sexta-feira, 10 de junho de 2011

História: Carta de Alforria. 22 de abril de 1837

Carta de Liberdade do Preto Geraldo e da parda Antonia escravos que forão de Quitéria Delfina Nobre.





Aos vinte dois dias do mês de Abril de mil oitocentos e trinta e sete nesta Vila Cabeça da Comarca de Pombal. Província da Parahyba no meo Cartorio por parte do preto Geraldo me foi aprezentado hem petição despaxada pelo Juis Municipal Felis Rodrigues dos Santos e juntamente huma Carta de Liberdade para efeito de ser lançada em Notas e de tudo e seo theor He seguinte// Diz o criolo Geraldo que abem seo quer lançar em notas a Carta de Liberdade junta que obteve de sua Senhora – Quitéria Delfina Benedita Nobre voltando-se-lhe a mesma como achava neceçaria por tanto// Pede a Vossa Senhoria Ilustrissimo Senhor Juis Municipal e dos Órfãos se sirva a fim o mandar// e recebera// mercê// lance Pombal vinte e dois de Abirl de mil oitocentos e trinta e sete// Santos// Digo em baixo assinada que entre os mais bens que possuo de mança e pacífica posse bem afim em cazal escravos Geraldo criolo e Antonia mulata que os ouve em partilha dos bens de minha Mai com mais herdeiros os que escrevo assim possuídos os foros como de facto tornado tenho de hoje para sempre por aver reconhecidos dos ditos erdeiros de Francisco Ferreira de Sousa. O tenente Coronel – Manoel Ferreira de Soares – O capitão – João Thomas Nobre. Joaquim Ferreira Nobre. Vicente José Veriato Nobre. José Alves da Nobrega. A quantia de cada hum de onze mil e oitocentos e dezoito réis/ que soma a conta de cento e trinta mil réis/ valor que tiverão no sobre dito Inventario que ficam os ditos escravos obrigados prefazerem a parte do erdeito Miguel e desde já poderão gozar de sua liberdade com condição de acompanharem a minha Mai ate no falecimento condição esta sem a compra não terá validade este papel sem no preço contrato de todos os erdeiros libertantes e este poderia ser lançado em Notas depois do falecimento de sua Mai para que mandou por citada com firmeza do que mandei passar a presente na qual me asigno prezente as testemunhas abaixo asignadas. Agoas Bellas – vinte de março de mil oitocentos e trinta e três// Quitéria Delfina Benedita Nobre// João Thomas Nobre// Joaquim Ferreira Nobre// Pagou cem mil em sellos. Pombal vinte e um de Abril de mil oitocentos e trinta e sete// Faria//Virgulino. Reconheço as asignaturas asima ser dos proprios por ter elas inteirao reconhecimento dou fé. Pombal vinte e um de Abril de mil oitocentos e trinta e sete// Em fé da verdade. O Tabelião// Publico// Antonio Ribeiro Mendonça// Esta o original publico de mim tabelião// E mais como se continha na dita petição, despaxo a Carta de Liberdade que Antonio Pinheiro de Mendonça Tabelião reconhecidos pelos proprios do que dou fé. Eu, Antonio Pinheiro de Mendonça. O escrevi. Em fé e termo da verdade. (a) Antonio Pinheiro de Mendonça. Benedito José da Rocha. A roga de Maria Joaquina Benedita Nobre. João Thomas Nobre. Francisco Antonio Soares . Bernardino José da Rocha Formiga. Antonio Jaime de Assis. Manoel José Xavier.



- A extinção da escravidão negra no Brasil só viria a acontecer efetivamente em 13 de maio de 1888, 51 anos depois de escrita esta Carta de Liberdade.


*Matérial coletado junto ao rico acervo do arquivo do Cartório do 1° Ofício da Comarca de Pombal-PB. Transcrita de maneira tal qual foi escrita naquela época.

Um comentário:

Cornélio Ferreira da Cruz disse...

Muito interessante.

No ano de 2008 lancei o livro FAMÍLIAS DO SERTÃO PARAIBANO (com 811 páfinas), conforme se vê no site www.cofecruz.com.br , onde consta o nome de Quitéria Delfina NoBre, página 182.

Cornélio Ferreira da Cruz - cofecruz@ig.com.br