Coloque um coração disparado, respiração ofegante, encantamento, ciúme, prazer e euforia, talvez misturada à ansiedade, num pote. Além disso, ponha perda de sono e da fome e uma pitada de algumas atitudes irracionais, como mudar de emprego ou cidade para acompanhar a pessoa amada. Pronto, o resultado da fórmula é paixão. Sim, você está apaixonada. Mas o que a paixão provoca em nosso organismo? Costuma durar quanto tempo? É possível controlar ou até evitar a paixão? Quais neurotransmissores estão envolvidos nesse processo?
"Controlada pelo sistema límbico, a paixão é ativada por um aumento intenso de substâncias como a dopamina, neurotransmissor do prazer, e a adrenalina. Elas trabalham no cérebro liberando todos os tipos de emoções, do prazer à ansiedade. A pessoa aumenta os batimentos cardíacos, acelera a respiração, fica arrepiada", diz Carolina Godinho Retondo, autora do livro "Química das Sensações" (Ed. Alinea).
Embora pertença ao time de emoções positivas, a paixão provoca uma série de alterações no corpo assemelhando-se ao estresse, explica o neurocientista Renato Sabbatini, professor de Ciências Médicas da Unicamp: "Prejudica a memória e a concentração e causa, entre outras coisas, insônia e até falta de apetite. Por isso, não dura muito tempo. O organismo passa a se defender destas alterações, entendendo que são prejudiciais". Sabattini completa: "Uma paixão dura entre três e 18 meses".
Entre os principais hormônios e neurotransmissores liberados na paixão, a médica endocrinologista do Hospital Marcelino Champagnat, Thaisa Jonasson, explica que a feniletilamina, noradrenalina, dopamina, serotonina e a endorfina estão envolvidas nesse processo químico. "Sempre que alguém percebe outro ser humano como romanticamente atraente, o hipotálamo transmite uma mensagem, através de vários produtos químicos, para a hipófise, a qual libera hormônios que são rapidamente liberados na corrente sanguínea", destaca a endocrinologista.
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