Uma linguagem
que corte o fôlego. Rasante, talhante, cortante. Um exército de espadas.
Uma linguagem de aços exatos, de relâmpagos afiados, de esdrúxulas e
agudas, incansáveis, reluzentes, metódicas navalhas. Uma linguagem
guilhotina. Uma dentadura trituradora, que faça uma pasta dos
eutuelenósvóseles. Um vento de punhais que desgarre e desarraigue e
descoalhe e desonre as famílias, os templos, as bibliotecas, os
cárceres, os bordéis, os colégios, os manicômios, as fábricas, as
academias, os pretórios, os bancos, as amizades, as tabernas, a
esperança, a revolução, a caridade, a justiça, as crenças, os erros, as
verdades, a verdade.
Octávio Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário