sábado, 23 de maio de 2020

Entre o luar e o arvoredo


"Entre o luar e o arvoredo,
Entre o desejo e não pensar
Meu ser secreto vai a medo
Entre o arvoredo e o luar.
Tudo é longínquo , tudo é
enredo .
Tudo é não ter nem
encontrar.
Entre o que a brisa trás e a hora ,
Entre o que foi e o que a
alma faz ,
Meu ser oculto já não
chora
Entre a hora e o que a
brisa trás.
Tudo não foi , tudo se
ignora.
Tudo em silêncio se
desfaz.


Fernando Pessoa

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