sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A Excalibur da vida real é, na verdade, italiana

O artefato se encontra em uma capela na Toscana, região de origem de um notório santo italiano

Uma espada medieval se encontra fincada em uma pedra na Capela de Montesiepi, localizada na bela Toscana da Itália. Porém, não se trata de nenhuma referência a lenda do Rei Arthur, mas sim da real história de um santo.

A história arturiana pertence à Galgano Guidotti, nascido em 1148. O jovem passou seus primeiros anos em meio à fortuna em uma família abastada, mas aos 32 decidiu mudar de vida e seguir os ensinamentos de Jesus.

Retirando-se como um eremita, ele tomou a decisão depois de receber aparições do Arcanjo Miguel, falando para ele de um encontro com Deus e os doze apóstolos na colina de Monte Siepi (local onde mais tarde seria erguida a notória capela em que está a espada).

Em uma das aparições, Miguel falou para Guidotti que ele deveria se desfazer de todos os seus bens mundanos, ao que o eremita respondeu que seria difícil como partir uma pedra ao meio.

Para provar o seu ponto, Galgano teria tentado fincar sua espada dentro de uma pedra, e, para sua supresa, a espada perfurou e saiu do minério com muita facilidade. Decidido a seguir a palavra do anjo, o homem cavalgou até o topo do Monte Siepi e fincou sua espada em meio a uma impenetrável pedra, onde permanece até hoje.

Um ano depois desse caso, Guidotti faleceu, e em 1185 Papa Lúcio III santificou o homem, e a Capela de Montesiepi foi construída em volta da espada fincada para preservar sua santidade.

Inúmeras foram as tentativas de ladrões e audaciosos de tirar o sabre da rocha, e uma dessas tentativas permanecem expostas até hoje para os que visitam a capela. Um ladrão, enquanto tentava remover a arma do lugar, foi atacado por lobos e somente suas mãos sobraram da investida dos animais.

Os membros mumificados resistem até hoje por razões desconhecidas, mas servem de aviso para os mal-intencionados que hoje tem que passar por uma proteção de vidro balístico para tocar no artefato.
Por mais que tenha sido considerado um embuste por anos, a espada foi examinada em 2001 e teve a sua idade avaliada. O metal e o estilo da arma são consistentes com o fim dos anos 1100 e começo dos anos 1200. Por mais que não seja possível verificar a autenticidade de sua história, a idade, pelo menos, condiz com a lenda.

“Datar metais é uma tarefa difícil, mas podemos dizer que a composição do metal e o seu estilo são compatíveis com a era em que se passa a lenda”, disse Luigi Garlaschelli, da Universidade de Pádua, “Fomos bem sucedidos em negar as acusações de que a história é uma mentira recente”.

Análises feitas por radares ainda contemplaram uma cavidade de 2 metros de altura por 1 metro de largura, que provavelmente devem ser uma cova para o corpo do santo. Além disso, as mãos mumificadas também tiveram sua idade conferida, e condizem com um corpo do século 12.


Caio Tortamano 
Aventuras na História 


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