Certamente a leitura não estava muito
interessante. Não fazia nem meia hora que estava lendo minha cota diária,
depois do contingenciamento, quando minhas pálpebras pesaram e comecei a bater
o queixo, como chamo esse estado de semi-dormência, Tive vontade de romper uma
rotina. Nunca como nada entre o farto café da manhã e o almoço. Ao contrário do
lanche no meio da tarde, e antes do eventual jantar. Eventual porque há anos
não janto mais. Como uma fruta ou pedaço de bolo antes de dormir. Mas durante a
tarde, e principalmente se estiver lendo, como umas balinhas de goma. Resolvi
quebrar essa rotina e apesar de ser, só, dez e meia da manhã, comi umas seis
balinhas. Foi o suficiente para despertar e me chamou atenção a quantidade de
texto que havia na embalagem. No saquinho plástico de quinze por vinte
centímetros, tinha na frente a logomarca do fabricante, e o nome fantasia
“Docigoma frutas”. Em quatro idiomas informava o peso líquido 240 gramas de
balas de gelatina sabor frutas, No verso da embalagem, com tipos muito
pequenos, também em quatro idiomas, uma quantidade absurda de texto e gráficos.
Informações nutricionais em negrito. Calorias. Gorduras. Colesterol. Sódio.
Carboidratos. Proteínas. Vitaminas. Cálcio. Ferro e Potássio. Na maioria desses
itens com zero por cento. Algumas informações e endereços do fabricante e
distribuidora. Claro que ninguém lê nada disso. São simples e tão somente balas
de goma coloridas. Depois de meia dúzia, escrevi esta crônica e voltei à minha
leitura.
Eduardo P. Lunardelli
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