domingo, 15 de dezembro de 2019

O nosso racismo de cada dia

O racismo no Brasil está estampado fortemente nas nossas expressões linguísticas diárias e coloquiais. Não é preciso ir muito longe para percebermos a dimensão do nosso apartheid de cada dia. Nossas palavras são preconceituosas. Expressões que teimam em escolher cores para nossas aventuras e desventuras. Comumente, utilizamos a cor preta para designação dos nossos mais diversos insucessos. Isso, quase sempre, ocorre de maneira muito natural como terminologia que já se incorporou ao nosso discurso separatista. O fato é que quando algo está fadado ao insucesso não raramente utilizando a expressão "a coisa ficou preta" ao invés de "a coisa ficou branca". Um dia ruim é "um dia negro". Há quem diga que a expressão Black Friday é uma "clara" alusão a uma outrora promoção de venda de escravos americanos bem abaixo do preço de mercado daquela época. O gato "preto" é o animal que traz consigo as desventuras do azar e quando a coisa não vai bem é porque "a coisa ficou preta". O filho trabalhoso e complicado é a "ovelha negra" da família. E assim vamos "lutando" contra o racismo, imperceptivelmente promovendo-o, diariamente, em nossas expressões verbais e até escritas. 

Teófilo Júnior

Nenhum comentário: