um recém-operado, acabei aceitando ser colocado pela porta adentro. Mas confesso que furei a fila sonhando com a massa gritando, revoltada: "esse coroa tá furando a fila! Ele não é idoso! Manda ele lá pro fim!" Mas que nada, nem um pio.

O silêncio de aprovação aumentava o sentimento de que eu era ao mesmo tempo privilegiado e vítima — do tempo. Me lembrei da manhã em que acordei fazendo 60 anos: "Isso é uma sacanagem comigo", me disse, "eu não mereço." Há poucos dias, ao revelar minha idade, uma jovem universitária reagira assim: "Mas ninguém lhe dá isso." Respondi que, em matéria de idade, o triste é que ninguém precisa dar para você ter. De qualquer maneira, era um gentil consolo da linda jovem. Ali na porta do Detran, nem isso, nenhuma alma caridosa para me "dar" um pouco menos.

Subi e a mocinha da mesa de informações apontou para os balcões 15 e 16, onde havia um cartaz avisando: "Gestantes, deficientes físicos e pessoas idosas." Hesitei um pouco e ela, já impaciente, perguntou: "O senhor não tem mais de 65 anos? Não é idoso?"

— Não, sou gestante — tive vontade de responder, mas percebi que não carregava nenhum sinal aparente de que tinha amamentado ou estava prestes a amamentar alguém. Saí resmungando: "não tenho mais, tenho só 65 anos."

O ridículo, a partir de uma certa idade, é como você fica avaro em matéria de tempo: briga por causa de um mês, de um dia. "Você nasceu no dia 14, eu sou do dia 15", já ouvi essa discussão.

Enquanto espero ser chamado, vou tentando me lembrar quem me faz companhia nesse triste transe. Ai, se não me falha a memória — e essa é a segunda coisa que mais falha nessa idade —, me lembro que Fernando Henrique, Maluf e Chico Anysio estariam sentados ali comigo. Por associação de idéias, ou de idades, vou recordando também que só no jornalismo, entre companheiros de geração, há um respeitável time dos que não entram mais em fila do Detran, ou estão quase não entrando: Ziraldo, Dines, Gullar, Evandro Carlos, Milton Coelho, Janio de Freitas (Lemos, Cony, Barreto, Armando e Figueiró já andam de graça em ônibus há um bom tempo). Sei que devo estar cometendo injustiça com um ou com outro — de ano, meses ou dias —, e eles vão ficar bravos. Mas não perdem por esperar: é questão de tempo.

Ah, sim, onde é que eu estava mesmo? "No Detran", diz uma voz. Ah, sim. "E o atendimento?" Ah, sim, está mais civilizado, há mais ordem e limpeza. Mas mesmo sem entrar em fila passa-se um dia para renovar a carteira. Pelo menos alguma coisa se renova nessa idade.


Zuenir Ventura


Este texto foi publicado no livro "Crônicas de um fim de século", Ed. Objetiva - Rio de Janeiro - 1999 - pág. 25; e extraído do livro "As cem melhores crônicas brasileiras", Ed. Objetiva - Rio de Janeiro - 2007 - pág. 265 - organização de introdução de Joaquim Ferreira dos Santos.

A pedido, Grande Hotel - Kid Abelha

Carta aos amigos II


Estimados Amigos,

a resposta para a pergunta em epígraphe foi dada pelo poeta alemão Novalis: "estamos indo sempre pra casa".

As ideas não podem ficar no hyperurânio platônico, Ellas precisam ser realizadas aristolelicamente. Os gregos tinham um projecto de existência para o qual cabia as palavras lúcidas e apaixonadas de Dostoievsky: "a Belleza redimirá o mundo". Hoje, este é o primeiro artigo da minha profissão de fé. Preciso assumir isto e devo fazê-lo com responsabilidade.

O mundo do qual sou responsável é antes a minha família. Devo portanto erguê-lo e guardá-lo pelo metron da Belleza. Mesmo que eu não a viva, meus filhos e esposa devem vivê-la. Por isto tomei uma descisão que preciso compartilha-la convosco: em janeiro de 2011 minha família estará residindo em Campina Grande. Aristóteles pensava que uma coisa pequena pode ser graciosa, mas não bella. A grandeza, o sublime, é um atributo da Belleza. Se não, Ella não nos fascinaria. Não é só mudança. Não basta Campina (SP). Tem que ser Grande (PB).

