quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Julga-me a gente toda por perdido

Julga-me a gente toda por perdido,
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.


Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.


Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;


Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.

 Luís Vaz de Camões

Um comentário:

Jairo Alves disse...

"Julga-me a gente toda por perdido"

Se naquele tempo, o nobre poeta e as suas alvas correntes costumeiras: quinhentista, bucólica, trovadoresca e acima de tudo, a vida antrópica, já combatia em massa as desavenças e os desvios da sociedade lusitana, quanto mais fosse ele ser julgaldo hoje diante a liberdade conteporânea?... Será que dariam só por perdido? A liberdade em auto júri, é algo que causa protesto e estima a prmissão doutras classes opostas. Ela mesma por si, se generaliza ao grau do perigo, as pessoas do bem!