Durante anos, acreditei que o sono mata.
E como o sono me estimulasse a vontade de
morrer, raras foram as noites em que não estreei uma morte nova.
Com a prática, aprendi a prolongar a morte,
adiando a agonia do despertar.
Para minha surpresa, ou decepção, a manhã
confrontava-me com a extensão da empresa.
Vítima e espectador da minha vítima, acabei por
vulgarizar a morte, com prejuízo do repouso que o sono me exigia.
Hoje durmo com uma facilidade espantosa e,
raramente, me lembro de adormecer. Ou sonhar.
Sem que eu ou a morte tenhamos assinado
qualquer espécie de tréguas.
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