O patrão mandou cantar com a língua enrolada/ Everybody macacada. Everybody
macacada/ E também mandou servir uísque na feijoada. /Do you like this,
macacada? Do you like this, macacada?” (“O patrão mandou”, hit de Paulinho
Soares).
Chega dezembro e aqui retomo a preocupação de sempre com a fina etiqueta para
gente grossa nas confraternizações de fim de ano. Especialmente no que diz
respeito à famigerada festa da firma.
É de alta periculosidade tal rendez-vous trabalhista. Pequenas histórias
acumuladas o ano inteiro. Alguém sempre com o pote até aqui de mágoa. Qualquer
descuido é fatal.
Para uns, a farra é um tédio, um saco; para outros uma bela chance de
comer,encher a cara, vomitar na roupa nova da gerente e provocar vexames.
Simples como empurrar bêbado ladeira abaixo.
Ao que interessa. Dez itens importantes para para uma boa festa de firma:
1) Botar um rabo –pode ser de papel- no patrão ou no chefe vale por um ano do
surrupiado suor da mais-valia. Bela e ingênua vingança, esse clássico das
brincadeiras masculinas continua valendo como desafio. Quem se habilita?
2) Dar em cima da mulher do patrão ou do chefe. É a noite ideal, caríssimo
escravo, não perca a chance. E ainda tem o álibi da boca-livre. Segura na mão de
Deus e vai. Quando ela alertar que é a mulher do seu superior, aí é que o
distinto crápula desce o nível mesmo – para além da cantada de pedreiro.
3) Sempre tem uma gostosa do telemarketing que bebe demais e tira a roupa na
hora que toca aquela da Miley Cyrus. Foco, se liga, você sempre perde esse
momento nobre falando do ano perdido do Corinthians.
4) Querida colega de relógio de ponto, sempre tem um homem-tupperware dando
sopa na confraternização. Trata-se daquela criatura que se leva para casa para
comer no dia seguinte, depois da Neosaldina, depois da rebordosa, depois do café
sem açúcar.
5) Aproveite a bebedeira e fale alto sobre propostas de trabalho que tem
recebido da concorrência. Não precisam ser propostas obrigatoriamente
verdadeiras. Vale o desejo de cair fora desse tronco de Isaura.
6) Tire onda dos puxa-sacos do chefe. É hora de dizer isso abertamente. Leia
em voz alta, o clima festivo e de zoação cabe tudo, o ranking dos maiores
baba-ovos do ano. Os maiores xeleléus, como se diz no Brasil lá de cima.
7) Se tirar homem no amigo oculto, sugestão de regalo: aquelas cuecas de
copinho, finos artigos de feira. Será que ainda existe tal mercadoria na praça?
Vale também qualquer item de baixaria, como uma abridor de garrafas em forma de
pênis, por exemplo. É dia de sacanagem, fuleragem e baixaria explícita,
amigo.
8) Assuma o(a) amante da repartição na frente de todo mundo, com um beijo
caricato de novela. Vai perceber que até o discreto tiozinho do almoxarifado já
estava ligado. Eu já sabia, sobe o cartaz. Espanto zero.
9) Faça a cobertura de todo o regabofe “ao vivo” nas redes sociais. Hashtag:
#oTrabalhoDanificaOhomem.
10) É o único dia do ano em que fica declaradamente revogada a velha máxima
criada pelos comerciantes fenícios, como vemos aí na foto do bar Z Carniceria,
rua Augusta, SP: “Onde se ganha o pão, não se come a carne”.
E você, funcionário exemplar, já deu o seu vexame este ano? Abra o
jogo.
Xico Sá

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