domingo, 29 de dezembro de 2019

Testamento

Tudo o que tenho não tem posse:
o rio e suas ocultas fontes,
A nuvem grávida de Novembro,
O desaguar de um rio em tua boca.

Só me pertence o que não abraço.
Eis como eterno me condeno:
Amo o que não tem despedida.

Mia Couto, In “Vagas e Lumes”

Nenhum comentário: