segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Rádio ainda faz escola



Houve um tempo em que a geração dos locutores de rádio da Paraíba nascia da improvisação, consolidava-se na experiência para se destacar no jornalismo radiofônico. Assim, radialistas como ZEILTON TRAJANO, EURIVO DONATO e CARLOS ABRANTES, fizeram uma longa trajetória por “serviços de auto-falantes”, as eternas difusoras e rádios do interior. Nesse contexto é necessário destacar a contribuição do LORD AMPLIFICADOR e da RÁDIO MARINGÁ, ambos de Pombal, na formação de profissionais de rádio da Paraíba.

Existiam há época (1992) na cidade duas emissoras de “AM”. A rádio Maringá de Pombal, pertencente ao grupo Pereira, instalada em 1982 (atualmente fora do ar, por ter havido um incêndio em seus equipamentos), e a rádio Bom Sucesso de Pombal, pertencente ao ex-prefeito de João Pessoa, Carneiro Arnaud. Atualmente a cidade de Pombal conta com quatro emissoras de rádio (rádio Maringá FM, rádio Liberdade FM, rádio Bom Sucesso AM além de uma rádio comunitária).

A história da radiofonia pombalense dista de longos anos. Tudo começou com a DIFUSORA GUARANY, pertencente a Manoel Bandeira, instalada no sobrado de Joaquim Assis no ano de 1942, indo até 1947. Os primeiros locutores foram: Agu Rodrigues e o próprio Manoel Bandeira.

Como se sabe, em toda cidade de interior os projetores de som eram colocados em cima do mercado público e na parte mais alta dos prédios comerciais existentes no centro da cidade. Ali se transmitia em alto e bom som as propagandas das casas comerciais, tocando os mais recentes sucessos musicais, sem ferir ou perturbar os ouvidos das pessoas que passeavam pelo centro da cidade. Era comum algumas pessoas ficarem nas esquinas das lojas ou na Coluna da Hora para ouvir a sua música predileta, uma vez que na época, não existiam radiolas ou sistemas de som nos bares ou restaurantes.

Com o fim da DIFUSORA GUARANY em 1947, aparece no mesmo ano, o serviço de alto-falantes “TUPÔ, de propriedade do Sr. Rosil Cavalcante, conhecido compositor das músicas de Jackson do Pandeiro. Essa difusora durou apenas 3 anos, de 1947 até 1950.

Em 1950, Ló de Cristiano instala um novo serviço de alto-falantes, aproveitando a ida de Rosil Cavalcante para Campina Grande. Os estúdios dessa nova Difusora foram instalados onde hoje funciona o “Restaurante Manaira” e tinha como locutores: Agu Rodrigues e o prof. Vicente Jardim. Funcionou de 1950 a 1953.

Os horários de funcionamento foram sempre de 9:00 as 11:00 horas, das 15:00 as 18:00 horas e das 19:00 as 21:00 horas. Os discos eram fabricados com cera de carnaúba, merecendo todo cuidado no seu uso, pois se quebravam facilmente. A velocidade era de 78 rpm. As agulhas eram descartáveis e de procedência americana, fabricadas pela RCA VITOR.

Afonso Coelho Mouta (já falecido), sempre primava pela boa qualidade de sim e a melhor discoteca da cidade. Sempre atualizado com a música e por ser proprietário na época da Sorveteria Tabajara, instalou com equipamento Philips importado da Holanda, o serviço de alto-falantes – DIFUSORA TABAJARA -, do ano de 1954 até o ano de 1956. Com a venda da sorveteria, Afonso passou a ser proprietário do cinema local, quando mudou a denominação de sua difusora para DIFUSORA RÁDIO LUX de 1957 até janeiro de 1961. Nesse período de 1954 a 1961, trabalharam como locutores: Jairo Mota, Ivônio, João Rapadura, Anchieta de Lourenço José, Raminho de Antônio Bezerra, José Geraldo, Maria Alice, Lucrecia Formiga e Jurandir Urtiga.

