domingo, 17 de outubro de 2010

Correspondência ao amigo


Caro amigo Adauto.

Saudações!

Foi com satisfação que recebi o seu e-mail (voto/filosofia) e, com ele, acredito estarmos inaugurando aquela nossa esquecida proposta de resgatarmos o velho, bom e esquecido hábito de troca de correspondências.

Houve um tempo em que escrevi verdadeiramente muitas cartas, missivas escritas em papel e postas nos correios. Ultimamente não tenho recebido a visita do carteiro e quando a recebo, comumente são para lembrar-me das faturas que devo cumprir. Confesso que, desse jeito, não me inspira mais ver o carteiro em minha porta. Mas isso é assunto para uma outra oportunidade, quem sabe.

Mas eu dizia que a proposta de se intensificar a correspondência, sobremaneira a intensificação de debate de temas revelantes é um plano que me parece atraente e motivante. É sempre bom desbravar novos planos, inda mais quando eles estão fincados em nossas convicções e pautados no "mutualismo" de ideias, na exposição de posições e na defesa de ideais.

O seu e-mail se reveste de muita lucidez sobre a situação atual de nosso povo diante de um processo eleitoral que pouco se mostra ou se traduz em esperança de mudança para o Brasil. Mas há nele ainda um outro aspecto que me parece importante destacar: o despertar do ato de pensar, filosofar sobre o que nos cerca e sobre o que nos espera enquanto ente social.

Sem dúvida pensar, refletir, analisar, embora atos solitários são ações de extrema comunhão porquanto o maior compromisso do homem não é consigo mesmo, mas com o outro. Formar opinião num país como o nosso é um gesto de significante inquietude, e, consequentemente de exercício de cidadania.

O que ocorre, todavia, é que é muito comum para a nossa gente desenvolver o que chamo de "filosofia do estômago". O pensamento imediato, de ocasião, de conveniência. Nesse cenário é quase impossível se revelar o brilho de alguma mudança social significativa a curto e médio prazo. Pensar com o estômago é algo muito perigoso para o nosso povo. E os políticos sabem disso.

A temática é tão presente em nosso meio que basta vermos o horário eleitoral gratuito do rádio e da TV para notarmos que o cerne das questões ali abordadas estão quase sempre ligadas diretamente às condições mínimas de subsistência de nossa gente. Pouco, mas muito pouco mesmo se debruça nas questões centrais que afligem a formação de uma nação. A violência é enfocada sutilmente, e não se avança nos problemas da educação e da saúde.

É a esperança do povo apresentada devidamente acondicionada em uma "bolsa", seja ela escola, família ou alimentação.

Mas, caro amigo, pensar também induz mudanças. Só os loucos têm ideias fixas e não devemos ter compromisso com os nossos alicerces, erros e modismos, sobretudo quando há um universo inteiro de novos erros e convicções a espera de todos nós.

Um forte abraço e boa viagem à capital paulista.


Teófilo Júnior

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