Terá sido preto, o primeiro de que me
recordo.
Preto da ardósia enorme onde esboçávamos as
primeiras letras a giz, e lhe acrescentava a surpresa figurativa.
Outros pairavam por perto.
Em suportes tão diferentes como o cartão onde
vinham as camisas novas do meu pai, dos caixotes de óleo da oficina e a madeira
indefesa da carteira.
Ou até a terra do quintal onde cresci.
Nunca as árvores.
Muito cedo me apercebi que antes de fazer um
desenho, ou pintar, precisava de o situar num espaço.
Como uma janela, por onde olhava o mundo.
Ou tentava fixá-lo como um retrato
interior.
Muitos outros suportes se lhes seguiram: desde
os papeis, aos tecidos, dos metais, às madeiras e ao vidro.
Ultrapassada a alegria da terra, e o fascínio
efémero da areia da praia, permanece a vontade do ar.
Como uma ausência.
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