Inspirados em folhas de uma planta e asas de
borboleta, engenheiros americanos desenvolveram tecnologia que pode ser usada em
roupas e até turbinas de aviões
Engenheiros nos Estados Unidos criaram o que
chamam de 'o material mais à prova d'água do mundo', inspirados em folhas e asas
de borboleta. Assista ao vídeo (se necessário,
desabilite o bloqueador de pop-ups).
A nova superfície - chamada de
'super-hidrofóbica' pelos cientistas, por repelir a água - pode ser usada para a
criação de roupas ultraimpermeáveis e turbinas de aviões que não congelem em
baixas temperaturas.
Até recentemente, a folha de lótus era tida como
a melhor superfície à prova d'água encontrada na natureza, mas os cientistas que
trabalham no instituto americano Massachusetts Institue for Technology (MIT), em
Boston, dizem ter conseguido resultados ainda melhores com sua invenção.
Ao acrescentar pequenas linhas à superfície feita
de silicone, eles conseguiram fazer a água rebater nela em um ritmo 40% superior
ao registrado na folha de lótus. A estrutura artificial é inspirada em dois
exemplos encontrados na natureza: as borboletas do gênero Morpho e as folhas do
gênero Tropaeolum (como as plantas cinco-chagas).
Efeito 'lótus'
'Nós acreditamos que essas são as superfícies
mais super-hidrofóbicas já criadas', escreve o professor Kripa Varanasi, na
revista científica 'Nature'.
'Por anos a indústria vem imitando a folha de
lótus. Eles deveriam ter tentado imitar as borboletas ou as cinco-chagas.'
Quanto mais rápido a água rebate em um material,
como roupa, mais seca a roupa fica. Com isso, o tecido fica menos exposto à
corrosão ou congelamento.
Os cientistas filmaram gotas batendo em
superfícies e mediram o tempo que demora para a água 'se grudar'.
Nas folhas de lótus, a água cai como 'uma panqueca', segundo os cientistas, primeiro se fragmentando em diversas partes e depois se reagrupando novamente em uma grande gota simétrica.
Nas folhas de lótus, a água cai como 'uma panqueca', segundo os cientistas, primeiro se fragmentando em diversas partes e depois se reagrupando novamente em uma grande gota simétrica.
O 'efeito Lótus' inspirou a indústria na criação
de tecidos, tintas e telhados - todos seguindo os princípios observados nas
nanoestruturas da folha da planta.
O segredo do 'efeito Lótus' está no ângulo de
contato da água. Apenas uma parte minúscula da água entra em contato com a
superfície do material.
Para superar isso, os cientistas se guiaram por
outro princípio: o tempo de contato.
Eles aumentaram a superfície de contato da água com o líquido, fazendo com que as gotas se fragmentassem mais rapidamente e em partes assimétricas.
Eles aumentaram a superfície de contato da água com o líquido, fazendo com que as gotas se fragmentassem mais rapidamente e em partes assimétricas.
Os testes foram feitos em superfícies de óxidos
de alumínio e de cobre, com bons resultados. Em temperaturas muito baixas, a
água é repelida antes de ter tempo de congelar - uma descoberta que os
cientistas acreditam poder ser útil no revestimento de turbinas de aviões.
'O desafio agora é durabilidade', disse Varanasi
à BBC. 'A maioria dos materiais super-hidrofóbicos são polímeros frágeis - eles
não resistem ao atrito ou altas temperaturas. Mas combinações destas texturas
com materiais mais fortes, como metais e cerâmicas, podem nos levar a superar
esses defeitos.'
Ele acredita que é possível aperfeiçoar ainda
mais a criação, reduzindo em 70% a 80% o tempo de contato da água com as
superfícies.
'Nos nossos estudos, nós usamos linhas simples,
mas nas asas das borboletas há linhas que se cruzam, quebrando a gota d'água em
quatro partes. Quanto mais vezes você quebrar a gota d'água, mais rápido ela
desliza.'
O laboratório do MIT recentemente foi premiado
por inventar outra tecnologia, a LiquiGlide, um revestimento que faz com que
seja possível retirar todo o conteúdo de uma garrafa de ketchup, até a última
gota.
Fonte: G1
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