sábado, 27 de agosto de 2011

O que eu amo em minha loucura é que ela me protegeu, desde o primeiro dia, contra as seduções da 'elite': nunca me julguei feliz proprietário de um 'talento': minha única preocupação era salvar-me - nada nas mãos, nada nos bolsos - pelo trabalho e pela fé. Desta feita, minha pura opção não me elevava acima de ninguém: sem equipamento, sem instrumental, lancei-me por inteiro à ação para salvar-me por inteiro. Se guardo a impossível Salvação na loja dos acessórios, o que resta? Todo um homem, feito de todos os homens, que lhe valem todos e a quem vale não importa quem.


Jean-Paul Sartre in As Palavras. DIFEL: São Paulo, 1964.
Tradução: J. Guinsburg

Nenhum comentário: