É uma fenda na falésia, como uma colherada
furtiva num doce de domingo.
Visto de cima assemelha-se a uma mão
entreaberta, com os dedos entregues à massagem das vagas.
Ou desentrançando as algas, com paciência de
mãe em cabeleira amotinada.
Nunca o vi do mar.
Mas entretenho-me a imaginá-lo, sem o risco de
repetir a surpresa e a segurança da atracagem.
Procuro-o a horas diferentes, e disposições
indiferentes, nem sempre as mais fiéis, para lhe continuar a medir a dimensão da
mão.
Como um aconchego.
Uma carícia reinventada.
Nele fundeei algumas das melhores recordações,
e maiores sustos.
Covos como ele, à dimensão dos cais da
descoberta.
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