Sabe
você que estava passando pela entrada do cemitério João XXIII por volta
da meia noite? Você que me viu tirando uma morena aparentemente
desacordada de dentro do meu táxi, carregando-a no colo, às pressas,
seguido por dois cachorros bichon frisé, que latiam histéricos, como se
perguntassem onde eu estava levando a dona deles? Sabe você? Eu
reconheci você, mesmo em meio àquela loucura, eu notei você, ali, me
observando, boca aberta, intrigada, assistindo aquela cena aparentemente
incompreensível: o alerta do táxi ligado, as portas abertas, os faróis
acesos, a morena desfalecida (aparentemente), o porteiro do cemitério
aturdido, tentando evitar minha passagem, os cachorros mordendo meus
calcanhares... Eu sei que você me segue aqui no Facebook, que deve estar
esperando que eu conte o que estava acontecendo, você provavelmente
está lendo esse post. É uma pena que você tenha ido embora. Depois que
as viaturas da polícia chegaram, o pessoal da perícia, depois que as
coisas se acalmaram, eu procurei por você, mas não a encontrei mais. Eu
queria te explicar pessoalmente o que estava rolando alí, para que você
não ficasse com uma impressão errada deste seu amigo taxista. É uma pena
que você tenha sumido sem saber a verdade, uma pena que você tenha que
esperar para saber em detalhes o que rolou ontem à noite. Lamento, mas
essa história (entre outras tantas) está reservada para quem comprar meu
próximo livro.
Mauro Castro
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