(...)
Mas,
com o tempo, descobri que há mil maneiras de se fugir de casa. Sempre há outros
caminhos a seguir ou a desbravar, especialmente quando se navega na imensidão
do homem, nas águas da alma, nas calmarias do espírito ou nas tormentas dos
sonhos inalcançáveis pelos anos. Nesse aspecto, embora não menos traumático,
tenho empreendido minhas quase fugas, travado imensuráveis batalhas, desbravado
ilusões contidas, invadido territórios, derrotado corações indomáveis, bolinado
a desventura de enigmas e mistérios nunca antes vistos, coisinhas muito
próprias que a vida real cuidou de me privar até aqui e que só no nosso
interior encontra alguma guarida.
Decerto,
o homem precisa, ao menos uma vez na vida, fugir de casa! Subir ao sótão onde
guarda, a miúde, baús de seus segredos inconfessáveis, tralhas arrumadas num
canto pelo tempo e apear-se naquela sandália esquecida atrás da porta, ferramenta
destinada somente aos peregrinos caminheiros e devotos. Sonhar também é um meio
de se perder no mundo e de fugir de casa! (...)
Do Livro "Entre Farol, Poesia e Vagalumes" (Teófilo Júnior)
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