Um repórter egípcio, baleado durante a semana, faleceu nesta sexta-feira, segundo um jornal local. Foi o primeiro jornalista a morrer devido aos protestos do Egito desde o início das manifestações, dia 25 de janeiro.

Segundo o jornal estatal "al-Ahram", Ahmed Mohammed Mahmoud, de 36 anos, fora "atingido por um atirador" na segunda-feira, quando fotografava da varanda de seu apartamento os confrontos entre manifestantes e forças do governo. Ele trabalhava no jornal "al-Taawun".

Este foi o incidente mais grave de uma série que incluiu várias prisões e agressões a jornalistas, mas não foi o último. A emissora árabe al-Jazeera teve seu escritório no Cairo incendiado, e seu website foi hackeado. A emissora já havia tido todas as credenciais revogadas e nove de seus jornalistas detidos.

Enquanto isso, o Ministério do Exterior da França busca informações sobre o paradeiro de um jornalista do jornal "Le Figaro". Dois funcionários da produtora de TV Magneto Presse foram sequestrados e libertados nesta sexta-feira. Um pesquisador da Anistia Internacional também está desaparecido.

Segundo um balanço da organização Repórteres sem Fronteiras, 60 jornalistas foram atacados nos últimos dias e 57, detidos ou sequestrados, no que é visto como uma tentativa de evitar que os acontecimentos no país sejam vistos pelo mundo.

Embora oficialmente o Exército egípcio tenha se comprometido a proteger os jornalistas estrangeiros, a cobertura dos protestos no país nesta sexta-feira foi uma tarefa nada fácil. Desde o início da tarde, a rede de TV CNN foi proibida de transmitir imagens ao vivo da Praça Tahrir, enquanto homens armados com facões, em busca de repórteres, paravam carros que se dirigiam ao local.

O Globo
Foto Reuters