Sou radicalmente contra a pena de morte, mas faço algumas exceções. Quem
conversa no cinema durante todo o filme e, por uma estranha deformação da lei
das probabilidades, sempre senta atrás de você, merece execução sumária.
Quem liga o seu celular no meio do filme para ver se tem alguma mensagem, e
por outra cruel casualidade sempre senta do seu lado: execução sumária — se
possível por garrote vil.
Gente que imita aspas com dois dedos de cada mão... Está bem, isto é só uma
implicância minha. Sete anos de trabalho forçado.
Casal que se chama de “fofo” e “fofa”: banimento para a Ilha do Diabo, ou
similar.
PÊNALTIS
Para um esporte tão antigo, o futebol até que mudou pouco através do tempo.
Pensando bem, a única mudança significativa nas suas regras foi na que trata do
que podem ou não podem os goleiros. Métodos de aferição eletrônica para ajudar o
juiz cedo ou tarde serão adotados, mas não afetarão as regras do jogo. A mudança
que eu proponho, sim, é radical. Seguinte: o que determinaria o pênalti não
seria o local da falta, mas a sua natureza. Como no basquete.
Em qualquer lugar do campo em que acontecesse uma falta mais violenta...
Priii. Pênalti. Caberia ao juiz decidir o que mereceria pênalti ou não, como
hoje ele já decide o que merece cartão vermelho, cartão amarelo ou só um aviso.
Isto coibiria as entradas criminosas e o jogo violento em geral. Hein? Hein?
Eu sei. Mal tive a ideia e já me ocorreram várias objeções. A nova regra
aumentaria demais o poder do juiz de influir no resultado final do jogo. E
dobraria o incentivo à encenação dos jogadores para simular uma gravidade
inexistente. Pelo menos nos jogadores brasileiros, que já são os mais dramáticos
do mundo.
Esquece.
Luis Fernando Veríssimo é escritor.
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