Apesar da idade, não me acostumar à vida. Vivê-la até ao derradeiro
suspiro de credo na boca. Sempre pela primeira vez, com a mesma
apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição. Não consentir que ela se
banalize nos sentidos e no entendimento. Esquecer em cada poente o do
dia anterior. Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na
memória. Nascer todas as manhãs.
Miguel Torga, in "Diário (1982)"
Miguel Torga, in "Diário (1982)"
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