quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Pior do que a crise é a desesperança

Ontem falamos da Velhinha de Taubaté, personagem do Luiz Fernando Veríssimo que, na década de 80, era a única que ainda acreditava no governo. Uma ingênua, uma tonta. Hoje os brasileiros mudaram muito. Somos 204 milhões, e desse número, só não tem telefone celular quem não é adulto. A qualidade da educação e do ensino piorou drasticamente. Os professores continuaram ganhando pouco, e isso desestimulou a profissão. O número dos analfabetos funcionais, proporcionalmente, aumentou muito. Os estudantes universitários desapareceram do quadro político do país. A UNE da década de 60, 70 e 80 era trincheira de lutas ideológicas, escola de civismo. Os empresários, como é seu dever, pensavam em seus negócios, mas eram patriotas e sabiam que precisavam de um povo rico e consumidor. Nos dias de hoje os empresários estão mamando nas tetas do BNDS, e nas desonerações do governo, pouco se lixando pelo país. A moral e os costumes eram mais valorizados. Hoje um dos maiores empreiteiros, empregador de mais de 670 000 funcionários diz abertamente que prefere o ladrão que rouba ao delator e dedo duro. Uma inversão total de valores. Uma certeza de impunidade. E aqui em Imbituba, pequena cidade de Santa Catarina, com seus 42 000 mil habitantes, a vida continua como se não houvesse inflação. O botijão de gás custando R$65,00, o litro de gasolina um dólar, e o governo falando em aumento de Imposto de Renda, Cide (de novo), IPI (de novo) e IOF (de novo), para não terem que enfrentar o Congresso, numa eventual criação de novo imposto, ou na volta do CPMF. Em Imbituba, como em Taubaté, o povo passou a desacreditar nos políticos como um todo. O prefeito, o vereador, o governador, os senadores e deputados, a presidente, os ministros do STF, todos são absolutamente iguais. Sem exceção. Tanto faz um como outro. São todos iguais. Mudar para que?

Eduardo P. Lunardelli

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