segunda-feira, 15 de maio de 2017

O vivo

Não queiras ser mais vivo do que és morto. As sempre-vivas morrem diariamente Pisadas por teus pés enquanto nasces. Não queiras ser mais morto do que és vivo. As mortas-vivas rompem as mortalhas Miram-se umas nas outras e retornam (Seus cabelos azuis, como arrastam o vento!) Para amassar o pão da própria carne. Ó vivo-morto que escarnecem as paredes, Queres ouvir e falas. Queres morrer e dormes. Há muito que as espadas Te atravessando lentamente lado a lado Partiram tua voz. Sorris. Queres morrer e morres.
 
Augusto de Campos.

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