terça-feira, 5 de novembro de 2019

Uma cantoria entre Lourival Batista e Pinto do Monteiro, nos áureos tempos da Cantoria de Viola, era como um confronto entre Barcelona x Real Madrid no futebol.

Ou melhor, talvez – como um confronto entre Roger Federer e Rafael Nadal, no tênis, porque entre os dois velhos violeiros não existia inimizade histórica. E sim uma amizade profunda, temperada de respeito, rivalidade e senso de humor.

Certa vez, Lourival aludiu à própria data de nascimento, que por coincidência era o Dia de Reis:

Nasci no ano de quinze,
em janeiro, a 6 do mês:
no calendário romano
essa data é Dia de Reis;
daí, nasci para ser
o rei de todos vocês!


E o velho Pinto informou a sua própria data, nestes termos:

E eu, em noventa e seis,
nos climas quentes do Norte,
no dia dois de novembro,
aniversário da morte;
na data, fui caipora,
mas pra cantar tive sorte!


Agora me tragam, da poesia erudita, uma definição melhor do que esta de “aniversário da morte”.

Bráulio Tavares

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