Você
compraria um bilhete de loteria com o número 500.000?. Eu mesmo não. Por
quê? Ao ver um número assim, tão redondo, a primeira coisa que imagino é
que dificilmente um número como este vai ser sorteado. É certinho
demais. Muito mais provável me parece um número como por exemplo
472.648. Este sim, tem cara de número sorteado aleatoriamente; mas eu
pensaria duas vezes antes de comprar um bilhete como 333.333 ou então
123.456.
O sorteio destes números é feito através de gaiolas gradeadas que giram, cheias de bolinhas numeradas, todas do mesmo tamanho, formato e peso. As bolinhas se entrechocam no interior das gaiolas, e quando estas se imobilizam é praticamente impossível (num sorteio honesto, é claro) que a bolinha a ser extraída pela abertura inferior tenha sido influenciada por algum fator externo.
Ou seja: existe uma probabilidade rigorosamente igual de que qualquer uma das bolinhas venha a ser extraída. Cada algarismo do número do bilhete é sorteado desta forma.
Existe um velho princípio no estudo das probabilidades, contudo, que diz: “Moeda não tem memória”. Quando jogamos uma moeda ao ar para tirar cara-ou-coroa este fenômeno físico é independente de todos que já tenham acontecido antes. A probabilidade de dar cara ou coroa num lance isolado é de 50%.
Se jogarmos a moeda mil vezes e obtivermos mil vezes o resultado “cara”, isto não quer dizer que na próxima vez é mais provável que ocorra cara (“porque está ocorrendo muito”) ou coroa (“porque faz tempo que não ocorre”). A moeda não sabe o que saiu antes; cada lance recomeça tudo do zero. E o mesmo se aplica ao sorteio das bolinhas.
Então, por que desconfiamos de um número redondo? Por que o achamos tão improvável, se em tese ele é tão provável quanto qualquer outro? Acho que é porque desconfiamos da possibilidade de que o Caos gere a Ordem. Números escolhidos aleatoriamente devem refletir essa “aleatoriedade” através de uma mistura confusa e sem padrões discerníveis. Se uma série de seis sorteios mecânicos, independentes entre si, gera um número como 444.555, achamos que alguma coisa deve estar errada.
A verdade é que toda as vezes que alguém compra um bilhete de loteria, ou aposta na Mega-Sena, quem está em jogo não é o pensamento lógico, e sim o pensamento mágico. O pensamento lógico nos aconselharia a usar aquele dinheiro para comprar um sorvete ou um gibi. Alguma coisa que nos desse um resultado imediato, um fim mais concreto.
Quando apostamos, temos a crença de que uma combinação cósmica de circunstâncias favoráveis fará com que as bolinhas certas saiam na ordem certa, trazendo-nos a fortuna. É bem verdade que a cada semana esta expectativa é desfeita, mas assim como um cientista faz mil experiências mal sucedidas até obter o resultado que procura, um indivíduo que se rege pelo pensamento mágico acredita que o alinhamento-dos-planetas ou coisa parecida irá ocorrer da próxima vez. E compra um bilhete com as datas de nascimento dele, da mulher e dos filhos.
O sorteio destes números é feito através de gaiolas gradeadas que giram, cheias de bolinhas numeradas, todas do mesmo tamanho, formato e peso. As bolinhas se entrechocam no interior das gaiolas, e quando estas se imobilizam é praticamente impossível (num sorteio honesto, é claro) que a bolinha a ser extraída pela abertura inferior tenha sido influenciada por algum fator externo.
Ou seja: existe uma probabilidade rigorosamente igual de que qualquer uma das bolinhas venha a ser extraída. Cada algarismo do número do bilhete é sorteado desta forma.
Existe um velho princípio no estudo das probabilidades, contudo, que diz: “Moeda não tem memória”. Quando jogamos uma moeda ao ar para tirar cara-ou-coroa este fenômeno físico é independente de todos que já tenham acontecido antes. A probabilidade de dar cara ou coroa num lance isolado é de 50%.
Se jogarmos a moeda mil vezes e obtivermos mil vezes o resultado “cara”, isto não quer dizer que na próxima vez é mais provável que ocorra cara (“porque está ocorrendo muito”) ou coroa (“porque faz tempo que não ocorre”). A moeda não sabe o que saiu antes; cada lance recomeça tudo do zero. E o mesmo se aplica ao sorteio das bolinhas.
Então, por que desconfiamos de um número redondo? Por que o achamos tão improvável, se em tese ele é tão provável quanto qualquer outro? Acho que é porque desconfiamos da possibilidade de que o Caos gere a Ordem. Números escolhidos aleatoriamente devem refletir essa “aleatoriedade” através de uma mistura confusa e sem padrões discerníveis. Se uma série de seis sorteios mecânicos, independentes entre si, gera um número como 444.555, achamos que alguma coisa deve estar errada.
A verdade é que toda as vezes que alguém compra um bilhete de loteria, ou aposta na Mega-Sena, quem está em jogo não é o pensamento lógico, e sim o pensamento mágico. O pensamento lógico nos aconselharia a usar aquele dinheiro para comprar um sorvete ou um gibi. Alguma coisa que nos desse um resultado imediato, um fim mais concreto.
Quando apostamos, temos a crença de que uma combinação cósmica de circunstâncias favoráveis fará com que as bolinhas certas saiam na ordem certa, trazendo-nos a fortuna. É bem verdade que a cada semana esta expectativa é desfeita, mas assim como um cientista faz mil experiências mal sucedidas até obter o resultado que procura, um indivíduo que se rege pelo pensamento mágico acredita que o alinhamento-dos-planetas ou coisa parecida irá ocorrer da próxima vez. E compra um bilhete com as datas de nascimento dele, da mulher e dos filhos.
Bráulio Tavares
Mundo fantasmo
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