quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A Travessia do Albatroz


Quem leu "O Caçador de Pipas" com certeza se sentirá seduzido a também ler "A Travessia do Albatroz".

O livro "A Travessia do Albatroz - Amor e Fuga no Irã dos Aiatolás" (Geração Editorial, 294 págs., R$ 39,90), é construído a partir do relato de um refugiado iraniano que vive no Brasil, narra a história de Kurosh Majidi, um jovem na época da Revolução (1979), e de seu amigo Behruz, que é seduzido pelo discurso radical xiita. Enquanto Kurosh evita alistar-se no Exército, Behruz parte para a luta na sangrenta guerra Irã-Iraque, nos anos 1980.

O albatroz do título é uma referência à ave migratória - a fuga de Kurosh torna-se a questão central do livro quando a situação política torna-se insustentável para um rapaz que gostava dos Beatles e de estrelas pops iranianas.

A edição do livro não esconde o desejo de fazer dessa história um best seller. Belas fotos e mapas procuram tornar o livro, ao mesmo tempo, mais "gordo" (em volume) e mais "leve" (como leitura). O texto é claro e procura ser didático quando a autora julga isso necessário, apresentando detalhadamente alguns aspectos culturais do Irã menos conhecidos do público.

Mas, mais que isso, a editora procura abertamente seduzir os leitores de "O Caçador de Pipas" (Nova Fronteira), de Khaled Hosseini. A apresentação do livro, no site da editora, faz uma comparação direta: "Como no bestseller 'O Caçador de Pipas', temos (...) um enredo de contornos grandiosos, com as memórias de um jovem iraniano e seu melhor amigo".

Segundo Marcia Camargos, o romance não surgiu com tal intenção explícita: "Ele não é fruto de uma idéia do tipo 'agora vou escrever um best seller, e de preferência sobre um assunto ligado ao Oriente, já que está na crista da onda', pelo contrário. O livro nasceu de um acaso, de um encontro que tive com o personagem obrigado a fugir do Irã em circunstâncias extremas."

Como historiadora, Marcia Camargos escreveu "Villa Kyrial" (Senac), "Semana de 22" (Boitempo) e "Furacão na Botocúndia" (Senac), sobre Monteiro Lobato, este com Vladimir Saccheta e Carmen Lucia Azevedo. Como ficcionista, publicou "Micróbios da Cruz" (Companhia das Letras).

Segundo ela, a história do verdadeiro Kurosh a seduziu rapidamente, assim que tomou conhecimento de parte dela. "Foi uma espécie de amor à primeira vista, para usar um clichê. Todos duvidavam, pois eu jamais tinha enfrentado algo do gênero."

Um comentário:

Rodrigo JOE disse...

Já li e gostei muito. Recomendo a todos.

abraços