Gerações sem "mestres"
são uma tristeza. Nossos mestres nãosão apenas os professores públicos, ainda
que tenhamos uma grande necessidade de professores. No momento em que atingimos
a idade adulta, nossos mestres são aqueles que nos tocam com uma novidade
radical, aqueles que sabem inventar uma técnica artística ou literária e
encontrar as maneiras de pensar que correspondem à nossa modernidade, quer
dizer, tanto às nossas dificuldades como aos nossos entusiasmos
difusos.
Sabemos que existe apenas um valor de arte e até mesmo de verdade: a "primeira mão", a novidade autêntica daquilo que se diz, a "musiquinha" com a qual aquilo é dito. Sartre foi isso para nós (para a geração que tinha vinte anos no momento da Libertação). Quem, na época, soube dizer algo além de Sartre? Quem nos ensinou novas maneiras de pensar?
Gilles Deleuze in A Ilha Deserta. São Paulo: Iluminuras, 2006.
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