Eu sou do tempo em que a mulher
Mostrar o tornozelo
Era um
apelo!
Depois, já rapazinho, vi as primeiras pernas
De mulher
Sem
saia;
Mas foi na praia!
A moda avança
A saia sobe mais
Mostra os
joelhos
Infernais!
As fazendas
Com os anos
Se fazem mais
leves
E surgem figurinhas
Em roupas transparentes
Pelas ruas:
Quase
nuas.
E a mania do esporte
Trouxe o short.
O short amigo
Que trouxe
consigo
O maiô de duas peças.
E logo, de audácia em audácia,
A natureza
ganhando terreno
Sugeriu o biquíni,
O maiô de pequeno ficando mais
pequeno
Não se sabendo mais
Até onde um corpo branco
Pode ficar
moreno.
Deus,
A graça é imerecida,
Mas dai-me ainda
Uns aninhos
de vida!
Millôr Fernandes
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