Projeto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indica que o sangue menstrual, material desperdiçado todos os dias por milhares de mulheres, pode ser uma boa fonte de células-tronco. O trabalho foi conduzido pela professora Regina Coeli dos Santos Goldenberg, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.
A coleta do sangue menstrual é emelhante à da urina. As voluntárias recebem o coletor, contendo anticoagulante e antibiótico, e devem recolher o sangue após 24 horas do início da menstruação. Neste exato momento, é preciso fazer a higiene íntima para minimizar o risco de contaminação. Com o material em laboratório, as células-tronco mesenquimais são isoladas.
Célula-tronco é uma denominação para todas as células que apresentam capacidade de se diferenciar em diversos tecidos do corpo. Podem ser encontradas em dois estágios: embrionárias (presentes naturalmente no embrião humano e que têm máxima potencialidade, sendo capazes de formar qualquer tipo tecido) e adultas (encontradas, por exemplo, na medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical, líquido amniótico e placenta, que apresentam diferenciação limitada). As mesenquimais estão entre a segunda categoria.
A pesquisadora afirma que a medula óssea ainda representa a principal fornecedora de células-tronco. A vantagem de sua utilização é que não há rejeição, visto que o transplante é autólogo, ou seja, o material celular é puncionado da medula do próprio paciente. Contudo, em dez anos de pesquisas com esse tipo celular, os resultados das terapias, aplicadas a algumas enfermidades não hematológicas, apontam benefícios "tímidos" ou transitórios.
Por isso, segundo Regina, há uma forte tendência de a comunidade científica buscar novas fontes, que de preferência não sejam invasivas, como a punção, e que mantenham taxas de rejeição baixas. Para ela, as células-tronco mesenquimais do sangue menstrual atendem às expectativas. "O sangue menstrual é um material descartado, que é obtido sem gerar prejuízos ou desconforto", afirma. "Há estudos que mostram que células-tronco mesenquimais apresentam uma espécie de privilégio imunológico e, portanto, não seriam rejeitadas quando injetadas nos pacientes", explica.
Linhas de pesquisa.
A professora conta que há duas linhas de pesquisa com as células-tronco derivadas de sangue menstrual. Uma delas é avaliar seu uso como camada alimentadora, utilizada para cultivar células-tronco embrionárias no estado indiferenciado. "Antes de serem aplicadas em terapias, as células embrionárias precisam expandir, sem que haja diferenciação celular. E isso é feito, in vitro, com o auxílio da camada alimentadora, que libera fatores para o seu crescimento", conta.
Ela destaca que, atualmente, o método frequentemente empregado é o cultivo de células-tronco embrionárias em fibroblastos de camundongo. Porém, o uso desse tipo de camada alimentadora é incompatível com a clínica, pois não se pode utilizar, em pacientes, células contaminadas com material de origem animal.
Por isso, um estudo comparativo foi feito pela aluna de iniciação científica Danúbia Silva para investigar se as células-tronco derivadas do sangue menstrual seriam capazes de substituir os fibroblastos de camundongos. "Os resultados são conclusivos: elas mantiveram as células embrionárias em seu estágio indiferenciado, com eficiência comparável à camada alimentadora de origem animal, tornando-se uma nova alternativa", diz.
Paralelamente, outra linha de pesquisa, que ficou sob responsabilidade do pós-doutor Deivid Carvalho Rodrigues, avalia a eficiência da reprogramação de células-tronco derivadas de sangue menstrual ao estágio de células-tronco embrionárias. "Há, na literatura, estudos que reprogramaram fibroblastos adultos, mas com eficiência extremamente baixa e lenta. Nossos resultados mostram que a reprogramação em células derivadas de sangue menstrual foi mais rápida e mais eficiente", conta Regina. Fibroblastos são células predominantes da segunda camada da pele humana, a derme, que têm como uma de suas funções a produção de fibras, como colágeno e elastina.
Para o ano que vem, Regina adianta que serão feitos estudos com as células embrionárias – reprogramadas a partir de células-tronco do sangue menstrual – em camundongos com lesões no coração e no fígado. O objetivo é avaliar sua eficácia como tratamento de doenças cardíacas e hepáticas.