Presumo que ficarei aqui um pouco mais. Mas ella, digo a minha família, deverá fruir da Belleza. Não tenho o direito de mantê-los no captiveiro. Heidegger, em sua grandeza, reflete que "a missão de uma geração é ser sacrifício para a geração seguinte". Esta geração sou eu.

Um compromisso éthico é também um compromisso esthético. Esta lição recebi dos gregos. O mundo para elles era bello, era o cosmo, donde cosmética. O grego tinha como sagrada e boa a Belleza, ao ponto de não conseguir ver em quem a possuísse a maldade. Temos um caso famoso onde uma modelo da estatuária antiga foi absolvida no tribunal porque seu advogado apellou à consciência grega, despindo-a e dizendo: "vede se em tamanha belleza pode haver tamanho mal?".

Nem muito o mar, nem muito o sertão: Campina Grande. A saúde da minha esposa agradecerá. De novo Aristóteles, mais que Gautama, o Buddha, a me prescrever o caminho do meio.

Um abraço afetuoso a todos e espero em breve me reunir convosco definitivamente na Parahyba, nossa Terra, nossa casa.


Euphrasio Jr.

Cinema Nacional


Esta é para os fãs saudosos do prefeito Odorico Paraguaçu e de seu insólito "programa de governo".

A trama do longa-metragem é uma comédia com consistente viés político e ressuscita todos os personagens que caíram nas graças do público brasileiro. Só que, desta vez, na sala escura e via celulóide.

O filme já estreou nos cinemas de todo o Brasil.

Intolerância: comunidades que expressam ódio a nordestinos são alvo da PF e do MP

A propagação de comunidades na internet com mensagens de discriminação contra nordestinos está sendo questionada pelo Ministério Público de Pernambuco e investigada pela Polícia Federal. A polêmica sobre referências preconceituosas foi denunciada ao MP em junho, logo após as enchentes que atingiram as cidades de Alagoas e Pernambuco.

O pivô da revolta foi uma comunidade do Orkut intitulada “Odeio Nordestino”, que abriu tópicos para "lamentar a sobrevivência" das vítimas enchentes e manifestar temor por uma “nova invasão” de nordestinos a São Paulo. “Pessoal, com essas enchentes no Nordeste acho que os cabeçudos vão vir em massa pra SP. Vai ter mais lixo do que já tem aqui”, afirmou uma frequentadora da comunidade. “Seria bom se eles morressem na enchente, afinal nordestino é um animal que não sabe nadar”, disse outro.

Mas não são apenas ataques às vítimas das enchentes que são encontradas na internet. Numa rápida busca, é possível ver que existem vários sites e comunidades de supostos moradores do Sul e Sudeste do país com ataques a nordestinos.

Na comunidade "Lugar de nordestino é no Nordes", com 154 membros no Orkut, um dos tópicos de comentários diz que os "nordestinos estão prejudicando os paulistas". "Peço que os paulistas expulsem os nordestinos de nossas terras, pois além de roubarem nosso espaço, ainda tiram onda dos paulistas", afirma a usuária Patrícia. "Voltem para o rebanho de vcs (sic) carniça", escreve uma usuária.

Os exemplos discriminatórios não se restringem ao Orkut. “Essa comunidade é para todos os paulistas, paulistanos e sulistas que estão cansados de ver e ter que aceitar esses ‘forasteiros’ usurparem da nossa terra, trazendo costumes imundos, emporcalhando as cidades, aumentando a criminalidade e agindo como se essa terra fossem deles”, diz um trecho do site “Desabafo Brasil”, que sugere que os usuários ingressem em sites preconceituosos.

Outro exemplo está num texto intitulado “manifesto confederalista”. "Quantas vezes você, paulista, presenciou cenas de desrespeito praticado por migrantes? Invadirem espaços, agirem como se estivessem em sua terra. Imporem sua cultura e costumes à nossa vontade. Inundam nosso estado, exigem serviços, põem-se de 'vítimas', apagam nossa identidade. Assim somos desrespeitados", diz o texto de apresentação.

MP pede providências
Diante das denúncias apresentadas no período pós-enchentes, o MP decidiu investigar as pessoas que fazem parte destas comunidades. A denúncia original foi contra a comunidade “Odeio Nordestino”. “Essa comunidade não é de uma ou duas pessoas, mas sim são cerca de 400 pessoas. E nós constatamos ofensas, preconceito, racismo, formação de quadrilha. E esse comportamento, além de criminoso, é perigoso, pois incita violência”, afirmou o promotor José Lopes Filho, coordenador da área de crimes contra a ordem tributária do MP de Pernambuco.

