O taxista Biela pegou uma corrida para o município de Montenegro. Pé
quente. Logo avisou ao passageiro que não conhecia o caminho, não tinha
ideia de onde ficava tal cidade. Sem problemas, sessenta e tantos
quilômetros de Porto Alegre, o passageiro foi indicando o caminho.
Chegando lá, dinheiro no bolso, Biela feliz, mas perdidão, não tinha
ideia de como voltar à Capital. De novo o passageiro deu a dica. Mostrou
a rodoviária:
- Espera sair um ônibus e siga atrás. Eles vão todos para Porto Alegre.
O taxista ficou atento. Um ônibus grande, lotado, fechou a porta e
partiu. Biela seguiu no encalço do coletivo. Deu azar, era uma linha
tipo pinga-pinga, parava em tudo que era vilarejo, mas o taxista seguia
firme, cada vez mais perdido, sem a menor ideia de onde estava. Para
aqui, para ali, entra numa cidade, entra em outra, o dia anoitecendo e
nada de chegar em Porto Alegre. Biela ficando agoniado, mas seguindo o
maldito ônibus, até que não suportou a ansiedade. Aproveitou uma das
tantas paradas e abordou o motorista.
- Amigo, eu sou taxista, estou seguindo o seu ônibus.
- Sim, eu percebi.
- Estamos muito longe da Capital? A que horas o senhor chega em Porto Alegre?
- Porto Alegre? Eu estou seguindo em direção a fronteira, Porto Alegre fica a 300km, no sentido contrário!
- Sim, eu percebi.
- Estamos muito longe da Capital? A que horas o senhor chega em Porto Alegre?
- Porto Alegre? Eu estou seguindo em direção a fronteira, Porto Alegre fica a 300km, no sentido contrário!
Biela foi colocado atrás de um outro ônibus, desta vez no sentido
certo. Chegou a Porto Alegre no meio da madrugada, o tanque do táxi
vazio, o prejuízo no bolso, mas finalmente em casa. Corrida para fora da
Capital nunca mais.
Mauro Castro
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