quarta-feira, 15 de abril de 2009

Apelo emocionado aos agressores do poço feio

Muito triste comparar fotos da área do poço feio, pois dia-pós-dia parece que há o recrudescimento da famigerada mania de deixar "lembranças" no paredão calcário, bem como na parte interna, por parte de alguns freqüentadores da área de proteção permanente transformada em balneário pelo turismo predatório efetivado de forma irresponsável.

As pichações estão em toda parte, inclusive no “baú da moça”, desrespeitando o imaginário popular e a cultura local que enfatizam a lenda do poço feio. Na verdade, desrespeito em sua totalidade, na expressão literal do termo, é o que vemos pelo entorno da área do poço feio.

Lixo se acumula dentro e fora da caverna calcária, transformando o lugar em atração para vetores de doenças. Verdadeira faina destrutiva se concretiza constantemente, tirando muito da beleza do poço feio.

Vislumbrar a paisagem modificada pela irresponsabilidade humana é muito desgastante para quem ama o meio ambiente na forma como deve ser, equilibrado e com aspecto elegante.

Com urgência devem haver mudanças comportamentais de alguns freqüentadores do poço feio, que usufruem das belezas naturais de maravilha espeleológica localizada no município de Governador Dix-sept Rosado/RN e que não aprenderam ainda a retribuir à dádiva da natureza da maneira como esta deve ser retribuída, através de respeito e amor ao importante patrimônio natural, símbolo da terra protegida por São Sebastião.

Enquanto sonhado pólo turístico sustentável não é consolidado na área do poço feio, peço encarecidamente para que mudanças de paradigmas norteiem as práticas dos frequentadores, pois há necessidade de que a mínima noção de educação ambiental seja levada em conta.

Simples atitudes fazem diferença, como nunca deixar lixo dentro da caverna. Produtos plásticos se amontoam sem poder passar pelo deflúvio da ressurgência que deságua na caverna calcária dix-septiense. Origem desta? Incógnita ainda, pois há urgência em mapear o poço feio e seu entorno.

Meio ambiente saudável é sinônimo de melhor qualidade de vida. O desafio do milênio é dimensionar a capacidade de suporte do planeta em razão da intensa antropização e seus anseios ilimitados. Os ecossistemas dão nítidos sinais de desgastes devido à busca incessantemente por matérias-primas que possam viabilizar a produção de bens, e consequentemente a efetivação de prestações de serviços.

O homem tem que raciocinar a respeito das agressões ambientais, tendo em vista que crimes contra a natureza repercutem, indubitavelmente, na defasagem das condições de vida de toda população do globo.

Proteger e preservar o poço feio para que futuras gerações possam também usufruir de fantásticas belezas naturais, inserem-se em pautas contidas nos princípios do desenvolvimento sustentável.

Somente com ênfase à educação ambiental, poderemos apostar em mudanças de rumos melhores para que nossas riquezas naturais não se percam diante das conseqüências irracionais das mãos implacáveis de seres humanos ainda atrelados às noções nefastas de destruir, quando na verdade a palavra de ordem deve ser construção, de um mundo melhor, de harmonia, solidariedade e coerência nas relações inter-pessoais e nas destas com a natureza.

Em nome do bom senso peço que reflitam sobre as belezas do poço feio, as quais precisam ser preservadas, não mais pichem as paredes da caverna calcária, respeitem os espeleotemas, não joguem lixo, não dilapidem os recursos naturais, vale também para agentes da produção da cal, pois as agressões ao poço feio incluem a extração de calcário, em vista da riqueza cretácea, encarem a natureza como dádiva Divina, que todos saibamos usufruir com responsabilidade e, dessa forma, estaremos cumprindo importante papel social no implemento à necessária harmonia com o patrimônio natural que é um bem de todos, não propriedade de quem ainda não atina para o valor e importância da natureza.



(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Prof. da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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