Famílias inteiras sendo retiradas às pressas para regiões onde a radioatividade não as alcance, deixando para trás o lugar em que fixaram raízes, estreitaram laços sociais e construíram o patrimônio de toda uma vida. O cenário, que mais parece o de um Armagedom, pode, em alguns anos, se tornar realidade para os moradores do município de São José de Espinharas, no Sertão da Paraíba.
A cidade, de pouco mais de 4.760 habitantes, localizada a noroeste da Paraíba, fazendo divisa com o estado do Rio Grande do Norte, é uma das poucas no país a contar com uma importante jazida de urânio.
Caso fosse necessário explorar o minério, seria preciso remover toda a população do município, devido aos altos índices de radioatividade durante a extração do minério, extremamente prejudicial à saúde.
Apesar de descartada a exploração imediata do urânio de São José de Espinharas, a preocupação dos cientistas com a exposição dos moradores do município ao alto teor do minério encontrado em diversos pontos da cidade existe. Um estudo está sendo realizado há cerca de um ano pelo Departamento de Energia Nuclear (DEN) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para avaliar a relação entre os casos de câncer na população e a presença de urânio.
Isso porque se especula que o contato prolongado com a radioatividade propagada por esse minério poderia ocasionar um envenenamento de baixa intensidade (inalação, ou absorção pela pele), produzindo também efeitos colaterais, tais como: náusea, dor de cabeça, vômito, diarreia e queimaduras.
Segundo o engenheiro nuclear José Araújo, do DEN, responsável pela pesquisa, o efeito direto do urânio no organismo é cumulativo (o que significa que o mineral, por não ser reconhecido pelo ser vivo, não é eliminado, sendo paulatinamente depositado, sobretudo nos ossos), e a radiação assim exposta pode ocasionar o desenvolvimento de câncer.
A equipe de pesquisadores do DEN está fazendo visitas periódicas na cidade para colher amostras da fauna e da flora local e de além de ‘testemunhos’, que são amostras de urânio retiradas do interior das pedras, através de tubos de metal altamente resistentes.
“Queremos fazer um cruzamento com os dados obtidos em pesquisas anteriores para levantar as causas do elevado número de pessoas em São José de Espinharas com câncer de pele, problemas respiratórios e uma série de outros problemas que acreditamos ter relação com a presença de urânio e outros minerais”, comentou José Araújo.
Fonte: (aqui)Jornal da Paraíba
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