Você já parou para analisar o que diz, pede ou manda uma
criança fazer? Experimente. Provavelmente irá se surpreender. Já vi e ouvi
coisas absurdas que quero aqui compartilhar.
Certa vez, caminhava pela rua quando, pouco adiante,
duas crianças saiam de um carro e sua jovem mãe logo atrás. Rapidamente as
crianças subiram numa pequena grade que cercava um prédio. O que vi a seguir
foi realmente absurdo. Aquela estressada mãe deu um enorme empurrão em cada uma
das crianças, para que descessem dali, gritando-lhes o quanto eram danadas,
desgraçadas; que se caíssem iriam dar trabalho para ela. Diga-se de passagem
que o pai ia junto, sem dizer qualquer palavra.
Crianças são crianças, vivem subindo em grades,
cercas, sofás, mesas, etc. E, pode acreditar, não fazem isso só para irritar os
adultos. Fazem porque têm uma energia vital, porque são aventureiras, porque
precisam ver as coisas de cima, como só os adultos vêem. De outra vez, uma mãe
levou seu filhinho de uns 4 anos rigorosamente vestido, penteado e arrumado
para o departamento infantil da igreja e lhe deu ordens estritas de não se
sujar. Criança é criança! Ela gosta de desenhar no papel, na mesa, no chão;
gosta de sentir a textura da massa, da areia, da tinta; há centenas de coisas à
sua volta para descobrir, conhecer, experimentar, por isso é mais prático
limpar as mãozinhas na roupa ou na toalha do que perder tempo indo lavar as
mãos.
Doutra feita, um pai repreendeu o filho, chamando-o
de mentiroso e ordenando-lhe que fosse para a cama dormir porque não havia
monstro algum no quarto. Criança é criança. Em sua imaginação existe
super-herói, monstro, papai-noel, chupa-cabra e etc. No escuro, uma camisa
dependurada vira fantasma, uma sombra vira monstro, um ruído vira um estrondo.
Conheço uma mãe que dizia aos filhos que, se
chegasse do trabalho e não encontrasse tudo em ordem, cabeças iriam rolar. Sabe
o que a criança imagina nessa hora? Suas cabeças rolando pelo chão ou pelo ar,
como bolas. Crianças não fazem associações subjetivas. Seu trabalho mental é no
concreto, no que conhecem de ver, tocar. Por isso, é importante conversar com
elas usando palavras claras e simples, exemplos palpáveis. Sua infindável
curiosidade irá se satisfazer quando ela encontrar as respostas certas.
Por que a criancice da criança irrita o adulto? Por
que é exigido dela comportamento de gente grande? Dê uma resposta para você
mesmo a estas perguntas.
Devemos então deixá-las pular em cima de todos os
sofás, mesas e árvores; que se sujem dos pés à cabeça; levar ao pé da letra
tudo o que dizem? Claro que não. Crianças para se tornar adulto responsável
precisa de limites, regras, educação. E, acima de tudo, da sua mão.
Que nas brincadeiras a crianças encontre diversão;
nas dúvidas encontre verdadeiras respostas; nas conversas, sinceridade; na
solidão e no medo, uma voz familiar que lhe diga: Estou aqui, meu filho...
Um comentário:
"Crianças são crianças" E há muitas mães e pais, destemparados e desleais. Ignoram a criança, a sua inoc~encia e as trata de maneira que as mesmas, possam, (como se no seu tratamento diário) elas sigam e sirvam de "remédios"(doenças), para aliviar suas impaciencias. Um grave erro, os pais que assim tratam e vivem pensando sem pensar que um dia também, ou talvez, foram usados e abusados pelo mesmo trauma. Muito bonito este texto.
Postar um comentário