terça-feira, 19 de março de 2013

19 de março, dia de São José, limite de esperança para o sertão sem chuva

"Na obra "A Terra e o Homem no Nordeste", o geógrafo Manuel Correia de Andrade apresenta um minucioso relato do que podemos considerar uma cronologia das práticas do sertanejo:
 
“Assim, preocupando-se com uma possível seca, o sertanejo está sempre às voltas com as ‘experiências’ e prognósticos sobre a possibilidade de chuvas nos anos que virão. Para estas ‘experiências’ o dia de Santa Luzia (13 de dezembro) é o mais importante, uma vez que o toma como ponto de referência para o mês de janeiro do ano seguinte e os dias que se seguem correspondem aos outros meses (assim o dia 14 é fevereiro, 15 é março, 16 é abril e assim por diante até o dia 24 que corresponde ao mês de dezembro). No dia em que chover, o mês correspondente será de chuva e naquele em que não chover, o mês correspondente será seco.
 
Outra experiência consiste em colocar-se seis pedras de sal, representando os seis primeiros meses do ano (vindouro) sobre um plano, no ‘sereno’, na noite de Santa Luzia. Pela manhã, a pedra que mais estiver dissolvida representa o mês mais chuvoso do ano que se segue. Se essas experiências derem resultados negativos, o sertanejo, apreensivo, começa a pensar nos horrores da seca e na possível necessidade de retirada.
 
Também são desanimadoras as perspectivas do ano seguinte se, em novembro ou dezembro, não chover no Oeste do Piauí. Isto porque a estação “invernosa” piauiense precede a da porção Oriental do nordeste.
 
Igualmente, se não chover até o dia 19 de março, dia de São José, o sertanejo perde totalmente as esperanças e, se é pobre, trata de migrar, se é rico procura armazenar os alimentos necessários para atravessar a crise. É que, mesmo chovendo após este dia, a estação chuvosa não terá a duração necessária ao desenvolvimento das plantas que semearem.”
 

 

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