Viver é todos os dia partejar
a vida.
(Ela nasce com cabeça grande demais,
muitos braços
- às vezes sem pernas.)
Abro meu ventre,
minha alma se arreganha
como uma parturiente
em sofrimento.
Dar à luz dói.
Faço isso todos os dias,
exposto como num palco:
aquele bonequinho
sou eu
num mundo que vou montando.
Mas nem tudo me assusta,
nem tudo me prende:
posso abrir algumas portas,
posso fechar outras, posso
escolher o sexo
e a cor dos olhos de cada momento.
(Múltipla escolha, Lya Luft, editora Record, 2010, p. 121.)
Sugestão de postagem do amigo Adauto Neto
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