Em 1961 se extingue a Difusora Rádio Lux e surge o serviço de alto-falantes – RÁDIO DIFUSORA MARINGÁ -, pertencente ao Sr. Raimundo Gomes de Lacerda, o conhecidíssimo “Raimundo Sacristão”. Esse potente serviço de som fixo, além de transmitir os anúncios comerciais, dava cobertura sonora nas festas da padroeira de Nossa Senhora do Bom Sucesso, realizada antigamente no mês de setembro ao lado da Matriz. Em todos os eventos sociais da cidade ele estava sempre presente. Até mesmo nos sorteios natalinos realizados no final de ano pela casa comercial “O Imperador das Novidades” do Sr. Zuza Nicácio, de saudosa memória. A Difusora Rádio Maringá , teve como locutores: José Geraldo, Zeilton Trajano e Clemildo Brunet, que estreava com apenas 12 anos de idade, já demonstrando sua forte tendência para o rádio. A Difusora Maringá, funcionou até 1964.

Mas a verdadeira universidade do Rádio pombalense surgiu em 1966, em plena época da jovem guarda, com a instalação do serviço de alto-falantes “A VOZ DA CIDADE”. Acoplado com um pequeno transmissor de “O.C.”, este conceituado serviço de som que pertencia ao jovem rapaz Clemildo Brunet, que com apenas 16 anos, já sabia reger a sua pessoa e administrar os seus bens. Este pequeno transmissor operava clandestinamente em ondas curtas na freqüência de 3.722 Hlsc – Faixa de 45 metros.

Conta Genival Severo que a rádio “A VOZ DA CIDADE”, atingiu um elevado índice de audiência até hoje nunca alcançado pelas emissoras Maringá e Bom Sucesso. “A Nossa discoteca era mais atualizada que a Rádio Alto-Piranhas de Cajazeiras”, diz Genival. .

Clemildo sempre se preocupava com a atualização dos sucessos e talvez por isso ninguém mudava de sintonia. Todos os programas foram campeões de audiência.

Na época, ainda não existia televisão no sertão, por isso o rádio exercia o poder maior de comunicação de massa.

Os locutores que comandavam os programas da tão querida emissora local, eram: Zeilton Trajano, Genival Severo, Edmivam Monteiro, José de Sousa Costa (o gago), Maciel Gonzaga e GenildoTorres. Como controlistas: Otácilio Trajano e Genivam Fernandes (pássaro preto). Em setembro de 1967, em pleno período revolucionário, a censura federal descobriu essa emissora clandestina e imediatamente mandou tirar do “ar”. Os programas mais ouvidos foram: “Brotolândia”, com Clemildo Brunet, “Noite de Saudades”, com Eurivo Donato, “A Pombal Boa Noite”, com José Geraldo e Zeilton Trajano, “Varandão da Casa Grande”, com Genival Severo.

A rádio A VOZ DA CIDADE teve seu fim, mas a escola do rádio ficou, dando origem a outro serviço de alto-falantes um ano depois.

Em 1968 a 1985, LORD AMPLIFICADOR, “o som direcional da comunicação”. Localizado ao lado sul do mercado público também pertencente a Clemildo Brunet. Este serviço de som mais moderno, funcionava fixo a volante, durante o tempo de sua permanência, produziu bons profissionais como: José Cezário de Almeida (Rádio Maringá), Massilon Gonzaga (Rádio Caturité), João de Sousa Costa (Jornal Correio da Paraíba), Gegório Dantas (Rádio Bom Sucesso/Pombal), José Barbosa Coelho, Evilásio Junqueira (TV Borborema), Evandro Junqueira (Magão do Lord), Sérgio Lucena (FM 98 João Pessoa), Bertrand Chaves (Beto Chaves Arapuã-FM), Horácio Bandeira (Rádio Difusora de Cajazeiras), Carlos Abrantes (Locutor de cerimônias do Palácio da Redenção João Pessoa)

Genival Severo de Queiroga


* Matéria originalmente publicada no jornal Correio da Paraíba – edição de domingo, 11 de outubro de 1992.

3 comentários:

Unknown disse...

Estava fazendo algumas pesquisas para a faculdade na internet quando de repente veio o meu pai em minha mente. Resolví da uma olhada para ver se havia algo sobre o mesmo, foi quando vi nesta página assuntos que nem eu como filha do inesquecível Zeilton Trajano tinha conhecimento.
Obrigado por publicar uma parte da história do meu querido pai.
Ass. Marcya Rejane (marcyapb@hotmail.com)

Anônimo disse...

Porque vc .sempre colocam o nome de
Zeilto Trajano. com N no final ele não gostava e também não tem esse
N no nome dele.



Obrigada!

Anônimo disse...

Até vc Marcya Rejane escrevendo do
seu Pai com N no final? que Pena pensei que vc ia lembrar disso. como eu.