Facas, peixeiras, enxadas, tesouras, espetos – artigos domésticos
presentes na maioria das residências brasileiras, e que, ao longo dos
tempos, vêm sendo utilizados com uma finalidade mórbida: ameaçar, ferir
ou matar mulheres. Itens como estes constam na maioria dos processos que
envolvem violência física e doméstica contra a mulher e, por este
motivo, foram reunidos na Exposição ‘Armas Brancas do Medo –
Desnaturalizar é preciso’, aberta na tarde desta segunda-feira (25), no
Fórum Criminal da Capital, por ocasião da XV Semana Justiça pela Paz em
Casa.
Na ocasião, a servidora da Vara da Violência Doméstica contra a
Mulher da Capital, Thayse Vilar, prestou informações sobre os utensílios
expostos e explicou que a ideia da exposição surgiu após o conhecimento
de uma pesquisa que avaliou mortes violentas de mulheres no Mundo, em
que se concluiu que o local mais perigoso para elas era a própria casa.
Entre as armas expostas, constam, ainda, palmatória, cassetete, paus,
pedras, machado, marreta, picareta, foice, corrente, algema, canivete, e
outras. Os transeuntes têm a oportunidade de ouvir histórias sobre os
casos e tocar nas peças, sentir o peso, a textura dos objetos e tirar
suas conclusões. Também têm acesso a depoimentos de vítimas, expostos em
um painel, com conteúdo de violência sexual, psicológica, física e
patrimonial.
“São objetos que parecem simples. Choca a ideia de serem coisas de
uso diário, que todo mundo tem em casa: a corrente da rede, a mangueira
do bujão com o registro, as faquinhas de serra de mesa, a faca peixeira.
Todo mundo tem estranhado, as pessoas se arrepiam. Elas sabem que
existe esta violência, mas ver os objetos em conjunto, como armas de
crimes, têm causado impacto”, avaliou Thayse.
A servidora disse, ainda, que as armas brancas não são menos graves
que as armas de fogo. “Elas passam mais despercebidas e, portanto, podem
gerar uma ameça mais contínua”, analisou, exemplificando com um dos
casos em que o cassetete ficava pendurado na parede da sala, numa
constante e silenciosa ameaça.
A coordenadora da Mulher em Situação de Violência do Tribunal de
Justiça da Paraíba, juíza Graziela Queiroga Gadelha, informou que a
exposição ficará no Fórum Criminal durante toda a semana e que a ideia é
torná-la itinerante, para que chegue a outras comarcas e até as escolas
e às universidades.
“Temos o objetivo de promover esta desnaturalização sugerida pelo
título, porque, de fato, olhando esses instrumentos utilizados para
ameaçar e agredir mulheres, a gente consegue dimensionar e tornar mais
profunda a reflexão sobre o que vem a ser esta chaga da violência contra
a mulher”, pontuou a magistrada.
Por Gabriela Parente / Gecom - TJPB
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