O racismo no Brasil está estampado fortemente nas nossas expressões
linguísticas diárias e coloquiais. Não é preciso ir muito longe para
percebermos a dimensão do nosso apartheid de cada dia. Nossas palavras
são preconceituosas. Expressões que teimam em escolher cores para nossas
aventuras e desventuras. Comumente, utilizamos a cor preta para
designação dos nossos mais diversos insucessos. Isso, quase sempre,
ocorre de maneira muito natural como terminologia
que já se incorporou ao nosso discurso separatista. O fato é que quando
algo está fadado ao insucesso não raramente utilizando a expressão "a
coisa ficou preta" ao invés de "a coisa ficou branca". Um dia ruim é "um
dia negro". Há quem diga que a expressão Black Friday é uma "clara"
alusão a uma outrora promoção de venda de escravos americanos bem abaixo
do preço de mercado daquela época. O gato "preto" é o animal que traz
consigo as desventuras do azar e quando a coisa não vai bem é porque "a
coisa ficou preta". O filho trabalhoso e complicado é a "ovelha negra"
da família. E assim vamos "lutando" contra o racismo, imperceptivelmente
promovendo-o, diariamente, em nossas expressões verbais e até escritas.
Teófilo Júnior
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