Uol
Com informações da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro)
A coleta do sangue menstrual é emelhante à da urina. As voluntárias recebem o coletor, contendo anticoagulante e antibiótico, e devem recolher o sangue após 24 horas do início da menstruação. Neste exato momento, é preciso fazer a higiene íntima para minimizar o risco de contaminação. Com o material em laboratório, as células-tronco mesenquimais são isoladas.
Célula-tronco é uma denominação para todas as células que apresentam capacidade de se diferenciar em diversos tecidos do corpo. Podem ser encontradas em dois estágios: embrionárias (presentes naturalmente no embrião humano e que têm máxima potencialidade, sendo capazes de formar qualquer tipo tecido) e adultas (encontradas, por exemplo, na medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical, líquido amniótico e placenta, que apresentam diferenciação limitada). As mesenquimais estão entre a segunda categoria.
A pesquisadora afirma que a medula óssea ainda representa a principal fornecedora de células-tronco. A vantagem de sua utilização é que não há rejeição, visto que o transplante é autólogo, ou seja, o material celular é puncionado da medula do próprio paciente. Contudo, em dez anos de pesquisas com esse tipo celular, os resultados das terapias, aplicadas a algumas enfermidades não hematológicas, apontam benefícios "tímidos" ou transitórios.
Por isso, segundo Regina, há uma forte tendência de a comunidade científica buscar novas fontes, que de preferência não sejam invasivas, como a punção, e que mantenham taxas de rejeição baixas. Para ela, as células-tronco mesenquimais do sangue menstrual atendem às expectativas. "O sangue menstrual é um material descartado, que é obtido sem gerar prejuízos ou desconforto", afirma. "Há estudos que mostram que células-tronco mesenquimais apresentam uma espécie de privilégio imunológico e, portanto, não seriam rejeitadas quando injetadas nos pacientes", explica.
Linhas de pesquisa.
A professora conta que há duas linhas de pesquisa com as células-tronco derivadas de sangue menstrual. Uma delas é avaliar seu uso como camada alimentadora, utilizada para cultivar células-tronco embrionárias no estado indiferenciado. "Antes de serem aplicadas em terapias, as células embrionárias precisam expandir, sem que haja diferenciação celular. E isso é feito, in vitro, com o auxílio da camada alimentadora, que libera fatores para o seu crescimento", conta.
Ela destaca que, atualmente, o método frequentemente empregado é o cultivo de células-tronco embrionárias em fibroblastos de camundongo. Porém, o uso desse tipo de camada alimentadora é incompatível com a clínica, pois não se pode utilizar, em pacientes, células contaminadas com material de origem animal.
Por isso, um estudo comparativo foi feito pela aluna de iniciação científica Danúbia Silva para investigar se as células-tronco derivadas do sangue menstrual seriam capazes de substituir os fibroblastos de camundongos. "Os resultados são conclusivos: elas mantiveram as células embrionárias em seu estágio indiferenciado, com eficiência comparável à camada alimentadora de origem animal, tornando-se uma nova alternativa", diz.
Paralelamente, outra linha de pesquisa, que ficou sob responsabilidade do pós-doutor Deivid Carvalho Rodrigues, avalia a eficiência da reprogramação de células-tronco derivadas de sangue menstrual ao estágio de células-tronco embrionárias. "Há, na literatura, estudos que reprogramaram fibroblastos adultos, mas com eficiência extremamente baixa e lenta. Nossos resultados mostram que a reprogramação em células derivadas de sangue menstrual foi mais rápida e mais eficiente", conta Regina. Fibroblastos são células predominantes da segunda camada da pele humana, a derme, que têm como uma de suas funções a produção de fibras, como colágeno e elastina.
Para o ano que vem, Regina adianta que serão feitos estudos com as células embrionárias – reprogramadas a partir de células-tronco do sangue menstrual – em camundongos com lesões no coração e no fígado. O objetivo é avaliar sua eficácia como tratamento de doenças cardíacas e hepáticas.
Uol
Com informações da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro)
Um comentário:
VIXI !!! (IMAGINE A MENARCA !!!)
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