Assim à aldeia volta o da triste figura
Ao tardo caminhar do Rocinante
lento;
No arcabouço dobrado um grande desalento,
No entristecido olhar
uns laivos de loucura.
Sonhos, a glória, o amor, a alcantilada altura,
Do ideal e da fé, tudo
isto num momento,
A rolar, a rolar, num desmoronamento,
Entre risos
boçais do bacharel e o cura.
Mas certo, ó D. Quixote, ainda foi clemente,
Contigo a sorte ao pôr neste
teu cérebro oco,
O brilho da ilusão do espírito doente;
Porque há cousa pior: é o ir-se pouco a pouco
Perdendo qual perdeste um
ideal ardente
E ardentes ilusões e não se ficar louco.
Euclides Rodrigues da Cunha
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