Todo ano tem seu fim marcado por um mês
particularmente desagradável. Por que? Porque dezembro é mês de festas e eu não
gosto de festa. A hipocrisia, a falsidade e os custos decorrentes dessas
festividades natalinas sempre me incomodaram. As tais lembrancinhas. Os amigos
secretos. As listas de gratificações. A voracidade com que as pessoas saem às
compras. O comportamento dos donos de estabelecimento comercial nessa época, em
que procuram acertar os desacertos, eventuais, do ano que finda, tudo isso me
incomoda. Sempre que posso fujo no natal. Sempre foi assim. Minha mãe tinha
verdadeiros ataques de tristeza quando eu a participava de que não estaria
presente no jantar de natal, por motivo de viagem. Na verdade é uma festa
importada com veados e trenós, Papai-noel de vermelho e botas, tudo num cenário
de pinheiros e muita neve. Nada menos apropriado para um país tropical.
Dezembro, quarenta graus. Nada mais fora de lugar e propósito. Deve ser por essa
razão que não gosto de natal. O que deveria ser uma festa infantil, cheia de
simbolismos positivos, vira uma cobrança amarga de retribuições indesejáveis e
de votos falsos e hipócritas. Gostaria de deitar no dia primeiro e só acordar
dia dois de janeiro.
Eduardo P. Lunardelli
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