Com a repercussão do caso no Estado, os moderadores da comunidade apagaram os comentários que atacavam as vítimas das enchentes e restringiram o acesso ao conteúdo – agora, para participar, é preciso ser aprovado.

Segundo o promotor, o MP-PE acionou o MP federal e o de São Paulo (suposta origem do crime) e deu entrada com uma notícia-crime na PF. Várias comunidades do Orkut foram denunciadas. "Todo o trabalho acontece em sigilo pela PF. Essas investigações são demoradas; às vezes leva meses. É preciso rastreamento, quebra de IP [endereço de identificação de um computador], até mesmo procedimentos internacionais. Eu estive com o relações públicas da PF na última semana e ele me informou que as investigações estavam de vento em popa", afirmou Lopes.

O promotor disse que conseguiu chegar ao IP dos usuários da comunidade. "Eles começaram a criar fakes [nome de usuário falso], mas nós conseguimos rastrear o IP dessas pessoas. Isso facilita identificar o usuário. É preciso pedir o horário GNT para sabermos exatamente de onde partiu os comentários. Todos os dados que conseguimos foram entregues à PF.”

Segundo o promotor, os integrantes das comunidades anunciaram até a posse de artefatos explosivos. “Essas comunidades podem ter vinculações com grupos neonazistas. Talvez essa análise desbarate até quadrilhas. Se identificados, essas pessoas podem ser condenadas por racismo, preconceito e, eventualmente, por formação de quadrilha e apologia ao crime”, informou.

Lopes ainda criticou a empresa Google, detentora do Orkut, que se recusaria a retirar do ar comunidades com conteúdo racista. "Eles se valem da lei norte-americana, da independência que possui por ser de outro país”, disse o promotor.

Comunidades de apoio
Depois da repercussão do ataque às vítimas das enchentes, muitas comunidades de apoio aos nordestinos foram criadas e outras, mais antigas, ganharam adeptos. A principal delas, intitulada “Orgulho de Ser Nordestino”, possui hoje mais de 133 mil membros, e tem vários comentários de pessoas que passaram por casos de discriminação.

Já outras comunidades foram criadas recentemente para criticar o preconceito de supostos moradores do Sul e Sudeste. Na comunidade “Eu odeio quem odeia nordestino”, por exemplo, muitos usuários pedem que os internautas denunciem as comunidades que expressam preconceito contra os moradores da região.


Carlos Madeiros
Uol.com.br
Em Maceió

sábado, 14 de agosto de 2010

Pecados da língua


As versões das escrituras sagradas estão repletas de imperfeições por causa das dificuldades impostas pelos originais e os idiomas em que foram escritos. Confira alguns exemplos.

Decepção no paraíso.


O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, também tem seus problemas de tradução. Segundo Chistoph Luxenberg, pseudônimo de um especialista alemão em estudos árabes, autor do livro The Syro-Aramaic Reading of the Koran (sem tradução para o português), os textos originaisdo Alcorão não foram escritos apenas em dialeto árabes mas também num dialeto sírio-aramaico falado em Meca no século 7. O estudo de Luxenberg um detalhe aterrador para os terroristas suícidas. Se sua interpretação estiver correta, os muçulmanos que morrem em nome da fé não encontrariam mulheres virgens no paraíso, e sim uvas. Segundo o pesquisador, a palavra usada no original, huri, significa "uvas brancas" no dialeto sírio-aramaico.

Literal, mas ambíguo.


Em Levítico, o 3° livro da Torá, está a história do bode expiatório, que é sacrificado para que o povo de Moisés pague seus pecados. A tradução literal, no entanto, fornece o nome "bode de Azazel, o demônio". Ela não quer dizer que o animal pertence ao coisa-ruim, mas que representa sua influência sobre os homens, sua parte malígna. Fora do contexto, a expressão poderia dar a entender que um bode do demônio livrou os homens dos pecados dos hebreus - o que não é verdade. Para evitar o mal-entendido, os tradutores preferiram o termo bode expiatório.

A palavra do preconceito.


Um bom exemplo de como opções de tradução podem causar polêmica é a questão da homossexualidade. Em vários trechos da Bíblia, palavras que podem significar "pederasta", "masturbador" ou "estrupador" viraram simplesmente "homossexual" - deixando evidente o preconceito do tradutor. A palavra malakoi, por exemplo, já virou tanto "mole" quanto "pervertido", "efebo" ou "homossexual". Cada tradutor escolhe a que prefere ou acha mais correta.

Revista Super Interessante