Brasileirismo informal, termo não está
proibido, mas deve ser usado de forma brincalhona
“Fiquei muito surpresa de
encontrar em um dicionário a expressão ‘dito-cujo’, que eu acreditava ser
escrita sem hífen e, além do mais, um erro crasso cometido por quem não sabe
falar direito. Quer dizer que agora está liberado o ‘dito-cujo’, Sérgio?”
(Elisa Freire)
Não é bem assim, Elisa. O registro num dicionário não dá
certificado automático de adequação a expressão alguma: significa apenas que
ela é usada com frequência suficiente para merecer a atenção dos lexicógrafos.
O substantivo “dito-cujo”, que substitui o nome de uma pessoa
que já foi mencionada ou que por alguma razão não se deseja mencionar, é um
brasileirismo antigo e, de certa forma, consagrado, mas aceitável apenas na
linguagem coloquial.
Mais do que isso: mesmo em contextos informais seu emprego deve
ser sempre “jocoso”, ou seja, brincalhão, como anotam diversos lexicógrafos,
entre eles o Houaiss e Francisco Borba. Convém que quem fala ou escreve
“dito-cujo” deixe claro que está se afastando conscientemente do registro
culto.
Exemplo: “O leão procurou o gerente da Metro e se ofereceu para
leão da dita-cuja, em troca de alimentação”, escreveu Millôr Fernandes numa de
suas “Fábulas fabulosas”.
Também se diz em casos como esse – e também na língua informal
brasileira – simplesmente “cujo”. Como nesta construção: “E não é que, depois
de escorraçado, o cujo teve coragem de voltar?”.
O “cujo” do exemplo acima, como “dito-cujo”, é um substantivo.
Não se deve confundi-lo com o pronome relativo “cujo”, que nada tem de
coloquial – pelo contrário. Embora venha caindo em desuso no português
brasileiro informal, é imprescindível no registro culto para estabelecer entre
dois termos uma relação de posse em frases como esta:
“Agradeço a Elisa, cuja consulta muito apreciei.”
*
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Sérgio Rodrigues
Sugestão de postagem do amigo Adauto
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