Bem. Vamos lá a isto. Vou-me embora. Vou-me embora de vez. Não vou nada. Mas gostava. Mentalmente já tenho tudo planeado. Intelectualmente sinto os pés no chão. Vou com bilhetes apenas de ida e quem quiser que nos vá ver. Estou cansada desta terra. Não estou nada. Adoro a minha cidade e seria incapaz de lhe virar costas. Não tem nada para me oferecer. Investi no engrossar do currículo. Por algumas vezes me disseram que era demasiado. Vou para onde o valorizem na íntegra e onde posso aplicar os meus conhecimentos e o meu empenho. Não vou nada. Mas gostava. Não gostava nada. Quero conhecer pessoas, gentes, viver perto de monumentos vivos. Mas não há castelo como o meu. Sim é meu. Tal como esta é a minha cidade. Conheço todas as ruas. Todos os cantos têm histórias e pessoas. Algumas não prestam para nada. Mas é assim que se segmenta pouco a pouco a luz dos dias nesta cidade que merece viver e não apenas sobreviver. Vou e não volto nunca mais. Não vou mas devia. Vou sedenta de conhecimento. Vou ofertar ânimo, e muita vida. Não vou nada. Tudo o que tenho, é aqui na minha cidade que quero dar. Um dia. Um dia vou de vez. Mas volto. Voltarei sempre. Porque na verdade nunca irei de vez. Mas por enquanto…fico. Pois.

 

 

Madalena Palma